sábado, fevereiro 25, 2006

Awaken!


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Depois da "campanha" contra a fissão nuclear feita n'A Sombra ter sido acarinhada pelo Boassas, pelo desenvolvimento ecologicamente sustentável II e pelo Local e Blogal, decidi manter a mesma "viva" na coluna da direita. A actualizar.

É preciso não adormecer!

Fantasconto 2001 . The Sniper



Fantasporto 2001
Inspirado no
cinema sul-coreano

Rivoli
17 de Fevereiro de 2001
quarto fantasconto



A zona de tiro era a entrada de um hotel; 800 metros; vento zero; visibilidade 100.
Estava em posição. Era o final da tarde do primeiro dia de visita do ministro dos Negócios Estrangeiros à Cimeira de Segurança Interna e Externa, Desafios do Novo Século. Era o seu alvo. O protocolo incluía uma palestra para VIP's pelo Secretário de Estado norte-americano naquele hotel, onde estava alojado, a que compareceria o ministro. As medidas de segurança eram as normais, para a ocasião.

O apontador, desta vez, estava colocado em outro local; supostamente, um prédio mais próximo do hotel, de onde seria visível a aproximação das caravanas automóveis vindas do centro de congressos, na zona da Expo. O silêncio rádio era absoluto; só seria interrompido no momento do tiro. Os reflexos das luzes azuis das viaturas da polícia nos vidros da entrada do hotel denunciaram a chegada de um VIP. Ajustou o olhar à mira telescópica e acompanhou o Audi S6 blindado nos últimos metros até este se imobilizar à frente do hotel. No auricular, estalou a voz do controlador de tiro.
"Espera identificação."

A viatura oficial foi rodeada de agentes de segurança. Não eram nacionais.
"Secret Service. Oito. Alvo negativo."
Ele já tinha percebido. O alto funcionário saiu do automóvel e foi imediatamente rodeado pelos agentes, cobrindo qualquer ângulo de tiro. O funcionário estrangeiro que tinha na mira era o Secretário de Estado dos EUA. Não era o alvo? Quanto dinheiro fizera naquele ano? Dois milhões? Um pouco mais? Não chegaria aos três com aquele trabalho. Um insignificante ministro de um dos mais insignificantes países da Europa abatido para quê? Queriam mais paranóia? Mais segurança? Mais leis patrióticas? Menos direitos individuais? Então não era um ministrozeco que devia ser abatido à porta do hotel onde, momentos antes, entrara o Secretário de Estado norte-americano.

Regulou o tiro como se não existisse ninguém em volta do homem e premiu o gatilho secamente. O resultado foi espectacular. Um dos agentes colocara-se mesmo atrás do que cobria as costas do alvo, criando um obstáculo adicional, mas esse acaso não seria suficiente para deter aquela bala, já em voo. A munição, desenhada para perfurar a blindagem standard dos veículos ligeiros da NATO, desfez o primeiro guarda-costas como se fosse feito de cartão, atravessou o segundo sem problemas, apesar do kevlar e do primeiro impacto, e abriu um buraco no tronco do Secretário de Estado dos EUA que permitiria, à vontade, a inserção de um braço, de um lado do tórax ao outro. A seguir, os enormes painéis de vidro da entrada do hotel estouraram. Kennedy tinha razão. Era, realmente, impossível.

A voz do controlador de tiro estourou no seu ouvido.
"Alvo errado! Alvo errado, merda!"
A resposta foi seca.
"Alvo terminado."
Era a mensagem que sempre acabava os tiros. Desligou o rádio. Que se dane o pagamento.
Afinal, tinha acabado de rebentar com o próprio patrão.


Rui Semblano
The Sniper - Fantas 2001


Nota:
Este é o capítulo final de um longo Fantasconto, que iniciou o segundo caderno "Ghosts" que acompanharia os Fantas de 2001 a 2003. Hoje à noite, iniciou-se mais um Fantasporto, com "Coisa Ruim". Ruim mesmo, é ser mais um ano para o boneco. Ontem, a caminho do AMC para ver o Munique, a rótula da roda da frente direita do HLX partiu a 80 km/h. Ainda não sei porquê. Welcome to Fantas. Again...
Podem encontrar a lista completa dos Fantascontos editados n'A Sombra na coluna da direita.

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sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Intocáveis


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"Como foi possível?"
Manchete do Público de hoje.




