terça-feira, dezembro 02, 2003

Cauchemar


Em Genebra, personalidades sem responsabilidades políticas de Israel e da Palestina levantaram bem alto o ovo de Colombo e espetaram-no em cima da mesa, exultando: "Vêem? Está em pé!" E a multidão aplaude, entusiasta. É lindo. E inútil.

Já por aqui escrevi que a solução do conflito entre israelitas e palestinianos passa pela aniquilação de um dos campos. Total? Se esta pergunta for feita a um extremista judeu ou a um fanático palestiniano, a resposta será "Sem dúvida!" Mas bastará a destruição da estrutura de Estado de uma das partes. Israel sabe-o. Israel tenta-o desde 1948. E cada vez lhe é mais evidente que ou o consegue nos próximos vinte a trinta anos ou não o conseguirá jamais; isto é, os palestinianos tornar-se-ão uma onda impossível de conter, mesmo com "muros" com mais de 18 metros de altura.

Existe uma outra solução, mas ainda nem a escrevi e já me estou a rir. O regresso a 1947, quando judeus e muçulmanos coexistiam em harmonia, na Palestina. Pronto. Agora estarão a rir os que me lêem. E riem bem. Isso nunca vai voltar a acontecer. Nunca existirá um só Estado no Médio Oriente onde muçulmanos e judeus tenham os mesmos direitos e deveres. Esse equilíbrio existiu antes da invenção do Estado de Israel, não mais existirá.

Genebra foi um circo inútil, nada mais.
A Comunidade Internacional é uma anedota; a ONU é uma nulidade. A não ser assim, este "plano" não teria sido apresentado na Suíça, mas nos Estados Unidos, onde seria votado em Assembleia Geral, nas Nações Unidas, e levado ao seu Conselho de Segurança para ratificação, tornando-se lei. Mas isto é um sonho.

A realidade é Genebra; o aplauso ao ovo de Colombo "descoberto" e a costumeira fogueira de vaidades da alta roda dos "intelectuais de craveira internacional"; e isso nada tem de sonho. Pelo contrário.
É apenas o pesadelo do costume.

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