Por todo o país se multiplicam as acções dos estudantes universitários contra o aumento das propinas. Invadem-se Senados e Assembleias de Representantes; marcam-se greves e marchas; apela-se à desobediência civil.
No caso que tenho ainda por mais próximo, apesar de não entrar nas suas instalações, o da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), a propina já foi paga por toda a gente, no todo ou em parte, apesar de fixada bem alto em pleno Verão e com a benção dos discentes do seu Conselho Directivo, que, pelos vistos, se esqueceram de sair da reunião em que tal coisa se decidiu, impedindo a votação por falta de quorum. (Será que sabiam disso?...) Nessa Faculdade se realizou há pouco tempo (mas já com as propinas pagas) uma Assembleia Geral de Alunos (AGA) que encheu a Aula Magna como há muito não se via! Estavam os estudantes à espera do que lhes diria a sua Associação, presente graças à intervenção do Partido a que uma das suas dirigentes pertence, alertado para a fraca militância desta. Não estive lá, não sei o que foi dito. Mas conheço bem o ambiente; aquelas caritas todas de olhos postos em nós, vermelhas do calor que vem do fogo que lhes arde no cu. Pois não há AGA's mais concorridas do que quando os cus estão a arder. É bonito.
Na Invicta, o representante máximo da Academia, o impagável Nuno Mendes, marca o "grito da revolta da Academia do Porto" para hoje (15Out2003), pelas 13:00 horas, frente a cada Faculdade, altura em que se espera que os respectivos alunos aí se concentrem e façam o maior barulho possível durante um minuto, não se sabendo o que farão a seguir.
O "flashmobbing" chega à luta académica!
Pelo caminho, este paradigma dos dirigentes associativos vai afirmando coisas espantosas; que
"a UP prova com [a recusa de discutir as propinas em Senado] não ser solidária com os alunos, nem ter espírito de corpo (...)" (in
Diário de Notícias, 14Out2003, p.22, "
Estudantes suspendem Senado"); que
"a lei diz que a afixação das propinas é feita em função da natureza dos cursos e da sua qualidade." e que "nos despachos, que têm de ter essa fundamentação, não consta qualquer referência nem à qualidade, nem à natureza dos cursos" (in
Público, 14Out2003, p.27, "
Estudantes do Porto invadiram Senado da Universidade").
Pobre Nuno...
Ainda não percebeu o que é espírito de corpo, nem tão pouco que o espírito de corpo que a Universidade do Porto representa é o dos docentes, esse bem vivo, como sempre. E deve ser interessante a reacção da Provedoria de Justiça e do Tribunal Administrativo à petição da Academia, se feita nos termos descritos. Nada como invocar uma lei que se refuta por inconstitucional para fazer prova da inconstitucionalidade de uma nova!
Como é normal, em termos académicos, está tudo de cabeça perdida e desnorteado. Que chegue depressa a Queima, para dar um sentido às Academias, que as propinas, essas, alguém as há-de pagar.
As usual.
nota:
A propósito do "Prós e Contras" sobre o Ensino Superior, emitido a 13Out2003, na RTP 1, não tenho nada a dizer; já não vejo o dito programa há muito tempo. Nunca gostei de assistir a masturbações mentais colectivas, menos ainda quando o último a masturbar-se é José Manuel Fernandes.
Talvez o
Victor Hertizel tenha algo a dizer sobre este programa, embora me queira parecer que não é o seu departamento.
He's more of a solo act...
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