sábado, abril 01, 2006

Happy 33, kiddo.

Vá lá! Confessa que pensaste que me havia esquecido!
Aqui está a tua prenda!
6
...

...
Certainly...
...
Para os que não sabem de quem falo, talvez a encontrem
algures acima, pela noite de Lisboa... Ou não.
...
imagem: Lisboa by night . "emprestada" pelo fantástico Atelier das Artes
...

An Illegal War Journal . Day 14 . 2003/04/01







Dia catorze
April Fool's.


... ...
Deve andar tudo doido.
Ninguém parece ter treinado os soldados da coligação para operar num ambiente islâmico, hostil ou não. O suicida do táxi veio alterar ainda mais o estado de espírito dos soldados norte-americanos. Uma viatura civil não parou num posto de controlo perto de Karbala e os soldados parecem ter ignorado a ordem para disparar tiros de aviso o mais cedo possível; consequência: permitiram a aproximação do veículo até ser demasiado tarde para executarem esse procedimento.
Com medo de que se tratasse de mais um suicida, o veículo foi metralhado. Conhecendo o poder de fogo das M-16 e similares, o efeito a curta distância é devastador. No interior da viatura, quinze civis, quase todos mulheres e crianças. Resultado: dez mortos, incluindo cinco crianças com menos de cinco anos de idade.

É a ignorância completa.
Como se os fanáticos muçulmanos se fizessem explodir em excursões, com as famílias junto. O relato deste acontecimento, que aqui reproduzo, feito por um jornalista que estava presente no local, só seria confirmado mais tarde. Agora, hoje, o Pentágono matraqueava sem parar que os civis iraquianos não obedeceram à ordem de parar e ignoraram os tiros de aviso. Os tais que, afinal, nunca existiram...
...
...
RS, An Illegal War Journal, 01/04/2003
...
...
Como ainda acreditam nesta gente é algo que me ultrapassa, ou melhor, que compreendo, mas me recuso a aceitar.
"Não, não obedeceram à ordem de parar e sofreram as consequências. Next question."
...
...
Donald Rumsfeld faz de conta que responde aos jornalistas e estes fazem de conta que acreditam no que ele diz. Washington, DC. 1 de Abril de 2004.
imagem: www.lmno4p.org LMNOP

2. Parece mentira...

...
Morreram 2.801 pessoas
no World Trade Center.
24 famílias terão agora acesso
às gravações dos telefonemas
dos que perderam nesse dia.
Cinco anos depois.
Suponho que devemos agradecer
tanta sensibilidade e eficácia.
...
...

imagem: "Alive dude."
11 de Setembro de 2001
...

Reveladas as últimas gravações do 11 de Setembro
Ellen Barry Nova Iorque
...
Nova Iorque deu a 24 famílias das vítimas acesso aos diálogos com serviço de emergência
No passado fim-de-semana, uma mulher entrou no elevador e abriu uma carta chegada por correio expresso. O que leu fez-lhe tremer os joelhos e desmaiou.
...
A sua família foi uma das 24 que receberam notícias de que o município de Nova Iorque tinha um registo de um ente querido - no seu caso, o marido - a falar ao telefone para os serviços de emergência a partir dos andares cimeiros, cheios de fumo, do World Trade Center. Cabia-lhe a ela, explicava a carta, decidir se queria uma cópia da gravação. Esta semana reabriu velhas cicatrizes. William Doyle, que fala em nome de parentes das vítimas do 11 de Setembro de 2001, recebeu uma chamada furiosa da mulher, que pediu para não ser publicamente identificada. Foi a primeira de muitas. "Quando é que isto vai acabar?", pergutou Doyle, um corrector reformado de Staten Island cujo filho morreu nos ataques. "Por que é que fizeram isto? Por que é que não deixam estas pessoas recomporem-se?
...
"O 11 de Setembro encheu os cabeçalhos durante toda a semana. Na segunda-feira, o instituto de medicina legal de Nova Iorque anunciou que tinham sido encontrados mais quatro despojos humanos num arranha-céus vazio junto às torres gémeas.E ontem a cidade iria divulgar mais de nove horas de gravações de chamadas de socorro. A divulgação é o culminar de quatro anos de conflito legal entre o New York Times, a que se juntaram os parentes de nove vítimas, e o município, que disse que as gravações eram de uma "natureza intensamente emocional e privada".
(...)
O jornal, que pediu as gravações ao abrigo da lei estadual sobre liberdade de informação, mantém que estas revelarão como é que os serviços de emergência funcionaram nos momentos depois de os dois aviões terem atingido as torres.O tribunal de recursos de Nova Iorque determinou em Março de 2005 que Nova Iorque deveria divulgar transcrições das palavras dos telefonistas do 911 (equivalente ao 112 português), mas que as palavras das vítimas poderiam ser apagadas.
...
"É normal que se fique chocado se momentos íntimos na vida de um parente morto se tornam públicos, e objecto de uma curiosidade mórbida", diz a decisão tomada por maioria e redigida pelo juiz Robert Smith. Os advogados municipais têm estado desde então a procurar identificar as vozes nas gravações e a informar os parentes, conforme o tribunal determinou.
...
Das 103 chamadas registadas, conseguiram identificar 28 pessoas, 27 das quais morreram. No fim da semana passada, a cidade enviou cartas às 24 famílias que os investigadores conseguiram localizar, informando-os de que poderiam recolher gravações não editadas dos diálogos dos seus parentes com o pessoal de emergência. Um dilema para as famílias. Joe Hanley, cujo filho de 34 anos ficou encarcerado no restaurante Windows of the World, teve medo de ouvir caos ou pânico na gravação. Na quarta-feira, ele e a mulher colocaram o CD. O que ouviram foi a voz calma do filho, que disse aos operadores ter ficado encurralado com mais uma centena de pessoas no piso 106. Não parecia assustado. Ficou conformado com a forma como o filho se comportara naquelas circunstâncias. E passou a gravação ao NYT. "Parecia alguém de quem me poderia orgulhar", disse.
...
Até agora, só quatro ou cinco famílias recolheram as gravações, que vão desde muito emocionais e dolorosas até às factuais, disse Kate O"Brien Ahlert, porta-voz do departamento jurídico da câmara municipal. Se as vão ou não ouvir, só a elas cabe decidir.
...
Exclusivo PÚBLICO/Los Angeles Times
...
in Público, 1 de Abril de 2006 / destaque "24 famílias", A Sombra
...

