sábado, dezembro 06, 2003

Dear Santa...


Imprescindível a carta ao Pai Natal da bela Ana Anes!
Se ao menos as concorrentes a miss universo tivessem o seu bom gosto... :)

Para a Ana, que está por perto neste fim-de-semana, um beijo desde A Sombra. E que tenha passado bem na bela Invicta, apesar do frio de rachar que tem imperado.

Camarate + 23


A cada ano que passa sobre a data da morte de Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa se descobrem mais e mais indícios que apontam na direcção do atentado. Pessoalmente, nunca fiquei convencido da história do acidente, embora no ímpeto da minha juventude (tinha dezoito anos em 1980) tivesse posto a hipótese de um atentado levado a cabo por adversários políticos de Sá Carneiro e não percebesse a importância da presença de Amaro da Costa naquele Cessna. Poucos anos depois, essa hipótese perdeu o significado, para mim. Desde então que permaneço convencido que se tratou de uma acção vinda do aparelho do poder; os reais motivos foram surgindo ao longo dos anos e a teoria do envolvimento do então ministro da Defesa na investigação dos negócios que se faziam através de Portugal com respeito ao comércio ilegal de armas com os beligerantes do Golfo Pérsico (Só o Irão? O Iraque? Ambos?) começou a ganhar corpo e lógica. Mas isso é outra história.

Porque é que os sucessivos responsáveis das sucessivas comissões de inquérito nunca descobriram nada que sugerisse um atentado e nos últimos anos têm surgido indícios (evito chamar-lhes provas) cada vez mais relevantes que suportam essa hipótese?
Alguns afirmarão que, na altura, não havia meios técnicos sofisticados o suficiente, como disseram quando se descobriram estilhaços provenientes de uma explosão nos ossos dos pés do piloto, mas esta última descoberta é uma bofetada nos que usam a fraca tecnologia dos anos 80 para desculpar tantos falhanços.

Como foi possível, durante estes anos todos, ninguém ter reparado que, precisamente sob os pés do piloto, existiam indícios de algo que fez o metal da fuselagem virar para dentro, indicando que algo estranho à aeronave entrou por ali, como resultado de, por exemplo, uma explosão? Os resíduos encontrados nesse metal e a sua forma de fusão indicam como causa provável um explosivo colocado na zona do trem de aterragem dianteiro, mas mesmo antes disso, pela mera observação do metal retorcido, seria possível verificar que algo fora do normal se passara. Pensariam os anteriores "técnicos" que foi uma gaivota que entrou por ali dentro?

Este caso cheira demasiado mal, mas só agora se começa a cheirar a sério. O pior vai ser quando não restarem dúvidas de que se tratou de um atentado. Quando se chegar aí, o que vai o Estado fazer? Encolher os ombros ou passar à instauração de um processo? É que isto tem implicações que fazem o processo da Casa Pia parecer um desenho animado. Estão a imaginar a PJ a bater à porta de alguns senhores considerados suspeitos com mandatos de prisão preventiva? Aposto que a Manuela Moura Guedes tem sonhos bestiais com isso!

Mas palpita-me que, apesar de se ter tornado evidente que se tratou de um atentado, ainda vamos andar a ver se foi ou não foi mais uns anitos (para aí mais uns vinte e três...). É que há gente que não se pode prender.
Nem preventivamente.

Recall #2


E por falar em "ecos", também me apetece recordar um interessante site que foi indicado pelo amigo Baeta, no seu Local e Blogal, com uma produção capaz de fazer sombra a The Matrix. Falo da verdadeira Matriz.

The Meatrix!

A não perder.

Recall #1


Já há alguns dias que tencionava fazer eco desta entrada do Aviz, um eco ela própria, e deixei passar o tempo de propósito para que o impacto fosse maior, isto é, para que outros navegantes da blogosfera possam ter conhecimento do caso, agora que está a ficar "enterrado" pelas entradas mais recentes de FJV.

Trata-se de uma desventura de uma senhora que pretendia concretizar um sonho e terminou envolvida num pesadelo; trata-se de direitos do consumidor atropelados e de um representante de uma grande marca automóvel que não o merecia ser.

Em qualquer casa comercial, em especial nas que representam marcas de prestígio, a regra deveria ser uma só: satisfação total do cliente. Em Portugal, porém, é cada vez mais o contrário que sucede.

A odisseia desta senhora é contada aqui.

quinta-feira, dezembro 04, 2003

Atrasado mas...

