sexta-feira, dezembro 19, 2003

Campeão de ténis de mesa


No Público de ontem, José Pacheco Pereira (JPP) disparata sobre as reacções à captura de Saddam Hussein (18Dez2003, p. 7, "Nem duplicidade nem propaganda").
Lapidarmente, acusa quase todos (ou todos mesmo?) os que condenam a agressão ao Iraque ("articulistas"; "bloguistas" (!!!); "comentaristas" e todos os outros "istas") de "antiamericanismo" ou, "se quiserem" (como ele diz), de "antibushismo" (a verborreia neologística de JPP ainda vai dar cabo dos nervos à Academia de Ciências...).

Afirma o abrupto intelectual que, depois de "ditas as proclamações rituais contra o ditador sanguinário", os "istas" que referiu passam à ofensiva, desencantando "uma nova linha de ataque contra os EUA" ou minorando o sucedido. Antes, faz notar bem que essas "proclamações rituais" são acrescentadas "a despachar", dizendo com isso explicitamente (e não apenas sugerindo) que quase todos (ou todos?) os que analisam a captura de Saddam Hussein de outra forma que o constatar da "grande vitória" conseguida por Washington e Londres são, na verdade, defensores do ditador iraquiano.
Faz lembrar o tempo em que vociferava contra o Forum TSF, dizendo que 99% dos participantes eram contra a guerra no Iraque porque a estação de rádio os "escolhia a dedo" - lembram-se?

Lá para metade do texto, JPP (que se mostrou irritadíssimo quando a Al-Jazeera mostrou as imagens dos prisioneiros norte-americanos) justifica as imagens do exame médico a Saddam Hussein dizendo que na guerra (como no amor...) vale tudo! Se essas imagens, diz ele, evitarem um "morto americano", e acrescenta (a despachar?), "ou iraquiano", então valeu a pena mostrá-las. O abruptamente preventivo JPP ao seu melhor estilo, portanto.

A sentença do pensador é simples:
"O que isto não é certamente é um jogo de pingue-pongue (pinGUE!? ponGUE!?) com o nosso ego e o dos outros."

Caro Pacheco Pereira,

Compreendo perfeitamente a sua confusão ao ver tanta gente jogar ping-pong à sua volta e tantas bolas a cair ao chão. Afinal, quem são estes "ping-ponguistas" comparados consigo?
No entanto, devo confessar que prefiro o ping-pong deles ao seu. É que jogar ténis de mesa contra uma parede torna-se monótono ao fim de algum tempo, pelo menos para o observador, e o Pacheco Pereira há anos que está a jogar contra a parede.
Parabéns. Pode levantar a taça no guichet número nove.
Diga que fui eu que o mandei.

nota:
Não deixou de ser delicioso ver o título "Nem duplicidade nem propaganda" em corpo gordinho sobre a imagem de JPP, no Público. Ainda por cima do seu próprio punho. Há ironias...

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