quinta-feira, abril 27, 2006

Masks...



Quando um rapaz de catorze ou quinze anos
descobre a sua inclinação para a introspecção
e a análise de si próprio é mais nítida que nos
rapazes da sua idade, é inevitável a tentação
de pensar que é mais maduro do que eles.
No meu caso, um tal raciocínio era
completamente errado.

Yukio Mishima
Confissões de uma Máscara



Léo Ferré - Claire de Lune - Léo chante Verlaine



Todos temos as nossas máscaras.
Se entre vós existir algum que afirme não as ter engana-se, e que pense sobre isto: como poderá retirar algo que não sabe ter posto? Aqui, no espaço virtual onde partilhamos o que somos mesmo que alguns julguem fazer o contrário, as máscaras existirão, porventura, mais que no exterior, onde o vento uiva.
Não imagino um mundo sem máscaras.
Que lugar horrível deveria ser, um onde os segredos seriam não mais que mitos e os mistérios ilusões vãs. A vida sem as máscaras perde o sabor que lhe é próprio: o de podermos escolher quando, onde e por quem deixamos cair a que temos posta.

[A partir de hoje, eu e o Fabien decidimos que imagens nos identificarão nos respectivos perfis.]

5 comentários:

  1. (...)

    Fiz de mim o que não soube
    E o que podia fazer de mim não fiz.
    O dominó que vesti era errado.
    Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
    Quando quis tirar a máscara,
    Estava pegada à cara.
    Quando a tirei e me vi ao espelho,
    Já tinha envelhecido.
    Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
    Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
    Como um cão tolerado pela gerência,
    Por ser inofensivo,
    E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

    (...)

    Pequeno excerto de "Tabacaria" (Álvaro de Campos - Fernando Pessoa)

    Um abraço fraterno, Rui

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  2. Como não concordar. Penso até que não temos só uma máscara, temos várias, consoante as circunstâncias.

    Um abraço, Pierrot.

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  3. Davi Reis:
    Muito feliz me sinto por teres escolhido esta passagem da "Tabacaria". A minha opção pelo Mishima foi intuitiva, mas confesso que esperava Álvaro de Campos nos comentários, talvez pela mão do amigo a que respondo abaixo - ou pela tua, que já caminhas ou descansas nesta Sombra há algum tempo.

    Obrigado.
    RS

    PiresF:
    Como disse ao Davi, se fosse o amigo Pires a ir buscar Álvaro de Campos para "ilustrar" esta caixa de comentários não me admiraria, mas desta vez escolheu a Commedia dell'arte, e bem a propósito, porque para além deste "Pierrot" e do "Arlequim" abaixo, também a minha "Colombine" tem uma máscara favorita.

    Mostrarei qual na próxima entrada.
    (sorriso)

    Um abraço,
    RS

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  4. "Uma máscara não é, principalmente, aquilo que representa, mas aquilo que transforma, isto é: que escolhe não representar."
    Claude Lévi-Strauss

    Todos optamos conciente ou inconscientemente por usar máscaras. Usa-mo-las de modo a não deixarmos transparecer o que realmente somos por esta ou aquela razão, por motivos ideológicos, por motivos sociais, por motivos comerciais, religiosos, etc...
    Já o tipo de máscara varia conforme a pessoa: há os que usam uma máscara quase transparente, há os que usam uma máscara completamente opaca, e ainda há os que usam várias máscaras diferentes consoante a situação.
    Existirá algo mais belo que encontrar-mos aquele alguém a quem nos mostramos sem máscara, tal e qual como somos, sem preconceitos, sem tabus, sem reticências, enfim, sem medos?

    Um grande abraço,
    Nuno

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  5. Outsider:
    Bom, no teu caso, espero que não aconteça a 25 metros de profundidade. Há situações em que não convém muito "tirar a máscara", especialmente a de mergulho! (hehehe)

    Bom fim-de-semana
    e bons mergulhos, se for o caso!
    RS

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