1. Parece mentira...

...
...
...
...
...
Happy Birthday
Apple Macintosh!
...
Por 30 anos de excelência,
Obrigado Steve Jobs.
Obrigado Steve Wozniak.
...
...
...
Venham mais trinta!
...
...
...
...
...
1976
Jobs e Woz fundam a Apple, para comercializar o Apple I, que é apenas uma placa-mãe com circuitos.
1978
É apresentado o Apple Disk II, capaz de armazenar 110k de dados em disquetes
1980
Pela primeira vez, são vendidas acções da Apple em bolsa
1981
A IBM apresenta o primeiro computador pessoal, com sistema operativo da Microsoft.
Dentro de dois anos, vai suplantar a liderança da Apple no mercado
1984
É lançado o primeiro Mac, o Macintosh 128k, com interface gráfica e rato
1985
Steve Jobs é obrigado pelo conselho de administração a sair da Apple
1988
A Apple inicia um processo contra a Microsoft, alegando que a empresa de Seattle viola os direitos de autor em aspectos relacionados com a interface gráfica
1992
Microsoft lança o Windows 3.0
1996
Apple anuncia a compra da Next de Steve Jobs, que regressa à empresa
1998
São apresentados os computadores coloridos iMac
2000
Jobs volta a presidir à empresa que criou
2001
São lançados os leitores de mp3 iPod e o novo sistema operativo, o Mac OS X
2003
Abre a loja de música on-line iTunes
2005
Anúncio de que os Mac vão passar a ter chips da Intel
2006
Lançados os primeiros Mac com chips Intel
...
...
...
...
...
...
......
...
...
...
...
My first Mac.
Never crashed in 'his' life.
...
:)

Night Classics...

And then it hit me.
Porque é que quando ouço Erykah Badu me vem à cabeça o Soul dos anos 80? Não um som específco, mas um pouco de George Benson aqui, um bocadinho de Kool & the Gang acolá, Shaka Kan mais à frente...
E Mary Jane Girls. O nostálgico "All night long"... That's what hit me.
....
...

...
Mary Jane Girls / Rick James - 1983
...

...
Erykah Badu (Live) - 1997

...
Enjoy.

sexta-feira, março 31, 2006

An Illegal War Journal . Day 13 . 2003/03/31







Dia treze
Humanitarismos.


... ...
O mesmo.
O Pentágono já quase grita que está tudo "a correr bem".
Nos notíciários, continuam a dizer que as tropas da coligação estão "já" a 80 km de Baghdad.
"Já" lá estão há uma semana (sempre a 80 km...).

A ajuda humanitária continua a ser distribuida por "civis" armados ou mesmo por militares. (Alvos legítimos, em caso de detecção pelos iraquianos, eliminando o estatuto de não beligerantes de que as Organizações Não Governamentais - como a AMI, por exemplo - gozam junto dos combatentes.) As ONG's recusam-se a trabalhar nestas condições....

