sábado, outubro 18, 2003

O Futuro Tenso - parte 3



Pedro Mexia assina um ensaio intitulado "A cultura no futuro: algumas notas" na Grande Reportagem n. 150, de Setembro de 2003 (GR 150). Esta entrada é relativa a esse texto. No final, ligações às restantes entradas em Futuro Tenso.


Manifesto antipunk

“There will be a future”.
É o manifesto antipunk de Pedro Mexia.
A escolha da cultura como efeito da existência de um futuro, e de “uma certa cultura” como delimitação das suas reflexões - a das “classes médias, urbanas e ocidentais” (plural - sic). Um reflexo dos "sentimentos de um ocidental" sobre a cultura que o espera, portanto.
A partir daqui, o vazio.
Chama-lhe "algumas notas", mas poderiam ser imensas notas, não importaria - o nada é o que temos a esperar do futuro de Pedro Mexia, que apenas por coerência editorial desta série de entradas apelido de "tenso", pois melhor epíteto encontraria em "frouxo".

Porquê?
"Em termos civilizacionais, o Oriente, malgrado alguma ocidentalização, será sempre «outro mundo», com outras regras e lógicas, sobretudo na esfera islâmica. Em termos sociais (no Ocidente), a questão é menos clara, até por uma extensão um pouco mais imprecisa do conceito de «classe média», mas a categoria dos «excluídos», e dos excluídos da cultura, será ainda uma realidade no futuro, provavelmente em qualquer futuro." - escreve Pedro Mexia.

Não resisto a referir a foto do autor do ensaio, sob o título do mesmo, retratando um Pedro Mexia solidamente escorado numa estante metálica repleta de livros. Nela, como no axioma com que se inicia o corpo do seu ensaio - "a literatura não morrerá" - está a essência do cultural para Pedro Mexia.

Não tenho apreço algum pelos "guardiões da cultura ocidental" que se tomam por faróis da humanidade e lamentam que o resto do mundo (particularmente o islâmico) não tenha sido "ocidentalizado" (seja lá o que isso for...).
A cultura que Pedro Mexia guarda não é a minha. Chamar-lhe-ia mesmo anticultura. Aposto como não gostava nada de história comparada ou, pelo menos, da comparação de certa história, e que aprecia a metade de Landes que lhe diz respeito, escolhendo ignorar a outra por se tratar de "uma realidade que não conhece directamente".

E, depois disto, compreende-se perfeitamente que o tempo que gastou com Dostoievski não lhe tenha permitido um conhecimento profundo da percussão do Mali. Como ele afirma, não é humanamente possível conhecer tudo - há demasiada "oferta".
Talvez a diferença fundamental entre a cultura de Pedro Mexia e a minha seja a forma como encaramos as nossas respectivas estantes recheadas de livros - ele pensa acumular a cultura nas dele, eu sei que não é isso que acumulo nas minhas. Se um dia assinar um ensaio sobre o futuro da cultura e tiver de escolher um fundo para uma fotografia minha que ilustre o mesmo, escolherei um fundo de pessoas, não importa onde. À minha volta se encontrarão, assim, os veículos da cultura de que falarei. O resto é literatura.

Rui Semblano
Porto, 17 de Outubro de 2003


nota:
Pedro Mexia será dos que entendem que o Renascimento é um fenómeno "ocidental". Será um dos que, fechado no escuro da sua biblioteca, acende velas a Gutemberg, incapaz de ver a esplendorosa luz que um dia brilhou no al-Andalus... E, no seu íntimo, será um dos que deseja que tivesse chegado o tempo da "ocidentalização" do mundo; um mundo em que as luzes de Córdoba e de Granada nunca teriam brilhado e o "Oriente" não fosse mais que um obscuro e atalante mito.



Em Futuro Tenso:
parte 1 - A Murphy's sort of Law - José Pacheco Pereira
parte 2 - Os "rurbanos" - Gonçalo Ribeiro Telles
parte 3 - Manifesto antipunk - Pedro Mexia

Análise dos ensaios destes autores na
Grande Reportagem n. 150 - a última mensal

O Futuro Tenso - parte 2


Gonçalo Ribeiro Telles assina um ensaio intitulado "Como será a vida nas nossas cidades?" na Grande Reportagem n. 150, de Setembro de 2003 (GR 150). Esta entrada é relativa a esse texto. No final, ligações às restantes entradas em Futuro Tenso.


