sábado, setembro 23, 2006

Cinquenta!!?? Fónix!


De uma fonte que considero fidedigna,
acabo de saber que, neste âmbito,
são 50 (cinquenta!) os trabalhadores
do Público em risco de despedimento
mais ou menos "negociado"!

Até efectiva confirmação, nem pensar
em assinar este jornal...
Será que vou ficar sem o "meu" Público?

O Público vai acabar?


PÚBLICO anuncia "política de reestruturação"
A direcção do PÚBLICO emitiu hoje um comunicado que dá conta de uma "política de renovação e reestruturação" em curso no jornal, destinada "a reduzir os custos fixos em 15 por cento".
in Público, 23 de Setembro de 2006

Esta redução vai incluir a remodelação do grafismo do jornal (a última foi péssima, a próxima...) e "uma redução negociada do quadro de pessoal" (sic). José Manuel Fernandes "agendou para a próxima quinta-feira, 28 de Setembro, uma reunião com o Conselho de Redacção" onde "irá prestar esclarecimentos sobre o processo, nomeadamente sobre a redução negociada do quadro de pessoal". Está-se mesmo a ver quem não vai sair...





Será o fim do Público tal como o conhecemos?
Eu, que estava a pensar em fazer a assinatura e aproveitar as condições em que esta está agora a ser proposta, vou ficar em stand by... Nunca se sabe e "ele" custa muito a ganhar! Cuidado...
...

Mercury Rising!














Martha Reeves & The Vandellas - Nowhere to Run




Na resposta ao gentil e-mail de Tim Sparke, coloquei-lhe a questão da ligação entre a MercuryMedia e a Louder Than Words e, logicamente, dos royalties recebidos (Loose Change não foi feito para ganhar dinheiro, mas precisou de dinheiro para ser feito, claro), de modo a que pudesse responder a eventuais questões que me fizessem sobre o assunto.

Eis a sua resposta (traduzida, original abaixo).
E, afinal, ele conhece mesmo o Mourinho!

--- quote ---

(...)
Somos (MercuryMedia) os distribuidores de Loose Change fora dos EUA.
Sim, a RTP pagou o royalty padrão pela transmissão de Loose Change, foi uma pequena taxa. Estamos a usar os royalties para obter as licenças das imagens que integrarão Loose Change 3, que será divulgado em 2007 e que será melhor e passará nos cinemas. Gradualmente, passaremos a mensagem de que o 9/11 só pode ter sido executado a partir do interior.

Quero que o Mourinho veja Loose Change porque se lhe agradar talvez o mencione (publicamente) o que causaria uma tempestade no Reino Unido. Ele tem uma notoriedade incrível no Reino Unido, lembra-te que estamos a tentar tudo por tudo para fazer com que o filme seja visto aqui e a encontrar dificuldades por parte das emissoras que estão muito assustadas com o filme...
(...)

--- end quote ---

--- original message ---

Hi Rui,
We are the distributors of LC outside of the US. Yes RTP did pay a standard royalty to broadcast LC, it was a small fee. With the royalties we are using them to licence footage to make LC3 which we will be releasing in 2007, which will be better and will go out in Cinemas.
Gradually we will get the message out that 9/11 could only have been an inside job...
I want Mourinho to watch LC because if he liked it, he would maybe mention it, which would cause a storm in the UK. He has such an enormous profile in the UK, do remember we are trying hard to get the film seen here, and meeting difficulties from broadcasters who are very scared of the film...
Thanks for your help
Best
Tim

--- end of original message ---

Well, well! Mais uma razão para 2007 chegar depressa!
Loose Change 3rd Edition nos cinemas? O JPP vai passar-se! (hehehe)
...

Os imeiles da mente brilhante #3




Anónimo!
Chegou a tua última vez!

(Extractos da reacção de uma "mente brilhante" à série 5 / 911)




Em resposta à minha resposta ao "brilhante" anterior, recebo isto:

--- quote ---

(...) e Madeleine Albright estava cheia de razão, não foram as sanções que mataram as crianças foi Saddam Hussein que não entregou as armas de destruição em massa e fez com que o embargo continuasse.

(...) Meio milhão? Que exagero! Se morreram crianças no Iraque antes da libertação foi uma pena apesar de necessário. Não sou daqueles que são preconceituosos e dá mais valor às crianças brancas do que às dos pretos (...)

a mente brilhante

--- unquote ---

..."não entregou as armas de destruição em massa"?
..."se morreram crianças no Iraque"?
..."às dos pretos"?...

A partir daqui foi tudo por abrir direitinho para o caixote do lixo.
Há cada mentecapto...

Os imeiles da mente brilhante #1
Os imeiles da mente brilhante #2
Os imeiles da mente brilhante #3
...

Louder Than Words! Awesome!






Claro que, uma vez na posse de uma cópia perfeita da versão portuguesa de Loose Change 2, tinha de o comunicar a Dylan, Rowe & Bermas, os rapazes da LTW (Louder Than Words) que deram forma ao projecto. Queria enviar-lhes um exemplar para o seu acervo e, eventualmente, para partilha através do seu website.

Toca a enviar um e-mail, escolhendo Korey Rowe como interlocutor, e qual não é a minha surpresa quando recebo uma rápida resposta de alguém a quem Korey fez forward da minha mensagem! Um alguém muito especial!

Ora vejam:





--- quote ---

From: Tim Sparke
To: korey rowe
Cc: rui semblano
Sent: Friday, September 22, 2006 8:24 PM
Subject: RE: [Fwd: Loose Change in Portugal]

Hi Rui

Please send it to me

Tim Sparke
MercuryMedia - 6 Baseline Studios - Whitchurch Road - London W11 6AGUK

I will make sure everyone I know who is Portugese see's it in London
including Jose Mourinho...
Thank you so much for this

Best
Tim

Tim Sparke
Managing Director MercuryMedia International Ltd
T: 44 20 7221 7221
F: 44 20 7221 7228
M: 44 7801 520991
W: www.mercurymedia.org

--- unquote ---

Recordam-se de vos ter dito que a MercuryMedia era a detentora dos direitos de transmissão televisiva de Loose Change 2 na Europa e como Kevin Quinn, o seu Operations Manager, gentilmente autorizou a RTP a ceder-me uma cópia? Pois Tim Sparke é Managing Director da MercuryMedia. E esta, hein?