... de bom grado!

Desde A Sombra, os parabéns ao TNT pelo seu aniversário de 27 de Novembro último! Curiosamente, como ele notou, nasceu no dia a seguir ao do nascimento do meu pai e no anterior ao do meu. Em boa hora (absurda!).

Um grande abraço,
RS

Cinismos


O João de Rezende, no seu Castelo de Cartas, interroga-se como pode alguém que desejaria ver israelitas e palestinianos em harmonia sob a mesma bandeira escrever um texto tão cínico como o que escrevi na entrada "Cauchemar".

Caro João,

Ser cínico relativamente à conferência de Genebra é um reflexo de quem assistiu a inúmeras tentativas semelhantes, com a agravante de muitas delas envolverem políticos activos e com grandes responsabilidades, como Camp David ou Öslo, e terem produzido documentos oficiais e não apenas declarações de intenção, como foi o mais recente caso suíço.

Vejam-se as reacções ao plano que saiu de Genebra:
Sharon avisa que o texto de Genebra é muito mais perigoso que o de Öslo (que era, recorde-se, um desastre para os palestinianos); Arafat congratula-se, mas diz logo que o direito de retorno dos palestinianos à Palestina geográfica é inegociável; a União Europeia aplaude de pé e acha o plano uma maravilha, mas não tem como o implementar; os Estados Unidos, até agora, não dizem nada - imagino como devem andar furibundos os lobbies judaicos em Washington (em especial os que têm afinidades com o ramo militar da indústria!)...

Resumindo (e repetindo-me): um circo inútil.
Todos ficam satisfeitos e vão para casa, enquanto Arafat continua a financiar os "mártires de Allah" (e as suas contas bancárias) e Sharon os empreiteiros judeus e os industriais norte-americanos. BAU... (1)

A comunidade israelita está condenada, mas não só pela inexorável explosão demográfica palestiniana. Ainda que consiga eleger um Governo trabalhista moderado (o que é um eufemismo israelita), Arafat não vai abandonar o poder. Neste momento, Arafat constitui um obstáculo maior que Sharon a qualquer iniciativa para a paz no Oriente Médio apenas por esse facto: Sharon pode ser afastado do poder, mas ele terá de querer afastar-se.

Tendo em conta a reacção dos responsáveis israelitas, palestinianos e norte-americanos (as únicas partes com voto nesta matéria, o resto é paisagem), o plano de Genebra não servirá para nada (as folhas em que é escrito têm demasiada goma, não servirão para nada mesmo). Diz-se que serviu para mostrar ao mundo como existem pessoas de ambos os campos realmente empenhadas na paz para a Palestina. E depois? Esse é o ovo de Colombo de que falava em "Cauchemar". É como afirmar que o Big Brother é importante porque mostra ao mundo o que acontece quando se enfia uma mulher e um homem debaixo de um chuveiro. Importante porquê? Mas haverá alguém que não saiba? Existirá alguém que duvide que a maior parte dos palestinianos e a cada vez maior parte dos israelitas se está a marimbar para os respectivos "Deuses da Guerra"?

Se em Genebra se tivessem encontrado altos responsáveis do Likud e do Hamas e houvesse uma séria intenção de dizer basta, seria um encontro histórico; assim, como foi, com Dreyfus a apelar a um encontro imediato de sexto grau e Mandella no vídeo, não significa nada em termos concretos. E a Palestina não precisa de lindos discursos e bravos aplausos. Como o inferno, está cheia de boas intenções.
"Deeds not words". É preciso agir.

Genebra, por muito que custe admiti-lo, foi só palavras. Bonitas, lindíssimas, mas só palavras. Estou farto de as ouvir. O que queria era ver. Ver a UE tratar Israel como tratou a África do Sul do Apartheid - e não falo de sanções económicas; falo de humilhação pessoal, mesmo, desde proibirem a participação de Israel no Eurofestival da Canção ao encerramento de todas as representações diplomáticas israelitas na Europa; gostaria de ver um embargo de material militar a Telavive; de ver um presidente da ONU a avisar Israel de que o muro que está a construir não serve para outra coisa a não ser emparedar vivos os próprios israelitas, isolando-os do resto do mundo (e gostaria de ver um verdadeiro exército europeu por trás destas palavras!).
Do que falo, é de deixar cair sobre Israel um manto de vergonha que todos vissem, e quando os extremistas árabes rejubilassem com isso, gostaria de ver a mesma chibata que vergastou os judeus abater-se sobre os fanáticos do Islão e privá-los de armas e agradecer-lhes imenso pelo petróleo, mas não obrigado que já andamos a hidrogénio. Balelas. Não verei nada disso.

