sábado, abril 29, 2006

Weekend...




Lá vou eu com os boiões de vidro para a minha sogra encher de fruta e da aguardente do meu sogro! Estarei por Terras do Falcoeiro até segunda-feira, mas andarei por perto, graças ao meu cunhado.
E darei um pulo a Tomar, naturalmente, para o habitual café no Paraíso.

Bom fim-de-semana!

Ah! A disposição mudou.
Listen to Shadow's Mood (updated).

Entre Abril e Maio...


Trabalhar mais anos, descontar
mais e receber menos reforma
manchete do Público, 28 de Abril 2006

O socialismo em vésperas de Maio...
Que os olhos das crianças nos inspirem a tornar
o mundo melhor que isto.




....Na imagem: Link para A Idade da Pedra, cortesia de Fabien Jeune, em 2003. Click. A música dispensa apresentações.

quinta-feira, abril 27, 2006

Masks...



Quando um rapaz de catorze ou quinze anos
descobre a sua inclinação para a introspecção
e a análise de si próprio é mais nítida que nos
rapazes da sua idade, é inevitável a tentação
de pensar que é mais maduro do que eles.
No meu caso, um tal raciocínio era
completamente errado.

Yukio Mishima
Confissões de uma Máscara



Léo Ferré - Claire de Lune - Léo chante Verlaine



Todos temos as nossas máscaras.
Se entre vós existir algum que afirme não as ter engana-se, e que pense sobre isto: como poderá retirar algo que não sabe ter posto? Aqui, no espaço virtual onde partilhamos o que somos mesmo que alguns julguem fazer o contrário, as máscaras existirão, porventura, mais que no exterior, onde o vento uiva.
Não imagino um mundo sem máscaras.
Que lugar horrível deveria ser, um onde os segredos seriam não mais que mitos e os mistérios ilusões vãs. A vida sem as máscaras perde o sabor que lhe é próprio: o de podermos escolher quando, onde e por quem deixamos cair a que temos posta.

[A partir de hoje, eu e o Fabien decidimos que imagens nos identificarão nos respectivos perfis.]

Off the record? Never.


O 25 de Abril de 1974 continuará disponível n'A Sombra, junto a este ícone na coluna da direita, onde as entradas a ele relativas serão enumeradas, cada link contendo a ordem (anexos marcados no fim, ordem geral em maiúsculas e de anexo em minúsculas) e o ano de publicação.
Infelizmente, A Sombra foi inaugurada após Abril de 2003 e estava offline em Abril de 2004 e 2005... Entradas relativas a esta data, mesmo que editadas em outras ocasiões, serão acrescentadas posteriormente.
Disso darei conta aqui, a cada acrescento.

Aos que quiseram passar nesta Sombra a 25 de Abril deste ano, obrigado.

terça-feira, abril 25, 2006

Entrevista com a História - 2




E todos os que hoje respiraram algo pior
vão sentir-se melhor, dentro de alguns minutos.
Nem sei porque se preocupam tanto.
O 25 de Abril já é como o Natal há muito.
Uma vez por ano.




Paulo de Carvalho - E depois do Adeus





Que demónio tem este Abril que tanto apoquenta esta gentinha? Que faz com que um cravo na lapela de alguém seja tão notado? E que tão notado seja se lá não está? E que palavras são estas? Eu sei quem é o Dioguinho, mas o presidente desta merda não sabe, e a puxar à emoção espera que tenha crescido "bem"? E quando se fala na oportunidade e no sonho, porque olham para nós de olhos vazios os que possibilitaram um e o outro? O seu sonho seria o de condenar milhões para sua própria paz? A sua oportunidade era apenas e só isso: a sua vez de ser como "eles"?

Hoje, sem problemas, a Madeira desistiu de ser Portugal - mas nunca do nosso dinheiro. Hoje, 23 anos depois, o 25 de Abril chegou ao Marco, sabe-se lá como. Hoje, 32 anos depois, resta uma ideia de futuro quase impossível, desprezada por todos, dos betinhos da geração 26 aos semi-chiques do BE: a de uma criança que não existe, calando uma arma com um cravo.

Existirá alguma coisa, depois do adeus?...

Rui Semblano, 25 de Abril de 2006

The making of...



