sexta-feira, agosto 01, 2003

Mi liga, vai!


A Escuta
in http://jornal.publico.pt/2003/07/31/Nacional/P01CX01.html

--- quote ---

FR: Tou?
AC: Sim!
FR: Sim!
AC: Allô! Estás bem?
FR: Ó doutor Costa! Está bom, pá?
AC: Então?
FR: Ando aqui na estrada, pá! Pá, ainda tou aqui em regresso, mas isto tá um trânsito e um tempo horrível, pá!
AC: Correu bem?
FR: Ó pá, correu! Quer dizer... É evidente que a todo o lado que um gajo vai, querem falar comigo e não com os outros, mas comigo só querem falar das coisas que não são as que a gente quer que eles falem, não é?
AC: Pois!
FR: Por isso é o... calvário permanente! Não tem... Julgo que não tem grande solução, não é?
AC: Pois!
FR: A não ser... Pronto, aguentar!
AC: Pois!
FR: Mas eu agora vou lá jantar com o nosso PR [Presidente da República], pá! Mas estava a ver se chegava a casa, se tinha tempo para descansar e tomar um banho e tal, tou aqui... [imperceptível]...
AC: Pois! Agora, é pá, sobre o teu jantar, é pá, eu só tenho uma sugestão a fazer!
FR: Uhm?
AC: Que é o seguinte: é pá, eu acho que é preciso insistir num tema de grande preocupação, que é, é pá, o procurador-geral [da República] ao invés do que deu a entend... do que tinha mostrado disponibilidade, ahh, na conversa...
FR: Ó pá, não achas melhor ter esta conversa noutro telefone?
AC: Tá bem! Então liga-me!
FR: Pois! Não pá... Pois, exactamente! Ok! Até já!
AC: Liga-me! Tá bem?
FR: Até já!

A escuta 1892, relativa a uma conversa de Ferro Rodrigues (FR) e António Costa (AC) no dia 29 de Junho às 18h36, divulgada ontem pela SIC e que esteve na base da decisão do juíz Rui Teixeira manter a prisão preventiva de Paulo Pedroso.

--- unquote ---


nota:
Destaques em Bold da responsabilidade d'A Sombra.

Um jantar em Seoul


Estava eu a jantar em boa companhia, discutindo alguns aspectos do panorama artístico nacional com gente do meio, no que toca às Artes Plásticas, e fazendo por me alhear do que estaria a acontecer do outro lado da cidade, num suposto "novo" Pinguim Café, quando, inesperadamente, um porta-estandarte empunhando uma bandeira da Coreia do Sul entra na sala, seguido de um grupo de jovens orientais vestidas a rigor (usando o típico Hanbok) e com tambores de ampulheta (Changgu's) ao pescoço. Rápidas, e em silêncio, tomam as suas posições. São belíssimas, mas eu e as orientais... Bom.
O espectáculo começa. Primeiro as percussões, depois dois números de danças tradicionais, em que os leques pontificavam.
Maravilhado, após a função, dirijo-me a um dos acompanhantes dos sul coreanos e inteiro-me do que sucedia. Pois nada mais que um espectáculo de cortesia, integrado no 3º Festarte, o Festival Internacional de Artes e Tradições Populares de Matosinhos, que ali calhou, para nossa sorte, levar o grupo do Seoul Arts Highschool.
Bem me chamou a Lina (a minha cara metade) a atenção para o pequeno papel colado ao menú, que tinha pratos típicos sul coreanos. É que as raparigas, além de tocar e dançar, estiveram a cozinhar! A gastronomia, não o esqueçamos, é uma arte.
Mas eu já ia com a ideia no javali, que é que posso dizer...

Há noites assim.

nota:
O restaurante era o "Viveiros da Mauritânia", em Leça.
Este grupo actua hoje (01Ago2003) no "Orca Bar", em Matosinhos,
(esta actuação não aparece no programa on line)
e no dia 2, em S. Mamede, no 3 em Matosinhos e... Ora!
Vejam o programa AQUI.
E, se puderem, vão ver ao vivo. Merece.

nota2:
Um agradecimento aos acompanhantes portugueses do SAH, que tiveram a gentileza de ir ao automóvel buscar um catálogo/programa para me oferecer. Um gesto que, como a situação em si, quase me levaram a pensar que não estava em Portugal.
Mas eu nunca disse que isto estava tão mal assim. Só que às vezes ouvimos umas pessoas que têm aspirações a governantes a falar ao telefone como se fossem uns tótózitos... e pronto! Estragam tudo.

quinta-feira, julho 31, 2003

Enfant (pas assez) terrible?


