sexta-feira, dezembro 12, 2003

Novo e-mail


Finalmente está activo o e-mail novo d'A Sombra.
Passará a constar do cabeçalho do blog e da coluna da direita.
Aos que nos pretendem contactar, agradecemos façam copy-paste do endereço para os seus programas de correio electrónico.

O novo e-mail:
a-sombra@sapo.pt

Depois de andar a receber 40 e-mails por dia a "oferecer" produtos para aumentar consideravelmente certas partes da minha anatomia (o que não é, em todo o caso, necessário...) decidi acabar com os links directos nos e-mails deste e de todos os blogs que administro. mais uma vez peço desculpa pelo inconviniente, mas estou certo de que compreenderão a razão deste novo processo.

Um abraço a todos,

Pel'A Sombra,
RS

nota:
Os e-mails pessoais ainda não estão resolvidos, mas alerto para o facto de ter terminado as contas anteriores na Clix, pelo que agradeço não enviem mais e-mails para os antigos endereços.

Sekanevasse faziassekaski


Lido no Jaquinzinhos:

--- quote ---

(...)
2. O Crítico explica-me que cada bilhete para a ópera custaria cento e tal contos por espectáculo sem os subsídios. Acontece que não está disposto a pagar o real valor: prefere pagar apenas meia dúzia de contos e exige que os outros portugueses (os incultos) sejam obrigados a pagar-lhe o resto do bilhete. Senão, diz ele, acaba-se a ópera em Portugal. Note-se: não se acaba por falta do subsídio: acaba-se porque ELE que quer assistir à ópera não está disposto a suportar o devido valor. Eu, inculto como todos os liberais, gosto mais de ski. Não acha escandaloso que para fazer ski em Portugal seja necessário pagar cento e tal contos? Não deve ser subsidiado para o meu saltinho à Sierra Nevada?
(...)

--- end quote ---


Convenhamos que, para quem tem um visto permanente de entrada nos EUA, pedir um subsídio para esquiar na Sierra Nevada é um pouquinho provinciano. Então e Aspen, ó Jaquim? Já se imaginou a descer em direcção à Snowmass Village com a Nessun Dorma no Discman a abrir? E ainda dizem que o ski e a ópera são incompatíveis...

nota:
Acho que o Crítico e o Jaquim precisam de um novo jantar para acalmar os ânimos. Sem subsídio de alimentação, naturalmente. :)

Ilusões de grandeza...


Um almoço com três madeirenses pode ser muito complicado - principalmente quando grande parte do seu futuro continua ligado à sua ilha, o que significa, no caso da Madeira, um alinhamento pela cartilha de Alberto João, mais ou menos subconsciente.
Isto é um dado adquirido: ser opositor de Alberto João, para um madeirense, implica a ausência de futuro - ou a emigração.

Para dizer a verdade, já não me recordo de como a conversa foi para esse campo, mas, de repente, estávamos a falar dos miúdos que foram afastados das zonas turísticas madeirenses por andarem a pedir esmola. Bastou mencionar tal coisa para me acusarem de não saber o que estava a dizer e que até parecia que tinham enfiado os miúdos num campo de concentração! Sorrindo, admiti nunca ter estado na Madeira e, como tal, não ter testemunhado o processo de "limpeza", mas o certo é que não obtive esclarecimentos quanto ao método realmente empregue para conseguir tal façanha. Será que pediram às crianças, delicadamente, para deixarem de pedir esmola e ir para casa? Não sabiam. Ainda procurei fazer humor e afirmei estar plenamente convencido que se Alberto João fosse presidente da Câmara Municipal do Porto teríamos o problema dos "arrumadores" resolvido há anos, mas já não havia vontade de rir naquela mesa.

Como a questão dos miúdos se tornou insustentável, voltaram-se para os pais deles, "os tóxicodependentes de Câmara de Lobos". "Eles é que são os culpados!" - afirmaram - "Deviam era tirar-lhes os filhos!" - mas não explicaram o que fariam com os pais, depois disso feito, nem tão pouco o que aconteceria aos filhos. Foi então que tudo descambou! Que o Alberto João tinha transformado a Madeira num paraíso e que se fosse primeiro ministro resolvia os problemas todos em três tempos (!!!); que o dinheiro enviado pelo Estado não tinha importância quase nenhuma, porque o PIB da Madeira é tão grande que já nem podem receber subsídios da UE; que, claro, "a República" os tratou muito mal... Coitados. Perante tamanha demonstração de orgulho insular e solidariedade com o seu Governo regional, restou-me perguntar quanto haviam pago pela passagem aérea que os trouxe da Madeira para o Continente e se sabiam (ao menos) quanto eu pagaria pela mesma. Realmente, "a República" trata muito mal os madeirenses; como quando acumula as bolsas de estudo às que já recebem da Madeira, por exemplo.