A Sombra parece ser leitura obrigatória, tal a quantidade de vezes que acerta na mouche.
No Público de hoje, por exemplo, vpv (shitlist no. 4) considera um facto consumado a guerra civil no Iraque (ver entrada "A Arte da Guerra", ponto 4), disparando para todos os lados sem apontar uma única saída - quer dizer, é deixar andar e ver no que dá; ao passo que jmf (shitlist no. 1) vai avisando da nossa "inumanidade inata" em editorial (ver entrada "Anima Mundi").

É sobre este caso que deixo aqui algumas palavras.
A morte deste sem-abrigo, provocada pela violência homicida de um grupo de jovens "inimputáveis", ocorreu a escassos minutos a pé de minha casa. Por muito imparcial que se seja, é um facto que me deixa muito mais preocupado do que ler sobre facto idêntico ocorrido em South Central Los Angeles, nos subúrbios de Tóquio ou até na Cova da Moura.

O que importa saber é se não basta já de tanta vitimização e desculpabilização.
Em partes necessariamente desiguais, mas de idêntica importância, esta circunstância atribui-se a dois factores sociais do nosso tempo: a integração dos desfavorecidos e a educação (ou a falta de ambas).
Não podemos ignorar que este crime teve como intervenientes pessoas socialmente excluídas, em graus diversos: a vítima era um sem-abrigo minado pela hepatite, travesti e toxicodependente, e os agressores são miúdos sem ambiente familiar, a maior parte entregue à Oficina de S. José, uma Instituição Privada de Solidariedade Social (IPSS).

As IPSS são, aliás, um pântano de areia movediça; muitas delas verdadeiros pequenos paraísos fiscais dentro de portas, autênticas lavandarias de dinheiro duvidoso, no mínimo, ou mesmo sujo, no máximo, providenciando um conjunto de serviços e actividades que servem de fachada ao negócio muito lucrativo da gestão de donativos isentos de impostos e que ainda beneficiam fiscalmente os inúmeros doadores. De fonte segura (estou disponível para o afirmar e provar, se necessário), as impressoras de recibos de doações funcionam quase 24 horas por dia, em algumas IPSS. Adiante.

Independentemente de se tratar de um crime marginal, na máxima amplitude do termo, ele demonstra o nível de inadaptação da sociedade às novas (mas não tanto) realidades. Se é um facto que se vive mais tempo, levando a que se encare o trabalho de forma diferente do até aqui habitual, também não é menos certo que uma criança de 12, 13 ou 14 anos já nada tem de criança, a maior parte das vezes, tal como entendíamos "criança" há uns anos (já largos).

Seja por enfrentar dificuldades que só deveria encontrar como adulta ou por ter o privilégio de um enorme acesso à informação, a criança de hoje tem um conhecimento que seria considerado precoce no passado. De uma forma ou de outra, os miúdos de hoje, independentemente do extracto social a que pertencem ou de frequentarem uma IPSS ou um Colégio exclusivo, são tudo menos as crianças que nós fomos (e eu pouco mais tenho que 40 anos).

Penso que chegou a altura de admitir que, por motivos sociais idênticos aos do aumento da idade de reforma, isto é, pela natureza da sociedade actual, se deve aumentar o limite mínimo a partir do qual alguém pode ser julgado e punido por um crime, dentro do quadro legal existente e correspondente ao mesmo.
Afirmar, como agora fazem estes jovens, que "não sabem" porque mataram o infeliz sem-abrigo não serve de desculpa para nada; até poderá ser assim, mas o efeito é o mesmo que se fosse um adulto a dizer tal coisa. Não houve motivo? Acredito. Não sabiam o que estavam a fazer? Não é verdade. Um deles terá mesmo ficado de fora, horrorizado, observando os colegas a agredir a vítima, segundo ele próprio diz.

É lamentável que isto suceda, mas se a lei não endurecer (a par com maior atenção às políticas e meios de integração social) qualquer dia teremos um rapazola à porta de casa, todo sorridente e de cocktail molotov na mão, a dizer: "sou uma criancinha e vou incendiar a tua casa porque me apetece". Evidentemente, se pregarmos um chapo na "criancinha" vamos presos; se ficarmos a olhar para as chamas não lhe acontece nada.

