segunda-feira, agosto 25, 2003

Entendimento


O embaixador de Israel em Lisboa, Shmuel Tevet, não consegue entender "como é que alguém consegue entrar num autocarro, olhar para estas crianças, ouvir o seu riso e explodi-las" (sic). Na faixa de Gaza ou na Cisjordânia, existirão palestinianos que não entendem como é possível alguém ter uma criança de doze anos na mira de uma espingarda e premir o seu gatilho.

É por isto que não há roteiro possível para paz alguma no Oriente Próximo. Porque não existe este tipo de entendimento, quer de uma quer de outra parte. Pior, existe uma recusa desse entendimento. O israelita entende que uma criança palestiniana é um terrorista em potência, mas não o que o palestiniano entende - que uma criança israelita é um soldado em potência. Eu entendo os dois, mas não sou israelita ou judeu, palestiniano ou muçulmano, apesar do sangue árabe e semita que me corre nas veias.

Nunca saberei se, fosse eu um ou outro, conseguiria ter o entendimento das duas causas e a compreensão dos seus efeitos; se também me faltaria o reconhecimento das duas atitudes como criminosas, tomando uma delas como legítima. O que sei é que existem israelitas e palestinianos que entendem isto perfeitamente e que apenas neles reside a ínfima esperança de resolução deste dilema.

(ver "Mais dúvidas de morte", por Adeodato)

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