...
RS, An Illegal War Journal, 31/03/2003
...
...
Negada aos quatro ventos por Washington, mas filmada e confirmada no terreno pelos comandantes da coligação, a pausa "operacional" continua em vigor.
Os reforços que chegarão da Turquia, impossibilitados de entrar no Iraque pelo Norte, terão de ser transportados até ao Sul do país e, depois, marchar para Baghdad, onde se reunirão às forças que "galoparam" no deserto desde dia 20.
...
Não há resposta significativa do exército iraquiano.
E Baghdad não será uma nova Leninegrado.
...
...
...
Soldado norte-americano escava uma posição para a sua metrelhadora, no caminho para Baghdad. 31 de Março de 2003.
imagem: www.angelfire.com War in Iraq.

ASK.

quinta-feira, março 30, 2006

An Illegal War Journal . Day 12 . 2003/03/30








Dia doze
Evidências.


...
(A ponte do Infante, entre Gaia e Porto, é aberta ao trânsito. Atravesso-a no sentido Sul-Norte pela primeira vez.
Em breve será o adeus à querida ponte D. Luís I; depois, só de metro ou a pé.)
...
Alguma coisa está a correr muito mal no Iraque para as forças da coligação. As imagens valem tudo - já desprezo os comentários dos jornalistas e comentadores. A TV iraquiana mostra novos Apaches abatidos - o primeiro que mostraram foi abatido por "fogo amigo" - e mais blindados fora de combate (M1's e Bradleys). Um suicida dos Fedayeen, passando por taxista, detona o seu táxi num posto de controlo norte-americano, levando consigo cinco soldados e ferindo outros, no primeiro acto deste género desde o início da invasão.
...
Washington e Londres falam a duas vozes; Rumsfeld desmente o que está confirmado no terreno: uma pausa operacional de alguns dias (comandantes na frente de batalha falam em 3 a 4 semanas), enquanto Londres dá a entender que existe uma consolidação das posições, para permitir a chegada de reforços.
...
Sem som, que é como quem diz sem as músicas tipo filmes de guerra série Z, e sem os inacreditáveis comentários dos pivots (das televisões nacionais), vemos soldados britânicos revistando casas nos arredores de Bassorá e fazendo alguns prisioneiros ou controlando os civis que tentam sair da cidade em busca de água e comida para as suas famílias. São quase todos homens. Um grande número deles, no regresso, é impedido de entrar na cidade (onde as famílias os aguardam). Estão há quatro dias retidos pelos britânicos e perdem a paciência. O nervosismo, em alguns casos extremo, dos jovens britânicos é evidente e indicativo de que a situação está bem longe de estar controlada.
...
Mais a Norte, uma coluna norte-americana (...) avança a coberto da noite. (...) Disparos tracejantes partem dos blindados da coluna para ambos os lados da estrada. De súbito, um enorme clarão! Um dos carros parece ter sido atingido em cheio. Na mesma altura, a imagem é cortada. Não é um directo, naturalmente (devem ser imagens de ontem).

...

...
RS, An Illegal War Journal, 30/03/2003
...
...
A decisão de não tomar as cidades provocou o pânico e a revolta entre os iraquianos. Com o pretexto de debilitar as tropas inimigas, a coligação fazia questão de cortar a água e a electricidade das cidades sitiadas, para além de impedir a entrada de qualquer tipo de ajuda.
...
Um soldado britânico controla uma mulher iraquiana nos arredores de Bassorá numa altura em que os seus habitantes procuram fugir da cidade sitiada.
Domingo, 30 de Março de 2003.
imagem: AP Photo/Anja Niedringhaus
...
...
Na TSF, Lobo Xavier e Pacheco Pereira demonstram como lidar com o facto consumado da invasão: "A proposta de retirada das tropas nesta altura é demagógica - não leva a nada" ou "Os aliados não entram nas cidades iraquianas para não causar baixas à população, é evidente" são dois exemplos apenas de como o Flashback não é mais que a emissão rádio de conversas de café entre ignorantes. Pode recordar, "ao vivo", as sapiências debitadas por estes "opinion makers" de pacotilha aqui mesmo.
(Flashback, TSF, Domingo, 30 de Março de 2003)

O CPE; conservador, liberal e social.

















La poésie est un sport de combat.

imagem: Sorbonne, Março 2006.





Sobre a actual crise francesa ("mais uma" - dirão os atlantistas mais exacerbados) já correu muita tinta e mais correrá ainda. A interpretação neoliberal da coisa tem a ver com as "resistências" ao curso da História; um rio que, de acordo com os seus pontos de vista, ora arrasta inexoravelmente tudo e todos na sua corrente, ora transborda para as margens, parado pelo mar da (falta de) memória. Para os que têm do mundo esta (estas) visão (visões), o que acontece em França é um anacronismo; um "Maio de 68" sem sentido nem porquê.