A alternativa ao endurecimento da lei, a eterna cultura do "coitadinho-é-a-sociedade", mais tarde ou mais cedo leva aos esquadrões da morte brasileiros, encarregues de fazer "justiça" por incapacidade do Estado em lidar com o problema, a montante e a jusante do mesmo.
Uma criança apontar uma arma criminosamente esquecida a alguém e disparar é uma coisa; uma criança espancar um débil sem-abrigo em dois dias consecutivos e atirar o seu cadáver para um poço é outra.
A justiça distingue homicídio e legítima defesa; será obrigada a distinguir entre acidente e incidente, nos casos ocorridos com menores. Ou isso ou o caos total.

Rui Semblano


nota post(erior):
Inicialmente, foi identificada a IPSS que acolhia a maior parte dos jovens em causa como sendo as Oficinas de S. José, mas trata-se da Oficina de S. José. A correcção está efectuada.

nota pot(erior) 2:
Curiosamente, um título idêntico foi já usado ao desta entrada foi já usado n'A Sombra. Foi aqui!

Ladies & Gentlemen: Mr. Paul Joskow.


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"Não faz sentido construir
apenas uma central"

Professor norte-americano especialista em política energética diz que a viabilidade económica do negócio do nuclear exige mais de uma central.

in Público, 23.02.2006



Paul Joskow, académico que liderou a equipa interdisciplinar do Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT) que fez o estudo de prospectiva da energia nuclear para os EUA, de referência mundial, alerta para o facto de "muitas vezes os projectos correrem muito mal", do ponto de vista económico e financeiro.
"Se o projecto for de uma única central para o país, não me parece fazer grande sentido. Há enormes economias de escala na operação de várias centrais, em termos de formação dos trabalhadores, no trabalho científico que tem de ser feito numa base contínua de monitorização do reactor e de todo o equipamento, no acompanhamento das mudanças tecnológicas, no trabalho com os reguladores de segurança. É um encargo substancial para o investidor e para o Governo para apenas uma central.
Outro ponto é que muitas vezes estes projectos correm muito mal. Se se construir uma central em Portugal, tem de se ter a certeza que há capital suficiente por detrás do projecto, com capacidade de suportar o período de investimento, as derrapagens de custos de construção. Não é construir uma única central - é todo o sistema que é necessário erguer." - disse Paul Joskow ao Público.

(destaques d'A Sombra)

Pronto.
Ao menos Paul Joskow alerta para uma série de condicionantes e perigos, nenhum deles relacionado com o que a fissão nuclear tem de obsoleto, naturalmente, até porque Portugal não é o Irão e Sócrates não parece ser um fundamentalista islâmico (o ênfase é em islâmico, claro), mas os contras económicos de um projecto de uma só central são devastadores.
Vai daí, dá toda a razão ao seu amigo Pedro de Sampaio Nunes: é necessário construir bem mais que uma só central nuclear de fissão para que o projecto tenha pernas para andar.

Felizmente, para Portugal, um investimento "megafaraónico" num verdadeiro parque de centrais deste tipo está completamente fora de questão - mas cuidado! Ainda aparecem aí uns beneméritos que se oferecem para suportar os custos todos e, quando abrirmos os olhos, Portugal estará a oferecer-se para enriquecer Urânio para o Irão, a bem da UE e para mal da Rússia - daqui por uns dez anitos, claro, mas isso é "irrelevante".

Apesar dos sorrisos que esta notícia tende a colocar nos nossos lábios, não baixemos a guarda.
É que eles andam aí. E não costumam brincar em serviço.
Nuclear? Até existir fusão não, obrigado.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Jazzy...



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1... 2... 1, 2, 3, 4, 5 minutos Jazz. . :)


A partir de ontem e nas próximas 3 semanas, à quarta-feira, com o JN ou o DN. A não perder!


Sempre são 40 anos!

Básico.



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De acordo com o pró-nuclear (fissão) Pedro de Sampaio Nunes, se uma central nuclear não vai aquecer nem arrefecer o panorama energético nacional, o melhor é construir já oito!

Proponho que as construam em redor da casinha dele, com oferta de piscina aquecida. Nuclearmente, claro.

Por outro lado...



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Não me importava nada de comemorar o enterro do nuclear em Portugal com uma destas maravilhas.
Ou melhor ainda...



(o melhor está na imagem - click...) . :)

Atomkraft? Nein danke!



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Sobre Energia Nuclear,
antes, n'A Sombra:

Factos de 2005
VI - Nuclear? Depende, obrigado.



