While I sit here trying to think of things to say
Someone lies bleeding in a field somewhere
So it would seem we've still got a long long way to go
I've seen all I wanna see today...
(Phill Collins . Long long way to go . No Jacket Required)
Olá
João,
Compreendo a razão de ser da tua crítica inicial. Raramente recorro ao cinismo como "figura de estilo" e o que escrevi na entrada "
Cauchemar" era cínico a valer e não apenas "figurativo". Era uma resposta ao cinismo dos que aplaudiram a iniciativa de Genebra e só podia ser dada na mesma moeda.
Estou cansado destes eventos, João; não pelo que pretendem, mas pelo modo como são encarados e pelos resultados que produzem. Se analisarmos bem a proposta de Genebra, verificaremos que é tirada quase a papel químico de Camp David (como bem faz notar a revista
The Economist desta semana) - e todos sabemos como terminou Camp David.
Sei que os responsáveis que de facto contam nesta matéria se estão a marimbar para Camp David e para Genebra. A democracia converteu-se nesta miséria; o chavão "todos têm direito a expressar a sua opinião" e o pensamento que sempre o acompanha ("mas estamos a borrifar-nos para isso") tem dominado toda e qualquer forma de fazer política, das propinas às pescas - no plano nacional, do Iraque a Kyoto - internacionalmente. Israel e a Palestina não são excepções.
Desde a leitura das tuas primeiras palavras sobre o Oriente Médio que percebi estarmos de acordo "no essencial", como dizes. Talvez até mais que isso. Do que escreveste em "
Words, not deeds." fazem-se os meus sonhos - e os de muitos que pretendem uma paz verdadeira entre israelitas e palestinianos.
Logo à cabeça, um só Estado laico que agregue os dois povos como um único. O maior e mais belo de todos os sonhos; a exclusão do factor "Deus" (claro que pelo menos
55.000 portugueses não sonham com nada disso, mas ao menos são só 55.000... o que ainda é de mais para o meu gosto).
Depois, o aviso balcânico. A ex-Jugoslávia devia ser um "case study" para demonstrar ao mundo como não se deve proceder a uma reorganização geopolítica - entenda-se: do preço a pagar quando se mexe no que deve estar quieto.
Quanto ao que chamas (e muito bem) de "injustiças históricas", costumo dizer que só passarei a usar o
Kuffiyeh por motivos puramente estéticos quando Israel cumprir as resoluções da ONU que o levarão às fronteiras de 1967 e desmantelarão os colonatos, mas o ideal seria mesmo o regresso a 1947 sem os ingleses.
Quanto aos "actos" que exigi no lugar das palavras, em "Deeds not words", na entrada "
Cinismos", referia-me às direcções políticas "de topo", como lhes chamas, mas não só. Enquanto as soluções para este problema (e tantos outros) forem apenas apresentadas em forums, cimeiras e congressos não oficiais de intelectuais e "afins", tudo permanecerá na mesma.
É na rua que se forçam as direcções políticas a tomar uma atitude concreta. E nas urnas, naturalmente.
Não tenho tido muito tempo livre para me dedicar a um projecto que abracei este ano e que já aqui referi (ver entrada "
Paz", n'A Sombra), mas tenciono aproveitar a semana entre o Natal e o Ano Novo para o retomar. O projecto global está no
site da
Global Campaign to Rebuild Palestinian Homes (GCRPH), que se encontra direccionado em permanência, n'A Sombra, em
Links Geral, à direita.
Mais que o apoio internacional, é apenas isto que é necessário incentivar: palestinianos e israelitas a trabalhar juntos, no terreno, pela paz. Quanto a mim, essa será a última esperança para a Palestina e para Israel.
Por esse motivo, este Natal, vou agir, não apenas escrever. Porque as palavras devem conduzir aos actos e desde há muito que não é assim.
Um forte abraço,
Rui
nota:
Obrigado pela dica sobre o interessante ponto de vista do
Rui Tavares. Vale a pena reflectir sobre as suas palavras.
nota2:
Já há muito tempo que não se regista uma entrada nova na nossa lista permanente de
Blog Links, nesta página (os blogs que nos mencionam ou a que fazemos referência têm presença assegurada na página de
Blog Links completos d'A Sombra, que tento manter o mais actualizada possível, ajudado pelo Technorati).
Pois o
Castelo de Cartas, pelo seu valor, como todos os que lá se encontram, passa a estar direccionado em permanência nos nossos
Blog Links permanentes.
Words indeed, João.
Words indeed...
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