E a "Europa" nunca fará nada disso. Existem mais do que suficientes políticos europeus dispostos a qualquer coisa para não perder os favores de Washington, incluindo deixar Israel de freio nos dentes, e para quem sacrificar vidas israelitas e palestinianas não custa nada. Mas todos eles aplaudiram de pé (e para as câmaras!) o bendito plano de Genebra.
É desta gente que tenho nojo. É por sua causa que todos os planos de todas as "Genebras" dão em nada. Pretender que não é assim não é apenas uma inconsciência, é um perigo.

Rui Semblano
Porto, 3 de Dezembro de 2003

(1) BAU, business as usual

nota:
O João de Rezende deve saber a minha posição sobre a Palestina, mas em caso contrário, um pulinho aos nossos arquivos seria interessante.
Desde A Sombra, um grande abraço para o Castelo de Cartas e desejos sinceros que permaneça em pé e por longo tempo.

terça-feira, dezembro 02, 2003

Cauchemar


Em Genebra, personalidades sem responsabilidades políticas de Israel e da Palestina levantaram bem alto o ovo de Colombo e espetaram-no em cima da mesa, exultando: "Vêem? Está em pé!" E a multidão aplaude, entusiasta. É lindo. E inútil.

Já por aqui escrevi que a solução do conflito entre israelitas e palestinianos passa pela aniquilação de um dos campos. Total? Se esta pergunta for feita a um extremista judeu ou a um fanático palestiniano, a resposta será "Sem dúvida!" Mas bastará a destruição da estrutura de Estado de uma das partes. Israel sabe-o. Israel tenta-o desde 1948. E cada vez lhe é mais evidente que ou o consegue nos próximos vinte a trinta anos ou não o conseguirá jamais; isto é, os palestinianos tornar-se-ão uma onda impossível de conter, mesmo com "muros" com mais de 18 metros de altura.

Existe uma outra solução, mas ainda nem a escrevi e já me estou a rir. O regresso a 1947, quando judeus e muçulmanos coexistiam em harmonia, na Palestina. Pronto. Agora estarão a rir os que me lêem. E riem bem. Isso nunca vai voltar a acontecer. Nunca existirá um só Estado no Médio Oriente onde muçulmanos e judeus tenham os mesmos direitos e deveres. Esse equilíbrio existiu antes da invenção do Estado de Israel, não mais existirá.

Genebra foi um circo inútil, nada mais.
A Comunidade Internacional é uma anedota; a ONU é uma nulidade. A não ser assim, este "plano" não teria sido apresentado na Suíça, mas nos Estados Unidos, onde seria votado em Assembleia Geral, nas Nações Unidas, e levado ao seu Conselho de Segurança para ratificação, tornando-se lei. Mas isto é um sonho.

A realidade é Genebra; o aplauso ao ovo de Colombo "descoberto" e a costumeira fogueira de vaidades da alta roda dos "intelectuais de craveira internacional"; e isso nada tem de sonho. Pelo contrário.
É apenas o pesadelo do costume.

domingo, novembro 30, 2003

Songe


Estranhamente, dois ecos se revelaram fundamentais a 28 de Novembro e ambos se interligam: Fabien e Anabela.

"Vinte anos depois, há lembranças que perduram..."
À guardiã dos meus sonhos, obrigado.


nota:
Já não me lembrava de uma série de entradas pessoais tão extensas, mas um blog também é isto. Ou não?

40 plus


É verdade.
De todos os amigos da minha idade, apenas Fabien partilha comigo o "segredo da juventude" (ou eu com ele...). Foi imperdoável, o esquecimento, e bem apanhada a lembrança.
É no que dão os "retiros". Fico feliz por voltar a ler de Fabien (a sua última série de entradas introspectivas - Kaze, Ame e Okami - faziam adivinhar algo como um recolhimento, que não se compadece de blogs e outras coisas mundanas).

Aguardo o final do "retiro"... E o que dele vai surgir n'A Sombra.

nota:
Não ponho os pés na FNAC durante os próximos cinco anos.
(Tinha de escrever isto em algum lado, mesmo sabendo que não será assim...)