Ora estes senhores (e senhoras) são os mesmos que vivem à sombra de um liberalismo artificial, de que se apropriaram há uns anitos para esconder o que realmente são: conservadores. E é aqui que reside a curiosidade: os verdadeiros conservadores acusam hoje os verdadeiros liberais de... conservadorismo! Isto é, ser pelo Estado Social é hoje uma forma de se ser conservador, ao passo que apoiar o Estado minimal e a sociedade de mercado aberto e desregrado é sinónimo de liberalismo. E isto tudo sem que um sorriso lhes chegue aos lábios! É obra.

O CPE está a causar polémica por querer regular o mercado de trabalho de um ângulo impossível: o da reforma-ficção. Aconteceu o mesmo (e continua) entre nós com a história das propinas do ESP, por exemplo; uma boa ideia, mas aplicada antes de tempo. Este tipo de legislação, que recorre frequentemente a exemplos externos de sucesso como justificação e prova de perenidade, não pode ser implementada no vácuo, mas é precisamente no vácuo que existe. Quer-me parecer, até, que definharia, se apanhasse um pouco de ar fresco.
Os apologistas de leis do tipo CPE apontam a Dinamarca e as suas leis laborais e afirmam, de olhos arregalados: "Estão a ver? Assim é que devia ser!" E têm toda a razão. O que eles não dizem, é em que assenta essa legislação. Que eu saiba, na Dinamarca, o Estado não anda a subsidiar empresas para que estas façam rodar dez ou quinze novos empregados no mesmo posto de trabalho no espaço de cinco ou seis anos.

É contra isto que os franceses se revoltam e se batem ( e que os portugueses já se deviam ter revoltado há muito!): não haver controlo efectivo das manobras das empresas para manter um quadro esquelético apoiado num exército de trabalhadores estagiários e/ou a prazo para um mesmo lugar. As empresas deviam ter um espaço de tempo fixo para ajuizar da competência profissional de um novo colaborador, findo o qual ou o mesmo era integrado nos quadros ou despedido. E estou a falar, parafraseando Donald Rumsfeld, de "semanas, não meses"!

Acho perfeito que um desempregado seja quase "obrigado" a arranjar um emprego, no lugar de andar a viver à custa do Estado durante anos a fio, assim como acho que um emprego é um direito conquistado e não adquirido. Mas não acho bem que o mesmo Estado, que promove leis do tipo CPE, tolere e estimule que um excelente profissional seja despedido pelo simples facto de que, a partir de determinada data, a empresa onde trabalha é obrigada a pagar-lhe mais e a proporcionar-lhe segurança e estabilidade, ou porque, por exemplo, fica sem o subsídio que o Estado lhe paga sobre esse profissional, subsídio esse a recuperar assim que se contrate outro eventual para o mesmo lugar.

Resumindo:
Ou se trata de pôr ordem no mercado de trabalho (tarefa séria e de fundo, com implicações graves para o trabalhador como para o patrão), ou se trata de desregrar ainda mais esse mercado, a coberto de um pretenso liberalismo, que mais não é que um conservadorismo feroz, tipo século XIX - mais conhecido por "neoliberalismo".

E é por esta razão que os reaccionários de hoje são tão cuidadosos em manter as suas capas de "liberais" bem postas; mas, com ou sem capa, um burguês será sempre um burguês, e não há "neoburguesismo" que lhes valha. E nós? Ficamos a olhar? Depois venham falar-me na "fibra dos portugueses" e em "esperança no futuro". Meus amigos, deixem que vos diga: O futuro é hoje. Despertai!

Rui Semblano

quarta-feira, março 29, 2006

Unbe(f-word)inglievable...







João Miranda converte-se à causa
do Aquecimento Global?
Nah!... Deve ser engano do próprio.

Relax, JM.
Mulder & Scully are on it.

(hehehe)

RS




imagem: A Sombra © 2006

An Illegal War Journal . Day 11 . 2003/03/29








Dia onze
No pasarán?