Não sei se estão a ver o Tim Sparke a mostrar a versão portuguesa de Loose Change 2, em Londres, ao José Mourinho, cortesia d'A Sombra! Realmente, o mundo é uma aldeia, graças à World Wide Web. E é graças a ela que ainda existe a verdadeira Liberdade de Expressão e o direito à informação. Não imagino como seria o mundo se esta fabulosa "janela" não existisse.

A verdade é impiedosa.
E inevitável.


Aos que partilham este caminho com A Sombra, um forte abraço.

Rui Semblano
23 de Setembro de 2001

Os imeiles da mente brilhante #2




Anónimo!
Chegou a tua vez outra vez!

(Extractos da reacção de uma "mente brilhante" à série 5 / 911)



--- quote ---

(...) Deixa lá ver se eu não sou muito estúpido. Então agarraram nos desgraçados que iam nos aviões (só os do voo 77 e 93, não é? os outros eram mísseis) e juntaram-nos todos num aeroporto qualquer, tiraram-lhes a tosse e despacharam os corpos (depois de os queimarem, claro!) para a tal morgue no Delaware (...) isto incluindo as crianças a bordo!

É preciso ser estúpido para acreditar que os americanos não hesitaram em matar tanta gente, incluindo crianças, para atingir sabe-se lá o quê!

a mente brilhante

--- unquote ---

A esta ainda respondi:

"(cara)Mente Brilhante,

Madeleine Albreight, quando ocupava o cargo de Secretária de Estado dos EUA, afirmou que a morte de meio milhão de crianças iraquianas, como resultado do embargo a que o Iraque esteve sujeito, foi um mal necessário. Desse ponto de vista, não vejo problema na eliminação de algumas crianças (3? 4? não me recordo) a bordo desses aviões. Mas penso que não iriam tão longe, embora desconheça o que aconteceu. Repare que eu não disse que os passageiros tinham sido mortos. Disse que tinham desaparecido. Get it?

Rui Semblano"

Os imeiles da mente brilhante #1
Os imeiles da mente brilhante #2
Os imeiles da mente brilhante #3
...

sexta-feira, setembro 22, 2006

Lopes-Graça




Fernando Lopes-Graça (nascido em Tomar, a 17 de Dezembro de 1906) foi uma das figuras mais emblemáticas do séc. XX português. Desenvolveu uma intensa actividade cultural,
artística, pedagógica e cívica. Como compositor criou uma
obra extensíssima que percorre quase todos os géneros
musicais e que mereceu reconhecimento nacional e
internacional ao longo da sua vida.
Fundou e dirigiu durante mais de 40 anos o Coro da Academia
de Amadores de Música, para o qual escreveu centenas de
arranjos de canções tradicionais, grande parte das quais
recuperadas em colaboração com o etnólogo
Michel Giacometti. (...)




(...) A apresentação pelas orquestras nacionais das suas obras musicais foi, em várias ocasiões, interditada. Pelo vigor, a persistência e o alcance artístico e ético da sua acção multifacetada, Lopes-Graça tornou-se uma das grandes referências da cultura portuguesa.
Lopes-Graça morreu, na sua casa da Parede, em 27 de Novembro de 1994.


in Biografia, www.lopes-graca.com


Curiosamente, Fernando Lopes-Graça nasceu na cidade onde me casei e faleceu um dia antes do meu 31º aniversário. É uma coincidência como outra qualquer, que nos liga a um acontecimento ou a uma pessoa. A música de Lopes-Graça entrou na minha vida muito tarde, sempre por via da Antena 2, que sempre tenho sintonizada no Atellier ou em casa.
Este ano, a 17 de Dezembro, Lopes-Graça completaria 100 anos se fosse vivo.


Uma visita ao site que lhe é dedicado
impõe-se, até porque lá se encontram
as suas composições disponíveis em audio,
como o
Requiem pelas vítimas
do fascismo em Portugal,
tão do agrado do meu amigo
Manuel da Cerveira Pinto.

Visitem e deliciem-se.
RS

(as imagens têm links activos, como é habitual)

HEY!




Ok, guys.
Take a number and form a line!

Chegou!

Os meus agradecimentos à RTP, nas pessoas de
Bruno Santos e Fátima Cavaco, que foram mesmo
impecáveis!, e a Kevin Quinn, Operations Manager
da MercuryMedia, que autorizou a cópia.
Muito, muito obrigado.

Quanto a nós...

a-sombra@netcabo.pt

(hehehe)
Have a nice day!

Os imeiles da mente brilhante #1




Anónimo!
Chegou a tua vez!

(Extractos da reacção de uma "mente brilhante" à série 5 / 911)



--- quote ---

(...) e é sabido que foi a C.I.A. que inventou a ideia dos Ficheiros Secretos para desacreditar o F.B.I. e mostrar que os adeptos da teoria da conspiração são pessoas desiquilibradas com traumas de infancia que passam a vida a ver revistas porno (...) o que se aplica bem aos que acham que o World trade Center não foi atacado por aviões.

(...) aliás, o F.B.I. não serve para nada desde o Hoover (...) e não é por acaso que os aspiradores são chamados assim. (...)

a mente brilhante

--- unquote ---

A última frase pôs-me a pensar.
É que eu tenho um HOOVER!
:)

Os imeiles da mente brilhante #1
Os imeiles da mente brilhante #2
Os imeiles da mente brilhante #3
...

Já fizeram a vossa boa acção de hoje?