Os “rurbanos”

Sob o título do ensaio de Gonçalo Ribeiro Telles (GRT), uma foto de um rosto marcado pelo tempo; um olhar que não fala de futuro algum; uma mão que segura um porta-minas que desenha um passado que nunca existiu.

Ribeiro Telles escreve no desejo de uma cidade auto-suficiente e equilibrada, relembrando Le Corbusier sem o chegar a tocar. É um olhar sobre um passado que quis um dia ser futuro e não chegou a cumprir-se. É a pena de Moore a que empunha, desenhando aglomerados platónicos de gente que vive com um pé na cidade e outro no campo.

A cidade do futuro de GRT tem hortas e pomares nas suas franjas, em lugar de subúrbios de lata ou de luxo; tem cursos de água artificiais a céu aberto, no lugar de poluídas ribeiras subterrâneas; tem cidadãos que não serão nunca urbanos por definição ou rurais por simpatia. Os “rurbanos”.
Os “rurbanos” de GRT, como os marcianos de Edgar Rice Burroughs, são um povo inventado. A análise do regresso ao campo por vastos sectores da população urbana é feita do mesmo modo, apesar de 90% dos que, vivendo na cidade, adquirem terrenos rurais o faça para construir uma casa de fim-de-semana, não para trabalhar neles.

GRT lembra-se do tempo em que havia campos de milho e rebanhos de ovelhas nas cidades, quando as carroças disputavam a metropolis com os automóveis. E lembra-se de como o quintal urbano matou a fome a muita gente no Portugal da primeira metade do século XX. GRT não gosta das redes de distribuição de alimentos frescos ou congelados. Qualquer legume que tenha de percorrer mais do que dez quilómetros desde a origem até ao mercado distribuidor já não está em condições de ser consumido. Perturba-o o enorme desperdício da água da chuva, rapidamente desviada do impermeável tecido urbano para rios e mares, sem aproveitamento algum. Preocupa-o, finalmente, a ausência dos limites impostos pelas muralhas de antanho, que serviam para definir os feudos urbanitas, faróis para os camponeses em seu redor.

No final, não se chega bem a perceber o que augura Gonçalo Ribeiro Telles. Talvez não augure coisa alguma. Talvez o seu futuro seja, afinal, o passado que nunca chegou.

Rui Semblano
Porto, 17 de Outubro de 2003



Em Futuro Tenso:
parte 1 - A Murphy's sort of Law - José Pacheco Pereira
parte 2 - Os "rurbanos" - Gonçalo Ribeiro Telles
parte 3 - Manifesto antipunk - Pedro Mexia

Análise dos ensaios destes autores na
Grande Reportagem n. 150 - a última mensal

Virtualidade e virtuosismo


Já andou gente, na Blogosfera, a fazer-se passar por José Pacheco Pereira, depois por Pedro Mexia... Agora alguém se faz passar por Mephisto.
Lançado o isco, recolhida a linha, chega a certeza.

Não. É apenas um qualquer energúmeno. [1]

[1]
Energúmeno, s. m. Possesso; (...)
(Lat. energumeno, do gr. energoúmenos)

nota:
Fruto desta constatação, as duas entradas anteriores foram corrigidas, pois a intenção da dedicatória a Mephisto persiste, mas ele não se encontra onde aparenta.

Merda da boa!


A propósito de:
"O verbo de Ângelo de Sousa em retrospectiva"
in Público, 17Out2003, p.46/47

A exposição de Ângelo de Sousa que recordo com prazer teve lugar na rua Miguel Bombarda, no Porto, já não me recordo em qual das suas galerias. Foi por volta de 2000. Estava com um grupo de amigos, todos ligados a Belas Artes menos um. Entrámos.
Numa pequena sala, na penumbra, era projectado um vídeo que todos nós, excepto um, sabíamos tratar-se de "A minha mão esquerda" (ou era a direita? - não me lembro). Nas poucas filas de cadeiras alinhadas na sala, apenas um espectador, além de nós. Sorrindo todos, à excepção do tal amigo, escolhemos os nossos lugares e esperámos, em silêncio. O amigo externo ao círculo das artes fixou, então, o olhar na projecção da fita.
A obra consiste de planos aproximados da mão direita (ou é a esquerda?) do "professor pintor" (a câmara empunhada pela... outra). E assim, por longos e longos minutos, são mostrados todos os poros da extremidade do membro superior esquerdo do "artista" (ou será do direito?).
Há trinta segundos estávamos sentados quando o elemento excepcional do grupo gritou:
"Mas que merda é esta!?" (sic)