A revista The Economist desta semana, apesar de não manifestar um descontentamento tão marcante como outros títulos da imprensa anglo-americana, já dá sinais de algum desconforto. No seu editorial dedicado aos EUA (Lexington) não evita comparar Rumsfeld a McNamara, esperando que não repita os mesmos erros deste, relativos ao conflito do Vietname. Notório.
...
No especial de sete páginas sobre a guerra do Iraque, menciona a inexistência de refugiados iraquianos e o fluxo contínuo de jovens árabes, de todas as proveniências, de fora para o interior do país, comparando-o com os milhares de jovens de todo o mundo que entravam em Espanha como voluntários para combater Franco, durante a guerra civil. Por esta não estava à espera!
...
Corre a notícia de que algumas forças da coligação estão com muitas dificuldades de abastecimento, chegando a pedir comida a civis iraquianos, ignorando os médicos militares, que lhes dizem para não comer tais alimentos. Um soldado norte-americano chega a afirmar que "nunca um ovo cozido soube tão bem!". E quanto a munições, as coisas também não estão muito fáceis.
...
...
RS, An Illegal War Journal, 29/03/2003
...
...
Em 1991, no Koweit, a temperatura média era de 44º C durante o dia. Dentro de um fato de combate, cerca de 51º C. Em 2003, no Iraque, talvez fosse um ou dois graus mais quente...
...
...
...
Um pára da 173ª aerotransportada descansa, durante uma patrulha perto da base aérea de Harir, a norte de Arbil, no Kurdistão.
Sexta-feira, 29 de Março de 2003.
imagem: Caren Firouz - Reuters.

terça-feira, março 28, 2006

Mood(y) Swing(s)




É verdade.
A disposição mudou.



George Benson - Moody's Mood - Give Me The Night



nota:
A pedido, um trabalho de 2003.
"Dead Woman Walking . 1801602-3440-9"
Tríptico (30+30+30)x130
Acrílico sobre tela. Aerografia.

An Illegal War Journal . Day 10 . 2003/03/28








Dia dez
Embedded.


(Parabéns Sofia Beça)
...
Richard Perle, conhecido como o "Príncipe das Trevas", um dos neocons mais irredutíveis e activos da Administração norte-americana e considerado o principal mentor da operação "Liberdade Iraquiana" (*), demitiu-se do seu cargo no Pentágono, alegando conflito de interesses com as funções que desempenha em várias empresas, presumivelmente com intervenção assegurada na reconstrução do Iraque "pós-Saddam". Permanece, porém, ligado ao Governo como conselheiro (consiglieri?).
Que nobre da sua parte...
...
Soube hoje, através de um ouvinte do Fórum TSF, que José Pacheco Pereira, ontem, na SIC, acusou aquela estação de rádio de seleccionar os telefonemas do fórum, dado que quase todos eram contra a guerra! (Como, é um mistério; a mim nunca perguntam nada quando telefono para lá.) Se JPP não está na folha de pagamentos de Washington, parece.
...
Nos EUA e no Reino Unido, televisões e rádios estão proibidas de transmitir músicas conotadas com o ideal contra a guerra do Iraque. Isto é válido para os U2 como para Eminem. (A primeira vítima de uma guerra é sempre a democracia...)
...
Miguel Sousa Tavares, na sua segunda crónica desde que regressou ao Público, pergunta se, uma vez que Washington considera a tentativa de "decapitação" do regime iraquiano e o bombardeamento da TV iraquiana como acções legítimas, atentados contra G. W. Bush e a CNN seriam legítimos da parte do Iraque. (Público, 28Mar2003)
...
Para além dos 120.000 soldados que os EUA pretendem fazer embarcar para o Iraque, a Casa Branca pediu ao n. 10 de Downing Street o envio de mais 6.000 homens de Sua Majestade. Em breve seguirão os espanhóis. Estou para ver o que vai Aznar dizer ao parlamento e... aos seus eleitores. E não tarda nada, Washington vai substituir o "semanas, não meses" por "meses, não anos"; mas temo que serão anos, sim. Muitos anos...
...
O facto do dia:
Hoje, antes do telejornal das 20:00 na RTP 1, começa a passar, em rodapé nos televisores, um anúncio preocupante: "Jornalistas da RTP detidos e espancados no Iraque." (...) Nos écrans, Portugal batia a Inglaterra por 4 a 2 em sub-21. Aguardo o fim do jogo, impaciente. Começa o telejornal e a notícia por que esperava deixa-me estupefacto: Luís Castro (jornalista) e Vítor Silva (operador de imagem) foram detidos, mantidos dentro de um jeep cerca de 36 horas sem poder comunicar com ninguém e privados do seu material de trabalho, chegando mesmo a ser agredidos. E os captores? Pois a polícia militar norte-americana, e mesmo com a confirmação da autenticidade das credenciais dos jornalistas! Supostamente, a acusação era "espionagem".
(...)
Já ao fim da noite, a RTP repete a notícia, mas omite todas as referências às agressões aos jornalistas! Telefono para a RTP, em Lisboa, e manifesto a minha incredulidade. Diz-me o responsável da emissão que o facto de serem colegas da própria estação impede uma abordagem mais incisiva do caso, mas que estão satisfeitos pela quantidade de telefonemas de telespectadores indignados pelo modo como os norte-americanos trataram os jornalistas. Simpático, profissional e comprometido, este senhor.
Mas não tem culpa. As ordens vêm de cima.
...
...
RS, An Illegal War Journal, 28/03/2003
...

