quarta-feira, fevereiro 01, 2006

State of the Union . 2006 . GWB


Os Republicanos aplaudem de pé a proposta
de tornar os cortes nos impostos permanentes,
enquanto muitos Democratas torcem o nariz...

Claro que há o Iraque, o Hamas e o Irão, mas hey, vamos ter carros a hidrogénio, fusão nuclear e mais Segurança Social. Que tal?

WTF?...


Entrada actualizada abaixo. Posted by Picasa


Os EUA são um país em guerra.
Não a dita "guerra contra o terror", mas uma guerra real, tanto como o foram a Coreia ou o Vietname. Sem confundir o Iraque com a Indochina, as semelhanças, ou as diferenças, podem ser encontradas não na frente de batalha, mas na interna. O discurso de hoje de madrugada de George W. Bush sobre o Estado da União é o espelho dessa relação. Basta pensarmos nos discursos de Truman e Johnson para vermos que, para G. W. Bush como para grande parte dos norte-americanos, a guerra é algo distante e aborrecido, que apenas demora mais do que o previsto a resolver, mas cujo desfecho é inequívoco ("we are in this fight to win and we are winning!"). Wishful thinking...

O discurso foi feito em duas partes e meia, sendo a "meia" estrategicamente colocada "a meio", como transição da guerra/plano externo para a situação interna dos EUA.

Na primeira parte, a análise optimista do conflito no Iraque a que a administração de G. W. Bush já nos habituou; salpicada de lamechice desnecessária quando a causa de uma guerra é nobre, mas tão abusada quando é perversa. A presença de veteranos desta guerra na sala, a leitura (teleponto/s) de uma carta escrita por um soldado antes de morrer, com os respectivos pais e irmã na sala... Foi demasiado baixo. Mas passa. Sobretudo nos EUA, onde é preciso, acima de tudo, não desmoralizar as tropas.

Na "ponte", um breve referência à "democratização" dos países árabes, sem mencionar a Palestina, que mereceu um parêntesis onde também coube o Irão. Ambos "têm de desarmar-se"; o primeiro convencionalmente e o segundo... Bom, preventivamente.

Na segunda parte, a situação interna. Toda a gente sabe como esta administração desbaratou o superavit herdado, transformando-o no pior déficit de que há memória nos EUA. Apesar disso, G. W. Bush anunciou um série de medidas que, a serem confirmadas, agravarão ainda mais a situação económica dos EUA; embora produzam desmesurada riqueza, esta não será pública, mas muito, muito privada. O pedido da manutenção dos cortes nos impostos foi expresso com uma satisfação no rosto de G. W. Bush que só o vazio no seu olhar igualou... Foi patético.
Estas medidas, porém, não são concretas, isto é, o que foi proposto - para a Educação, a Juventude, a Energia, a Segurança Social, etc. - foi a formação de comissões especializadas, constituídas por membros dos dois partidos, Republicanos e Democratas. Nesse aspecto, o nosso Sócrates nada tem a aprender, bem pelo contrário.

Objectivo?
Fazer passar uma imagem de solidez e confiança, de um governo apostado no bem estar dos seus cidadãos, aberto ao diálogo interno e externo.
Resultado?
Promessas, promessas e mais promessas.
Como diria um norte-americano: Bulshit.

O pior discurso do Estado da União que me lembro de ter ouvido. E visto (*).

Rui Semblano

(*)
Os dois telepontos fizeram com que o presidente parecesse seguir um jogo de ténis. Pior que isso, foram inúmeras as vezes em que... perdeu a bola. O homem deve ser o maior pesadelo do serviço de Relações Públicas da Casa Branca desde Ronald Reagan...

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