Hoje.
Ângelo de Sousa chega à Fundação Calouste Gulbenkian, com uma "retrospectiva" de... "rabiscos". O senhor Carlos Câmara Leme, autor do artigo mencionado em epígrafe, chama-lhes "desenhos".
Consta que o "professor pintor" tem 18.000 desenhos! Não imaginamos como foi encontrado este número mágico, mas é o total apontado no Público. De entre esses 18.000 desenhos, Jorge Molder, um dos comissários da "retrospectiva", seleccionou 700, com a "cumplicidade do autor" (sic). Desses 700 desenhos, foram seleccionados quatro, não sabemos exactamente por quem, para ilustrar o artigo do Público.

O primeiro data de 1971 e representa um traço corrido descrevendo curvas, definindo ovais e arcos, os espaços fechados preenchidos a cores (em 1971 tinha eu oito anos e, dessa altura, guardava no sótão de casa de meus pais cerca de 27.538 desenhos de igual conceito e técnica, que um dia foram parar ao caixote do lixo - que desperdício).
O segundo data de 1965 (tinha eu um ano e pico e ainda não desenhava) e representa um equídeo bem ao jeito de Gustavo Bastos.
O terceiro data de 1983 (ano em que cumpri as 20 Primaveras e escrevi mais que desenhei) e consta de três segmentos de recta entrecruzados, em estrela regular, encontrando-se preenchidos a cor os triângulos definidos pelo ponto de intersecção dos segmentos e as suas hastes, com excepção dos dois inferiores, de Sudeste e Sudoeste. Está marcado a carimbo com o número "260". Enigmático.
E, finalmente...

... O quarto.
É a piéce de resistance e data de 1971, sendo apenas a palavra "Angelo", sem acento propositadamente, escrita com grafismo próprio do primeiro ciclo. A propósito desta obra, o autor explica que:
"Aquele «A» de caralho da minha primeira classe era fálico, mas nessa altura eu não o sabia." (sic)
Partimos do princípio que Ângelo de Sousa frequentou a "sua" primeira classe em 1945, desenhando "aquele «A» do caralho" (sic) em 1971, donde se depreende que demorou perto de 27 anos a amadurecer a ideia (já eu fiz a primeira classe em 1971, precisamente o ano do «A» "do caralho" do "artista", e em 1975, pelo Verão "quente", já desenhava orquídeas a que chamava "A minha professora", quatro anos depois - devem ter ido para o lixo, junto com os conceptuais de 1971...).

O percurso artístico do "professor pintor" é ele quem melhor o define:
"Às vezes as coisas saem bem, outras é uma porcaria. Não sai nada, mas quando digo nada é nada. É uma merda!" (sic)

Citando o autor do artigo do Público:
"É o sistema Ângelo." (sic)

Recuperando uma frase batida, dos corredores das Belas Artes do Porto do final do século passado, a propósito deste "artista":
"Uns morrem. Outros ficam assim." (sic)

Pois é. "É uma merda!" (sic)

Em exibição no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, até 18 de Janeiro de 2004.

Rui Semblano
Porto, 17 de Outubro de 2003


nota:
Esta entrada esteve para ser intitulada:
a) "É uma merda!"
b) «A» de caralho
c) "O sistema Ângelo"
d) nenhuma das acima mencionadas

nota2:
Esta entrada é dedicada a Mephisto, não ao energúmeno...

Mephisto...


Às vezes apetece citar outro blogger.
Às vezes apetece transcrevê-lo. Na íntegra.

Lido em Mephistofeles:

--- quote ---

18.10.03
O pó não faz milagres

O diabo que estava à espera do Abrupto na Ásia viu as voltas trocadas com o seu prometido regresso. Mas o que é demais é demais. Diz o «português errante» Bruxelas-Lisboa-Bruxelas: «Quando passar pela pátria, farei as correcções necessárias e, nalguns casos, acrescentarei imagens sem as quais o texto fica pobre». Então agora as imagens servem para disfarçar a inutilidade, ou como ele reconhece, a «pobreza» dos textos? Coitadas das imagens transformadas em simples tapa-misérias. Habituado ao pó televisivo, o Bruto parece acreditar em milagres. Mas desiluda-se o especialista de cosmética. Quem escreve maus textos, pobres textos, também tem mau gosto para as imagens. Aliás, não basta olhar para as que «edita», nem que seja de relance, para perceber que esta personagem não gosta das imagens, mas que abusa delas? É urgente uma lei contra os «iconófilos»...