A "ovelha negra" dos Castro Caldas está de volta ao Pinguim Café. Leio isto no Público (local, p. 56 , 31Jul2003 - sem reprodução on line). Interrogo-me: e o Pinguim Café? Estará de volta? Não me parece. Há muito que desapareceu.
Tive o privilégio de colaborar com o Joaquim Castro Caldas nas Segundas-feiras de Poesia, quando ainda havia Pinguim Café - aquele, do Palolo na parede, dos cinzeiros da Fátima e da cave obscura... Esse local, por muito que uma placa moderna à porta tente desmenti-lo, já não existe.

"Adoptei o Pinguim Café por empatia, primeiro, depois por simpatia e, finalmente, por tua causa. Pelas noites que voam ou se arrastam na cave desse café, conforme conseguem ser sublimes ou uma merda completa. Mas por isso são tão dignas, pois são como a vida e essa raramente é sublime, sendo o mais das vezes uma boa merda..."

(in "Algumas das folhas que vou borrando com tinta" de Rui Semblano - 1981-1995, excerto do prefácio dedicado a Joaquim Castro Caldas.)

Diz, hoje, Joaquim Castro Caldas, no Público, avisando eventuais nostálgicos:
"Há uma coordenação, um alinhamento, não é bem à balda, como no velho Pinguim."

Caro Joaquim,
Não te desejo outra coisa que sucesso, mas permaneço demasiado nostálgico para te ir ver e ouvir, assim como estás, alinhadinho, no "novo" Pinguim.
Permaneço "desalinhado", sabes? Ainda te lembras?
Mas não te levo a mal, pois sei de onde te veio o "alinhamento" e eu, que te conheci como conheci, seria o último a criticar-te por isso.
"Suerte!"

Rui Semblano,
Porto, 31 de Julho de 2003

Blogue Blogue Blogue


No Público de hoje (O Fio do Horizonte, p. 9, 31Jul2003), Eduardo Prado Coelho (EPC) escreve sobre Blogs. Não é a primeira vez. Se a memória não me falha, a primeira que o fez foi para desmentir o rumor de ser ele o Pipi.
Há uma certa mágoa no seu texto de hoje; uma nostalgia do tempo em que o direito a ser-se lido era ganho arduamente, um acontecimento musical comentado aqui, uma recensão de um livrinho acolá.
Agora, qualquer um edita um blog e, da noite para o dia, tem 100 mil visitantes (visitantes, não leitores, note-se). EPC avisa para os caprichos da moda. E avisa muito bem. Quem sabe onde pararão os blogs? E se, um dia, os servidores como o Blogger.com deixarem de existir? E se, um dia, nos fartarmos de escrever aqui?

Diz EPC que "para quem acredita que o lugar onde se escreve condiciona o que se pensa e escreve, isto (os blogs) pode ser um acontecimento". E, pergunto eu, redutoramente q.b., para não fugir ao tom de EPC: "E para quem não acredita em tal coisa"?

Caro EPC:
Nada como experimentar a sensação.
Sente-se ao computador e funde o seu blog.
Até pode chamar-lhe "O Fio do Horizonte", pois já reservei o título no Blogger.com, a pensar em si. Basta contactar-me para lhe passar o blog.
Sinta-se, desde já, autorizado a fazê-lo.

Cordialmente e, sempre, pel'A Sombra,
RS

Notre Dame


To our distinguished guest from the Institute for Latino Studies of the University of Notre Dame (Indiana, USA), may you understand portuguese, so you can enjoy our comments on the english transcripts of our posts!

And thank you for dropping by. :)

(Ao distinto visitante do Instituto de Estudos Latinos da Universidade de Notre Dame [Indiana - USA], que entenda português, para que aprecie os nossos comentários às transcrições em inglês nos nossos posts!)

Have a nice day!
RS

Local...

... e Blogal.

Lido em Local e Blogal:

--- início de transcrição ---

Quem mais irá ler e conhecer os belos poemas de Al-Mu'tamid, Ibn 'Ammar ou Ibn Qasi, que quase caracterizaram o conteúdo desta página?

--- fim de transcrição ---


Pois, nós, amigo António Baeta, e os que amam a poesia e decidirem seguir o link para o Local e Blogal que, a partir de hoje e em permanência, se encontra nos nossos Blog Links. Um abraço e que o Blogal vingue. Inch' Allah!

Pel'A Sombra,
RS

nota:
Poemas e outros textos interessantes do Blogal, como em todos os blogs, encontram-se, também, nos seus Arquivos. Só uma lembrança...

nota2:
As minhas desculpas ao António pelo atraso, desde a troca simpática de comentários no seu blog, e pelo trocadilho que já foi corrigido acima.
Coisas dos URL's que começam por "B" quando os blogs começam por "L".
Até sempre.

