sexta-feira, abril 07, 2006

Smokescreen


O governo prepara-se para proibir aos fumadores a frequência de espaços privados, como cafés, bares e restaurantes.

Não tarda nada, será proibido fumar a 50 metros de edifícios públicos ou, quem sabe, em plena rua.
O fundamentalismo está ao virar da esquina.

Será desta?




Já o disse e repito:
Que o Estado pretenda proibir fumar nos seus espaços é uma coisa; que pretenda proibir fumar na casa dos outros é outra. Isso só seria correcto se fumar fosse um crime, o que, para já, não é. O que está em causa, tal como no apartheid, é o estabelecimento generalizado de uma moral à margem da lei e que lesa os direitos de uns para benefício de outros. Mais do que negar o direito de entrada, por exemplo, num restaurante aos fumadores, nega o direito do proprietário do restaurante de determinar quem pode ou não frequentá-lo, de um modo geral negando o direito de escolha a toda a gente.

Se um café proíbe, por iniciativa do proprietário, que se fume, um fumador dirigir-se-á a outro café onde tal seja permitido. Se o Estado obriga TODOS os cafés a proibir a entrada a fumadores, estes ficam excluídos de frequentar cafés. É, portanto, uma lei de exclusão social.
Do mesmo modo, a acéfala opção das "salas de fumo", atirando para um canto os fumadores em TODOS os cafés, bares e restaurantes, é pura discriminação e, também, sinal de exclusão social.

Não me digam que os fumadores são livres de frequentar esses espaços DESDE QUE não fumem, pois isso é uma hipocrisia, para não dizer outra coisa. A partir da entrada em vigor desta lei, os fumadores que estiverem num restaurante ou num café terão de vir fumar para a rua, voltando a entrar de seguida, para continuar a ler o jornal ou a conversar com quem estavam. É lógico, não é? "Olha, não te esqueças do que ias dizer que eu vou lá fora fumar um cigarro e volto já." Mas isto cabe na cabeça de alguém?

O Estado NÃO PODE legislar sobre espaços privados quando o objecto da lei não é um crime. Se é possível proibir de fumar em cafés, também é possível proibir de fumar DENTRO da casa de cada cidadão. E que os não fumadores fundamentalistas apaguem os sorrisos e se ponham à tabela, pois um dia vão recordar esta sua "grande vitória" como uma das mais amargas derrotas dos SEUS direitos individuais. Lembrem-se disso, quando pegarem nos telemóveis para chamar a "polícia dos costumes".

Rui Semblano

nota (post)erior:
E agora vou ao café ler o jornal e fumar um cigarro, enquanto posso.
Um bom dia a todos. Quem sabe se um dos últimos bons dias para todos.

7 comentários:

  1. Anónimo7/4/06 13:30

    Se proibirem fumar nos cafés, que irá lá, se a maioria das pessoas que os frequentam são fumadores?

    É um raio de um vicío! Mas também vou agora sair, tomar o meu cafézinho e fumar um cigarro!

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  2. Sá Morais:
    Hoje de manhã, no café onde sempre vou, já se comentava a "nova lei" como se em vigor, e não faltou um arauto das virtudes a exclamar, ufano, "Querem fumar aqui dentro? Vão para a retrete!".
    Nada melhor que uma lei que permita extravazar estes lindos sentimentos em alguém - Já que não podem ser os "pretos", que sejam os fumadores. Preparem-se para umas "boas" surpresas, que há muita gente a quem se vai descobrir a careca.