Posted by: Mephisto / 12:44 AM

--- end quote ---



Well, well... Look who's here.
Será que pretende amplificar a ambição, na Blogosfera, mais do que nela instalar o cepticismo? Ou o contrário?

A próxima entrada n'A Sombra, "Merda da boa!", a dedico a Mephisto, não ao energúmeno. Pois os "íconófilos" são como as cerejas...

Pel'A Sombra,
Rui Semblano

sexta-feira, outubro 17, 2003

Previews...


"Mais logo, n'A Sombra: (...)"

As entradas denominadas "Preview" ou "Previews" são isso mesmo: resumos de próximas publicações n'A Sombra.
São entradas efémeras e destinadas a desaparecer, uma vez publicados os títulos que enumeram, em antecipação.

Sendo uma excepção, n'A Sombra, à regra de não apagar entradas ou de as alterar sem aviso explícito (descontadas correcções ortográficas), ficará esta aqui para futura referência. (Assim como já ficara esta, por esquecida.)

Serviu ela para antecipar a publicação das entradas:
1. Para acabar de vez com a justiça
2. O Futuro Tenso - parte 2
3. Merda da boa!

Pel'A Sombra,
RS

Solidariedades


A solidariedade com uma causa justa é sempre preciosa, não pelo que podemos fazer nós próprios, dependendo isso das limitações de cada um, mas pelo simples e muito importante facto de, ao sermos solidários, conseguirmos a solidariedade de um outro, talvez mais disponível, talvez melhor colocado, talvez até então desatento.

Hoje declaro-me solidário, expressamente solidário, com uma causa: a de lembrar a leucemia. Já não o fazia assim há muito tempo, tão declaradamente. Outras causas já mereceram e merecem o meu empenhamento, mas não as catalogo por importâncias. Abraço-as e faço o que posso, dentro dos meus imensos limites (como neste caso, muito atrasado, mas não esquecido).

Já aqui referi a iniciativa "um post para lembrar a leucemia" (ver entrada homónima, n'A Sombra), ocorrida a 15 de Outubro. Conheci-a através do AANES, o blog da bela Ana Maria Anes (que n'A Sombra sempre será mencionada desta forma, pelo menos por mim).

Hoje recebi um convite para participar num blog. Foi uma bela estreia, para mim, e aceitei de bom grado. Chama-se SolidariedadeBlog e passa a merecer um tratamento especial, n'A Sombra, no topo da coluna da direita, inaugurando a mais selectiva das categorias de direccionamentos permanentes da casa, a que chamei Causas.

É de uma inconveniência que se trata.
A de nos recordar que existe mais um sofrimento atroz e a tristeza profunda que ele provoca.
E que tem um nome e um rosto.
E que existe esperança.

Pel'A Sombra
RS

quinta-feira, outubro 16, 2003

Open your eyes...


Plagiando-me, passe a expressão, "isto complica-se" mesmo.
À boleia do amigo Baeta, que se lembrou de retomar o tema das praxes universitárias, descobri mais uma pérola, esta recente.

Chama-se Abram os olhos.
O António Baeta chamou a atenção para um texto relativo à praxe, eu fiquei a namorar o da última entrada do Hugo.

Ficam as ligações para ambos:
Os idiotas (sugestão de Local e Blogal)
Tão bonitos que nós somos (sugestão d'A Sombra)

Para o lugar do Absurdo Testamento, vai directamente o Abram os Olhos, na nossa lista de Blog Links permanentes. É um facto que aproveito a circunstância excepcional do lugar vago, mas o Hugo conquistaria esse posto, de qualquer modo, pelo que o mérito é todo seu.

Pel'A Sombra
RS

Portugal: Europe's new red light district


Old news...


nota:
A propósito da última edição da Time, que já não consegui arranjar em lado nenhum, excepto na versão Web.

Nota2:
Como bem notou o "Quarto do pulha", a troca de Bragança por Portugal não é mera coincidência! (Ver o boneco aqui, no Icosaedro, que o publicou por não existirem permalinks a funcionar no tal quarto...)

"Um post a lembrar a leucemia"


Tomei conhecimento desta iniciativa ontem.
Não conheço a leucemia de perto. Nem familiares, nem amigos sofreram desta doença. Aquilo que poderia dizer sobre ela encontra-se em locais mais autorizados para tal.
Resta-me relembrar que, infelizmente, existe...