Obscuro


Lido em Santa Ignorância:
(por Adeodato)

--- início de transcrição ---

(...) não é um defeito da TSF, ser de esquerda. É uma virtude, é sinal de que é feita por pessoas, tal como seria uma virtude se fosse de direita. Mau é não ser de coisa nenhuma, porque aí é-se sempre do lado obscuro....

--- fim de transcrição ---


Isto a propósito de a TSF ser uma rádio "de esquerda".
Pessoalmente, não acho que o alinhamento seja um malefício; veja-se o caso da The Economist ou do Le Monde Diplomatique (francês), publicações que sigo atentamente, no primeiro caso semanalmente, no segundo esporadicamente, fora as edições da revista Manière de Voir, que colecciono.
O que me parece um tanto confusa, para mim, é a parte final do período do Adeodato, isto é, ser-se "sempre do lado obscuro" se não alinhado.

A Sombra já foi acusada de ser um blog "de esquerda", o que refutamos, e não tarda nada, seremos acusados de ser "de direita", o que é igualmente falso. Seremos "obscuros"? O nome "A Sombra" simbolizará essa obscuridade?

Não.
Simplesmente, não temos rótulos.
Se um Cavaco Silva diz algo que merece respeito, disso fazemos eco e muito gostaríamos que a sua sugestão fosse implementada. Se um Manuel Alegre diz algo que merece ser ouvido, disso damos conta e nos manifestamos solidários, esperando que as suas palavras não passem desapercebidas. Se um editorial da The Economist é indesmentível, não hesitamos em o citar, do mesmo modo que o fazemos com o Le Monde Diplomatique.
Será isto estar na obscuridade?

Não me leve a mal o Adeodato, pois entendi (ou penso ter entendido) onde pretendia chegar, mas o facto de se recusarem os rótulos não significa, necessariamente, indefinição, antes pode significar ponderação e a procura do bom senso e das ideias progressistas, estejam onde estiverem, venham de onde vierem. E, neste campo, não existem monopólios.
Por isso acho tanta piada a expressões do tipo "monopólio cultural da esquerda". Mas quem inventou este mito? E que importa quem lança mais boas ideias para a fornalha do progresso, ou melhor, a quem importa tal coisa?

Se leio algo que me toca, que entendo pertinente, que acho sensato, digno de nota, por exemplo, na blogosfera, que me importa a mim que seja o José Pacheco Pereira, o Miguel Esteves Cardoso ou o José Mário Silva a escrevê-lo?
A independência não deve ser confundida com indecisão, bem como a isenção não pode ser tomada por neutralidade. As causas fazem-se de ideias e as ideias não são monopólio de nenhum sector político; nem as boas, nem as más.
Um exemplo concreto:
Muitos se indignam com a manutenção de Yasser Arafat como leader palestiniano por muitos sectores da política mundial, contrariando os desejos expressos de Telavive e os velados de Washington.
Eu indigno-me por isso e por darem a Ariel Sharon um respeito que, igualmente, não merece. Ambos, Arafat e Sharon, prejudicam o processo de paz de forma quase irreparável, pela mera obsessão de não largar o poder.
Considerando os passados de um e de outro, o melhor que poderiam fazer era afastar-se, voluntariamente, facto pelo qual, apesar do passado, mereceriam ficar na história como tendo permitido um caminho viável para a paz no Oriente Médio. E agora? Serei "de esquerda"? Detesto Sharon. Ou "de direita"? Arafat repugna-me.

Sou cinzento.
Cinzento como o Mundo todo.
Cinzento como os sem abrigo de Nova Iorque, como os chiapecos mexicanos, como os executivos de Wall Street e como os enamorados parisienses.
Porque o Mundo não é preto nem branco.
Porque a razão não tem dois lados, apenas um.
Porque não existem duas verdades, apenas uma.
Porque somos um planeta, um povo e uma alma.
E porque respiramos o mesmo ar.

Chega de divisões. !Ya Basta!

Pela Sombra,
RS


nota:
Caríssimo Adeodato, perdoa o tom deste post.
É dirigido ao Mundo. Não a ti.
Um abraço.

quarta-feira, julho 30, 2003

Country Stats


Uma nota singela aos visitantes exóticos que repousam n'A Sombra.
Aos dois vindos do Japão, agradeço o envio urgente de Haiku sobre Marte a JPP, para que substitua por eles os que tem escrito em português.
Arigato gozaimaz.
Ao vindo do México, um grande abraço (quem me dera uma Corona fresquinha, agora!) e um renovado !Ya Basta!.

Menos exóticos, mas bem vindos, um da Suiça (guardo boas recordações de Basileia, mas não da fronteira franco-suiça!), a quem desejo que volte sempre (aqui não o confundiremos com um extremista nórdico),
e nove do Reino Unido.
A estes últimos, se forem portugueses, os desejos de que estejam todos bem - let's be careful out there, shall we?