"Alto lá!" - indignaram-se - "Vocês ganham mais que nós! As ajudas são justas!" Mas, afinal, em que ficamos? Precisam ou não de ajuda? Então o PIB madeirense não é superior à média nacional, com excepção de Lisboa e Vale do Tejo? Não "produzem mais que os continentais", os madeirenses?
Ah, o complexo da insularidade; o isolamento involuntário; a necessidade de "vir ao Continente"... É um facto. Já estive no meio do Atlântico e não gostaria de viver numa ilha. Estar condicionado pelo oceano; não poder sair e fazer quilómetros a sério, respirar outro ar, ouvir outra língua... Eu amo o mar e não conseguiria viver longe dele, mas não me agradaria nada ser seu refém.
Compreendo e aceito os benefícios da insularidade em termos de ajudas concedidas pelo Continente para diminuir essa realidade, mas que não me venham com histórias de PIB's e de como "a República" os maltratou (não percebi o tempo verbal - então agora são bem tratados?).

Felizmente, chegou a conta e a conversa mudou de rumo. É que estava mesmo a ponto de perguntar aos meus caros interlocutores quem eles achavam que contribuía mais para o aumento brutal do PIB da Madeira: se eles e os seus ordenados, impostos e produtividade, se um colombiano que use a ilha como plataforma para mover os seus tostõezitos livres de impostos, "AJ style".

Continuo, solenemente, "na minha".
É dar-lhes a independência. Já! (*)

nota:
No próximo almoço é melhor restringir a conversa ao estado do tempo. Em Portugal continental, claro...

(*) entrada "A bosta da III República", n'A Sombra.

(don't just) Blame Canada...


França, Alemanha, Rússia e Canadá Excluídos de Contratos no Iraque

Os EUA Divulgaram Ontem Uma Lista de 63 Países Autorizados a Concorrer a Contratos para a Reconstrução do Iraque com a Verba Recentemente Aprovada pelo Congresso, e Que Exclui Os Que Se Opuseram à Guerra, Nomeadamente a França, a Alemanha, a Rússia e o Canadá. Portugal Está Entre Os 63 Autorizados a Competir. Ao Fim do Dia, a Casa Branca Veio Anunciar Que para Os Excluídos "as Circunstâncias Podem Mudar Se Se Juntarem ao Esforço" Norte-americano no Iraque.

(in Público on line, 2003/12/11)

Sem comentários.

Ver notícia completa aqui.

quinta-feira, dezembro 11, 2003

Tigerland


Verifiquei com satisfação que o Miguel está de volta "a casa".
Como amante dos felinos (guardião de uma e padrinho de mais uns trinta de ambos os sexos...) não podia deixar de fazer notar o regresso à actividade d'A Origem do Amor em grande estilo ("Eu e o Tigre")!

There's (really) no place like home...

Um abraço ao amigo "Migalhas". Bem vindo de volta!

terça-feira, dezembro 09, 2003

As pérolas do Adriático...


"Homens e nações agirão racionalmente apenas quando esgotarem todas as outras possibilidades."

Franjo Tudjman
The Impasses of Historical Reality - 1989

(Franjo Tudjman foi eleito presidente da Croácia em 1990 e seria reconduzido no cargo por mais dois mandatos, afastando-se no terceiro por motivos de saúde em 1999, vindo a falecer semanas depois - curiosa frase para um revisionista)

nota:
Esta citação não pretende, de modo algum, ilustrar a nossa opinião da entrada anterior ("Paradoxos"), mas calhou bem.
É que Franjo Tudjman ficou também notório pela publicação de Wastelands of History (1988), em que proclamava que Sérvios e Judeus haviam inflaccionado os números das vítimas da Segunda Guerra Mundial, desvalorizando o Holocausto. Trata-se, de facto, de um só livro: "Bespuca povjesne zbilje", título que tem sido traduzido de diversas maneiras, desde Wastelands of History a The Impasses of Historical Reality, passando por The Impasse of Historical Veracity, variando as datas apontadas como de publicação entre 1988 e 1989.
Pode ler-se algo mais sobre esta "pérola" do Adriático em Balkania.net, na rúbrica "Tudjman and the Genocide Apology", um excerto de "The New World Order And Yugoslavia", de Gerard Baudson.

nota2:
Aos mais curiosos, recomendo "Yugoslavia's Bloody Collapse - Causes, Course and Consequences" (edição de 1995), de Christopher Bennett (Hurst & Co. Publishers, Ltd - London; ou University Press - NY), de onde extraí a citação que abre esta entrada.

Paradoxos


Acabo de verificar que na ordenação dos seus blog links, o Descrédito nos cataloga na "esquerda"; não sei se tal se ficou a dever ao Pedro ou ao Mário, mas trata-se de mais uma tentativa de rotulação d'A Sombra que, normal e naturalmente, agradecemos e rejeitamos. Não, não somos de "esquerda" (sim, já sabem: "seja lá o que isso for"...).

