sábado, julho 05, 2003

Ler Marx? Credo!

A senhora que faz o programa "Prós e contras" na RTP 1 e que tem dado o corpo ao manifesto no Jornal 2 (Alberta! Não voltes! Não te perdoamos!) foi entrevistada recentemente na Antena 2, num daqueles espaços - sem ironias, bem interessantes - em que se convidam figuras públicas, normalmente, ligadas à cultura, para uma conversa descontraída.
Ao divulgar alguns aspectos da sua "jeunesse", a dita mencionou a catrafada de livrinhos que tinha em casa, após o 25 de Abril (ficamos sem saber onde ela estava nesse dia e se os livrinhos estavam lá em casa no dia anterior a esse, o 24).
Entre eles, vejam lá, o Livrinho Vermelho do Mao e, imagine-se, o Capital! Ao riso da entrevistadora, a referida senhora "periodista" (como mulher, o termo é aplicável) exclamou algo similar, muito similar, a "Deus me livre e guarde! Esse nem lhe toquei!" Também ficamos sem saber se tocou no do Mao ou não. No livrinho, claro.
Uma coisa é certa.
Depois desta passagem pela rádio clássica, não só a mencionada senhora me parece mais culta, como mais jovem, apesar de ter revelado ter sido docente numa universidade que já não existe. Pudera...

PS: Abstenho-me de mencionar, por pudor, a graça da ilustre "periodista", mas repito, para os mais distraídos: Não. Não é a Alberta! Esse presunto com olhos...

Blog de gauche à Paris

Enviado por:
Fabien - fabien.jeune@clix.pt

--início de citação--

Lido no Blog de Esquerda:

REGRA N.º 4 PARA CONDUZIR EM PARIS. Se o máximo de adrenalina que já experimentou, em termos de condução automóvel urbana, foi atravessar a Praça Marquês de Pombal em hora de ponta, pense duas vezes antes de se meter no caos da Étoile. A Étoile é aquela praça gigantesca onde se ergue o Arco do Triunfo (com o nome de todas as batalhas ganhas pelos franceses, na era napoleónica), mesmo ao cimo dos Champs Elysées, no ponto de confluência das avenidas desenhadas a régua e esquadro no tempo de Haussmann. Como diriam os brasileiros, circular ali é barra pesada, só ao alcance de um Fangio táxista com muitos anos de praça.
(...)
Por isso, se quiser saber o que é conduzir no Cairo, sem ter que passar pelo Egipto, já sabe: é só atravessar a Étoile. E caso chegue ao fim ileso, prova inequívoca do seu sangue-frio e perícia, dê graças a Deus. Ou a Alá. Ou a quem quiser. Porque sair dali com o carro intacto não é um feito menor. Aliás, todas as lojas de “souvenirs” deviam vender t-shirts a dizer qualquer coisa como: «Atravessei a Étoile e sobrevivi». Eu, por exemplo, comprava logo uma.

posted by José Mário at 15:25

O meu comentário, ainda incrédulo:

O Marquês sempre foi um jogo de crianças, assim como a Étoile comparada com a Rotunda da Boavista ANTES dos semáforos.
Comentário do autóctone que ia no lugar do morto uma das muitas vezes que cruzei a Étoile a conduzir:
"Fabien, t'es un chef!"
Um conselho aos principiantes na condução em Paris: ignorem os "escuteiros" munidos de apitos e a esbracejar. O gendarme parisiense, se levado a sério, sente-se mais insultado que se abrirem o vidro e lhe gritarem qualquer coisa como "baise ta mére!"
Perdoem a partilha da experiência, mas ainda estou siderado com os posts do José Mário, directamente da cidade das luzes. Ao lê-los, sinto-me como quando revejo o "Texas Chainsaw Massacre" com alguém que nunca o viu. É sempre extasiante.

Fabien

--fim de citação--

Este visitante do Blog de Esquerda ficou "siderado" e parece que com razão.
Numa altura em que Portugal assiste de braços cruzados ao pior período do pós-25 de Abril desde o PREC, os bloggers do Bloco (ou serão "Bloguistas"?) brindam-nos com diários de férias no estrangeiro.
Isto dito, ainda me custa a crer que não haja uma coluna no Público denominada "Só em Portugal". Teria mais sucesso que a actual "Only in America".

Valha-nos Marx... (Heresia por heresia...)

sexta-feira, julho 04, 2003

Assim-assim...

Fiquei deveras surpreendido com o formato da sondagem realizada pela Universidade Católica, apresentada no Público de 3 de Julho ("Durão Barroso e Governo melhoram imagem"). Os resultados não são inesperados, antes o é a forma que assumem, ao reflectir o parametro mais representativo da opinião dos portugueses sobre o estado da política nacional.

Fico sem saber se a inclusão desse parametro se deveu ao Público, à RTP, à Antena 1 ou à Universidade Católica, mas graças a este estudo, fico com a certeza de algo que há muito desconfiava; a de viver num país assim-assim. Um país em que políticos assim-assim fazem leis assim-assim, que os cidadãos vão cumprindo assim-assim enquanto esperam que a economia, que está assim-assim, recupere, e respondem a inquéritos assim-assim, elaborados por técnicos assim-assim de universidades assim-assim a pedido de órgãos de comunicação assim-assim, que os publicam assim. Assim mesmo.
O espelho da nossa mediocridade e da nossa incapacidade em fazer algo mais que encolher os ombros e dar graças por viver num país assim, nem bom nem mau, antes pelo contrário; isto é, assim-assim.

Carta ao jornal Público - enviada Qui Jul 03

Assim se projecta a sombra.

Primeiro entranha-se, depois estranha-se.
As entradas neste Blog são reservadas, mesmo porque, como nas tascas que se prezam, o letreiro é explícito. Os membros efectivos entrarão quando entenderem que a sua sombra é suficientemente expressiva para tal, seja isso sinónimo de ambição ou frustração ou qualquer outra coisa mais perversa.

Os temas são extremamente politizados e não se recomenda a leitura deste Blog a mentes brilhantes sob pena de anularem o seu efeito. O efeito da sombra, naturalmente. Já as mentes obscuras...
Quanto à linguagem, digamos que os filtros serão aplicados livremente, do ponto de vista poético.

Isto clarificado, já se obtém uma pequena sombra. Para começar.