Quando um rapaz de catorze ou quinze anosdescobre a sua inclinação para a introspecçãoe a análise de si próprio é mais nítida que nosrapazes da sua idade, é inevitável a tentaçãode pensar que é mais maduro do que eles.No meu caso, um tal raciocínio eracompletamente errado.Yukio Mishima
Confissões de uma Máscara
Léo Ferré - Claire de Lune - Léo chante Verlaine
Todos temos as nossas máscaras.
Se entre vós existir algum que afirme não as ter engana-se, e que pense sobre isto: como poderá retirar algo que não sabe ter posto? Aqui, no espaço virtual onde partilhamos o que somos mesmo que alguns julguem fazer o contrário, as máscaras existirão, porventura, mais que no exterior, onde o vento uiva.
Não imagino um mundo sem máscaras.
Que lugar horrível deveria ser, um onde os segredos seriam não mais que mitos e os mistérios ilusões vãs. A vida sem as máscaras perde o sabor que lhe é próprio: o de podermos escolher quando, onde e por quem deixamos cair a que temos posta.
[A partir de hoje, eu e o Fabien decidimos que imagens nos identificarão nos respectivos perfis.]
(...)
ResponderEliminarFiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência,
Por ser inofensivo,
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
(...)
Pequeno excerto de "Tabacaria" (Álvaro de Campos - Fernando Pessoa)
Um abraço fraterno, Rui
Como não concordar. Penso até que não temos só uma máscara, temos várias, consoante as circunstâncias.
ResponderEliminarUm abraço, Pierrot.
Davi Reis:
ResponderEliminarMuito feliz me sinto por teres escolhido esta passagem da "Tabacaria". A minha opção pelo Mishima foi intuitiva, mas confesso que esperava Álvaro de Campos nos comentários, talvez pela mão do amigo a que respondo abaixo - ou pela tua, que já caminhas ou descansas nesta Sombra há algum tempo.
Obrigado.
RS
PiresF:
Como disse ao Davi, se fosse o amigo Pires a ir buscar Álvaro de Campos para "ilustrar" esta caixa de comentários não me admiraria, mas desta vez escolheu a Commedia dell'arte, e bem a propósito, porque para além deste "Pierrot" e do "Arlequim" abaixo, também a minha "Colombine" tem uma máscara favorita.
Mostrarei qual na próxima entrada.
(sorriso)
Um abraço,
RS
"Uma máscara não é, principalmente, aquilo que representa, mas aquilo que transforma, isto é: que escolhe não representar."
ResponderEliminarClaude Lévi-Strauss
Todos optamos conciente ou inconscientemente por usar máscaras. Usa-mo-las de modo a não deixarmos transparecer o que realmente somos por esta ou aquela razão, por motivos ideológicos, por motivos sociais, por motivos comerciais, religiosos, etc...
Já o tipo de máscara varia conforme a pessoa: há os que usam uma máscara quase transparente, há os que usam uma máscara completamente opaca, e ainda há os que usam várias máscaras diferentes consoante a situação.
Existirá algo mais belo que encontrar-mos aquele alguém a quem nos mostramos sem máscara, tal e qual como somos, sem preconceitos, sem tabus, sem reticências, enfim, sem medos?
Um grande abraço,
Nuno
Outsider:
ResponderEliminarBom, no teu caso, espero que não aconteça a 25 metros de profundidade. Há situações em que não convém muito "tirar a máscara", especialmente a de mergulho! (hehehe)
Bom fim-de-semana
e bons mergulhos, se for o caso!
RS