Patrick Monteiro de Barros diz que foi dado
"pontapé de saída do nuclear em Portugal"

"Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida porque há 22 meses lancei uma ideia enquanto empresário, mas nunca pensei chegar ao dia de hoje e ver com esta reunião ser dado o pontapé de saída do nuclear em Portugal", afirmou o empresário na conferência organizada pela Ordem dos Engenheiros com o apoio das associações empresariais.
O empresário apresentou em Junho do ano passado um projecto de construção de uma central nuclear em Portugal com um investimento de 3,5 mil milhões de euros. O projecto prevê uma potência instalada de 1600 megawatt (MW) e levaria sete anos depois da sua aprovação a entrar em funcionamento.

(in Público Online, 22.02.2006)

A ofensiva pela energia nuclear (fissão) em Portugal continua.
No Público (edição impressa) de hoje, Pedro de Sampaio Nunes explica "porque sim" e Aníbal Fernandes termina o seu "porque não", iniciado no passado dia 15. A leitura destes artigos é importante (não estão disponíveis na edição impressa online do Público, nem quero imaginar porquê! Apenas lá está o artigo de abertura do destaque sobre o nuclear), sobretudo por demonstrar em que se baseia a tese do "sim" e como a desconstroi o "não".

É certo que a fusão nuclear vem longe, mas não tão longe que demore 100 anos a desenvolver. O tempo médio que levaria a planificação, construção, exploração, encerramento e demolição de uma central nuclear de fissão é praticamente o mesmo. Se a dita central, do "benemérito" Patrick Monteiro de Barros, fosse aprovada este ano e iniciasse a construção até Dezembro, demoraria até 2013 a ficar pronta, trabalharia até 2053 ou 2063, encerraria o ciclo e permaneceria estanque até 2083 ou 2093 e o seu desmantelamento demoraria alguns anos mais, até 2096 ou mesmo 3000, incluindo o acondicionamento e "exportação" dos resíduos para "locais seguros" (aliás, inexistentes).
Em 2090 ou 3000, já os países da primeira linha andarão a fusão nuclear e nós teremos de enterrar as relíquias radioactivas na nossa rica terrinha, que remédio.

O certo é que nenhum de nós estará cá para ver essa desgraça, embora todos vejamos em breve os resultados práticos de tal atentado espelhados no modo de vida de alguns senhores bem colocados neste país, no caso de ter sido este, de facto, um dos dias mais felizes de P. Monteiro de Barros. Espero que não. A ser assim, este será um dos dias mais infelizes das vidas dos que, como eu, prezam o futuro dos seus filhos acima de iates de 18 metros ou automóveis de meio milhão de euros...

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Shitlist.




E não me digam que não têm uma!
(Admito que o último é difícil...)






Whatelse but the Shitlist - L7 - NBK


Give me a smile, now.
Come on!... Come on! That's it. ...:)





E, depois de algum tempo, a disposição também foi alterada.
A propósito de um crime que transitou de século intacto. Aqui mesmo. Play.



Supertramp - Crime of the Century - Crime of the Century

Last mood was Dog(tag)mood .Posted by Picasa

Touche pas à mon pote...


As incongruências dos novos arautos da liberdade de expressão a martelo ou como passar através da chuva sem se molhar nem um bocadinho.



Entrada completa, abaixo.



De maneira geral, os que tendem a considerar a maioria dos muçulmanos como terroristas (em especial os palestinianos), encontram conforto na ideia de um Israel democrático, acossado pelo fundamentalismo "árabe" desde 1948.
É um conforto sinistro, como aquele que Golda Meir encontrava ao afirmar que eram os palestinianos que a obrigavam a matar as suas próprias crianças...

São estes senhores, habituais apologistas do Sionismo, que agora defendem a liberdade de expressão de David Irving. Sinal de magnanimidade? Nem por isso. Apenas foi demasiado grande a tentação de defender um "académico europeu" (salvo seja!) apanhado nas malhas da terrível "polícia do pensamento" (a mesma que condenaria os cartoonistas dinamarqueses, se o sucedido tivesse lugar dentro da sua jurisdição).

O que agora sucede, é que os defensores desta ideologia (tornou-se uma ideologia no mais puro sentido marxista - mas existe outro?), que pouco aquém fica do incitamento à sublevação geral para defender nas barricadas a liberdade de expressão (I, II, III, IV e seguintes), defendem um conceito tão disparatado que no respectivo saco começam a cair "cromos" como A. Taheri e D. Irving.
E se quase foi exigida a cabeça de Taheri numa bandeja, no caso de Irving só faltou chamar-lhe desgraçado, tal a injustiça abatida sobre a sua cabecinha académica, agora "arrependida" e tudo.

