O governo prepara-se para proibir aos fumadores a frequência de espaços privados, como cafés, bares e restaurantes.
Não tarda nada, será proibido fumar a 50 metros de edifícios públicos ou, quem sabe, em plena rua.
O fundamentalismo está ao virar da esquina.
Será desta?
Já o disse e repito:
Que o Estado pretenda proibir fumar nos seus espaços é uma coisa; que pretenda proibir fumar na casa dos outros é outra. Isso só seria correcto se fumar fosse um crime, o que, para já, não é. O que está em causa, tal como no
apartheid, é o estabelecimento generalizado de uma moral à margem da lei e que lesa os direitos de uns para benefício de outros. Mais do que negar o direito de entrada, por exemplo, num restaurante aos fumadores, nega o direito do proprietário do restaurante de determinar quem pode ou não frequentá-lo, de um modo geral negando o direito de escolha a toda a gente.
Se um café proíbe, por iniciativa do proprietário, que se fume, um fumador dirigir-se-á a outro café onde tal seja permitido. Se o Estado obriga TODOS os cafés a proibir a entrada a fumadores, estes ficam excluídos de frequentar cafés. É, portanto, uma lei de exclusão social.
Do mesmo modo, a acéfala opção das "salas de fumo", atirando para um canto os fumadores em TODOS os cafés, bares e restaurantes, é pura discriminação e, também, sinal de exclusão social.
Não me digam que os fumadores são livres de frequentar esses espaços DESDE QUE não fumem, pois isso é uma hipocrisia, para não dizer outra coisa. A partir da entrada em vigor desta lei, os fumadores que estiverem num restaurante ou num café terão de vir fumar para a rua, voltando a entrar de seguida, para continuar a ler o jornal ou a conversar com quem estavam. É lógico, não é?
"Olha, não te esqueças do que ias dizer que eu vou lá fora fumar um cigarro e volto já." Mas isto cabe na cabeça de alguém?
O Estado NÃO PODE legislar sobre espaços privados quando o objecto da lei não é um crime. Se é possível proibir de fumar em cafés, também é possível proibir de fumar DENTRO da casa de cada cidadão. E que os não fumadores fundamentalistas apaguem os sorrisos e se ponham à tabela, pois um dia vão recordar esta sua "grande vitória" como uma das mais amargas derrotas dos SEUS direitos individuais. Lembrem-se disso, quando pegarem nos telemóveis para chamar a "polícia dos costumes".
Rui Semblanonota (post)erior:E agora vou ao café ler o jornal e fumar um cigarro, enquanto posso.
Um bom dia a todos. Quem sabe se um dos últimos bons dias para todos.