sábado, outubro 21, 2006

Miguel.


Um dia
Escrevi-te uma carta hoje perdida
Mas lembro cada palavra nela escrita
A ordem perdeu-se no tempo das lágrimas
Mas lembro
O céu que nunca viste
O vento que não sentiste
As palavras que não ouviste
O sorriso
Que ficou por sorrir
Todos os passeios que não demos
Todos os momentos que perdemos
Antes de os termos
Mas tu permaneceste mesmo ido
E eu é que parti


Rui Semblano (eco do século passado, tal como a foto, algo mais antiga)

nota post(erior): o fim não era o fim

sexta-feira, outubro 20, 2006

I dare you!


- Olha, nasceu-me uma baibatana aqui, main!
- Olha, pois foi!
- Agoia sou um peixe!
- E vais viver aonde?
- Não sei...
- Eu sei. Vou fazer-te uma piscina...
- Na banheia, main!
- Pomos a banheira na sala...
- Sim!
- Já sei! Pomos a banheira na sala, para poderes

brincar e ver televisão e tem que ser muito grande...
- Paia quê???
- Para meter a tua cama lá dentro, se és peixe, vais ter
de ficar a viver sempre na banheira e...
- ...
- e metemos também lá o Óscar, para te fazer companhia...
- Mas o Oscai é um peixe!
- Mas tu também agora és peixe, vais ter de viver
com o Óscar!
- ...
- Não é?
- ...
- Então?
- Ó main! Tu não vês que isto não é uma baibatana,
é só uma tampa???

Catarina, in 100nada

The Final Cut.


É oficial.
Recebi hoje um novo e-mail de
Tim Sparke, envolvido na produção de LC3 e as palavras foram estas:

I am away working on Loose
Change 3 in Hollywood and won't
be back for another week, (...)
The new cut is very exciting
will I hope be the definitive
9/11 documentary.

Yessss!...


.... nota: O site da Louder Than Words está mais catita. Usem o link na imagem.

Shadow's playlists

Na pequena maravilha que é o Finetune player (coluna da direita) cabem mais que as variações de temperamento d'A Sombra. Mais abaixo, em permanência, os clássicos eruditos em Shadow Performance, mas para os que preferirem alternar entre playlists na própria janela de Shadow's Moods existe a possibilidade de, fazendo click no pequeno ícone verde do topo superior esquerdo, aceder a todas as listas, Performance incluída. A novidade é a playlist de bandas sonoras - Shadow Tracks.

Enjoy. :)

Wonder Woman...

...
Dearest Wonder Woman,

I wish we have met under less troubled skies, but there you have it; one never chooses time nor place for meeting people. As it is, it seems we are a world apart, no matter all the things we share, of which the world itself is the most important.

No two cats are alike, and this is even more so with people. I know you're not exactly human, but deep inside that tight and tiny uniform you are a woman. The difference is cats never overcome their own. Differences. As for people, chances are the more stubborn the less they find ways to understand one another; and we, my dear, are two very, very stubborn people.

I believe we live in the same city, but we could be living thousands of miles away from each other. Distance is not a metric factor between us; it's an ideological one. From that perspective, we might as well be living as far apart as Mars and Jupiter; however, none of us would easily be mistaken for a venusian. We're too passionate.

...

...
Anyway, you decided to move on to a more
intimate level of discussion, of which I'm
obviously excluded; a decision made out of
sympathy for those you know and know to
differ from. It's quite alright, really.
I will miss you, but hey, like I said to you before...


I hate to see you leave,
but love to see you walk away!





Nothing but love,

A Sombra


7 (para ampliar click e depois full size)

quinta-feira, outubro 19, 2006

Complete Idiot's Guide no. 10





Lista completa
de Complete Idiot's Guides d'A Sombra

algures na coluna da direita
8





O Sofocleto fez-me saber que o video sobre Paulo Portas que tinha colocado no Um Homem das Cidades já está a funcionar em pleno. Já o tinha visto e é mesmo digno desta série d'A Sombra.
Basta fazer click AQUI.

Este "Guia do Completo Idiota" é, assim, realizado em parceria com o Sofocleto.
Uma estreia! :)

Regra #1: Eu não disse isso!
...

Plagius Maximus: Not over yet!



"Plagius Maximus" - Breve haverá novidades.
Informações AQUI; AQUI e AQUI. Nova informação.

6 Entradas anteriores a 19 de Outubro são publicadas abaixo.
...

quarta-feira, outubro 18, 2006

Quão fino é o véu... (segunda parte)



(ver a primeira parte)

As proibições que hoje se esboçam e se praticam,
do véu ao genocídio arménio, acabam por se tornar
um problema maior que aquele que pretendem
resolver.

