Dia dezEmbedded.(Parabéns Sofia Beça)...
Richard Perle, conhecido como o "Príncipe das Trevas", um dos neocons mais irredutíveis e activos da Administração norte-americana e considerado o principal mentor da operação "Liberdade Iraquiana" (*), demitiu-se do seu cargo no Pentágono, alegando conflito de interesses com as funções que desempenha em várias empresas, presumivelmente com intervenção assegurada na reconstrução do Iraque "pós-Saddam". Permanece, porém, ligado ao Governo como conselheiro (consiglieri?).
Que nobre da sua parte...
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Soube hoje, através de um ouvinte do Fórum TSF, que José Pacheco Pereira, ontem, na SIC, acusou aquela estação de rádio de seleccionar os telefonemas do fórum, dado que quase todos eram contra a guerra! (Como, é um mistério; a mim nunca perguntam nada quando telefono para lá.) Se JPP não está na folha de pagamentos de Washington, parece.
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Nos EUA e no Reino Unido, televisões e rádios estão proibidas de transmitir músicas conotadas com o ideal contra a guerra do Iraque. Isto é válido para os U2 como para Eminem. (A primeira vítima de uma guerra é sempre a democracia...)
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Miguel Sousa Tavares, na sua segunda crónica desde que regressou ao Público, pergunta se, uma vez que Washington considera a tentativa de "decapitação" do regime iraquiano e o bombardeamento da TV iraquiana como acções legítimas, atentados contra G. W. Bush e a CNN seriam legítimos da parte do Iraque. (Público, 28Mar2003)
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Para além dos 120.000 soldados que os EUA pretendem fazer embarcar para o Iraque, a Casa Branca pediu ao n. 10 de Downing Street o envio de mais 6.000 homens de Sua Majestade. Em breve seguirão os espanhóis. Estou para ver o que vai Aznar dizer ao parlamento e... aos seus eleitores. E não tarda nada, Washington vai substituir o "semanas, não meses" por "meses, não anos"; mas temo que serão anos, sim. Muitos anos...
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O facto do dia:
Hoje, antes do telejornal das 20:00 na RTP 1, começa a passar, em rodapé nos televisores, um anúncio preocupante: "Jornalistas da RTP detidos e espancados no Iraque." (...) Nos écrans, Portugal batia a Inglaterra por 4 a 2 em sub-21. Aguardo o fim do jogo, impaciente. Começa o telejornal e a notícia por que esperava deixa-me estupefacto: Luís Castro (jornalista) e Vítor Silva (operador de imagem) foram detidos, mantidos dentro de um jeep cerca de 36 horas sem poder comunicar com ninguém e privados do seu material de trabalho, chegando mesmo a ser agredidos. E os captores? Pois a polícia militar norte-americana, e mesmo com a confirmação da autenticidade das credenciais dos jornalistas! Supostamente, a acusação era "espionagem".
(...)
Já ao fim da noite, a RTP repete a notícia, mas omite todas as referências às agressões aos jornalistas! Telefono para a RTP, em Lisboa, e manifesto a minha incredulidade. Diz-me o responsável da emissão que o facto de serem colegas da própria estação impede uma abordagem mais incisiva do caso, mas que estão satisfeitos pela quantidade de telefonemas de telespectadores indignados pelo modo como os norte-americanos trataram os jornalistas. Simpático, profissional e comprometido, este senhor.
Mas não tem culpa. As ordens vêm de cima.
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RS, An Illegal War Journal, 28/03/2003
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Apesar dos enormes avanços em logística, material e sistemas de armas, o deserto iraquiano mostra-se um adversário tão irredutível hoje como ontem o foi a selva da Indochina. Murphy rules....
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Um CH-53E "Super Stallion" do HMH-464 descola do convés do USS Kearsarge, no Golfo Pérsico, para reabastecer a frente de combate. 28 de março de 2003.imagem: www.angelfire.com War in Iraq..........(*)
Richard Perle foi um dos signatários da
carta que, em 1998, o PNAC
(Project for a New American Century) enviou ao então presidente Bill Clinton para que este fizesse o que hoje faz G. W. Bush: invadir o Iraque. É também um dos autores do documento que costumo designar por "Estratégia para um Novo Século Americano", de seu nome "
Rebuilding America's Defenses: Strategies, Forces, And Resources For A New Century", de 2000, cuja leitura é imprescindível para compreendermos o que acontece hoje em dia e qual o papel dos EUA no mundo, as suas ambições e como pretende atingir os seus objectivos.
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