    Um abraço,
    RS

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  3. Já estava à espera desta medida. O nosso maravilhoso governo, em vez de se dedicar a causas sérias, decide "zelar pela saúde pública" à custa dos direitos dos cidadãos. Acho que, para melhor fundamentar esta medida, deveriam também proíbir os autocarros a combustiveis derivados do petróleo(muito poluentes, com emissões de CO muito mais perigosas do que o tabaco), proíbir os fogões de sala nas casas (essa enorme fonte de dioxinas que prejudica além da saúde o meio ambiente), proíbir as comidas com gordura, os refrigerantes, o alcool, etc...tudo em nome da saúde pública.
    É lamentável!!
    È uma medida fascista, que limita as liberdades individuais de cada um. Vamos chegar ao ridículo de países como a escócia, onde numa reportagem acerca da implementação desta medida nesse país, vi um proprietário de uma loja de venda de charutos e tabaco queixar-se (e com razão) de que não podia fumar o seu puro na sua própria loja...
    É muito triste dizerem-nos o que podemos ou não fazer na nossa própria casa.
    Como sabes Rui, sou também fumador e acabei de tomar um cafezinho e de fumar o meu cigarrinho, curiosamente num café onde os donos são fumadores inveterados. Já os estou a ver a terem de ir fumar para a casa de banho, e eu pedir para levar a chávena do café para a rua, para poder disfrutar do prazer de tomar o meu café a fumar um cigarro... Isto é inadmissível!!!
    Bom, que me perdoem os acérrimos defensores do não tabagismo, mas não posso deixar de me sentir delapidado nos meus direitos com esta medida.

    Para terminar deixo algumas mensagens para colocarmos no nosso governo:
    - O governo prejudica gravemente os seus direitos e os dos que o rodeiam.
    - Proteja os cidadãos, não os obrigue a abdicarem dos seus direitos.
    - O governo retira as liberdades de uma forma lenta e dolorosa.
    - O governo mata (as suas liberdades)

    Um abraço,
    Nuno

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  4. Outsider:
    Viva Nuno,
    É como dizes: o que é exagero é moléstia. Existem, para além das que mencionaste, dezenas (se não centenas) de situações potencialmente mais perigosas que o tabaco, tanto para os que as criam como para os que sentem os seus efeitos. Vamos torná-las ilegais, em nome da "saúde" pública? Isto não é legislar, é moralizar. E raios me partam se esperava isto de um governo socialista, mas serve para demonstrar como é hoje tão ténue a linha que separa a democracia do fascismo. Um governo, mesmo maioritário, não pode ter carta branca para fazer o que lhe apetecer durante o seu mandato. A proposta lei "antitabágica", como lhe chama a abécula que ocupa o ministério da Saúde, é um bom exemplo de como se pode perverter o sistema quando não há mecanismos de defesa adequados. A seguir, vem a ministra da Cultura, por exemplo, e proíbe todas as crianças de Portugal de ouvir Hip-Hop. Não estou a ver onde isto vai parar, mas não me parece que acabe bem.

    Um grande abraço,
    (e bons mergulhos)
    RS

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  5. Amigo Rui!

    Cheguei atrasado à discussão, mas também, esta semana já me cansei do assunto.
    Veja que, a direcção da minha empresa que já proibira o tabaco no local de trabalho, esta semana antecipando a lei que este ignóbil governo pretende aprovar, proibiu o tabaco nos locais em que ainda era possível (bares e hall dos elevadores).

    Existe neste momento uma comissão, que tenta arranjar um local para fumar que não seja a rua, e eu revoltei-me e iniciei a desobediência pura e dura.
    Consegui entretanto, convencer mais alguns à desobediência, visto que, uma medida prepotente merece uma resposta de calibre.

    E eu que só fumo duas cigarrilhas por dia, passei a fumar quatro.

    Um abraço.

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  6. PiresF:
    É nestes momentos que dou graças por não trabalhar por conta de outrém. De facto, nunca me importei de não fumar no local de trabalho, quando trabalhava para alguém que o exigia, pelo facto de a maior parte dos colegas não fumar ou porque as instalações não o aconselhavam, mas sempre existiram alternativas dignas, incluindo pausas para repousar do trabalho em computador (impossível de suster horas a fio). Nunca passei pelo que o Pires refere e estou preocupado com essa situação e outras semelhantes. Espero que o bom senso prevaleça, no seu local de trabalho, e que a administração entenda que nada ganha em ostracizar funcionários dessa forma. E espero que os seus colegas se mantenham firmes, pois isto não é coisa pouca e merece uma resposta à altura.

    Boa sorte,
    RS

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  7. Aviso à navegação:
    Ainda está para chegar o dia em que censurarei um comentário de um leitor identificado.
    Se, por um acaso, o seu comentário não foi publicado, tenha calma. O PiresF e a Catarina, por exemplo, já experimentaram algumas dificuldades com esta plataforma do Blogger.
    Ainda assim, se for o caso, as minhas desculpas pela demora.

    Obrigado,
    RS

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