É para Outubro!
Hurry up!

quinta-feira, setembro 21, 2006

Congregazione per la Dottrina della Fede . seconda puntata



O conjunto de valores que, nos
países de maioria católica, desde
muito cedo é incutido à generalidade
das pessoas acaba por criar um
"mundo católico" latente.
De facto, os assim formados, como
a maioria dos portugueses, por
exemplo, tem em si essa moral.

A forma como gerimos esta "herança"
ainda depende exclusivamente de nós.
Para mal da Igreja Católica.




Ponto 2.
As religiões impõem os seus valores.

Na primeira parte, referi que o Islão nem sequer chegou perto da separação entre religião e Estado,
como a conhecemos na Europa.
Mas pensemos em Salazar.
Não há muito, muito tempo, num país nada distante, a relação entre Estado e Igreja Católica era promíscua ao ponto de se exortar os fiéis a abominarem o comunismo e "derivados" do alto dos púlpitos dos templos católicos. Nesse tempo, o Estado já se sobrepunha à Igreja, mas esta era usada ao mesmo tempo que usava, isto é, o arranjo funcionava nos dois sentidos.
O povinho, inculto, tantas vezes iliterato, era conduzido pela mão firme do Estado, por um lado, e pela não menos segura mão da Igreja, por outro. A moralidade era adaptada ao regime, num conluio velho de séculos. O Vaticano tem adaptado os seus próprios valores de acordo com os tempos que correm. Adaptou-se, por exemplo, ao Renascimento, com os Borgia, como se adaptaria mais tarde ao fascismo de Mussolini e ao nazismo de Hitler. A adaptação é a chave da sobrevivência, todos o sabemos, mas a este nível tem outro significado.

O atraso cultural e a iliteracia não são o pão e a água das religiões doutrinantes, são o seu Filet Mignon e o seu Veuve Clicquot. Quanto mais culta e letrada for uma sociedade, mais o factor religioso passa para a esfera privada de cada indivíduo. Ratzinger vem a público dizer que religião e razão andam de mãos dadas! Isto vindo de alguém que acaba de "reanimar" o criacionismo e coloca a virgindade de Maria após a concepção de Jesus como um absoluto inquestionável só pode ser uma piada. Mas, além de piada, é de mau gosto, pois Ratzinger faz passar a ideia de que fala de racionalismo humanista, quando na verdade se refere ao da Igreja.
Relembremos a reabilitação de Galileo Galilei, absolvido pela Igreja Católica em 1983, 341 anos após a sua morte. De mãos dadas com a razão, de facto. Talvez os Galileos de hoje sejam absolvidos mais cedo; para aí uns 150 anitos depois de mortos.
É, de facto, uma piada de péssimo mau gosto, mas que logo foi agarrada em desespero de causa pelos mais improváveis defensores do Papa, os arautos da "liberdade de expressão" (como José Pacheco Pereira nas páginas do Público de hoje, por exemplo - realmente, a estupidez é-lhe inata, embora não congénita).

Num "mundo Ocidental" em que a educação é cada vez mais medíocre e a xenofobia alastra, a religião é como um facho ardente em campo de erva seca. É uma questão de tempo até alguém se "lembrar" que a "única salvação" está em "Deus" (sendo "Deus" o Papa, naturalmente). E não será a salvação como descrita nos evangelhos, que essa é proclamada como tal todos os dias, à hora da missa; é a salvação mesmo. A da própria pele!
O documentário "Jesus Camp", para o qual chamei a atenção na entrada "Are you a part of it or not?", é o exemplo acabado desta realidade. São evangelistas, por certo, como George W. Bush, a quem rezam como os católicos portugueses rezam à senhora de Fátima (e estou a falar a sério!), mas também os católicos já se comportaram assim (e pior) e fá-lo-ão de novo, mal estejam reunidas as condições que o permitam. Este tipo de aproximação à religião é ainda insipiente na Europa, mas começa a alastrar, ao ponto de a Igreja Católica ter adoptado, já há muito tempo, algumas das suas "tácticas" - e eu sei do que falo, pois foram-me explicadas e expliquei-as a outros (ver a primeira parte deste texto).

Não sou apologista da tese que aponta a Europa e os EUA como responsáveis por aquilo que o Islão é hoje, mas não fecho os meus olhos à História, e esta diz-me que todas as tentativas de sociedades islâmicas (em especial as árabes - o ouro negro!) para se modernizarem foram directa ou indirectamente abortadas pelos europeus e pelos norte-americanos. Porquê?
Porque no dia em que um país islâmico produtor de petróleo se tornar laico e moderno, a primeira coisa que vai fazer é nacionalizar ou entregar a empresas nacionais os seus recursos energéticos - exactamente o que fazem os europeus e os norte-americanos. Exactamente o que fazem Hugo Chavez e Evo Morales.
Por este motivo as monarquias do Golfo são toleradas e apoiadas até à insanidade e os que ousam a via da República perseguidos até às últimas consequências - como foram Mossadegh (nacionalista), Nasser (pan-arabista), Kadhafi e Saddam Hussein (socialistas) e, agora, Ahmadinejab (islamita).

Se deixadas entregues a si próprias, essas sociedades iriam evoluir para uma esfera próxima das que temos na Europa - a seu tempo, não ao nosso. Se permanentemente hostilizadas e pressionadas (por vezes violentamente) a mudar, elas irão fechar-se cada vez mais, o que, do ponto de vista "Ocidental", significa que ficarão prontas a receber o "reizinho" da praxe, mal termine a crise, pouco importando se este é um Senhor da Guerra ou um corrupto homem de negócios.
Mantendo o mundo islâmico neste limbo, a Europa e os EUA controlam os seus recursos, mas esta revela-se agora uma espada de dois gumes. O Islão obscurantista é uma ameaça crescente para os que vivem fora e dentro dele.

