sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Ladies & Gentlemen: Mr. Paul Joskow.


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"Não faz sentido construir
apenas uma central"

Professor norte-americano especialista em política energética diz que a viabilidade económica do negócio do nuclear exige mais de uma central.

in Público, 23.02.2006



Paul Joskow, académico que liderou a equipa interdisciplinar do Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT) que fez o estudo de prospectiva da energia nuclear para os EUA, de referência mundial, alerta para o facto de "muitas vezes os projectos correrem muito mal", do ponto de vista económico e financeiro.
"Se o projecto for de uma única central para o país, não me parece fazer grande sentido. Há enormes economias de escala na operação de várias centrais, em termos de formação dos trabalhadores, no trabalho científico que tem de ser feito numa base contínua de monitorização do reactor e de todo o equipamento, no acompanhamento das mudanças tecnológicas, no trabalho com os reguladores de segurança. É um encargo substancial para o investidor e para o Governo para apenas uma central.
Outro ponto é que muitas vezes estes projectos correm muito mal. Se se construir uma central em Portugal, tem de se ter a certeza que há capital suficiente por detrás do projecto, com capacidade de suportar o período de investimento, as derrapagens de custos de construção. Não é construir uma única central - é todo o sistema que é necessário erguer." - disse Paul Joskow ao Público.

(destaques d'A Sombra)

Pronto.
Ao menos Paul Joskow alerta para uma série de condicionantes e perigos, nenhum deles relacionado com o que a fissão nuclear tem de obsoleto, naturalmente, até porque Portugal não é o Irão e Sócrates não parece ser um fundamentalista islâmico (o ênfase é em islâmico, claro), mas os contras económicos de um projecto de uma só central são devastadores.
Vai daí, dá toda a razão ao seu amigo Pedro de Sampaio Nunes: é necessário construir bem mais que uma só central nuclear de fissão para que o projecto tenha pernas para andar.

Felizmente, para Portugal, um investimento "megafaraónico" num verdadeiro parque de centrais deste tipo está completamente fora de questão - mas cuidado! Ainda aparecem aí uns beneméritos que se oferecem para suportar os custos todos e, quando abrirmos os olhos, Portugal estará a oferecer-se para enriquecer Urânio para o Irão, a bem da UE e para mal da Rússia - daqui por uns dez anitos, claro, mas isso é "irrelevante".

Apesar dos sorrisos que esta notícia tende a colocar nos nossos lábios, não baixemos a guarda.
É que eles andam aí. E não costumam brincar em serviço.
Nuclear? Até existir fusão não, obrigado.

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