Os que aderiram a esta acção estão referenciados no blog da bela Ana (Aanes), em Acção Leucemia, na sua coluna da direita.

quarta-feira, outubro 15, 2003

O toque


Michelle. Only.

On the move


A Catarina mudou-se de armas e bagagens para Weblogs.pt e, tratando-se de um dos nossos blogs favoritos, não podíamos deixar de o fazer notar.

Ao 100nada desejos de longa vida
nesta nova morada. (rimou!)

nota:
As ligações para o novo endereço da Catarina estão actualizadas em todos os blogs e páginas d'A Sombra e no CpI, evidentemente. :)

"Menos um ¶ 12:58 PM"


Foi a 19 de Agosto último que encontrei o blog do Tiago.
Chama-se (ainda lá está) Absurdo Testamento.
Era um pequeno endereço na já enorme Blogosfera lusa; uma particula de pó na World Wide Web...

A sua última entrada (agora única) data de 25 de Agosto, seis dias após o ter encontrado. Diz, apenas, "menos um ¶ 12:58 PM ".
Por isto não quero ter muitos blogs na lista de Blog Links permanentes d'A Sombra. Aí se encontram os blogs que mais visito, mas devo admitir que já são muitos, sobretudo para quem se move a 56k e paga telefone (é verdade, nunca mais resolvo entrar na banda larga...). Já dei por este desaparecimento há alguns dias, mas ao verificar se a situação se mantinha, hoje, quis registar o facto, tal como registei o do seu encontro.

Lamento o desaparecimento do Absurdo Testamento e ignoro se o Tiago emergiu em outro local da Internet ou se, como o seu blog, está em silêncio. De uma forma ou de outra, terá as suas razões e apenas me resta enviar-lhe um abraço desde A Sombra, aqui e por e-mail, se ainda funcionar o endereço que guardo.

A opção de apagar o conteúdo do blog mas não o próprio blog poderá ser sinal de um eventual regresso... Ou a forma de manter a coerência do seu nome.
E assim permanece o absurdo entre nós...

Rui Semblano


nota:
Por este motivo, a ligação ao Absurdo Testamento é hoje retirada dos Blog Links permanentes d'A Sombra, permanecendo activo em Relações Sombrias, a nossa lista completa de ligações. Se o Tiago regressar, o seu blog voltará a integrar a lista permanente.
Pour le mérite.

Ainda a Universidade


Por todo o país se multiplicam as acções dos estudantes universitários contra o aumento das propinas. Invadem-se Senados e Assembleias de Representantes; marcam-se greves e marchas; apela-se à desobediência civil.
No caso que tenho ainda por mais próximo, apesar de não entrar nas suas instalações, o da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), a propina já foi paga por toda a gente, no todo ou em parte, apesar de fixada bem alto em pleno Verão e com a benção dos discentes do seu Conselho Directivo, que, pelos vistos, se esqueceram de sair da reunião em que tal coisa se decidiu, impedindo a votação por falta de quorum. (Será que sabiam disso?...) Nessa Faculdade se realizou há pouco tempo (mas já com as propinas pagas) uma Assembleia Geral de Alunos (AGA) que encheu a Aula Magna como há muito não se via! Estavam os estudantes à espera do que lhes diria a sua Associação, presente graças à intervenção do Partido a que uma das suas dirigentes pertence, alertado para a fraca militância desta. Não estive lá, não sei o que foi dito. Mas conheço bem o ambiente; aquelas caritas todas de olhos postos em nós, vermelhas do calor que vem do fogo que lhes arde no cu. Pois não há AGA's mais concorridas do que quando os cus estão a arder. É bonito.

Na Invicta, o representante máximo da Academia, o impagável Nuno Mendes, marca o "grito da revolta da Academia do Porto" para hoje (15Out2003), pelas 13:00 horas, frente a cada Faculdade, altura em que se espera que os respectivos alunos aí se concentrem e façam o maior barulho possível durante um minuto, não se sabendo o que farão a seguir.
O "flashmobbing" chega à luta académica!