A Igreja Católica poderia (e a isso está obrigada por desígnio próprio!) desempenhar um papel fulcral na aproximação ao mundo islâmico, mas não o conseguirá com sobrancerias e paternalismos, especialmente com os extremistas muçulmanos à espreita de cada deslize do "Ocidente", como também não o conseguirá o mundo laico se usar os mesmos "tiques" de superioridade colonial, com o toque da baioneta em cima "do bolo". Tanto falam em diplomacia, mas a cada erro crasso cometido, a primeira coisa que fazem é invocar a "liberdade de expressão". A liberdade de expressão pode ter poucos limites reconhecidos, mas o mais universal deles é, sem dúvida, a diplomacia.

Que "razão" é esta, que Ratzinger vê de mão dada com a religião?
Tentem, amanhã mesmo, ir falar a uma aldeia do interior sobre racionalismo humanista e vejam quantos vos darão as mãos. Bom, se forem mesmo para o interior, arriscam-se a que vos dêem as mãos, sim, mas na cara. Como bons cristãos.


Rui Semblano
21 de Setembro de 2006

Congregazione per la Dottrina della Fede . prima puntata
Congregazione per la Dottrina della Fede . seconda puntata
...

Absolute Power.






Political language is designed to make lies sound
truthful and murder respectable, and to give
an appearance of solidity to pure wind.

If liberty means anything at all, it means the right
to tell people what they do not want to hear.




George Orwell




Orwell bem podia estar a pensar no 11 de Setembro de 2001 ou no de 1973 quando escreveu a primeira das duas citações acima. Mas, neste aspecto, a Igreja Católica dá dez a zero em qualquer conspiração, real ou imaginária. Afinal, o seu próprio 9/11 já vai com 2006 anos e nada ameaça a "Virgem" Maria.

Se as declarações de Ratzinger em Ratisbona forem enquadradas na segunda das duas citações acima, a liberdade assume outra dimensão: a da doutrina. A liberdade de dizer o que os outros não querem ouvir não vale de nada enquanto esses outros não estiverem predispostos a ouvir o que não querem. Por isso as perguntas incómodas sobre o 11 de Setembro de 2001 só agora começam a ser ouvidas (e refeitas) por tanta gente. E por isso é que o Islão não quer ouvir o muito que os "ocidentais" têm para dizer.

E não esqueçamos que, há alguns anos, quando um francês levantou a ponta do véu e acusou o Governo dos EUA de conivência com os autores do 9/11, meio mundo o insultou e enxovalhou. Hoje, os autores de Loose Change e tantos outros como eles ousam ir mais longe e o mundo escuta-os. É natural. São norte-americanos.

Alguém escreveu na blogosfera que Oriana Fallaci tirou o Chador frente a Khomeini num acto de coragem. Engana-se. Se fosse iraniana, teria sido um acto corajoso. Assim, sendo "ocidental" e com bilhete de volta na carteira, não foi mais que mal-educada.
Se não conseguirmos a sabedoria e a paciência para proporcionar meios, espaço e tempo para o mundo islâmico evoluir a partir do seu interior ele não mudará jamais. E há bomba e ao insulto, erudito ou boçal, ainda pior.

Rui Semblano
...

Are you a part of it or not?

...
...
Ou como os evangelistas norte-americanos
assumiram a vanguarda da defesa da fé cristã
(na Europa este fenómeno é embrionário, mas o caminho está traçado)
...
optional Quiz: Quantos afro-americanos aparecem neste video?
...
nota:
Sugestão (muito válida) de Karvela, o comentador anónimo (por lapso), entretanto identificado.
Karvela: o teu comentário na entrada anterior está colocado. Obrigado!

quarta-feira, setembro 20, 2006

Congregazione per la Dottrina della Fede . prima puntata



Se existe algo que me transcende, para além de Deus, é a crença generalizada
de que a Igreja Católica
(que para os menos informados
significa literalmente "Universal Povo de Deus") é mais tolerante e menos
incisiva que o Islão.

A Igreja Católica, meus irmãos,
faz Ahmadinejab e os seus Mullahs
parecerem meninos de coro.




Ponto 1.
Nenhuma religião subsiste sem fanáticos.

A base de todas as religiões que se disseminaram pela conversão e pela doutrina é serem Unas e dedicadas a uma entidade perfeita que comunica com os crentes através do seu representante na Terra. Embora o Islão não tenha a figura do Papa (os seus religiosos não estão ordenados segundo uma hierarquia precisa e cada muçulmano fala directamente com Allah) são também os seus religiosos com mais conhecimentos dos textos sagrados que interpretam e orientam os crentes, sendo escolhidos os melhores de acordo com os seus pares, tal como os católicos fazem.

Acreditar na existência de um Deus é uma questão de fé, sem dúvida. Mas o homem não ficaria nunca satisfeito com essa noção livre que é a crença individual numa entidade espiritual superior. Se examinarmos com atenção a Bíblia e o Corão (penso que também a Torah, mas não conheço o suficiente os livros sagrados dos judeus), os ensinamentos que aí se encontram são transmitidos de forma a que quem os recebe possa meditar neles e encontrar uma forma de os aplicar à sua vida (ou não).

Para religiões como a Católica ou a Islâmica, isso foi corrigido desde muito cedo com a introdução dos religiosos ditos "sábios" que são representantes (católica) ou tradutores (islâmica) da vontade divina. A história do catolicismo já a conhecemos. Se hoje a Guarda Suíça está confinada ao Vaticano é devido à tremenda evolução social que sucedeu na Europa, afastando a Igreja Católica dos assuntos de Estado - embora existam jogos de poder nos bastidores, os tempos em que o Papa fazia e desfazia reinados já lá vão. O mundo islâmico (e esta expressão diz tudo - não há um "mundo católico") não chegou sequer perto desta separação. Mas já lá vamos.