Um abraço desde A Sombra,
Rui Semblano

nota: Já não me recordo qual o blogger que fez este tipo de apanhado no seu blog, mas achei simpático. E pensei: Why not not? :)

O pesadelo americano


Lido em Santa Ignorância:
(por Adeodato)

--- início de transcrição ---

(...) Mas contra Guantanamo clamam as vozes pela defesa dos mais elementares direitos de uma pessoa à justiça. Direito a saber porque se está preso, a condições mínimas de respeito em caso de privação de liberdade, a um julgamento justo, a contactos para o exterior, a uma decisão judicial rápida, etc. Direitos que à primeira vista só poderiam ser violados noutra ditadura, em outro estado de não-direito. Qualquer normal cidadão dos E.U.A, que seja preso em Nova Yorque, em Washington ou L.A. sabe os direitos que lhe assistem. Os de Guantanamo não. (...)

--- fim de transcrição ---


Pois, caro Adeodato, já não é bem assim.
E a tristeza desta questão é que, de facto et de jure, qualquer cidadão normal dos EUA (qualquer um, de qualquer raça ou credo) se pode encontrar na mesma situação que os prisioneiros em Guantanamo. Basta não serem considerados presos de delito comum.

Desde o infame decreto USA PATRIOT (*) que, por simples decisão do Attorney General dos EUA (algo como o nosso Procurador Geral da República) em conjunção com o Secretário de Estado, qualquer cidadão, norte-americano ou não, pode, desde que em solo norte-americano, ser preso nas mesmas circunstâncias.
Basta a suspeita, por mais leve que seja, de ter auxiliado uma das organizações constantes da lista negra de Washington, para ser equiparado a um combatente inimigo, fora do alcance das Convenções de Genebra por, segundo o definido pelo Governo dos EUA, se tratar de "um terrorista".
E depois temos o notório decreto da "Invasão da Holanda", que leva a crer que estas detenções poderão ser efectuadas no estrangeiro.

Existem, fora de Guantanamo, quem sabe se alguns já em Guantanamo, milhares de prisioneiros nestas circunstâncias, parte deles encarcerados algures nos EUA, outros em países onde podem ser interrogados de forma mais "concludente" - mas todos sem direitos. Todos sem saber porque foram presos, sequer - entre eles, não são poucos os cidadãos norte-americanos, alguns em risco de perda de nacionalidade. E assim deverão ficar até que alguém acorde bem disposto em Washington ou que outros espíritos, mais iluminados, tomem para si o poder nos EUA (via eleições, claro, não vá o Pedro Mexia ler isto e voltar a pensar que eu apelo à insurreição armada!)
Por este motivo - e muito infelizmente - vejo-me obrigado a discordar da sua afirmação, transcrita acima. Os Estados Unidos que descreve já não existem. Talvez não os voltemos a ver por muito tempo. Mas espero estar enganado sobre esta última frase.

Deixo dois excertos datados de Novembro de 2001, de um livro de uma advogada norte-americana, do Centro para os Direitos Constitucionais, que, já então, se sentia algo constrangida com os efeitos da "nova democracia", pós-11/09/2001 nos EUA.

(tradução mais abaixo, para benefício dos não-anglófonos)

--- início de citação ---

Nancy Chang, Senior Litigation Attorney
Center for Constitutional Rights
666 Broadway, 7th Floor
New York, NY 10012

(...)
To an unprecedented degree, the Act sacrifices our political freedoms in the name of national security and upsets the democratic values that define our nation by consolidating vast new powers in the executive branch of government. The Act enhances the executive's ability to conduct surveillance and gather intelligence, places an array of new tools at the disposal of the prosecution, including new crimes, enhanced penalties, and longer statutes of limitations, and grants the Immigration and Naturalization Service (INS) the authority to detain immigrants suspected of terrorism for lengthy, and in some cases indefinite, periods of time. And at the same time that the Act inflates the powers of the executive, it insulates the exercise of these powers from meaningful judicial and Congressional oversight.
(...)
In addition, USA PATRIOT Act (1) to include as a "terrorist organization" any domestic or foreign organization so designated by the Secretary of State in consultation with or upon the request of the Attorney General under Section 411. On December 5, 2001, the Secretary of State, in consultation with the Attorney General, designated 39 groups as Terrorist Exclusion List organizations under this provision.
(...)
(1) § 411(a) amended 8 U.S.C. §1182(a)(3)(B)(vi)(II)


in Silencing Political Dissent: How Post-September 11 Antiterrorism Measures Threaten Our Civil Liberties, de Nancy Chang
(Seven Stories Press, USA)


Tradução:

De uma forma sem precedentes, o Decreto (USA PATRIOT) sacrifica as nossas liberdades políticas em nome da Segurança Nacional e desestabiliza os valores democráticos que definem a nossa nação ao reforçar vastos e novos poderes no ramo executivo do Governo. O Decreto amplifica a possibilidade do executivo de levar a cabo vigilâncias e de recolha de informações, coloca uma miríade de novos instrumentos à disposição da acusação, incluindo novos crimes, penas agravadas e períodos de estatuto limitado mais longos, e concede ao Immigration and Naturalization Service - INS (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras dos EUA) autoridade para deter imigrantes suspeitos de terrorismo por períodos de tempo mais longos, em alguns casos indefinidamente. E ao mesmo tempo que o Decreto aumenta os poderes do Executivo, isola o exercício destes poderes de um significativo controlo por parte do Congresso e do poder judicial.
(...)
A somar a isto, o decreto USA PATRIOT (1) deve incluir como "organização terrorista" qualquer organização nacional ou estrangeira assim designada pelo Secretário de Estado após consulta com ou a pedido do Procurador Geral, de acordo com a secção 411. Em Dezembro 5, 2001, o Secretário de Estado, após consulta com o Procurador Geral, designou 39 grupos como organizações pertencentes à Lista de Exclusão Terrorista, ao abrigo desta disposição.
(...)

--- fim de citação ---



nota:
Ainda deste ano, um estudo publicado na revista The Economist revelava como a situação se deteriorou ainda mais, desde então. O meu problema é que na desarrumação do escritório, não consegui descobrir a revista, para a transcrever.
Mas, assim apareça, terei oportunidade de o fazer.
Como escrevi há algum tempo (Público, 18Mar2003, Cartas ao Director):
"O sonho americano está a transformar-se, cada vez mais, num pesadelo de que é imperioso acordar".

(*) Sobre USA PATRIOT Act I e II ver:

www.eff.org on USA PATRIOT I - Electronic Frontier Foundation
www-eff.org on USA PATRIOT II - Electronic Frontier Foundation
www.aclu.org on USA PATRIOT Act I - American Civil Liberties Union
www.aclu.org on USA PATRIOT Act II - American Civil Liberties Union

nota 2: Aconselho uma busca própria, incluindo Sites governamentais dos EUA. Esclarecedor.

terça-feira, julho 29, 2003

Há referências incontornáveis


Seguindo sugestões do Dicionário do Diabo e do Valete Fratres!, a TSF passa a estar disponível, em permanência, na nossa lista de Links Media.
Pelo menos enquanto permanecer Rádio Jornal.

Depois veremos.

"Presidente" W. Bush em queda livre

Enviado por Joana Amaral:
(via MCP)

--- início de transcrição ---

Tradução de uma anedota recebida em inglês e classificada nos EUA como "the best joke voted in 2002":

Num avião que estava prestes a despenhar-se, viajavam 5 passageiros, mas existiam apenas 4 páraquedas.
O 1º passageiro diz: "Eu sou Kobe Bryant, o melhor jogador da NBA, e os Lakers precisam de mim, por isso não posso morrer". Assim, apanha um dos páraquedas e atira-se do avião.
O 2º passageiro era Hillary Clinton que diz: "Eu sou a mulher de um ex-presidente dos EUA, sou senadora do Estado de NY e uma potêncial futura presidente. Preciso viver". Assim, apanha o 2º páraquedas e também se atira do avião.
O 3º passageiro, George W. Bush, diz: "Eu sou o presidente dos EUA, tenho grande responsabilidade sendo leader de uma super-potência, e sou o presidente mais inteligente da história americana, pelo que o povo americano não tolerará que eu morra". Agarra o 3º páraquedas e atira-se do avião.
O 4º passageiro era o Papa João Paulo II, que diz para o 5º passageiro, uma aluna do primeiro ciclo com 10 anos:
"Eu sou um homem velho e fraco e já não me restam muitos anos, e como católico sacrificarei a minha vida deixando que sejas tu, minha menina, a ficar com o último páraquedas".
A menina sorri e diz: "Não há problema, há um páraquedas para mim e outro para si. O presidente mais inteligente da história americana saltou com a minha mochila da escola".

--- fim de transcrição ---


nota:
Para alegrar a tarde... até ao ponto em que nos apercebemos de que, apesar das aspas sagazmente apostas no título de W. Bush por Michael Moore, o homem está mesmo em funções.
God help us all... and bless America, of course.
MCP continua imerso na sua Tese, mas vai lendo (e sugerindo) umas anedotas!

para MCP:
Esta foi a última que publiquei por ti, Cerveira. :) - next time, post it yourself!)