Talvez no "arrependimento" deste traste neonazi resida parte substancial da prova da sua culpabilidade. Que eu saiba, Galileo não se retractou. Como Irving, foi condenado pelas suas ideias, mas não veio com o miserável discurso do "pobrezinho": "desculpem lá; já não é a Terra que gira em torno do Sol; isso foi há 17 anos, agora sei melhor que então e é, de facto, o Sol que gira à nossa volta..." Tenham dó.

As ideias impõem-se pela força dos factos e contra estes não há argumentos. Sim, faz todo o sentido analisar factos tidos como tal à luz de novas descobertas ou mesmo pistas e sim, faz também sentido rescrever a História quando surgem evidências que demonstrem errada a versão até então considerada verdadeira, mas sejamos realistas: David Irving nunca terá o seu Einstein ou o seu Newton. É uma fraude.
Jogar com estes conceitos de revisão científica e documental da História, tornando-os a desculpa para branquear um sistema ideológico bestial e odioso é algo de infame, mas também de criminoso. Um atentado à liberdade de expressão? Como o ocorrido com Galileo, certamente.

As ideias de D. Irving, como as de Galileo, não podem ser aprisionadas. Circulam livremente; inspiram novas pesquisas. A sua força fará com que sejam aceites - ou não.
Por tudo o que sabemos - e eu sou um dos que investiga o nazismo há anos - nada sustenta as teses de Irving excepto um desejo insano de eliminar o que ainda é o maior obstáculo à propagação do neonazismo, dos "White Power" 's e quejandos: a bestialidade genocida do sistema racista nazi.

Fazer a apologia deste sistema, seja de que forma for, deve continuar a ser punido. Do ponto de vista histórico, negar o nazismo é tão criminoso como negar os seus crimes. Por esse motivo são proibidas as suásticas como símbolos políticos ou de uso corrente, mas sempre as vemos em documentos ou recriações de época da altura em que foram usadas pelos nazis. Mas não é disto que se trata, antes de impedir a difusão de ideias que refutam a natureza da suástica.
"Esteticamente, aliás, considero um crime terem abolido o símbolo no Ocidente. Até gostaria de ter uns cortinados com um padrão constituído por suásticas..." - mas isto faz algum sentido depois de Auschwitz?

Assim procuram os que agora defendem D. Irving iludir quem os ouve e quem os lê, como se antes não tivessem condenado A. Taheri por um crime menor, mas do mesmo tipo. Será a cor da pele um factor de relevo, nesta incongruência? Será que vão sacrificar Israel no altar que ergueram à liberdade de expressão? Será que não se apercebem da sua idiotice? Ou seguem o exemplo dos nossos governantes, tomando os que os ouvem e lêem por estúpidos?

O Holocausto é inegável.
Usá-lo como uma bandeira é inadmissível.
É torná-lo uma indústria.

Sim, adivinharam (Uuuuhhh, Uuuhhhh!...) - vou usar o nome começado por "F".
Vejam bem a academia em acção:

Finkelstein versus Dershowitz (parte II)

E não pensem que somos todos cegos. Está a chover bem e vemos claramente como estão ensopados os defensores das liberdades a martelo e da democracia à bomba.
Ganhem vergonha!

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

VERGONHA.





Muselfrau

Rapariga austríaca de vinte anos,
fotografada após a sua libertação
de Auschwitz-Birkenau.



Foto:
Museum Auschwitz:
KL Auschwitz - documentary photographs



Muselmann, Muselfrau para as mulheres, era a definição do estado físico a que rapidamente chegavam os internados em campos de concentração, trabalho e extermínio nazis, como o infame Auschwitz-Birkenau, de onde foi libertada a jovem na fotografia acima. As mulheres atingiam esta condição mais rapidamente que os homens.
Eis uma descrição precisa de um Muselmann em estado terminal:

"Na fase final, já não sentia fome nem dor. O "Muselmann" perecia porque já não aguentava continuar. Era o símbolo da morte em massa; uma morte de fome, de abandono, de alma, um cadáver com vida."