Pelo caminho, este paradigma dos dirigentes associativos vai afirmando coisas espantosas; que "a UP prova com [a recusa de discutir as propinas em Senado] não ser solidária com os alunos, nem ter espírito de corpo (...)" (in Diário de Notícias, 14Out2003, p.22, "Estudantes suspendem Senado"); que "a lei diz que a afixação das propinas é feita em função da natureza dos cursos e da sua qualidade." e que "nos despachos, que têm de ter essa fundamentação, não consta qualquer referência nem à qualidade, nem à natureza dos cursos" (in Público, 14Out2003, p.27, "Estudantes do Porto invadiram Senado da Universidade").
Pobre Nuno...
Ainda não percebeu o que é espírito de corpo, nem tão pouco que o espírito de corpo que a Universidade do Porto representa é o dos docentes, esse bem vivo, como sempre. E deve ser interessante a reacção da Provedoria de Justiça e do Tribunal Administrativo à petição da Academia, se feita nos termos descritos. Nada como invocar uma lei que se refuta por inconstitucional para fazer prova da inconstitucionalidade de uma nova!

Como é normal, em termos académicos, está tudo de cabeça perdida e desnorteado. Que chegue depressa a Queima, para dar um sentido às Academias, que as propinas, essas, alguém as há-de pagar. As usual.


nota:
A propósito do "Prós e Contras" sobre o Ensino Superior, emitido a 13Out2003, na RTP 1, não tenho nada a dizer; já não vejo o dito programa há muito tempo. Nunca gostei de assistir a masturbações mentais colectivas, menos ainda quando o último a masturbar-se é José Manuel Fernandes.
Talvez o Victor Hertizel tenha algo a dizer sobre este programa, embora me queira parecer que não é o seu departamento. He's more of a solo act...

Ana, dear...


Ana Gomes, fruto das suas recentes declarações, é comparada a um senhor que fez muitas perguntas, por algum tempo, num blog da nossa "esfera". E não o é apenas nesta "esfera" como, também, o é na imprensa (ver editorial de José Manuel Fernandes [JMF], no Público de 14Out2003, p.4, "A deriva de Ana Gomes").

Muitas vezes não concordo com JMF, mas agora junto a minha escrita à sua e à de outros que, na Blogosfera, manifestaram o seu desagrado pela atitude descabida de Ana Gomes.
Acima de qualquer outra coisa, o comportamento desta senhora é o espelho perfeito do Partido Socialista de hoje. Significa isto que, por muito má que seja a prestação do Partido Social Democrata como partido do poder, não consigo sequer imaginar qual seria a dos socialistas liderados por Ferro Rodrigues, caso fossem Governo.

No panorama político nacional, de qualquer ângulo que o observe, não encontro nenhuma alternativa credível ao PSD. E, no meio desta míngua política, moral e intelectual, só encontro um facto positivo: que a dita "Nova Democracia" tenha por rosto um estafado e inequívoco Manuel Monteiro.
Pois, que ninguém duvide, mais que nunca é preciso manter a guarda alta e estar atento. Porque Portugal está maduro; maduro e pronto para a chegada de um "iluminado". E todas as manhãs, ao ligar o rádio, apreensivo, espero ouvir o grito que há-de vir:

"Portugal! Desperta!"


nota:
Ver entrada "Ana, darling..." n'A Sombra.

terça-feira, outubro 14, 2003

A morte de uma referência


A Porto Editora há muito que é um caso de sucesso no ramo editorial didáctico. Os seus manuais escolares são adoptados por inúmeras escolas e muitos dos que eu próprio tive, nos idos de 70 e 80 eram da sua responsabilidade. A forma como trabalha a relação com os professores é um exemplo de boa gestão empresarial e tem estado atenta às novas tecnologias de informação, sendo das primeiras a lançar conteúdos em CD-Rom e a publicar sites próprios na Internet. Na base de tudo isto, não o esqueçamos, continua a estar o Dicionário da Língua Portuguesa, hoje na sua enésima edição, embora a sua manufactura seja bem inferior às fabulosas encadernações dos anos 60...
Um bom exemplo, portanto. Ou não?...

A julgar pelo recente caso "Big Brother" (ver entrada "Bredaguês", n'A Sombra), que resulta da edição do manual do 10º ano "Comunicar" pela própria Porto Editora, não estamos já perante um bom exemplo, no que respeita às edições didácticas e, particularmente, escolares desta editora.

Vasco Teixeira (filho), seu administrador e filho do fundador homónimo, explica como pode um manual escolar deste calibre ser editado pela sua casa:
"O manual cumpre o programa. (...) [É normal que os autores destes livros escolares] façam experiências pedagógicas. O concurso [Big Brother] existe, está na televisão e é bom que os alunos conheçam o seu regulamento."
Leram bem.
Vem escrito no Diário de Notícias de hoje (DN, 14Out2003, p.22).