Vários Estados já tentaram implementar estas
medidas na Europa, ao longo do tempo. Todos
foram cilindrados pela História.
E se os Estados radicais islâmicos ainda existem
é porque eram mais facilmente controlados pelos
ditos defensores da liberdade e da democracia.
O radicalismo islâmico emergente do século XXI
tem as suas origens na paternalização inicial das
potências "ocidentais" perante os muçulmanos,
preferindo apoiar Sheiks e Shas a terem de se
adaptar a sociedades livres em mutação.



Falamos de proibir pessoas de ostentarem símbolos religiosos, nomeadamente nas escolas, mas também nos empregos, nos locais de lazer, nos supermercados... Na sociedade. Isto é a ditadura do laicismo. Só pode conduzir ao exacerbamento e à radicalização das religiões, à sua exclusão e auto-segregação. À proliferação do pior tipo de fé, que nada tem a ver com escolhas espirituais e tudo tem a ver com a resistência à opressão social. Os judeus são o que hoje vemos por terem sido quase exterminados por fanáticos. Tornaram-se fanáticos eles próprios, coisa que nunca aconteceria sem os nazis, como Israel nunca teria existido sem os nazis. Se seguirmos a linha da proibição dirigida às comunidades islâmicas, terminaremos nos campos de repatriamento, cujas matizes se definirão conforme os Governos e os populismos que os venham a suportar.

Uma professora muçulmana britânica foi recentemente despedida por recusar dar aulas de cara descoberta. Discriminada? Não. Autodiscriminada. As aulas não eram dadas num colégio muçulmano. Ninguém lhe exigiu que mostrasse as pernas ou que usasse decotes generosos. Poderia ter continuado a leccionar vestida com todo o recato, mas o cobrir da cara, nestas circunstâncias, não é admitido nas sociedades laicas. O Reino Unido é um exemplo perfeito do tipo de exageros em que se pode cair ao generalizar estas regras. As suas forças policiais integram elementos de várias comunidades residentes no país. Os códigos de vestuário podem ser alterados para acomodar esses agentes, mas não é pelo facto de existirem unidades que usam balaclavas quando em acção que se passa para o uso de véus por parte de agentes femininos que fazem o patrulhamento normal. Os limites são sempre uma questão de bom senso.

As mulheres muçulmanas são muitas vezes apontadas como as próprias vítimas da sua cultura, sendo obrigadas a usar o Niqab ou outra veste que lhes tapa integralmente as feições, mas todos sabemos que não é assim. Conheço casos em que o código de vestuário islâmico é observado por mulheres que o fazem com orgulho. As que se sentem oprimidas têm o direito de o fazer sentir e procurar auxílio, caso vivam na Europa, por exemplo, e nos países islâmicos são já muitas as que lutam pela livre escolha. Enganam-se os que pensam que é proibindo estas práticas que se ajuda as mulheres muçulmanas que não querem seguir estes hábitos. Bem pelo contrário.

Este é um aspecto, e apenas um, da forma como se encaram hoje as comunidades muçulmanas que vivem na Europa. Conforme as linhas mais ou menos ortodoxas dessas comunidades, assim são os seus usos (existem muitos muçulmanos no Porto e nunca vi nenhuma mulher de cara tapada). A forma como permitimos a sua integração e a clarificação de regras à partida são condições essenciais para uma relação saudável e enriquecedora para todos. As nossas origens são multiculturais e somos o seu reflexo, mas a multiculturalidade não pode ser uma desculpa para a fragmentação - venha ela dos que pretendem tirar às pessoas o direito a usarem os seus símbolos religiosos ou dos que pretendem fazer sobrepor o direito próprio ao do Estado onde vivem.

Separar a religião do Estado é óptimo.
Separar a religião do indivíduo é péssimo.

Rui Semblano
18 de Outubro de 2006


Esta entrada foi publicada em duas partes:
- a primeira parte
- a segunda parte

Catedrais...


I'm flying in Winchester cathedral.
All religion has to have its day
Expressions on the face of the Saviour
Made me say
I can't stay.


I'm flying in Winchester cathedral,
It's hard enough to drink the wine.
The air inside just hangs in delusion,
But given time,
I'll be fine.




Crosby, Stills & Nash - Cathedral



........ Catedrais: Sagrada Família, Winchester e todas as outras...

Quão fino é o véu... (primeira parte)



Na generalidade dos países que separam a
religião do Estado, a fé é (ou deveria ser) uma
questão individual.
E se o Estado nada tem a ver com a fé de cada
um, também a fé de cada um nada pode ter a
ver com o Estado.

