quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Touche pas à mon pote...


As incongruências dos novos arautos da liberdade de expressão a martelo ou como passar através da chuva sem se molhar nem um bocadinho.



Entrada completa, abaixo.



De maneira geral, os que tendem a considerar a maioria dos muçulmanos como terroristas (em especial os palestinianos), encontram conforto na ideia de um Israel democrático, acossado pelo fundamentalismo "árabe" desde 1948.
É um conforto sinistro, como aquele que Golda Meir encontrava ao afirmar que eram os palestinianos que a obrigavam a matar as suas próprias crianças...

São estes senhores, habituais apologistas do Sionismo, que agora defendem a liberdade de expressão de David Irving. Sinal de magnanimidade? Nem por isso. Apenas foi demasiado grande a tentação de defender um "académico europeu" (salvo seja!) apanhado nas malhas da terrível "polícia do pensamento" (a mesma que condenaria os cartoonistas dinamarqueses, se o sucedido tivesse lugar dentro da sua jurisdição).

O que agora sucede, é que os defensores desta ideologia (tornou-se uma ideologia no mais puro sentido marxista - mas existe outro?), que pouco aquém fica do incitamento à sublevação geral para defender nas barricadas a liberdade de expressão (I, II, III, IV e seguintes), defendem um conceito tão disparatado que no respectivo saco começam a cair "cromos" como A. Taheri e D. Irving.
E se quase foi exigida a cabeça de Taheri numa bandeja, no caso de Irving só faltou chamar-lhe desgraçado, tal a injustiça abatida sobre a sua cabecinha académica, agora "arrependida" e tudo.

Talvez no "arrependimento" deste traste neonazi resida parte substancial da prova da sua culpabilidade. Que eu saiba, Galileo não se retractou. Como Irving, foi condenado pelas suas ideias, mas não veio com o miserável discurso do "pobrezinho": "desculpem lá; já não é a Terra que gira em torno do Sol; isso foi há 17 anos, agora sei melhor que então e é, de facto, o Sol que gira à nossa volta..." Tenham dó.

As ideias impõem-se pela força dos factos e contra estes não há argumentos. Sim, faz todo o sentido analisar factos tidos como tal à luz de novas descobertas ou mesmo pistas e sim, faz também sentido rescrever a História quando surgem evidências que demonstrem errada a versão até então considerada verdadeira, mas sejamos realistas: David Irving nunca terá o seu Einstein ou o seu Newton. É uma fraude.
Jogar com estes conceitos de revisão científica e documental da História, tornando-os a desculpa para branquear um sistema ideológico bestial e odioso é algo de infame, mas também de criminoso. Um atentado à liberdade de expressão? Como o ocorrido com Galileo, certamente.

As ideias de D. Irving, como as de Galileo, não podem ser aprisionadas. Circulam livremente; inspiram novas pesquisas. A sua força fará com que sejam aceites - ou não.
Por tudo o que sabemos - e eu sou um dos que investiga o nazismo há anos - nada sustenta as teses de Irving excepto um desejo insano de eliminar o que ainda é o maior obstáculo à propagação do neonazismo, dos "White Power" 's e quejandos: a bestialidade genocida do sistema racista nazi.

Fazer a apologia deste sistema, seja de que forma for, deve continuar a ser punido. Do ponto de vista histórico, negar o nazismo é tão criminoso como negar os seus crimes. Por esse motivo são proibidas as suásticas como símbolos políticos ou de uso corrente, mas sempre as vemos em documentos ou recriações de época da altura em que foram usadas pelos nazis. Mas não é disto que se trata, antes de impedir a difusão de ideias que refutam a natureza da suástica.
"Esteticamente, aliás, considero um crime terem abolido o símbolo no Ocidente. Até gostaria de ter uns cortinados com um padrão constituído por suásticas..." - mas isto faz algum sentido depois de Auschwitz?

Assim procuram os que agora defendem D. Irving iludir quem os ouve e quem os lê, como se antes não tivessem condenado A. Taheri por um crime menor, mas do mesmo tipo. Será a cor da pele um factor de relevo, nesta incongruência? Será que vão sacrificar Israel no altar que ergueram à liberdade de expressão? Será que não se apercebem da sua idiotice? Ou seguem o exemplo dos nossos governantes, tomando os que os ouvem e lêem por estúpidos?

O Holocausto é inegável.
Usá-lo como uma bandeira é inadmissível.
É torná-lo uma indústria.

Sim, adivinharam (Uuuuhhh, Uuuhhhh!...) - vou usar o nome começado por "F".
Vejam bem a academia em acção:

Finkelstein versus Dershowitz (parte II)

E não pensem que somos todos cegos. Está a chover bem e vemos claramente como estão ensopados os defensores das liberdades a martelo e da democracia à bomba.
Ganhem vergonha!

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