...
Apesar dos enormes avanços em logística, material e sistemas de armas, o deserto iraquiano mostra-se um adversário tão irredutível hoje como ontem o foi a selva da Indochina. Murphy rules.
...
...
Um CH-53E "Super Stallion" do HMH-464 descola do convés do USS Kearsarge, no Golfo Pérsico, para reabastecer a frente de combate. 28 de março de 2003.
imagem: www.angelfire.com War in Iraq.
...
...
...
(*)
Richard Perle foi um dos signatários da carta que, em 1998, o PNAC (Project for a New American Century) enviou ao então presidente Bill Clinton para que este fizesse o que hoje faz G. W. Bush: invadir o Iraque. É também um dos autores do documento que costumo designar por "Estratégia para um Novo Século Americano", de seu nome "Rebuilding America's Defenses: Strategies, Forces, And Resources For A New Century", de 2000, cuja leitura é imprescindível para compreendermos o que acontece hoje em dia e qual o papel dos EUA no mundo, as suas ambições e como pretende atingir os seus objectivos.
...

segunda-feira, março 27, 2006

Page of Cups



Pagem de Copas


Emoção,
intuição,
intimidade,
amor...






Glenn Gould - Variation 3 - J.S. Bach Goldberg Variations, BWV 988



Raramente atiro algo pela janela; sobretudo o Amor.
Por vezes, atiraram-o por mim e eu, pacientemente, desci á rua para o apanhar; para o guardar. Sabia que, como os anteriores, me conduziria ao último - com um pouco de sorte, desde que permitida.
O Amor, como o pão, nunca se deve deixar caído no chão.


Quand nous sommes très forts, - qui recule?
très gais, - qui tombe de ridicule?
Quand nous sommes très méchants, que ferait-on de nous?
Parez-vous, dansez, riez. - Je ne pourrais jamais envoyer l'Amour par la fenêtre.

Jean-Arthur Rimbaud - Phrases - Illuminations

Quando somos muito fortes, - quem recua?
muito alegres, - quem cai no ridículo?
Quando somos muito maus, que fariam de nós?
Alindai-vos, bailai, desatai a rir. - Eu nunca poderei atirar o Amor pela janela.

tradução de Mário Cesariny

(Um completo e total desastre. É o que dá quando vejo as compatibilidades do meu signo. in Um Blog de Ana Anes)

Os Dias do Tarot n'A Sombra: INDEX.

An Illegal War Journal . Day 9 . 2003/03/27








Dia nove
"Esta guerra vai durar o que tiver de durar."




Está tudo de pernas para o ar.
O Pentágono confirma que a televisão iraquiana é um "alvo legítimo".
"Usam a tv para passar mensagens codificadas" - afirmam!

Na Sky News, um howitzer norte-americano explode numa bola de fogo, atingido em cheio "live on television"... (...) Wesley Clarck, o general norte-americano que já comandou a OTAN, acusou hoje publicamente Donald Rumsfeld de ter planeado esta ofensiva de forma medíocre e considerou que as forças da coligação no terreno correm riscos muito sérios.

O jornalista da CBS que acompanha o 7º de Cavalaria, ao telefone, diz que aquela unidade já provocou cerca de mil baixas ao exército iraquiano contra apenas uma entre os seus efectivos. Afirma que é um bom sinal... Esta e outras declarações, incluindo as de Scott Ritter, que hoje afirmou à TSF que os EUA sairiam do Iraque com "o rabo entre as pernas" (sic), recordam tristemente o Vietname e um trágico chavão da altura. "De vitória em vitória até à derrota final".

Hoje, Collin Powell, prepotente, afirmou que a ONU não terá papel algum no Iraque do pós-guerra, politicamente falando. Não me esquecerei disso. A ONU também não.