No caso da Igreja Católica (que conheço bem - tenho a ficha no Vaticano), o fanatismo não se manifesta como nos países muçulmanos por mero pudor, mas existe em estado latente (e latejando!) pronto a surgir de imediato, caso alguma coisa o desperte. E o que o desperta? Vamos sair das grandes cidades europeias e andar meia dúzia de quilómetros. No mundo que existe afastado dos centros urbanos (campo, pequenas vilas, aldeias) o "senhor padre" é o intérprete e mensageiro do Deus na Terra (não me enganei na preposição) e o Deus na Terra é o Papa. Disto não tenhamos dúvidas. Aí, as sagradas escrituras valem o peso das suas letras e se uma adúltera não é apedrejada até à morte é considerada indigna e passa a condição inferior, mas não falta quem sonhe atirar-lhe pedras - apesar das palavras de Cristo e do próprio Papa.

Mas o Papa faz mais do que concordar com Cristo (tal como os Ayatollahs fazem mais do que concordar com Maomé); ele é Deus na Terra. Acorda virado para o lado direito e promulga um decreto em que enumera os novos pecados (o que estou a fazer, de acordo com Bento XVI, é um deles - usar demasiado a Internet); acorda virado para o lado esquerdo e decide reavivar o criacionismo... E não acreditar nisto é pecado, também. A face cordial da Igreja é puro marketing. Eu tenho todos os sacramentos até ao casamento. Sou crismado e fui parte do "sistema" em imersão total - até me tentarem convencer a entrar para um seminário. Fui animador de grupos de jovens católicos e participei em muitos encontros como aqueles em que vemos os meninos e as meninas aos gritos, à chegada do Papa. E, acreditem, o fanatismo vive e está para durar.

Os tempos não são propícios à Doutrina da Fé. Existem demasiadas distracções e... informações. Quando o povinho não sabia ler e tinha de confiar no "senhor padre" é que era bom. Hoje, quando se juntam as ovelhas e se dá conta que uma delas é "ranhosa" ou "negra", já não se abate. Dá-se-lhe uma palmadinha nas costas e ala para longe, antes que contamine as outras!
Não há muito tempo, era comum a difusão da ideia de que o único sexo seguro (note-se que seguro aqui é "que não engravida") era conseguido pelo "método das temperaturas", como lhe chamavam os "senhores padres". A sida permanece um tabu, apenas combatido pela abstinência sexual (no caso da transmissão por esse meio). E bem tentava levantar este e outros problemas, quando lá estive dentro (como o do criacionismo), mas não havia maneira. Quando me começaram a olhar de lado, desisti e saí na companhia de duas ovelhas "negras".

A Fé, para religiões de conversão, é objecto de doutrina.
Não basta senti-la. O sentimento é demasiado livre e vago. A Fé, a "verdadeira", tem de ser controlada, regulada, orientada e vigiada. E para isso existem os Guardiões da Fé; os Senhores da Palavra Divina; no caso da Igreja Católica, eles encontram-se na Congregação para a Doutrina da Fé (o antigo Santo Ofício). E Joseph Ratzinger era (era?) o seu responsável máximo.

"A quem compete interpretar autenticamente o depósito da fé?
A interpretação autêntica do depósito da fé compete exclusivamente ao Magistério vivo da Igreja, isto é, ao Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, e aos Bispos em comunhão com ele. Ao Magistério, que, no serviço da Palavra de Deus, goza do carisma certo da verdade, compete ainda definir os dogmas, que são formulações das verdades contidas na Revelação divina; tal autoridade estende-se também às verdades necessariamente conexas com a Revelação."


in Catecismo da Igreja Católica - Compêndio - 16 - 85-90 100

E quem reviu, corrigiu e aumentou este verdadeiro guia do bom católico?
Pois Joseph Ratzinger, a 20 de Março de 2005.
A 28 de Junho de 2005, este compêndio era aprovado e mandado publicar por... Bento XVI.

(continua)

Rui Semblano
21 de Setembro de 2006

Congregazione per la Dottrina della Fede . prima puntata
Congregazione per la Dottrina della Fede . seconda puntata
...

Vamos ao teatro?





O Teatro Nacional de S. João (TNSJ), no Porto,
oferece a entrada a todos quantos queiram
ver a peça "Os Negros", de Jean Genet,
no próximo Domingo, às 16:00 horas.

Esta peça, escrita por Genet em 1955, em pleno frenesim criador, é agora encenada por Rogério
de Carvalho e tem cenografia de João Mendes
Ribeiro. O elenco, reunido propositadamente para
esta encenação, é totalmente constituído por negros (*). Esta oferta insere-se nas Jornadas
Europeias do Património.

A não perder!

Vão lá levantar os bilhetes.
Daqui já somos cinco!

Vemo-nos no teatro.
:)


(Sim, os bilhetes são levantados directamente
nas bilheteiras do TNSJ e sim, já estão disponíveis,

conforme amostra anexa e sim, são lugares marcados.)

Any questions? (Don't answer that!)


(*) nota (post)erior:
..... Afinal eram doze negros e um branco!

Um em cada três...



Uma sondagem do passado mês de Agosto,
segundo o New York Post Online,
demonstra que 1 em cada 3 norte-americanos
acredita que o seu Governo colaborou activa
ou passivamente nos atentados de 11 de
Setembro de 2001.


Changing times are these...



7 Click na foto!

...

....Earth, Wind & Fire - Changing Times - Raise

Fora de contexto, mas delicioso.


"Ponham lá aí um cartaz a dizer que eu sou muito estúpido"
José Pacheco Pereira in Abrupto, 18.9.06
...
Ó Pacheco! Não diga isso duas vezes!
...


Fotomontagem: "It's just a billboard, stupid!" © A Sombra 2006

Adivinhem quem deu o mote.

terça-feira, setembro 19, 2006

Last but absolutely not the least!

Com as minhas desculpas, anuncio a publicação do comentário de António Baeta (Local & Blogal) no epílogo da série 5/911. Fica aqui o alerta. Agora vão lá espreitar! :)

Boa noite a todos - e em especial ao amigo Baeta!
...