Para o responsável máximo da Porto Editora, assim, é absolutamente normal e, mais, "é bom" que este facto se verifique. Mais ainda, afirma que "está na televisão" e pronto. Ainda veremos manuais escolares da Porto Editora com textos sobre o "Herman SIC" com perguntas do género "porque achas que o tio Herman perguntou ao Valentino se ele era limpinho"? Talvez.
Para quem não conhece a Porto Editora por dentro, este facto poderá parecer um mero percalço; as afirmações de Vasco Teixeira um simples acto de Relações Públicas, destinado a controlar os danos causados por um incidente isolado que instalou a polémica na praça pública. Não é bem assim.

A Porto Editora aparenta ser uma empresa moderna e dinâmica, aberta à inovação e às novas tendências, de espírito liberal, na verdadeira acepção da palavra. Na realidade, porém, trata-se de um reduto industrial do século XIX, que convive muito mal com a concorrência, e um dos paradigmas do conservadorismo empresarial português.
Vasco Teixeira, aliás, não é um qualquer administrador da Porto Editora. Ele é a Porto Editora. Nessa perspectiva, as suas declarações assumem uma proporção insólita.

A adaptação desta editora à realidade social portuguesa é manifesta na edição deste escabroso "Comunicar", com o mesmo à vontade com que as televisões editam um qualquer reality show de bosta. O povinho gosta, o povinho compra, o povinho fica satisfeito. E volta. Sobrevivência?

A Porto Editora é considerada, ainda e de forma geral, uma referência na edição de manuais escolares e didácticos, mas as afirmações de Vasco Teixeira trazem à luz do dia algo que há muito é familiar a quem conhece melhor a sua editora; uma empresa que adoptou a política de produção conduzida pelo mercado, por oposição à que molda o mercado. Este facto tornado público, finalmente, pode bem ser o anúncio da sua morte enquanto tal. Não sei o que fará a Porto Editora para recuperar deste escândalo editorial, mas Vasco Teixeira, a falar assim, em nada ajuda a essa recuperação.

Já há muito que verifico e reverifico o conteúdo de qualquer edição da Porto Editora que deseje adquirir (dicionários incluídos), mas esta situação foi a gota de água. Agora terei de verificar uma terceira vez, ainda. E se um dia me surgir no monitor do computador uma janela onde me é perguntado se devo confiar sempre nos conteúdos a carregar com origem na Porto Editora, vou responder "não, muito obrigado".

Assim se mata uma referência.


Rui Semblano
Porto, 14 de Outubro de 2003


nota:
Há muito, muito tempo, numa Galáxia semelhante a esta, colaborei como ilustrador e maquetista na Porto Editora e para a Porto Editora e continuo a considerar as minhas reuniões com os autores e as autoras dos manuais escolares em que trabalhei como das experiências mais surreais por que passei, apesar de já ter passado por outras bem estranhas!
Nem vou tentar explicá-las aqui, pois não tenho talento que chegue para as retratar condignamente. Foram demasiado... intensas.

De visu


A entrada "A memória d'A Sombra" sofreu uma ligeira alteração, por via de um facto para o qual fui alertado pelo Miguel (ver "A César o que é de César", n'A Origem do Amor).

Fica o registo. :)

A memória d'A Sombra


A propósito de uma reflexão que comecei a seguir n'A Origem do Amor, do Miguel, aka Migalhas, à qual me juntei em privado (via e-mail), e seguida no Aviz, de FJV sobre a memória dos blogs, nomeadamente sobre a possibilidade da perda de todo o conteúdo de um blog, serve esta entrada singela (duvido ter tempo para mais, hoje...) para fazer um anúncio.

A partir de agora, na coluna da direita, os arquivos d'A Sombra passam a estar disponíveis em duas versões:

A manual, mantida por mim próprio, em Arquivo (manual)
A automática, gerada pelo Blogger.com, em Arquivo (automático)

A vantagem da memória construída manualmente é ter, anexa a cada ligação para um arquivo semanal, a lista de títulos das entradas correspondentes.
Tal como os Links Completos d'A Sombra, trata-se de um trabalho de interesse pessoal que reverte em pro bono publico.

Espero seja útil aos leitores d'A Sombra.
A todos uma boa semana.

Pel'A Sombra,

Rui Semblano (RS)

nota de alteração:
Esta entrada foi corrigida (ver "De visu", mais acima)

segunda-feira, outubro 13, 2003

A perda maior...


... é permanecer imutável.
Qualquer começo, por pequeno e insensato que seja,
é sempre uma boa forma de... começar.

