Os norte-americanos são dos povos mais patrióticos que existem.
Embora a história dos EUA que aprendem seja um misto de mito e realidade (veja-se, por exemplo, "Made in America", de Bill Bryson -
nota 1 e, ainda,
nota 2), conhecem-na bem e são capazes de se unir em torno da "Stars and Stripes", superando divergências entre si, quando tal se revela necessário - como quando foi preciso apoiar os soldados enviados para o Golfo Pérsico, por exemplo, em que a maioria (mesmo os que eram contra a guerra) escolheu não se manifestar de forma ambígua, podendo dar a ideia que estavam contra as tropas (que nada mais fazem que obedecer a ordens) e assim baixar o seu moral, provocando mais baixas. Neste aspecto, são formidáveis.
Passando o Golfo do México ou o Estreito de Bering, porém, as coisas complicam-se. Fruto de uma história etnocentrica, que quase chegou a considerar os nativos da América do Norte como "invasores", o norte-americano médio sabe vagamente onde fica Paris (não o do Texas, mas o outro) e pouco mais.
Respondendo a um desafio do
Jaquinzinho, o que faço com muito gosto, passo a citar uma das muitas referências à cultura norte-americana extra América do Norte, que se pode encontrar numa publicação que pode ser acusada de tudo menos de não ser filoamericana: a
National Geographic.
"Depois de oferecermos um mapa emoldurado a George W. Bush - uma oferta que fazemos desde Franklin D. Roosevelt -, o Presidente não teve dificuldade em localizar um ponto na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. Alguns meses mais tarde, recebi notícias desconcertantes. Numa sondagem da National Geographic Society, ficámos a saber que apenas 13% dos jovens americanos eram capazes de localizar o Iraque e que somente 23% dos inquiridos conseguiam nomear quatro países com armas nucleares. (...) A mudança (no conhecimento médio norte-americano em geopolítica)
não acontecerá subitamente, mas temos fé. Dêem-nos uma geração."
Extracto de uma carta de John M. Fahey Jr., presidente da NGS, publicada na revista National Geographic de Janeiro de 2003 (Vol. 2, n. 22, em Portugal), na rubrica "Carta do Presidente"
Penso ter respondido, mas não resisto a estes pormenores deliciosos:
1. Desde FDR que a NGS (isto é só para filoamericanos) oferece um mapa mundo ao presidente dos EUA. Curioso início de tradição.
2. A National Geographic dizer que, mal ofereceu o mapa a W. Bush, o presidente dos EUA não teve dificuldade em encontrar um ponto entre o Afeganistão e o Paquistão - numa altura em que o homem deitava pelos olhos essa zona do globo, de tanto a ver em reuniões - é como a Personal Computer World dizer que ofereceu um computador a Bill Gates e que este não teve qualquer dificuldade em abrir o Internet Explorer! Ridículo!
I am resting my cases so hard I'm getting exhausted... :)
De novo, um abraço ao irreversível
jcd.
RS
nota1:
"Made in America", Bill Bryson, Quetzal Editores, Lisboa, 2001
nota2:
A nossa história, a portuguesa, é ainda hoje um misto de mitos e realidades, mas começa a vislumbrar-se alguma melhoria na forma como é analisado o passado; por exemplo, passando a atribuir aos árabes edificações que o Estado Novo classificara como "romanas".
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