The missing Duke of Biohazard.



DUKE 3:
"(...) Não sei por vocês mas, apesar de não ser praticante, eu fico muito mais contente por escutar o sino no alto da igreja, em vez de ter de ouvir o muezim a chamar-me do minarete para as orações ter de escutar."

David Pontes, in Fio de Terra, JN, 19/09/2006



Afinal, são mesmo "os três duques". Faltava este cromo.
No Jornal de Notícias de hoje, o director adjunto David Pontes dedica a sua crónica às polémicas declarações de Ratzinger, intitulando-a "Que o Papa não se cale". (ler na íntegra aqui)

Foi Manuel da Cerveira Pinto que me chamou a atenção para este "duque" (ou será uma "bisca"?) que estava em falta. Os três ficam assim "bem juntinhos".
Realmente, anda demasiada gente a usar a massa cinzenta para o gosto das élites "fazedoras de opiniões". E isto começa a aquecer.

nota (post)erior:
Mensagem deixada por mim no JN, ao cuidado de David Pontes:

Diz David Pontes:
"(...) eu gostaria de perguntar se estão a pensar obrigar as mulheres a deixar de usar mini-saia, com o receio de que essa exibição voluptuosa de pele possa, de alguma forma, provocar a ira dos pios muçulmanos."
E eu pergunto-lhe:
Caro David Pontes, e você? Não "obriga" a "sua mulher" a usar mini-saia? E ela "deixa" que você não a "obrigue"?
E ainda falam dos muçulmanos... Livra!

...

The Dukes of Biohazard.



DUKE 1:
"(...) O que se passa com o Loose Change mostra como o fanatismo político anti-americano leva à deterioração do pensamento. E é contagioso, tanto para as mentes simples como para as sofisticadas."

JPP, in Abrupto



Graças ao Mote para Motim fui dar com mais esta "pérola" que o displicente José Pacheco Pereira atira "aos porcos". O post-resposta de Basílio, no Mote para Motim, fez-me lembrar os velhos tempos d'A Sombra, quando ainda prestava alguma atenção ao que dizia JPP.
As hostes inquietam-se e o nervoso que se instala entre os neocons (ou neoparvos) é óbvio.
E o disparo de JPP, como na noite do Prós & Contras com Mário Soares, foi direitinho para a "famigerada", a "vermelha" RTP:

"Ponham lá aí um cartaz a dizer que eu sou muito estúpido", é o que os que levam a sério o Loose Change, a começar pelos programadores da RTP que entraram agora num nível provocatório, estão a dizer. (...)"

Ó Pacheco! Faça como o povinho; escreva ao Provedor do Telespectador, não se acanhe!



DUKE 2:
"As primeiras notícias sobre o gueto de Varsóvia foram recebidas em Londres com cepticismo. Assim como os relatos sobre as matanças de homens, mulheres e crianças nas câmaras de gás. Ainda hoje há quem as negue. (...)"

Henrique Monteiro, in Expresso


Já para Henrique Monteiro, que consagra o editorial no Expresso desta semana a esta questão, trata-se de neorevisionismo (já adivinharam), pois "O negacionismo não é novo na História, e sempre esteve ao serviço de uma ideologia" (sic).
Já cá faltavam os puritanos que acusam a contestação à versão oficial do 9/11 de anti-semita (seja lá o que isso for!). E ainda vamos ouvir isto muitas vezes! "Se gostaste de Loose Change é porque adoraste o Triunfo da Vontade!"; "Se duvidas do relatório oficial é porque não acreditas no Holocausto!" e, horror!, "porque és comunista!".

O que vale é que o Sol, quando nasce, é para todos... Por enquanto. (Não, não é o impresso).

Obrigado ao Basílio pelo mote.
É sempre bom ver como estão agitados os neoparvos. Incentiva.

5 / 911 epílogo





7 índice para a série 5/911 na imagem



Ao longo desta série, uma certeza emergiu:
a de que muitos se interrogam ainda sobre o que realmente aconteceu a 11 de Setembro de 2001, desconhecendo muitos factos que foram tornados públicos nestes cinco últimos anos.

Se acredito que o Governo dos EUA está na base dos atentados de 9/11?
Não. Acredito que, a ser verdade o que sugerem as pistas enumeradas na lista de perguntas que fiz, o Governo dos EUA foi cúmplice, mas não o cérebro dos atentados. Como sabemos, G. W. Bush não estava só na responsabilidade de comandar a defesa aérea dos EUA a 11 de Setembro de 2001; para além dele, apenas Dick Chenney e Donald Rumsfeld tinham esse poder. Mais ninguém. Acho que a promíscuidade destes três personagens com o poder real dos EUA é muito mais importante do que as suas relações com os restantes membros da Administração. Aliás, como saberão os menos distraídos, o Governo norte-americano já não é o cérebro de coisa nenhuma desde J. F. Kennedy.
"Interno" não é sinónimo de "Governo".


Acabei de ver dois dos responsáveis pela realização de "Loose Change", Dylan Avery e Jason Bermas, confrontarem dois responsáveis da revista Popular Mechanics, editores de "Debunking 9/11 Myths", no programa de Amy Goodman, Democracy Now. Talvez não seja pior darem uma olhada.

