terça-feira, abril 25, 2006

Entrevista com a História - 2




E todos os que hoje respiraram algo pior
vão sentir-se melhor, dentro de alguns minutos.
Nem sei porque se preocupam tanto.
O 25 de Abril já é como o Natal há muito.
Uma vez por ano.




Paulo de Carvalho - E depois do Adeus





Que demónio tem este Abril que tanto apoquenta esta gentinha? Que faz com que um cravo na lapela de alguém seja tão notado? E que tão notado seja se lá não está? E que palavras são estas? Eu sei quem é o Dioguinho, mas o presidente desta merda não sabe, e a puxar à emoção espera que tenha crescido "bem"? E quando se fala na oportunidade e no sonho, porque olham para nós de olhos vazios os que possibilitaram um e o outro? O seu sonho seria o de condenar milhões para sua própria paz? A sua oportunidade era apenas e só isso: a sua vez de ser como "eles"?

Hoje, sem problemas, a Madeira desistiu de ser Portugal - mas nunca do nosso dinheiro. Hoje, 23 anos depois, o 25 de Abril chegou ao Marco, sabe-se lá como. Hoje, 32 anos depois, resta uma ideia de futuro quase impossível, desprezada por todos, dos betinhos da geração 26 aos semi-chiques do BE: a de uma criança que não existe, calando uma arma com um cravo.

Existirá alguma coisa, depois do adeus?...

Rui Semblano, 25 de Abril de 2006

3 comentários:

  1. Muito bom o 25 de Abril n' A Sombra. Muito bom. Arrepiaram-me as linhas destes posts, compassadas pelo Paulo de Carvalho.

    Um abraço fraterno, Rui.

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  2. Amigo Rui!

    Parece que me ausentei um pouco, já que, o seu 25 de Abril mais parece uma jornada de trabalho, com a costumada intenção de avivar algumas mentes que previsivelmente teimam em usar a medula em vez do cérebro.
    São todos os de hoje, excelentes posts e eu, que também sou de Abril e por Abril, agradeço a forma esclarecida e escorreita, com que nos presenteou.
    Um grande abraço.

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  3. Davi Reis e PiresF:
    Junto os dois na minha resposta. :)

    Hoje, acompanhei as cerimónias do dia pela TV, fui ler o jornal (em que a única referência ao 25 de Abril na primeira página era a data, impressa junto ao cabeçalho - o Público - embora no miolo estivessem bons artigos, como o dos "julgamentos" dos agentes da PIDE/DGS), comprei os nossos cravos junto à antiga PIDE, hoje Museu Militar do Porto, e depois, já com a minha esposa, desci à Praça D. João I, onde estivemos com amigos.
    Havia gente nas ruas, sim, mas não muita. Senti o mesmo que em outros anos; a frustração de saber que podia ser mais. Muito mais.
    À noite, na RTPN, alguém dizia, no final de um frente a frente, que o que restava do 25 de Abril era a liberdade de podermos dizer o que queremos e pouco mais, ao que o moderador, agradecendo a presença dos intervinientes, se despediu dos telespectadores com um sorriso, passando à publicidade...
    Nestes dias sinto-me muito mal.
    Nesta última entrada tive de me controlar. O 1º de Maio não será muito melhor...

    Muito obrigado a ambos, pela atenção.
    Um grande abraço,
    RS

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