Desde A Sombra, um beijo a alguém que reaprende a andar.

personal note:
Links to essence are invisible to the eye
But your heart will see them clearly... (Click)

Resistir em Weblogs.pt


Chega-nos a nova de que a Resistência Islâmica se faz já em Weblogs.pt.
Todas as ligações para o blog de Sameer Baz, em todos os blogs relacionados com A Sombra, estão já actualizadas.

Aleikum salam, Sameer.

Nota de boas vindas...

... muito atrasada!

Antes de mais, as minhas desculpas a FJV pelo atraso em saudar o seu regresso, após ter anunciado a sua ausência temporária. Espero, sinceramente, que esta nova "cervejinha" fosse do seu agrado! [1]
:)

Sobre (ainda e ainda bem!) o atentado ao ensino do português que é a adopção de material degradante e ordinário (no sentido mais baixo da palavra) para manuais desta disciplina do Ensino Secundário, ver a 5ª Onda de Parvoíce, no Aviz, assim como a 6ª e as anteriores quatro, bem demonstrativas da onda de indignação que varreu a Blogosfera Lusa no que toca a (mais) esta bacoquice...

Um grande abraço desde A Sombra para FJV.

nota:
A este respeito, ver a nossa entrada "Bredaguês".

[1] A "cervejinha":
Lembram-se quando FJV saiu para beber uma cerveja e esteve uns bons dias sem dar sinais de vida blogosférica?

domingo, outubro 12, 2003

I custodi del Mito!

Rosso é il cuore!

(qui) Vittoria!

Impressionante!

Scuderia Ferrari

Base: Modena(I) Maranello(I)
Estreia: 21 May 1950
Última prova: 12 Out 2003
Primeira Vitória: 14 Jul 1951
Última vitória: 12 Out 2003
Primeira Pole: 14 Jul 1951
Última Pole: 12 Out 2003
Provas disputadas: 1536
Vitórias: 167
Pole Positions: 166
Podiums: 528
Número de pilotos: 71
Pontos acumulados: 3918.476
Títulos Marca: 13
Títulos Pilotos: 13


Schummie:

Schumacher, Michael
Data de nascimento: 3 Janeiro 1969
Local de nascimento: Huerth-Hermuehlheim
Total de corridas com a Ferrari: 126
Vitórias: 51
Podiums: 84 ( 1º: 51 . 2º: 23 . 3º: 10)
Títulos: 6 Campeonatos do Mundo F1
(1994 Benetton-Ford, 1995 Benetton-Renault, 2000 Ferrari, 2001 Ferrari, 2002 Ferrari, 2003 Ferrari)
Outras vitórias: 1 Campeonato da Alemanha F3 (1990 -Reynard 390 volkswagen)

Vitórias no Campeonato do Mundo de Pilotos F1:
6 GP do Canadá (1994, 1997, 1998, 2000, 2002, 2003)
6 GP de França (1994, 1995, 1997, 1998, 2001, 2002)
6 GP da Bélgica (1992, 1995, 1996, 1997, 2001, 2002)
5 GP de San Marino (1994, 1999, 2000, 2002, 2003)
5 GP do Mónaco (1994, 1995, 1997, 1999, 2001)
5 GP do Japão (1995, 1997, 2000, 2001, 2002)
5 GP de Espanha (1995, 1996, 2001, 2002, 2003)
4 GP do Brasil (1994, 1995, 2000, 2002)
3 GP da Europa (1994, 1995, 2000)
3 GP de Itália (1996, 1998, 2000)
3 GP da Hungria (1994, 1998, 2001)
2 GP da Austrália (2000, 2001)
2 GP dos EUA (2000, 2003)
2 GP do Pacífico (1994, 1995)
2 GP da Alemanha (1995, 2002)
2 GP da Grã Bretanha (1998, 2002)
2 GP da Malásia (2000, 2001)
2 GP da Áustria (2002, 2003)
1 GP da Itália (2003)
1 GP da Europa (2001)
1 GP de Portugal (1993)
1 GP da Argentina (1998)
1 GP da Austrália (2002)


(qui) Missione compiuta!
(qui) 'Una giornata storica!'

(qui) La Scuderia
(qui) Il Uomo
(qui) La Machina

Faltam 151 dias, 10 horas, 30 minutos e 10 segundos
para o GP da Austrália de 2004.

FORZA FERRARI!

Rampante.

Editado e publicado em Al-Baiaz! O Web café reabriu! Yes!...