Pour épater le bourgeois


A propósito de uma entrada de Adeodato, no Santa Ignorância, dei uma vista de olhos ao Dicionário do Diabo para ver como "mexia" a coisa. Confesso, o blog de Pedro Mexia está mal baptizado (se é que se pode usar a expressão, tendo em conta a inclusão do Demo na graça do dito blog); qualquer anjo caído poderá atestar este facto.
(Caso exista uma alteração, sugiro "Pour épater le bourgeois". É bonito.)

Uma panorâmica:

1. Acontece
Carlos Pinto Coelho não é o ícone cultural de Pedro Mexia.
Melhores dias virão, segundo o próprio.

2. TSF
Se "eles" soubessem que o Pedro Mexia ia à TSF, não o tinham deixado falar (a favor da guerra - sic). A TSF foi a Al-Jazeera portuguesa durante a guerra do Iraque (transcrição livre). Já acabou? Não sabia... Ontem foram mais três. Além dos outros todos. Um total de 99 mortos norte-americanos desde que a "guerra acabou". Vitoriosamente, claro.
"A TSF é uma rádio privada e tem o direito de ter a posição política que entender." Depreendo daqui que, para Mexia, se a TSF fosse pública, já não o poderia fazer.

3. Pedro Mexia "é de direita".
Outra vez? Na Faculdade que frequentei também é moda passar a vida a assumir o evidente. Agora são quase todos gays e bis. Vê-se; dito muitas vezes chateia. Será que Pedro Mexia ainda não percebeu que tem uma etiqueta colada na testa? Porque passa a vida a mencionar e a confirmar que é "de direita"? (Seja lá o que isso for...) Também foi Maoísta? Assim, tipo, simpatizante (não o estou a chamar velho!)?

4. Independente
O Pedro Mexia pensa que O Independente é o circuito de Indianapolis.
Alguém o patrocine para participar na fórmula Indy, please. Se conduzir tão rápido como publica os seus posts será campeão da especialidade.

5. O Pedro Mexia é o Pipi?
O seu post sobre Carla Bruni é um paradigma de líbido reprimida.
Alguém o ajude. (Eu não! Sempre fui sexualmente optimista.)

Post-scriptum:
Constato, agradado, que Pedro Mexia continua a "não pensar duas vezes".
Um exemplo:
"A maioria dos portugueses estava contra a guerra, mas ao ouvir a TSF podíamos pensar que havia, bem contados, uns dez portugueses contra a guerra, dos quais a TSF ouvia um, quando lhe dava na gana."
Não percebo. Calma, Pedro. Releia, releia. E depois "click". E releia. Publique de novo, reeditado. Não tenha vergonha. Todos cometemos erros. Mas nem todos os emendamos.

O Dicionário do Demo permanece nos links permanentes d'A Sombra e continua a ser uma referência na Blogosfera. A cada um saber de quê.

Post-post-scriptum:
Espero que Pedro Mexia tenha tomado os seus 20 mg de ironia, hoje.

Pel'A Sombra (sempre),
RS

nota:
Uma injustiça merece ser corrigida (não Mexia, não é para si, agora):
O Santa Ignorância não constava da nossa lista de Blog Links. Pois já consta.
Em permanência e pour le mérite, como todos os que lá se encontram.
Por nada mais.

(um abraço ao Adeodato)

segunda-feira, julho 28, 2003

Alvíssaras!


No editorial do Público de hoje ("Dúvidas e Certezas", 28Jul2003), José Manuel Fernandes (JMF) escreve de uma forma que julgava impossível! Não fossem as (inocentes e despretensiosas) referências a Cuba, pensaria estar na presença de mais um "antiamericano primário", desses milhões que andam para aí a desejar, secretamente, que a chuva radioactiva se abata sobre os EUA. Então não é que JMF está contra a forma como os EUA se preparam para julgar os prisioneiros que mantêm em Guantanamo?

JMF, só lhe fica mal escrever assim. Para além de confundir os "rapazes da direita", está a virar à "esquerda" com o pisca contrário ligado! Ainda termina por causar um acidente. Além disso, vai arranjar maneira de o retirarem da lista dos jornalistas "Bushmaniacos", apesar de escrever pro bono, eu sei.
Não nos desiluda, JMF.
Mantenha-se "em linha", for Christ sake, pois as consequências de se mudar para "on line" são tão imprevisíveis como prejudiciais. As causas que nunca defendeu nada têm a ganhar com a sua adesão tardia. Muitíssimo pelo contrário.
Lembre-se de como era horrível e monótona aquela tigela de arroz diária, e como eram mal jeitosos os pauzinhos!
Volte a si, homem, que isto nem parece seu (apesar das entrelinhas)!

Pel'A Sombra,
RS

nota: Carta enviada ao Público a 28Jul2003.