Institut für Sozial und Wirtschaftsgeschichte - Johannes Kepler Universität Linz - Österreich

No entanto, há gente como João Miranda, do Blasfémias, que escreve assim:

"Negar o Holocausto é não só um direito individual como uma absoluta necessidade. Nenhuma actividade académica pode atingir níveis de excelência se os cépticos estiverem proíbidos de contestar as teses dominantes. (...) Até que ponto é que podemos confiar na História que se vai produzindo sobre a Segunda Guerra Mundial se determinadas linhas de investigação estão proibidas por lei?"
(aqui - destaque d'A Sombra)

O que é que se responde a alguém capaz de escrever semelhante coisa?
Como não acredito que este senhor não saiba a diferença entre "estudo académico" e "propaganda em comícios fascistas ou nazis", resta-me acusá-lo de desonestidade intelectual?
Nem pensar! Isto é escrito sem desonestidade alguma, ou seja, convictamente e sem ironia!

Sendo assim, não vejo como possa evitar chamar-lhe simplesmente estúpido. Coitado...

Rui Semblano

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A Arte da Guerra.




No próximo dia 19 de Março completam-se três anos sobre o início da guerra do Iraque.
A partir de então, A Sombra fará um flashback diário, tendo como base o primeiro caderno do meu "Illegal War Journal",
de 19 de Março a 9 de Abril de 2003.
Porque recordar como tudo começou é preciso.


Entretanto, vejamos porque razão
os EUA perderam a guerra do Iraque.





Entrada completa, abaixo. Posted by Picasa



"Escrevia Li Ch'uan, em 'Anais da Primavera e do Outono':
'A guerra é igual ao fogo. Aqueles que não mais querem depor as armas, acabarão por elas consumidos.'
Assim, quem for incapaz de entender os perigos inerentes ao emprego de tropas, é igualmente incapaz de entender as formas de as empregar vantajosamente."

Sun-Tzu, in A Arte da Guerra



1.
Comecemos pelo mobile.
Hoje, quando o próprio G. W. Bush admite ter iniciado a guerra no Iraque com base em várias mentiras, é evidente que se tratou de executar um ponto mais da estratégia neoconservadora delineada no tempo da presidência de seu pai, pelos que hoje ocupam destacados lugares na administração norte-americana.
A desculpa (sem aspas) proporcionada pelo 11 de Setembro de 2001, não foi perfeita. Saddam Hussein e Osama Ben Laden eram tudo menos aliados, nunca amigos, e a relação do Iraque com o ataque ao WTC só resultou por serem os EUA um país onde o cidadão comum não hesita em apontar a Austrália no mapa como sendo o Iraque ou a Coreia do Norte.
Agora, por incrível que pareça, um presidente responsável por iniciar uma guerra sem razão válida alguma permanece incólume no poder, onde ontem foi deposto outro por ter um caso com uma estagiária...
Shit really happens.

2.
O falhanço inicial no envolvimento da comunidade internacional neste conflito deriva do ponto anterior - não somos todos parvos, mas nem é esse o caso.
Nunca é de mais repetir que o catalisador da invasão do Iraque foi a ousadia de Saddam Hussein ao pretender indexar o petróleo iraquiano ao euro, tornando o dólar tão importante como a libra. Foram mais as frustrações europeias por este facto eminente não consumado do que uma visão mais esclarecida do problema, o que levou a então chamada "Velha Europa" a não aderir à invasão.
Uma vez iniciado o conflito, porém, não custou muito envolver a ONU, pois do ponto de vista humanitário era de esperar que esta não ficasse de braços cruzados. Não ironicamente, o facto que mais contribuiu para esse envolvimento foi a morte de Sérgio Vieira de Mello, no próprio Iraque.
Humanitarismos à parte, são os EUA e, em medida menor, o Reino Unido que tentam controlar ao máximo a intervenção no Iraque, tornando-se mais claro o porquê disso à luz do conhecimento existente sobre os lucros directos e indirectos com a ocupação.

