A senhora que faz o programa "Prós e contras" na RTP 1 e que tem dado o corpo ao manifesto no Jornal 2 (Alberta! Não voltes! Não te perdoamos!) foi entrevistada recentemente na Antena 2, num daqueles espaços - sem ironias, bem interessantes - em que se convidam figuras públicas, normalmente, ligadas à cultura, para uma conversa descontraída.
Ao divulgar alguns aspectos da sua "jeunesse", a dita mencionou a catrafada de livrinhos que tinha em casa, após o 25 de Abril (ficamos sem saber onde ela estava nesse dia e se os livrinhos estavam lá em casa no dia anterior a esse, o 24).
Entre eles, vejam lá, o Livrinho Vermelho do Mao e, imagine-se, o Capital! Ao riso da entrevistadora, a referida senhora "periodista" (como mulher, o termo é aplicável) exclamou algo similar, muito similar, a "Deus me livre e guarde! Esse nem lhe toquei!" Também ficamos sem saber se tocou no do Mao ou não. No livrinho, claro.
Uma coisa é certa.
Depois desta passagem pela rádio clássica, não só a mencionada senhora me parece mais culta, como mais jovem, apesar de ter revelado ter sido docente numa universidade que já não existe. Pudera...
PS: Abstenho-me de mencionar, por pudor, a graça da ilustre "periodista", mas repito, para os mais distraídos: Não. Não é a Alberta! Esse presunto com olhos...
sábado, julho 05, 2003
Blog de gauche à Paris
Enviado por:
Fabien - fabien.jeune@clix.pt
--início de citação--
Lido no Blog de Esquerda:
REGRA N.º 4 PARA CONDUZIR EM PARIS. Se o máximo de adrenalina que já experimentou, em termos de condução automóvel urbana, foi atravessar a Praça Marquês de Pombal em hora de ponta, pense duas vezes antes de se meter no caos da Étoile. A Étoile é aquela praça gigantesca onde se ergue o Arco do Triunfo (com o nome de todas as batalhas ganhas pelos franceses, na era napoleónica), mesmo ao cimo dos Champs Elysées, no ponto de confluência das avenidas desenhadas a régua e esquadro no tempo de Haussmann. Como diriam os brasileiros, circular ali é barra pesada, só ao alcance de um Fangio táxista com muitos anos de praça.
(...)
Por isso, se quiser saber o que é conduzir no Cairo, sem ter que passar pelo Egipto, já sabe: é só atravessar a Étoile. E caso chegue ao fim ileso, prova inequívoca do seu sangue-frio e perícia, dê graças a Deus. Ou a Alá. Ou a quem quiser. Porque sair dali com o carro intacto não é um feito menor. Aliás, todas as lojas de “souvenirs” deviam vender t-shirts a dizer qualquer coisa como: «Atravessei a Étoile e sobrevivi». Eu, por exemplo, comprava logo uma.
posted by José Mário at 15:25
O meu comentário, ainda incrédulo:
O Marquês sempre foi um jogo de crianças, assim como a Étoile comparada com a Rotunda da Boavista ANTES dos semáforos.
Comentário do autóctone que ia no lugar do morto uma das muitas vezes que cruzei a Étoile a conduzir:
"Fabien, t'es un chef!"
Um conselho aos principiantes na condução em Paris: ignorem os "escuteiros" munidos de apitos e a esbracejar. O gendarme parisiense, se levado a sério, sente-se mais insultado que se abrirem o vidro e lhe gritarem qualquer coisa como "baise ta mére!"
Perdoem a partilha da experiência, mas ainda estou siderado com os posts do José Mário, directamente da cidade das luzes. Ao lê-los, sinto-me como quando revejo o "Texas Chainsaw Massacre" com alguém que nunca o viu. É sempre extasiante.
Fabien
--fim de citação--
Este visitante do Blog de Esquerda ficou "siderado" e parece que com razão.
Numa altura em que Portugal assiste de braços cruzados ao pior período do pós-25 de Abril desde o PREC, os bloggers do Bloco (ou serão "Bloguistas"?) brindam-nos com diários de férias no estrangeiro.
Isto dito, ainda me custa a crer que não haja uma coluna no Público denominada "Só em Portugal". Teria mais sucesso que a actual "Only in America".
Valha-nos Marx... (Heresia por heresia...)
Fabien - fabien.jeune@clix.pt
--início de citação--
Lido no Blog de Esquerda:
REGRA N.º 4 PARA CONDUZIR EM PARIS. Se o máximo de adrenalina que já experimentou, em termos de condução automóvel urbana, foi atravessar a Praça Marquês de Pombal em hora de ponta, pense duas vezes antes de se meter no caos da Étoile. A Étoile é aquela praça gigantesca onde se ergue o Arco do Triunfo (com o nome de todas as batalhas ganhas pelos franceses, na era napoleónica), mesmo ao cimo dos Champs Elysées, no ponto de confluência das avenidas desenhadas a régua e esquadro no tempo de Haussmann. Como diriam os brasileiros, circular ali é barra pesada, só ao alcance de um Fangio táxista com muitos anos de praça.
(...)