Mais nada


Já há muito que o 100nada encabeça a nossa lista de Blog Links. Por opção, colocamos os títulos iniciados por numerais antes dos alfabéticos. (Há quem faça o contrário!)

A Catarina passou à Sombra e leu "O Poste" (um pouco abaixo).
Daí a recomendá-lo no 100Nada foi um passo. Conhecendo o blog dela, acho que pensou bem antes de fazer "click" (ver "O Poste").

Ficam os nossos agradecimentos pela gentil menção à Sombra, bem como pela do Cinema para Indígenas, também efectuada, e uma curiosidade: à boleia do 100nada, via comentários, encontramos um blog estranho. Um blog assumidamente "bloga"!
Valha-nos Eça!

O 100nada encontra-se direccionado, em permanência,
n'A Sombra, em Blog Links.

Pena


Pior que o paternalismo, só a comiseração.
Que miséria...

(A propósito de um texto que me recuso a transcrever aqui,
lido no Abrupto, de nome "Margem Sul", de 28Jul2003)

O Poste


Confesso que sou avesso a regras e códigos de conduta, embora reconheça que, em casos pontuais, eles sejam necessários, por vezes até essenciais, de modo que mais avesso sou à ideia de que se possa aplicar um código deste tipo à blogosfera.
Claro que é um espaço público e claro que as coisas que aqui se escrevem são para partilhar com inúmeros desconhecidos que as lêem, de onde a natural preocupação de alguns em preservar este espaço, poupando-o a excessos, mas tal preocupação, embora legítima, não deve transformar-se em perseguição ou obsessão.

Os blogs não são como os jornais, onde se pretende informar de forma generalizada e, preferencialmente, isenta, e onde existem, apesar disso, espaços próprios de opinião.
Quem dá a sua opinião nesses espaços, como Miguel Esteves Cardoso ou Filomena Mónica, para citar dois exemplos ao acaso, não vincula o jornal às suas palavras, sendo este, apenas, o seu veículo, o seu suporte.
Nada impede um autor de um artigo de opinião de difamar alguém ou insinuar sobre algo nas suas crónicas. O tempo do lápis azul já lá vai e, em democracia, existe a liberdade de expressão, essa "fera", como a outra, a "blogos".
Ao fazer uma ou outra coisa, porém, o autor está a assumir as consequências do que escreve, pois, na balança da democracia, os deveres pesam mais que os direitos, embora exista muita gente que pense que não é assim.
Os que são difamados ou as entidades sobre as quais algo grave se insinuou, têm o direito de proceder judicialmente contra o autor de tais artigos e este, a verificar-se que o fez de forma gratuita, não baseada em factos, mas em suposições, será punido.

Um código de conduta da blogosfera, por muito simples e perfeito que seja, será sempre pletórico, porque, precisamente, além de redundante será nocivo. As leis aplicáveis à blogosfera já existem. Vivemos com elas. São as mesmas pelas quais nos regemos diariamente. O resto, como em tudo na vida, mesmo o que não parece, depende de cada um e é de sua exclusiva responsabilidade. Dele se destaca o bom senso, não só de quem aqui escreve, como de quem aqui lê. Bom senso para saber até onde se pode ir ao escrever, conforme o supomos ou disso temos provas (1); bom senso para saber onde o que se escreve como ironia se confunde com precisão; bom senso para distinguir entre o que é escrito sob nome próprio e o que é escrito por pseudónimos, tantas vezes usados para fins menos inofensivos que a procura do anonimato por discrição, pudor ou timidez.

Existe, porém, um livro de regras específico que muito gostaria de ver aplicado à blogosfera, embora consciente de que o escrito atrás se lhe aplica de igual modo: o da linguística. Não o da língua portuguesa, nem o da inglesa, ou outra, mas o de bem escrever qualquer língua. No caso do português, mais usado na blogosfera lusa, o problema maior são os neologismos de bolso (2). Como sugeriu FJ, no post "Metablogando II", os termos emergentes da blogosfera são, muitas vezes, metagramas de outros metagramas, geralmente originários num anglicismo, às vezes num galicismo.
A frase anterior é um bom exemplo. Palavras como o substantivo "blogosfera" ou o verbo "metablogar" são metagramas com origem em "weblog+sphere" e "meta+weblogging", metagramas elas mesmas, em inglês. Pode escrever-se, por exemplo, "blog" ou "blogue", isto é, usar a palavra original ou o "neoanglicismo", pois ao longo do tempo, e com o uso, ficará definido qual o termo de uso corrente que vingará. Pessoalmente, prefiro assumir as palavras estrangeiras, até porque, no exemplo de "blog", a sua pronunciação já traduz o significado, a tal ponto que quase torna "blogue" mais uma onomatopeia que um metagrama! O que me entristece, por vezes aborrece, mesmo, é quando se tenta criar um neologismo para uma palavra estrangeira para a qual já existe correspondência em português.