7 (click no ícone - Real Player necessário - stream 256)


Se existem verdades em todas estas teorias? Sem dúvida.
Mas verificáveis? Todas o são, mas algumas exigem investigação aprofundada.
Em todo o caso, é verdade que G. W. Bush disse ter visto em directo na televisão o primeiro avião a embater no WTC, antes de entrar na sala de aula que ia visitar, na Florida, onde foi avisado do segundo ataque. Quem me assegura tal absurdo não é Dylan Avery nem os maluquinhos de funil na cabeça do Scholars for 9/11. Quem o prova para lá de qualquer dúvida é... a Casa Branca. (1)
(ver Nine-Eleven, n'A Sombra - notas)

E que acontece quando os Serviços Secretos têm a confirmação de que terroristas atingem alvos civis com aviões comerciais e existem outros vôos suspeitos de terem sido sequestrados? A visita de G. W. Bush àquela escola estava programada. Toda a gente sabia onde estava o presidente dos EUA e estes estavam a ser atacados. Qual a reacção? Neste video, podemos recordar o momento, bem como ver e ouvir G. W. Bush dizer que viu o primeiro avião na TV antes de entrar na sala de aula da escola onde iria passar algum tempo com crianças de um programa de leitura, onde foi avisado do segundo impacto no WTC. Sugiro que ignorem a apresentação "foleira" (mas não o narrador!) e se concentrem nos factos.



Impressionante, não é?
Foi a transcrição deste testemunho do próprio presidente dos EUA na página Web da própria Casa Branca que me instigou a ir mais longe. E se me perguntam se penso que a verdade será algum dia conhecida, respondo: sim.

Apenas espero que os resultados de tal despertar não mergulhem os EUA na Lei Marcial e na repressão descarada da liberdade, já hoje tão limitada na que deveria ser a maior democracia do planeta. Mas a democracia já não é o que era suposto ser. Nem nos EUA, nem em lado algum.

Não vou parar de fazer perguntas.
E de exigir a resposta que merecem. A verdade.
Espero que façam o mesmo.

Rui Semblano
19 de Setembro de 2006


nota:
Quem é Barry Zwicker?

(final da série 5/911 - índice das perguntas e entradas relacionadas na coluna da direita)

nota para os mais curiosos:
O video total da intervenção de G. W. Bush em Orange County, Florida, em Dezembro de 2001, ainda pode ser visto no Site da Casa Branca. Aqui fica o link, para os que tiverem paciência para descobrir como foi este testemunho fantástico na sua totalidade. Mas o essencial já o viram no video acima, de Barrie Zwicker.
Use este link - Real Player necessário - fonte www.thewhitehouse.gov

segunda-feira, setembro 18, 2006

The Lords of War

Extracto de um e-mail da Amnistia Internacional (link na coluna da direita):

(...) Em Outubro a Assembleia Geral das Nações Unidas votará uma resolução para iniciar as negociações de um Tratado sobre o Comércio de Armas. No entanto, esta resolução não faz referência aos direitos humanos. Se a Resolução não referir claramente os compromissos dos Estados com a promoção e protecção dos direitos humanos, acreditamos que o Tratado que eventualmente se concretize não impeça a transferência de armas para os principais violadores desses direitos.

Vá a www.controlarms.org e envie um e-mail para um dos países promotores desta resolução, pedindo que sejam introduzidas no texto referências aos direitos humanos.
Um minuto do seu tempo pode fazer a diferença!













Alguém duvida que é assim?
Percam um minuto.

Nota:






Imagem extraída do filme
"Lord of War", de 2005,
realizado por Andrew Niccol.

3 Link para o site oficial na imagem.

Backtracking n. 6/06

Com as minhas sinceras desculpas, aqui fica um apanhado das entradas que acabei de actualizar com os comentários "perdidos" que acabo de encontrar no gestor de comentários do Blogger. Não os vi antes porque os costumo receber por e-mail para autorização e estes não os recebi.

Comentários de Francis e O Monarca aqui.

Comentário de Apobo (Manuel da Cerveira Pinto) aqui.

Comentário de Sá Morais (o Samurai) aqui.

De novo peço desculpa e agradeço a todos quantos não têm visto os seus comentários aparecer nas respectivas caixas em prazos relativamente curtos que os enviem por e-mail para A Sombra, pois terei todo o gosto em os publicar.

Uma boa semana a todos,
RS

The Complete Idiot's Guide no. 8





Lista completa
de Complete Idiot's Guides d'A Sombra

algures na coluna da direita
8





"Mostra-me então o que Maomé trouxe de novo. Não encontrarás senão coisas demoníacas e desumanas, tal como o mandamento de defender pela espada a fé que ele pregava."

(Joseph Ratzinger cita Manuel II Paleólogo, 12/09/2006, Universidade de Ratisbona)

Nada como citar estas palavrinhas santas de um imperador bizantino em cujo tempo a inquisição ganhava momentum para os autos-de-fé, quando há, nesta altura, quem tanto se esforce para fazer passar a noção do confronto de civilizações (e de religiões!).
E, claro, como é uma citação, poderá o Rato Zinga dizer que não, que não disse.

Regra #456: A minha religião é melhor que a tua.
Regra #457: A minha religião é melhor que a tua.
Regra #458: A minha religião é melhor que a tua.
Regra #459: A minha religião é melhor que a tua.

domingo, setembro 17, 2006

a 2: 19:00 Loose Change (again!)



Depois de ter criado o link para o
Mote para Motim, onde esta informação
é divulgada, não coloquei n'A Sombra
o aviso das terceira e quarta repetições
de "Loose Change" na RTP.

Pois bem, ainda falta uma hora para a
emissão deste documentário na 2.
É às 19:00.
Se não viu a versão portuguesa, esta é uma
excelente oportunidade.



Sobre o DVD na versão portuguesa
(use o link acima)

Bom resto de Domingo!

Oriana Fallaci (1929-2006)










"La Fallaci é morta."

Oriana Fallaci regressou à Florença onde nasceu,
a 29 de Julho de 1929, para morrer este 15 de Setembro.
Tinha 77 anos.