Por isso, se quiser saber o que é conduzir no Cairo, sem ter que passar pelo Egipto, já sabe: é só atravessar a Étoile. E caso chegue ao fim ileso, prova inequívoca do seu sangue-frio e perícia, dê graças a Deus. Ou a Alá. Ou a quem quiser. Porque sair dali com o carro intacto não é um feito menor. Aliás, todas as lojas de “souvenirs” deviam vender t-shirts a dizer qualquer coisa como: «Atravessei a Étoile e sobrevivi». Eu, por exemplo, comprava logo uma.
posted by José Mário at 15:25
O meu comentário, ainda incrédulo:
O Marquês sempre foi um jogo de crianças, assim como a Étoile comparada com a Rotunda da Boavista ANTES dos semáforos.
Comentário do autóctone que ia no lugar do morto uma das muitas vezes que cruzei a Étoile a conduzir:
"Fabien, t'es un chef!"
Um conselho aos principiantes na condução em Paris: ignorem os "escuteiros" munidos de apitos e a esbracejar. O gendarme parisiense, se levado a sério, sente-se mais insultado que se abrirem o vidro e lhe gritarem qualquer coisa como "baise ta mére!"
Perdoem a partilha da experiência, mas ainda estou siderado com os posts do José Mário, directamente da cidade das luzes. Ao lê-los, sinto-me como quando revejo o "Texas Chainsaw Massacre" com alguém que nunca o viu. É sempre extasiante.
Fabien
--fim de citação--
Este visitante do Blog de Esquerda ficou "siderado" e parece que com razão.
Numa altura em que Portugal assiste de braços cruzados ao pior período do pós-25 de Abril desde o PREC, os bloggers do Bloco (ou serão "Bloguistas"?) brindam-nos com diários de férias no estrangeiro.
Isto dito, ainda me custa a crer que não haja uma coluna no Público denominada "Só em Portugal". Teria mais sucesso que a actual "Only in America".
Valha-nos Marx... (Heresia por heresia...)
sexta-feira, julho 04, 2003
Assim-assim...
Fiquei deveras surpreendido com o formato da sondagem realizada pela Universidade Católica, apresentada no Público de 3 de Julho ("Durão Barroso e Governo melhoram imagem"). Os resultados não são inesperados, antes o é a forma que assumem, ao reflectir o parametro mais representativo da opinião dos portugueses sobre o estado da política nacional.
Fico sem saber se a inclusão desse parametro se deveu ao Público, à RTP, à Antena 1 ou à Universidade Católica, mas graças a este estudo, fico com a certeza de algo que há muito desconfiava; a de viver num país assim-assim. Um país em que políticos assim-assim fazem leis assim-assim, que os cidadãos vão cumprindo assim-assim enquanto esperam que a economia, que está assim-assim, recupere, e respondem a inquéritos assim-assim, elaborados por técnicos assim-assim de universidades assim-assim a pedido de órgãos de comunicação assim-assim, que os publicam assim. Assim mesmo.
O espelho da nossa mediocridade e da nossa incapacidade em fazer algo mais que encolher os ombros e dar graças por viver num país assim, nem bom nem mau, antes pelo contrário; isto é, assim-assim.
Carta ao jornal Público - enviada Qui Jul 03
Fico sem saber se a inclusão desse parametro se deveu ao Público, à RTP, à Antena 1 ou à Universidade Católica, mas graças a este estudo, fico com a certeza de algo que há muito desconfiava; a de viver num país assim-assim. Um país em que políticos assim-assim fazem leis assim-assim, que os cidadãos vão cumprindo assim-assim enquanto esperam que a economia, que está assim-assim, recupere, e respondem a inquéritos assim-assim, elaborados por técnicos assim-assim de universidades assim-assim a pedido de órgãos de comunicação assim-assim, que os publicam assim. Assim mesmo.
O espelho da nossa mediocridade e da nossa incapacidade em fazer algo mais que encolher os ombros e dar graças por viver num país assim, nem bom nem mau, antes pelo contrário; isto é, assim-assim.
Carta ao jornal Público - enviada Qui Jul 03
Assim se projecta a sombra.
Primeiro entranha-se, depois estranha-se.
As entradas neste Blog são reservadas, mesmo porque, como nas tascas que se prezam, o letreiro é explícito. Os membros efectivos entrarão quando entenderem que a sua sombra é suficientemente expressiva para tal, seja isso sinónimo de ambição ou frustração ou qualquer outra coisa mais perversa.
Os temas são extremamente politizados e não se recomenda a leitura deste Blog a mentes brilhantes sob pena de anularem o seu efeito. O efeito da sombra, naturalmente. Já as mentes obscuras...
Quanto à linguagem, digamos que os filtros serão aplicados livremente, do ponto de vista poético.
Isto clarificado, já se obtém uma pequena sombra. Para começar.
As entradas neste Blog são reservadas, mesmo porque, como nas tascas que se prezam, o letreiro é explícito. Os membros efectivos entrarão quando entenderem que a sua sombra é suficientemente expressiva para tal, seja isso sinónimo de ambição ou frustração ou qualquer outra coisa mais perversa.
Os temas são extremamente politizados e não se recomenda a leitura deste Blog a mentes brilhantes sob pena de anularem o seu efeito. O efeito da sombra, naturalmente. Já as mentes obscuras...
Quanto à linguagem, digamos que os filtros serão aplicados livremente, do ponto de vista poético.
Isto clarificado, já se obtém uma pequena sombra. Para começar.