É o caso, por exemplo, de "poste".
Escolho este exemplo porque é duplamente irritante. Por um lado, já existe uma palavra portuguesa para o estrangeirismo que se pretende assimilar, por outro, é uma palavra portuguesa com um significado preciso. Um poste é um poste, c'os diabos!

"Weblog" é simplificado para "blog", na língua original, e se traduzir tal substantivo significa passar a escrever "Diário-de-bordo-de-utilizador-da-rede-informática-internacional" o melhor é deixá-lo quietinho, quando muito criando um "neoanglicismo" do tipo "blogue"; porém, a palavra "post", aplicada a um weblog, não precisa de uma montanha de palavras portuguesas para ser traduzida. A sua tradução, neste caso, será "registo" ou, mais tecnicamente (e correctamente, pois se trata de um diário de bordo), "entrada".

Assim, para mim, a escolha é óbvia. Ou se usa o inglês, que tem as mesmas características da palavra "blog" em termos de identificação, ou se usa uma das palavras portuguesas correspondentes. Agora... "Poste"!?
Se o tivesse lido num obscuro canto da blogosfera, como este onde escrevo, ou escrito por alguém que dá seis erros de escrita numa frase com cinco palavras, ainda vá lá, mas ao dar com um mimo destes num blog escrito em bom português e por universitários e licenciados, como foi o caso, já me preocupa mais (e nem vou dizer onde, pois pode ter sido uma gralha ou um malvado corrector automático - repetida várias vezes, mas vá, fica o benefício da dúvida).
E seria agora, ao falar do português que se fala e escreve nas nossas universidades, que entraríamos no domínio do Ensino, mas não aqui que este poste já vai alto, perdão, que este post já vai longo.
Ainda vou apanhar este vírus no computador. Vai uma aposta?

Rui Semblano
Rua dos Polacos, 104 3º
4430-174 Vila Nova de Gaia
(para o caso de terem apagado os registos da UP)

(1) Não foi, por exemplo, excesso da minha parte chamar mentiroso ao Reitor da UP, Novais Barbosa ("Linces - Lince II"), pois posso prová-lo e já o disse em público muitas vezes - aguardo o processo por difamação há anos, mas ainda não tive tal sorte. Aí está porque quem leu tal coisa e viu o meu nome só pode pensar que tal é verdade ou que não me importo de sofrer as consequências de estar eu a mentir. E reparem que esta afirmação não foi proferida numa carta privada ou num café, mas perante jornalistas da imprensa, da rádio e da televisão - algo diferente de o escrever num blog... Mesmo à Sombra.

(2) Assim como um dos maiores problemas da língua portuguesa são os livros de bolso. Leio cada coisa nos da Europa América (o meu pai era entusiasta* desta editora) que nem vos conto!

* Não escrevi "fan", mas podia tê-lo escrito. Também não escrevi "fã", mas nunca o escreveria. Ou em português ou no original, por favor. O resto só a brincar.

nota:
As entradas de qualquer blog, em qualquer ponto da blogosfera, são de domínio público assim que são publicados "on line" (em linha, como diria JPP). Antes de fazer click (clicar?) em "publish" não faça como o Pedro Mexia, isto é, pense duas vezes.

Click.

domingo, julho 27, 2003

Leitura mais fácil


Antes de mais nada, as minhas desculpas aos que seguiram os excertos de "Camelot 2003", que vou publicando n'A Sombra, pelo inconviniente de, ao usarem os links de roda-pé Para a frente e Para trás, destinados a direccionar o leitor para os excertos imediatamente posteriores e anteriores ao que liam, serem enviados para o Arquivo da semana correspondente, tendo depois de procurar o excerto dentro desse grupo de entradas.

A partir de agora, os links em Para a frente e Para trás, levarão o leitor para o Arquivo semanal correspondente e, de forma automática, colocarão o excerto pretendido no topo da janela do Browser que estiverem a usar.

Revi, apenas, os links relativos a Camelot 2003, pois já seria muito moroso rever todos os outros, que, dentro d'A Sombra, remetem para o Arquivo, mas todos os futuros links internos d'A Sombra vão funcionar deste modo.

Experimente ir para Camelot 2003 . 1 neste link, o primeiro excerto publicado logo a seguir à entrada de apresentação, que encontrará imediatamente antes dele.
Qualquer dificuldade com o link Camelot 2003 . 2 deve ficar a dever-se a este excerto constar de uma entrada ainda não arquivada, isto é, ainda disponível nesta página em que se encontra (bem) mais abaixo. Deverá funcionar assim que entre em arquivo.

A todos, as minhas desculpas pelo transtorno.

Pel'A Sombra,
RS