(...) Uma força de mil páras da 173ª é lançada no Kurdistão. O objectivo é "tomar um aeródromo", mas a pista em causa já é controlada pela milícia kurda. Fala-se num reforço de até 6.000 efectivos e, logo de seguida, na constituição de uma frente Norte (com 7.000 páras?). Só quem não percebe nada de história militar leva isto a sério. Ou se trata de uma manobra de diversão (...) ou é pura propaganda - como em 91, com a 101ª (tão mal empregue no Iraque - estará lá a Easy?).
Em todo o caso, algo parece correr muito mal.
Foi feita, precisamente, essa pergunta a Rumsfeld. Resposta: "Céus! Nem pensar! Estas coisas são pensadas com uma antecedência de..." - hesita. "Meses..." - diz uma voz cujo emissor as câmaras não captam. "... de meses. Está tudo a correr como previsto." - termina Rumsfeld.
E a minha mãe é virgem, acrescento eu...
...
Mário Soares na Cooperativa Árvore, Porto:
Numa palestra realizada no âmbito do movimento pela paz, Mário Soares falou hoje, no Porto, sobre a situação no Iraque e no mundo. Cada vez mais agressivo no seu discurso, não teve problema em apelidar G. W. Bush com mimos como "fanático", "recém-convertido" e "antigo bêbado".
Soares será, afinal, mesmo fixe?
...
A frase do dia (1):
George W. Bush: "Esta guerra vai durar o que tiver de durar."
...
A frase do dia (2):
Jornalista da TVI: "O que entende das declarações de G. W. Bush?"
Vasco Rato: "Penso que está muito certo. Esta guerra acaba quando acabar."
(Help them brains...)
...
O facto do dia:
O Pentágono confirma a deslocação de mais 120.000 homens para o Iraque.
Começa a escalada. Como em 1965...
...
...
RS, An Illegal War Journal, 27/03/2003
...
...
O howitzer que mencionei acima era um canhão autopropolsionado Paladin, e a imagem que vi foi esta. Aparentemente, não se tratou de um projéctil, mas sim uma explosão interna, devido a acidente. Tendo em conta a quantidade de uranio empobrecido existente nestas unidades, os tripulantes não deverão escapar a efeitos nefastos... É a guerra?
...
...
A norte de Najaf. Quinta-feira, 27 de Março de 2003.
imagem: www.angelfire.com War in Iraq

Sunrise




Do meu primeiro vinil de rock,
para o Davi Reis, no primeiro aniversário
do seu Caderno de Corda.
Auguri!






Black Sabbath - Laguna Sunrise - Vol. 4

domingo, março 26, 2006

Queen of Cups




A Rainha de Copas


Amorosa,
compassiva,
intuitiva,
psíquica,
espiritual,

sensível...





Hans Zimmer - A Hard Teacher - The Last Samurai





Nada mais nunca...
A chuva começa a ser uma recordação.

Os anos passam, impiedosos e serenos,
e o vento do tempo voa na minha alma como um fogo
que a devora desde sempre.
Eternamente sempre...

Olho à minha volta e sei
que não pertenço aqui e que me perdi
e não sei mais voltar ao lugar de onde parti...
Nunca mais nada...

Sinto em mim o mar até jamais sentir
e perdido em ti me deixo...
Deixo, apenas,
Sem ter para onde ir...

Rui Semblano

(Todos nascemos loucos, alguns assim permanecem. Becket teria 100 anos a 13 de Abril, se fosse vivo...)

Os Dias do Tarot n'A Sombra: INDEX.
...

An Illegal War Journal . Day 8 . 2003/03/26








Dia oito
Alvos civis.



Em pleno dia, foi atingido um mercado cheio de gente em Baghdad.
Relatos iniciais dão conta de 17 mortos e inúmeros feridos.

Reacções:
No dia da cimeira de Camp David entre G. W. Bush e Tony Blair, que os Media chamam de "primeira cimeira de guerra" mas que, para mim, é a segunda (a primeira foi a dos Açores, desgraçadamente), Washington e Londres têm reacções diferentes ao bombardeamento do mercado de Baghdad (ocorrido hoje). O Pentágono diz que foi um erro, enquanto os britânicos avisam que o número de vítimas civis vai aumentar. (Os erros não se deviam repetir, mas é o que mais acontece na guerra; ao menos os britânicos são realistas: é inevitável.)

O dia que desapareceu da guerra:
Dou-me conta que o meu diário tem um dia a mais em relação aos seus congéneres dos Media: o primeiro. Ou seja, para eles, o dia da "Operação Decapitação" não foi um dia de guerra. Deve ter sido o "warm-up".

Hoje foi publicada a minha carta "Forma de Vida", no Público (*). É a terceira, desde o início da crise iraquiana (a primeira foi "Valha-nos a Velha Europa", antes da guerra, e a segunda "A América está a mudar"). E que dia mais a propósito para a terem publicado!
A carta é a resposta ao editorial de José Manuel Fernandes (JMF) de dia 24, onde afirmava que os soldados da coligação estavam no Iraque a defender a "nossa forma de vida". Hoje, como era a vez de Manuel Carvalho escrever o editorial, aliás intitulado "Democracia à força" (elucidativo!), JMF reservou para si uma página inteira (fantástico!) e começa a raiar o patético; é uma justificação pública. Chamou-lhe ele "Convicções e dilemas, ou porque apoio esta guerra!" Muita tinta vai correr sobre isto. Parece que estou a ver o Vicente Jorge Silva a pegar na caneta, pela segunda vez.