Desde logo, existem dois níveis para o problema
do véu enquanto sinal religioso: conforme existe
em países muçulmanos, uns mais ortodoxos que
outros, ou em países laicos, uns com ascendente
católico maior que outros, isto é, mais influenciados
por factores religiosos que outros, apesar de Estado
e religião se encontrarem separados na prática.


imagem:
Poster da UNICEF, "More education for girls in islamic countries"



A proibição do uso de sinais religiosos em lugares como as escolas, por exemplo, é ridículo - e perigoso, precisamente por provocar uma reacção de revolta e desafio nos que se sentem por ela atingidos. Por esta ordem de ideias, as religiosas de uma qualquer ordem católica não poderiam frequentar o ensino laico usando o seu hábito ou um padre o seu característico colarinho branco.
Estão a imaginar um professor universitário a recomendar a uma aluna franciscana uma ida a uma loja como a Zara ou a Adolfo Dominguez antes de frequentar as suas aulas...

A paranóia instalou-se e começa a generalizar-se, fatalmente, a outras religiões. Sinais religiosos como crucifixos ou estrelas de Davi são proibidos. Há quem já tenha sido despedido por usar um pequeno crucifixo ao pescoço. É no que dão estas medidas iluminadas, pois são desenhadas para limitar a liberdade individual mais do que para garantir a liberdade da colectividade, parecendo esquecer que é a primeira que garante a segunda.

Não sou a favor do uso de véus como o fazem as mulheres muçulmanas, pois considero a ocultação deliberada da identidade de forma sistemática uma falta de respeito. Além do mais, nada no Alcorão indica que se devam esconder as feições, sendo o recato feminino similar ao que de mais ortodoxo existe na religião católica, por exemplo. Mas sou inteiramente contra a proibição do uso do véu por parte das mulheres muçulmanas (ou outras que não sejam muçulmanas e que considerem o véu um adereço de moda, já agora), tanto como sou contra a imposição do véu nas sociedades islâmicas mais radicais.

A fé de cada um deve ser respeitada, independentemente de concordarmos com o seu fundamento ou não, logo a sua forma de exprimir essa fé também, desde que tal coisa não implique a prática de crimes (ou teremos gente a queimar pneus por convicção religiosa), mas também cada um deve ser responsável perante a sociedade em que vive.
Se em determinado país é perfeitamente normal (e legal) ter uma fotografia com a cara tapada na carta de condução, isso é uma questão que só a esse país diz respeito - por mais absurdo que a nós, que vivemos em Portugal, tal nos pareça. Mas não podemos admitir que a Direcção Geral de Viação permita a uma muçulmana a residir em Portugal que tenha uma fotografia com a cara tapada numa carta de condução tirada neste país, nem tão pouco podemos admitir que a Brigada de Trânsito considere legal uma carta de condução como a descrita acima no caso de apanhar uma senhora muçulmana a conduzir com essa habilitação. Em sociedades como a nossa, estas situações não são permitidas a ninguém e a fé não pode ser motivo de excepção, ou teremos linhas de identificação policiais com embuçados por motivos de fé.

O que não podemos é extrapolar deste ridículo que é legítimo obrigar, por lei, um indivíduo a ocultar a sua fé. Não podemos transformar a fé, e em última análise a religião, em algo de clandestino, que não se pode demonstrar publicamente. Nesse caso, proibir-se-iam as transmissões televisivas em canal público das manifestações católicas de Fátima a cada dia 13, da mesma forma que se proíbem os crucifixos nas escolas. A mim, nada me dizem tais transmissões televisivas, mas posso sempre mudar de canal. Já as crianças são obrigadas a ir às escolas. Se quiser que um filho meu tenha uma educação católica, ponho-o numa escola católica, onde além de crucifixos nas salas existem capelas e se rezam terços. Se quero que o meu filho tenha uma educação muçulmana, procedo de igual forma colocando-o numa escola muçulmana. Mas se sou a favor da liberdade de escolha e quero educar o meu filho de tal forma que ele possa escolher por si a religião a seguir (ou nenhuma), então espero do Estado que providencie escolas onde a religião não seja um factor intrínseco à instituição.

Mas falamos de pessoas, não de locais.
E se existem locais que não devem ser associados a nenhuma fé, nenhuma pessoa pode ser dissociada da sua fé. O Estado não tem esse direito. Especialmente se é um Estado laico.

Rui Semblano
18 de Outubro de 2006


(ver a segunda parte)

Esta entrada foi publicada em duas partes:
- a primeira parte
- a segunda parte

terça-feira, outubro 17, 2006

Como se faz um extremista.



"De manhã, uma mulher de 27 anos, mãe de família,
tinha sido morta por disparos de soldados israelitas na
localidade de Abassane, Sul da Faixa de Gaza, e quando
se encontrava em sua casa.
O exército prometeu "investigar" o incidente, revelado
por responsáveis hospitalares."

(in Público, 14/10/2006)


Não deverá ser necessário colocar os órfãos desta mulher
horas seguidas à frente de videos do Hamas ou do Hezbollah.
Acho que eles já perceberam como a coisa funciona.
Assim se destrói o futuro.