3.
Militarmente, o maior erro dos EUA foi o desmantelamento da estrutura militar e de segurança iraquiana. É um erro tão crasso que só pode ter sido cometido propositadamente, para aumentar o caos e prolongar o conflito - de outro modo, teremos de acreditar que as chefias militares dos EUA estão entregues a perfeitos idiotas, o que não acredito.
A este "erro" se seguiram muitos outros, desde o ignorar ou desprezar dos mecanismos e composição da sociedade iraquiana à tentativa de "importação" de exilados notórios, como Ahmad Chalabi (entretanto caído em desgraça), para posições chave das novas cúpulas do pseudo-poder iraquiano.
A ocupação efectiva do Iraque só seria possível recorrendo a um número muitíssimo maior de tropas estrangeiras no terreno. Impossível, mas ainda que o não fosse, ocupar efectivamente o Iraque não levaria a lado algum e seria, demais, uma situação também impossível de manter.

4.
O Iraque está pronto para a sua guerra civil.
Ela terá de acontecer - é inevitável. O Irão (e a Arábia Saudita, não se esqueçam) terá interesse em apoiar os extremistas shiitas e o "Ocidente" apoiará quem lhes fizer frente. Passará um período terrível e um pós-guerra que poderá ser perverso e penoso (como sucedeu em Espanha, por exemplo), mas esse é um problema iraquiano.
A tentativa "ocidental" (mesmo "ocidentalizante") de evitar tal descalabro, não tem por base motivos nobres ou altruístas - é o petróleo que move tais acções, junto com mais uns poucos interesses económicos, relativamente insignificantes.
Com a intervenção no Iraque, tudo o que se conseguiu foi pará-lo no tempo. Enquanto o impasse se mantiver (à custa do sangue de todos os envolvidos) não haverá mudança alguma.

5.
No calor do disparatado "Missão cumprida!" de G. W. Bush, era já público e notório que os EUA nunca permitiriam no Iraque o que agora sucedeu na Palestina: a chegada ao poder de uma organização islâmica radical (no caso shiita) via eleições livres.
O único desígnio da suposta "distribuição" do poder pelas diversas componentes sociais iraquianas (shiitas, sunitas e kurdas) só tem este objectivo.
Esta exportação de valores à baioneta está patente em todas as acções dos EUA e da GB no Iraque e está condenada ao fracasso. Mas se o público, especialmente o norte-americano, pode ser acusado de desconhecimento ou ignorância, o mesmo não é válido para os respectivos governos, que sabem muito bem o que fazem e porquê.
Washington e Londres sabem exactamente onde estão metidos, mas a parte da equação que lhes garantiria a continuidade desta política foi mal definida; não se trata de uma constante, mas de uma variável.
Essa variação começou há muito a ser-lhes desfavorável e, em breve, tornará o lucro da operação inferior ao prejuízo. Nesse dia, abandonarão o Iraque à sua sorte.

Conclusão:

Para que a guerra no Iraque fosse ganha, seriam necessários mais apoios internacionais, mais tropas, mais dinheiro e mais apoio interno (em especial da opinião pública). Não existe a mínima esperança de que os EUA e a GB consigam uma só dessas condições.
Por consequência, a guerra no Iraque está perdida.

Rui Semblano


nota:
Sim, existe a filosofia de que o Islão pretende destruir a Europa e tudo o que representa e subjugá-la. Se pretendermos tal doutrina como prova suficiente, real casus belli, então não existe outra alternativa que a de fazer a guerra, subjugar ou destruir 1.3 biliões de pessoas. É a única maneira de ter a certeza de preservar a nossa identidade, caso o Islão pretenda, de facto, destruir-nos.
É esse o caminho?
Boa noite e boa sorte...

Thing of beauty...



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Um bichinho interessante da Michell Engineering.
O problema é que, no mínimo, para tirar partido desta pequena maravilha é necessário isto e isto.

Mas hei-de lá chegar!
:)

domingo, fevereiro 19, 2006

Barbatanas...









Ainda se lembram? (clik!)







Para desanuviar, um blog sobre mergulho (link na imagem).

O facto de já se encontrar entre os Blog Links Sp deve-se ao facto
de um dos seus bloggers ser o Hugo Guedes, meu primo - Famille Oblige!

(Parece que o vírus da blogomania se está a espalhar na família!)

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Shhhhh...



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Os bloggers que acompanho regularmente e que mais rápida e viperinamente se manifestaram sobre o caso Freitas-Cartoons-Taheri e sobre tudo o que era "liberdade" e "direitos", nada disseram até agora sobre a atitude dos EUA perante a posição da ONU relativa à prisão de Guantanamo e também ignoraram olimpicamente o caso Roberto Calderoli...

O respeitinho é muito lindo!

Burgueses. Caladinhos, hein? Caladinhos...

Tonight...






Guess...