Desapareceu um dos meus fazedores de sonhos predilecto. Moebius, Jean Giraud de nascimento, sucumbiu a noite passada após prolongada doença. Foi com o Incal que o descobri, nos idos de 80, e esta obra prima marcou-me para sempre. E como custaram a passar aqueles 3 anos entre "Ce qui est en haut" (ver a minha página do
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e ainda aqui) e "La cinquième essence"! Meu Deus, publiquem lá o final! E então descobrir com um misto incrível de desapontamento e excitação que Jodorowsky e Moebius haviam dividido o quinto e último episódio da saga em dois, "Galaxie qui Songe" e "La planète Difool". Era apenas o primeiro volume! Aaaargh! Que raiva e, ao mesmo tempo, que magnífica satisfação! A Quinta Essência teria duas partes.
As aventuras do detective privado de classe R John Difool, do seu inseparável Deepo, de Animah (a adorável Alma), de Tanatah, do implacável e terno Metabarão, do impagável Kill cabeça-de-cão e do fantástico Solune, o andrógino perfeito, estão gravadas na minha memória e fazem parte do que sou tanto como a literatura, a pintura, a escultura, a música, o cinema, a fotografia e toda a arte que nela habitam. Ah, a Arte e os bonecos da banda desenhada... Talvez por todos esses desenhos tomarem vida na minha mente à medida que os absorvia, por lhes dar vida e música e dimensão, por lhes ter sido dada alma pelos génios combinados de Alejandro Jodorowsky e Jean "Moebius" Giraud, os integrei tão fácil e avidamente em mim como qualquer outra grande obra de arte que tive a felicidade de ler, observar ou escutar.
Moebius ficará para sempre presente na sua vasta obra e, como cada vez que um talento desta magnitude se extingue, fica a saudade do muito que ainda havia para conhecer e que, por agora, permanecerá algures fora do nosso alcance, quem sabe na garagem hermética onde Jean Giraud agora desenha... Gosto de acreditar que é assim.
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