Diz, a certo ponto, JMF: " Gosto de ler a neoconservadora 'Weekly Standard' mas também compro a bíblia dos esquerdistas, o 'Le Monde Diplomatique'. E em casa tenho os livros de Noam Chomsky, apesar de discordar deles quase da primeira à última linha."
Aprecio o uso dos verbos "Ler", "Comprar" e "Ter", bem como o tom apologético de todo o artigo. Chegou a hora de o Público ter um novo director. (Mas não me parece...)

(...) Nas televisões, o destaque vai para os navios-hospital dos EUA.


RS, An Illegal War Journal, 26/03/2003


Nos EUA, perante 2.000 soldados e familiares de soldados, G. W. Bush já não fala de dias, semanas ou meses... Apenas de vitória, vitória, vitória. Quando? Um dia, em breve...
E avisa que a guerra será mais longa que o previsto, mas que o resultado "está assegurado". Pois está.





O actor Martin Sheen durante uma vigília pela paz e pelo regresso em segurança dos soldados norte-americanos, junto ao Edifício Federal, em Los Angeles, Quarta-feira, 26 de Março de 2003.
imagem: www.angelfire.com War in Iraq




(*)
Forma de Vida
Quarta-feira, 26 de Março de 2003

É inacreditável que ainda se escreva em suportes incontornáveis que esta guerra se destina a preservar a nossa "forma de vida". A expressão é, em si mesma, pouco clara. Que forma de vida será essa? A da liberdade e democracia? A do respeito pelos Direitos Humanos e pelo Direito Internacional? A da liberdade de expressão e da protecção dos direitos individuais? Todos estes valores poderão caracterizar a nossa "forma de vida", mas todos eles contrariam a natureza de uma guerra ofensiva e contrária à Carta das Nações Unidas.

Não passará, então, esta "forma de vida" de uma pobre tradução de uma expressão em língua inglesa que só tem sentido pela adição de uma quarta palavra, "forma de vida americana" (American Way of Life). Mas qual delas? A que pretende, com base na Carta dos Direitos dos EUA, atingir objectivos semelhantes aos enumerados acima? Ou a "forma de vida americana" que tem, sistematicamente, vetado inúmeras resoluções da ONU apelando ao respeito dos Direitos Humanos por parte de membros da organização ou pedindo o fim das armas de destruição em massa ou instando ao cumprimento do Direito Internacional?

Seja como for, que "forma de vida" é esta, que defende a destruição de um país para libertar um povo? Nos locais cercados pelas forças da coligação, isolados de Baghdad, não se assiste a revoltas populares contra o ditador, nem a crianças recebendo os ditos libertadores com bandeirinhas americanas nas mãos, e os campos de refugiados fora do Iraque permanecem desertos. Em lugar destes sinais, tão apregoados como certos, a população pega nas armas que o exército iraquiano vai abandonando, barricando-se nas suas cidades sem água nem luz, dadas hoje como conquistadas pelo Pentágono para serem, amanhã, filmadas pela Aljazeera, resistindo ainda. E são muitos os que entram no país em lugar de fugir, decididos a lutar e morrer, não por Saddam Hussein, mas pela sua terra dilacerada.


Não tardará muito, em face desta resistência inesperada, que os bombardeamentos passem de "inteligentes" a "estúpidos", o convencional substituindo a precisão, e será nesse ponto que se tornará claro que Washington e Londres estão decididos a libertar os iraquianos, nem que para isso os tenham de matar indiscriminadamente.
Que triste e estranha forma de vida.

Rui Semblano
Vila Nova de Gaia

in Público, Cartas ao Director, 26 de Março de 2003
.

Não desistam!


O meu relógio estava atrasado.
A contagem decrescente chegou ao fim.
Ontem, dia 25, começou a matança.
Ao escrever esta entrada, cerca de 18.000
focas já foram chacinadas...
Mas não vamos desistir!
O CANADÁ DEVE PARAR COM ESTA
CHACINA! NADA JUSTIFICA ESTA
BARBARIDADE! É PRECISO INSISTIR!


No site da HSUS está disponível para assinar o compromisso de NÃO COMPRAR pescado canadiano até que o Governo daquele país decida acabar para sempre com a caça às focas. Para assinar, basta lá ir. As focas agradecem.

........................... 3 Aqui!


Na imagem acima: Uma activista da Greenpeace chora junto do corpo esfolado de uma foca bebé.