O presidente da República, Cavaco Silva, interrogava-se hoje, no seu discurso na Assembleia, sobre a forma como teria crescido "aquela criança que enfiava um cravo numa G3" naquele cartaz do 25 de Abril que tanto o sensibilizou.

Pois caro senhor presidente, eis a resposta, para seu descanso:
Chama-se Diogo Bandeira-Freire, tem hoje 35 anos e vive em Londres, onde estudou na London School of Economics...
Acha que a vida lhe correu mal? Ou era uma figura de estilo?...


O Diogo é filho de Pedro Bandeira-Freire que, juntamente com Sérgio Guimarães, engendrou a foto mais célebre e emblemática do 25 de Abril. Como tantas fotos célebres e emblemáticas, é uma fraude. O menino da foto, o Dioguinho, era tudo menos um menino da rua; foi descalço e sujinho para a fotografia e a G3 foi emprestada "por um minuto" a um qualquer magala que ia a passar.

Ficará o senhor presidente mais contente, ao saber que, afinal, o tal menino cresceu muito bem, obrigadinho, e que deu o salto para o Reino Unido mal atingiu a maioridade, como se escreve numa entrevista que o próprio deu há dois anos ao Correio da Manhã, não restando muitas dúvidas do que o "menino de Abril" pensava deste pobre país. E com toda a razão.
Mas, sabendo isto, senhor presidente, o que acha? Que foi graças ao 25 de Abril que o Diogo foi para Londres? Talvez, talvez... Mas teria ido na mesma, mesmo sem 25 de Abril. Ou talvez não.
Dá que pensar, não dá?

Quanto à fotografia, a ideia foi brilhante e o resultado foi estupendo.
Que importa se foi forjada? O espírito era exactamente aquele.
E será sempre uma bela imagem; ainda que saibamos que o Diogo se está a cagar para a política portuguesa e que nunca na sua vida votou - em Portugal ou numa das suas embaixadas.
A vida é assim.
Feita de pequenos nadas.

Rui Semblano
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nota:
...
Para ler a entrevista do Diogo ao CM,
use a sua verdadeira fotografia. Esta!



nota post(erior):
O amigo Pires retomou este tema, que menciono na entrada seguinte, no seu Espreitador.
Realmente há coisas que irritam!
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nota post(erior) 2:
O Espumante, alertado pela Catarina, também falou neste caso, no seu Espumadamente.
Nos comentários das suas entradas Poster e Poster II foi-se dizendo algo mais.

Entrevista com a História - 1


Mas o que se celebra hoje,
exactamente?

O 25 de Abril de 1974 não foi um movimento popular de raíz, mas um golpe militar que visava, antes de qualquer outra coisa, terminar com a guerra colonial.
Por este motivo a revolução veio depois da queda da ditadura e não antes. O que somos hoje, estabilizados em relativa prosperidade, foi o que se salvou de uma promessa que está ainda por cumprir.
E é muito pouco.

Entrada completa, abaixo. 6

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Oriana Fallaci: Oiça, Cunhal, aqui não se faz mais nada que falar de revolução. Que revolução? As revoluções produzem-se quando participa o Povo. O 25 de Abril foi um golpe de Estado, não uma revolução.
Álvaro Cunhal: Nada disso! E se considera o M.F.A. como um grupo de conspiradores que um dia se reuniram para dar um golpe não compreende nada do que aconteceu em Portugal. Não foi um golpe; nós os comunistas declarámo-lo imediatamente. Foi um movimento de forças democráticas no seio do Exército, com reuniões de 400 oficiais de cada vez, que discutiam o modo de mudar o regime. (...)