A minha história com Oriana Fallaci começou há 30 anos.
Nessa altura (1976), Portugal era um turbilhão de emoções e experiências, o PREC tinha deixado marcas profundas na sociedade portuguesa. A minha casa chegavam ameaças de morte, por telefone, cobardemente anónimas. O meu pai, sindicalista numa fábrica têxtil (que pertencera até pouco antes do 25 de Abril de 1974 a um industrial comunista que sempre tratara muito bem os trabalhadores), tentara convencer os operários de que não poderiam querer ser "ricos" em meia dúzia de dias. Uma alminha iluminada (que hoje é eurodeputada), declarou o meu pai "lacaio do capital" e a autogestão iniciou-se alegremente, tendo todos sido "patrões" nos poucos meses que a fábrica durou a partir daí. Quando se declarou a falência, o meu pai já tinha tratado de arranjar novo emprego, pois percebeu de imediato que a fábrica (des)governada daquela maneira não aguentaria muito (a minha mãe, que lá trabalhava também, como contabilista, entrou em depressão e já estava em casa, por essa altura). Ao verem morta a galinha e idos os ovos de ouro, os efémeros "patrões" dirigiram a sua raiva contra o "lacaio do capital", que "escapara" ao destino que tão alegremente tinham abraçado embalados no discurso revolucionário da tal alminha que hoje anda a comer em Bruxelas à nossa custa (e à custa dos que iludiu, um dia).

No meio disto tudo, com a idade de 12 anos, tornei-me visceralmente anticomunista. O processo foi o mesmo que aquele por que passaram os que tinham familiares perseguidos pelo regime, antes de 1974, só que ao contrário. O tempo se encarregaria de me formar e transformar, politicamente, mas a grande responsável e tutora inicial e iniciática da minha formação política foi Oriana Fallaci.

A 25 de Novembro de 1975, os meus pais celebraram o seu 13º aniversário de casamento. A 26 de Novembro de 1975, o meu pai fez 39 anos. A 28 de Novembro de 1975, rodeado de toda a família, soprei as doze velas do meu "bolo de anos". Em Novembro de 1975 o PREC terminou e o Círculo de Leitores editou "Entrevista com a História", de Oriana Fallaci.
No ano seguinte, descobri este livro (efectivamente o livro da imagem que ilustra esta entrada, hoje na minha posse) nas estantes de casa de uns tios, onde costumava passar longos períodos. Na capa, uma reprodução da célebre e controversa entrevista de Oriana Fallaci a Álvaro Cunhal, publicada no italiano Europeo a 6 de Junho de 1975 e reproduzida na íntegra em Portugal pelo Jornal do Caso República, quase três semanas após a publicação em Itália. Não li, na altura, o jornal português (e muito menos o italiano), mas ouvi, em família, comentários ao caso. Curioso, procurei a entrevista no interior do livro, mas não a encontrei no índice. Então, comecei a percorrer os diversos capítulos na diagonal, mas nada encontrava. Foi então que passei os olhos na entrevista a Golda Meir (os acontecimentos de Munique ainda estavam frescos na minha memória) e, adiante, na de Yasser Arafat. Lembro-me de me ter sentado num sofá, em casa dos meus tios, e lido as duas entrevistas de um fôlego. Depois, os nomes familiares (Kissinger, Willy Brandt, Indira Ghandi), e os outros, quem eram? George Habash, Nguyen Van Thieu, Ali Bhutto... Nomes que me conduziram a outros nomes, a outras palavras, a outras realidades e outras perspectivas. Foi o meu baptismo de fogo.
E não, não encontrei a entrevista a Álvaro Cunhal nas páginas deste livro concreto. Até ter encontrado o texto completo, tudo o que li foram as linhas impressas na capa da edição do Círculo de Leitores.

Não sei quantas vezes li este livro. Acho que, durante muito tempo, sempre o ia buscar a cada vez que estava em casa de meus tios. Hoje, falecidos ambos, o livro encontra-se aqui, no meu escritório, entre o "Crimes de Guerra no Vietname", de Bertrand Russel, e o "Dossier do Conflito Israelo-Árabe", edição de 1968 da Inova (então Editorial Inova Limitada), com capa de Armando Alves.

Oriana Fallaci, para mim, era uma deusa.
Ainda por cima era uma mulher belíssima (e italiana!) e de esquerda, o que lhe dava ainda mais charme, do meu ponto de vista dos doze anos, como descrito acima.
E então, tantos anos depois, sabia que ela morava em Nova Iorque, mas naquela manhã de Setembro de 2001 a última coisa que me passou pela cabeça foi esse facto. Eu escrevo; escrevo mesmo muito (raramente passa um dia sem que escreva), mas a 11 de Setembro de 2001 não escrevi nada. Simplesmente não consegui. Há uns dias, uma amiga que conhece as minhas posições sobre o 9/11, disse-me, após ter lido uma das entradas da série 5/911, n'A Sombra: "Quem te ouviu depois dos atentados e quem te ouve agora!" De facto, o choque provocado pelas imagens e notícias daquele dia deixou-me incapacitado de ver, para além do aparente, o óbvio nelas contido. O castelo de cartas, porém, não demorou muito a cair. Bastou retirar a carta de toque. Mas sim, admito que nessa altura senti pura raiva. Ainda assim, não escrevi uma linha.
Oriana Fallaci, porém, escrevia.
Escrevia a sua raiva contra o "Islão" e o seu orgulho em ser "ocidental", ao mesmo tempo que via cair uma e depois outra torre, perto da sua casa de Manhattan. Ainda hoje não sei porque o fez. Sei que as ideias que transmite não nasceram nesse dia. Imagino porque nasceram. Recordo as duas primeiras entrevistas que li, em "Entrevista com a História". Não sei o que levou Fallaci a entrevistar Fallaci, a passar para o outro lado, transformando o relato em acção e a entrevistadora em entrevistada, construtora da História. Actriz.

Não li La Rabia e l’Orgoglio, apenas conheço excertos e li palavras da própria autora sobre ele, mas hei-de tê-lo, um dia. E talvez não o consiga ler, não por ser "incómodo" ou por ser outro tipo de "verdade inconveniente", mas por ter sido escrito por ela.



Addio, Oriana. Ti mancherò...


Rui Semblano
17 de Setembro de 2006









Oriana Fallaci em 1963, o ano em que eu nasci.