Dia doze
Evidências.
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(A ponte do Infante, entre Gaia e Porto, é aberta ao trânsito. Atravesso-a no sentido Sul-Norte pela primeira vez.
Em breve será o adeus à querida ponte D. Luís I; depois, só de metro ou a pé.)
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Alguma coisa está a correr muito mal no Iraque para as forças da coligação. As imagens valem tudo - já desprezo os comentários dos jornalistas e comentadores. A TV iraquiana mostra novos Apaches abatidos - o primeiro que mostraram foi abatido por "fogo amigo" - e mais blindados fora de combate (M1's e Bradleys). Um suicida dos Fedayeen, passando por taxista, detona o seu táxi num posto de controlo norte-americano, levando consigo cinco soldados e ferindo outros, no primeiro acto deste género desde o início da invasão.
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Washington e Londres falam a duas vozes; Rumsfeld desmente o que está confirmado no terreno: uma pausa operacional de alguns dias (comandantes na frente de batalha falam em 3 a 4 semanas), enquanto Londres dá a entender que existe uma consolidação das posições, para permitir a chegada de reforços.
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Sem som, que é como quem diz sem as músicas tipo filmes de guerra série Z, e sem os inacreditáveis comentários dos pivots (das televisões nacionais), vemos soldados britânicos revistando casas nos arredores de Bassorá e fazendo alguns prisioneiros ou controlando os civis que tentam sair da cidade em busca de água e comida para as suas famílias. São quase todos homens. Um grande número deles, no regresso, é impedido de entrar na cidade (onde as famílias os aguardam). Estão há quatro dias retidos pelos britânicos e perdem a paciência. O nervosismo, em alguns casos extremo, dos jovens britânicos é evidente e indicativo de que a situação está bem longe de estar controlada.
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Mais a Norte, uma coluna norte-americana (...) avança a coberto da noite. (...) Disparos tracejantes partem dos blindados da coluna para ambos os lados da estrada. De súbito, um enorme clarão! Um dos carros parece ter sido atingido em cheio. Na mesma altura, a imagem é cortada. Não é um directo, naturalmente (devem ser imagens de ontem).
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RS, An Illegal War Journal, 30/03/2003
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A decisão de não tomar as cidades provocou o pânico e a revolta entre os iraquianos. Com o pretexto de debilitar as tropas inimigas, a coligação fazia questão de cortar a água e a electricidade das cidades sitiadas, para além de impedir a entrada de qualquer tipo de ajuda.
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Um soldado britânico controla uma mulher iraquiana nos arredores de Bassorá numa altura em que os seus habitantes procuram fugir da cidade sitiada.
Domingo, 30 de Março de 2003.
imagem: AP Photo/Anja Niedringhaus
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Na TSF, Lobo Xavier e Pacheco Pereira demonstram como lidar com o facto consumado da invasão: "A proposta de retirada das tropas nesta altura é demagógica - não leva a nada" ou "Os aliados não entram nas cidades iraquianas para não causar baixas à população, é evidente" são dois exemplos apenas de como o Flashback não é mais que a emissão rádio de conversas de café entre ignorantes. Pode recordar, "ao vivo", as sapiências debitadas por estes "opinion makers" de pacotilha aqui mesmo.
(Flashback, TSF, Domingo, 30 de Março de 2003)
E já vem daqui o seu gosto pelo JPP e pelo LX.
ResponderEliminarPiresF:
ResponderEliminarÉ verdade. Até antes, mas especialmente aqui. A crise iraquiana revelou muitas carecas.
Até breve,
RS