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“Nós, os comunistas, não aceitamos o jogo das eleições (...) Se pensa que o Partido Socialista com os seus 40 por cento de votos, o PPD, com os seus 27 por cento, constituem a maioria, comete um erro. Eles não têm a maioria”.
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“Estou a dizer que as eleições não têm nada, ou muito pouco, a ver com a dinâmica revolucionária (...) Se pensa que a Assembleia Constituinte vai transformar-se num Parlamento comete um erro ridículo. Não! A Constituinte não será, de certeza, um órgão legislativo. Isso prometo eu. Será uma Assembleia Constituinte, e já basta (...). Asseguro-lhe que em Portugal não haverá Parlamento (...)”
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“(...) Nós, os comunistas, já tínhamos afirmado aos militares que o PPD não devia estar presente [nas eleições], que não se podia conduzir o país ao socialismo por meio de uma ampla coligação democrática. Mas eles quiseram juntar socialistas, comunistas, sociais-democratas e as diversas correntes do MFA... Tínhamo-los avisado de que as eleições constituiam um perigo, que eram prematuras, que se não se tomassem precauções as perderíamos”.
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“(...) A solução dos problemas depende da dinâmica revolucionária; ao contrário, o processo democrático burguês quer confinar a revolução aos velhos conceitos do eleitoralismo (...). Democracia para mim significa liquidar o capitalismo, os monopólios. E acrescento: não existe hoje em Portugal a menor possibilidade de uma democracia como as da Europa Ocidental (...)”
...
Extractos da entrevista de Oriana Fallaci a Álvaro Cunhal.
O ‘Jornal do Caso República’ – jornal de luta ligado ao PS editado pelos directores e redactores do ‘República’ após este jornal ter sido tomado pela comissão de trabalhadores controlada pelo PCP – publicou esta entrevista, em 27 de Junho de 1975, intitulando-a ‘Oriana Fallaci põe Cunhal a nu’.
Curiosamente, no (hoje) meu "Entrevista com a História", edição de Novembro de 1975 do Círculo de Leitores, esta entrevista não aparece a não ser parte dela, impressa na própria... capa! Um pormenor delicioso.

Nas entradas seguintes, voltaremos aos Cravos de Abril.
Até então e um bom Dia da Liberdade.

Rui Semblano, 25 de Abril de 2006

Backtracking n. 5/06




Pergunta o Blasfemo jcd:
"O que seria do 25 de Abril
sem o 25 de Novembro?"

Respondo-lhe, ainda (*):
E o que seria do 25 de Novembro sem o 26 de Novembro?
(Uma resposta que, para mim, tem um sabor especial, já que os meus pais casaram num 25 de Novembro e o meu pai nasceu a 26 de Novembro! - e eu a 28 de Novembro!)




Pelos motivos apontados acima, entre parentesis, até acharia castiço que se fizessem grandes celebrações no 25 de Novembro, relacionadas com a chegada da liberdade a Portugal "e tal", mas nada nem ninguém poderá retirar ao 25 de Abril o seu valor.
Todos sabemos, mesmo que alguns não o admitam, que não foi uma revolução que conduziu ao 25 de Abril, mas um golpe de Estado (ver entrada seguinte). A revolução veio a seguir, o que não deixa de ser curioso. O facto é que existiu um processo revolucionário em Portugal (não é um trocadilho com o PREC), e que tudo o que sucedeu após o 25 de Abril só poderia ter acontecido após o 25 de Abril.
Vai daí que o jcd escreveu a pergunta ao contrário.
Maneiras de ver o mundo. Wishful thoughts.
Suponho que estará contente com o país que agora tem. E com esta "democracia", também.

Rui Semblano

(*) a ordem das datas está aqui invertida, relativamente à ordem cronológica (e correcta) que menciono no comentário que deixei no Blasfémias "E o que seria do 26 de Novembro sem o 25 de Novembro?", de onde o "ainda", posterior à edição original. Os significados multiplicam-se. E se... :)

Promessa.


De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse
um menino que sorriu uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu um pão que se repartisse
um capitão que seguiu o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos vales socalcos searas
serras atalhos veredas lezírias e praias claras
um povo que levantava sobre um rio de pobreza
a bandeira em que ondulava a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.

José Carlos Ary dos Santos

imagem: Sérgio Guimarães

...



Zeca Afonso - Grândola Vila Morena - Cantigas de Maio

segunda-feira, abril 24, 2006

Back to work.


Pois é.
Com uma mini-mostra marcada para Setembro (sim, já adivinharam, uma das peças será sobre o 11 de Setembro de 2001), o trabalho aperta, até porque devo fazer sair do atelier uma peça por mês, até então.
Muito trabalhinho pela frente pode significar menos tempo à Sombra, mas tentarei não andar muito longe. :)

E levantar um pouco a ponta do "véu".