Se o Pedro e o Mário assim o entenderem, lá ficaremos nós com a etiqueta naquele blog, mas se nos derem algum crédito, como parte interessada, e uma vez que a categoria "Paradoxal" não existe no Descrédito, ao menos que nos coloquem sob "Hetorodoxia", onde nos encontraremos mais à vontade.

Para o Descrédito, o nosso crédito habitual.
Um abraço,

Pel'A Sombra,
RS

segunda-feira, dezembro 08, 2003

Words indeed...


While I sit here trying to think of things to say
Someone lies bleeding in a field somewhere
So it would seem we've still got a long long way to go
I've seen all I wanna see today...


(Phill Collins . Long long way to go . No Jacket Required)

Olá João,

Compreendo a razão de ser da tua crítica inicial. Raramente recorro ao cinismo como "figura de estilo" e o que escrevi na entrada "Cauchemar" era cínico a valer e não apenas "figurativo". Era uma resposta ao cinismo dos que aplaudiram a iniciativa de Genebra e só podia ser dada na mesma moeda.

Estou cansado destes eventos, João; não pelo que pretendem, mas pelo modo como são encarados e pelos resultados que produzem. Se analisarmos bem a proposta de Genebra, verificaremos que é tirada quase a papel químico de Camp David (como bem faz notar a revista The Economist desta semana) - e todos sabemos como terminou Camp David.
Sei que os responsáveis que de facto contam nesta matéria se estão a marimbar para Camp David e para Genebra. A democracia converteu-se nesta miséria; o chavão "todos têm direito a expressar a sua opinião" e o pensamento que sempre o acompanha ("mas estamos a borrifar-nos para isso") tem dominado toda e qualquer forma de fazer política, das propinas às pescas - no plano nacional, do Iraque a Kyoto - internacionalmente. Israel e a Palestina não são excepções.

Desde a leitura das tuas primeiras palavras sobre o Oriente Médio que percebi estarmos de acordo "no essencial", como dizes. Talvez até mais que isso. Do que escreveste em "Words, not deeds." fazem-se os meus sonhos - e os de muitos que pretendem uma paz verdadeira entre israelitas e palestinianos.
Logo à cabeça, um só Estado laico que agregue os dois povos como um único. O maior e mais belo de todos os sonhos; a exclusão do factor "Deus" (claro que pelo menos 55.000 portugueses não sonham com nada disso, mas ao menos são só 55.000... o que ainda é de mais para o meu gosto).
Depois, o aviso balcânico. A ex-Jugoslávia devia ser um "case study" para demonstrar ao mundo como não se deve proceder a uma reorganização geopolítica - entenda-se: do preço a pagar quando se mexe no que deve estar quieto.

Quanto ao que chamas (e muito bem) de "injustiças históricas", costumo dizer que só passarei a usar o Kuffiyeh por motivos puramente estéticos quando Israel cumprir as resoluções da ONU que o levarão às fronteiras de 1967 e desmantelarão os colonatos, mas o ideal seria mesmo o regresso a 1947 sem os ingleses.

Quanto aos "actos" que exigi no lugar das palavras, em "Deeds not words", na entrada "Cinismos", referia-me às direcções políticas "de topo", como lhes chamas, mas não só. Enquanto as soluções para este problema (e tantos outros) forem apenas apresentadas em forums, cimeiras e congressos não oficiais de intelectuais e "afins", tudo permanecerá na mesma.
É na rua que se forçam as direcções políticas a tomar uma atitude concreta. E nas urnas, naturalmente.

Não tenho tido muito tempo livre para me dedicar a um projecto que abracei este ano e que já aqui referi (ver entrada "Paz", n'A Sombra), mas tenciono aproveitar a semana entre o Natal e o Ano Novo para o retomar. O projecto global está no site da Global Campaign to Rebuild Palestinian Homes (GCRPH), que se encontra direccionado em permanência, n'A Sombra, em Links Geral, à direita.

Mais que o apoio internacional, é apenas isto que é necessário incentivar: palestinianos e israelitas a trabalhar juntos, no terreno, pela paz. Quanto a mim, essa será a última esperança para a Palestina e para Israel.
Por esse motivo, este Natal, vou agir, não apenas escrever. Porque as palavras devem conduzir aos actos e desde há muito que não é assim.

Um forte abraço,

Rui


nota:
Obrigado pela dica sobre o interessante ponto de vista do Rui Tavares. Vale a pena reflectir sobre as suas palavras.

nota2:
Já há muito tempo que não se regista uma entrada nova na nossa lista permanente de Blog Links, nesta página (os blogs que nos mencionam ou a que fazemos referência têm presença assegurada na página de Blog Links completos d'A Sombra, que tento manter o mais actualizada possível, ajudado pelo Technorati).
Pois o Castelo de Cartas, pelo seu valor, como todos os que lá se encontram, passa a estar direccionado em permanência nos nossos Blog Links permanentes.
Words indeed, João. Words indeed...