quarta-feira, outubro 25, 2006

Complete Idiot's Guide no. 11





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algures na coluna da direita
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Como por acaso - só pode! - desde que o Caderno de Corda foi descaradamente plagiado pela RTP (ver Plagius Maximus) e iniciámos o protesto contra tal acto que se têm multiplicado as notícias sobre plágios, uns máximos e outros mínimos.
No Apdeites, percorreu-se a blogosfera em busca de situações análogas e descobriram-se umas quantas carecas, umas mais descabeladas que outras, umas com capachinho e outras sem. Mas também fora deste círculo virtual o plágio tem dado que falar, nos últimos tempos.
No Público de hoje, por exemplo, é Eduardo Prado Coelho que relembra o seu caso, também com blogs à mistura, e Miguel Sousa Tavares que sai em defesa do "Equador" (mais civilizadamente que no 24 Horas), acusado na blogosfera de plagiar "Freedom at Midnight", de Dominique Lapierre e Larry Collins.

O que sucedeu com o Caderno de Corda foi inequivocamente um plágio - a transcrição letra por letra de um texto seu como sendo de outrém. O que sucedeu com Eduardo Prado Coelho foi ridículo - limitou-se ao uso de uma frase que qualquer um de nós poderia ter construído sem nunca ter lido nada igual, de tão frequente. Mas o que aconteceu com o Miguel Sousa Tavares?

Independentemente de se gostar ou não do homem, e admito que a minha admiração por ele estatelou-se ao comprido quando o conheci, o facto de ter usado no "Equador" descrições idênticas às de outra obra para ilustrar episódios "histórico-folclóricos" da Índia não é exactamente um plágio. As histórias dos Marajás são sobejamente familiares e sempre parecerá que já as lemos ou ouvimos algures.
É evidente que MST poderia ter escolhido outra estrutura ou outra forma de chegar ao mesmo lugar; podia mesmo ter inventado ele mesmo um folclore específico para o fim pretendido, mas optou por "Freedom at Midnight", discretamente referenciado como fonte, junto com as outras vinte e tal de que bebeu para escrever o seu livro.

Não li nenhuma das duas obras, mas pelas amostras que por aí andam, inclusivé as comparativas, não me parece nada que mereça demasiado crédito. A única coisa que é demonstrada é a falta de imaginação e originalidade de MST, adaptando sem preocupações parágrafos inteiros com a devida vénia aos autores dos mesmos. E só come quem quer.
Faz-me lembrar aquele romance de faca e alguidar de nome "Júlio e Romana", passado em Macau. Com a obrigatória menção de Shakespeare, na última página.

O que me parece revelador, no meio disto tudo, são as palavras do próprio Miguel no Público de hoje: "Sem modéstia, escrevi um grande livro" (!!) - e não me pareceu que se referia às 500 páginas do mesmo.
Pobre Sophia...


Regra única: Não pirilamparás a palavra alheia! (oops!)
...

2 comentários:

  1. Amigo Rui!

    De facto, existem casos que são casos e outros que não o são. Como sabes, estive incondicionalmente ao lado do Caderno de Corda no tal Plagius Maximus que referes, assim como, estive contra o auto-plagio da Margarida Rebelo Pinto por achar que defraudava os seus leitores e, sendo esta uma autora de qualidade muito duvidosa, considero que os seus leitores merecem respeito.

    No caso em questão, não estou de acordo. Mesmo não concordando por vezes – o que é normal – com o MST, tenho por ele como escritor e comentador respeito, mais até como comentador, visto que, é dos poucos que ainda não se vergou e continua a dizer o que pensa, mesmo que por vezes possa dizer algumas enormidades, mas também e nesse caso, é a sua opinião que respeito como todas as que são dadas de peito aberto.

    Eu, sou um dos muitos, que leu o romance do MST “Equador” e gostei. É um bom romance e também uma extraordinária viagem por terras de São Tomé, que conheci pelo seu livro e por quais fiquei com imensa coriosidade.

    Não creio que se possa considerar plágio, esse ilustramento de determinado episódio “histórico-folclórico” da Índia, já que, o romance, na parte descritiva das gentes e costumes de São Tomé não é uma obra ficção e foi alvo de grande pesquisa como é assinalado pelo autor na bibliografia das fontes consultadas.

    Plágio de facto – é o caso do Caderno de Corda ou o daquela cientista e colunista da nossa praça e que agora não recordo o nome, mas que transcrevia artigos de revistas americanas, pensando que em Portugal o pessoal só lia a crónica feminina.

    Grande abraço.

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  2. PiresF:
    Exactamente.
    De início, ao ver o tal blog com as comparações, tive as minhas dúvidas (não li o romance), mas à medida que fui descobrindo mais informação, rapidamente cheguei concluí que não se trata de plágio. Não sei a extensão do aproveitamento das ideias de "Freedom at Midnight", mas, como disse, isso não parece significativo (só lendo os dois livros conseguiria eliminar o "parece" desta frase).

    Mas o que me chocou nisto tudo foi a tal frase "sem modéstia" do MST. Não me recordo de um grande escritor que tenha dito isto. A sua mãe, seguramente, nunca o disse. A minha indignação vem deste detalhe.

    Um abraço,
    RS

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