TNSJ
16:00 horas
6 Entrada completa abaixo.
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Nina Simone - Ne me quite pas...
Adorado Mara
Ville de Saint-Nazaire
Representar uma localidade ou a realidade fora e dentro da
representação. Tal como a realidade, as suas saídas de cena
eram sempre desorientadas, ou orientadas pela sua vontade,
irrelevante para os actores reais. Um papel difícil.
Alberto Magassela
Arquibaldo
O mestre de cerimónia, maestro, "deus por um tempo", mas
ainda assim incapaz de controlar totalmente a função. No fim,
tudo termina como imaginou, embora a sua presunção fosse
várias vezes abalada pela vontade própria dos seus "camaradas".
Ana Magaia
Bobo
Personagem incrível, plena de força e temperamento, as suas
explosões ficaram gravadas como alguns dos melhores momentos
da peça. O seu insulto à "branca", durante a recriação do crime por Village, foi simplesmente brilhante!
Ângelo Torres
Village
Verdadeira charneira da peça que, juntamente com Virtude,
representou um enigma preso numa charada envolto num
mistério, a sua entrega foi exemplar e o seu papel muito bem
conseguido. A sua recriação do crime foi preciosa.
Carlos Paca
Escudeiro
Dos "brancos", o mais sensível (sobretudo ao álcool!).
Era, também, aquele cujo sotaque mais denunciava, por detrás
da máscara. E o mais ganancioso, materialmente. Não era um
"grande", mas ora agia como tal, ora se afirmava apenas... artista.
Dom Petro Dikota
Missionário
O "branco" religioso, salvador dos "pretos". As suas
intervenções são sempre "católicas", ao melhor estilo romano.
Até a sua hilariante morte, um dos pontos altos da peça,
evoca um dos pilares da Igreja. A idolatria.
Jaime Lopes
Diouf
O único negro a ascender à condição de branco, ainda assim
transvestido, é também o mais tolerante; mas será ele mais
condescendente que tolerante? Mais depressa assim o julgarão
os negros que os brancos, e não em relação aos últimos.
Josefina Massango
Felicidade
Colocada num plano inacessível a todos (excepto ao "artista", que
nem se apercebe do que conseguiu), é uma verdadeira
Mãe, "Mamma Africa", a que mais ilude o controlo de Arquibaldo.
Jaime Lopes
Diouf
O único negro a ascender à condição de branco, ainda assim
transvestido, é também o mais tolerante; mas será ele mais
condescendente que tolerante? Mais depressa assim o julgarão
os negros que os brancos, e não em relação aos últimos.
Josefina Massango
Felicidade
Colocada num plano inacessível a todos (excepto ao "artista", que
nem se apercebe do que conseguiu), é uma verdadeira
Mãe, "Mamma Africa", a que mais ilude o controlo de Arquibaldo.
Os seus "pas de deux" com a Rainha são impecáveis.
Laurinda Chiungue
Rainha
Paradigma "branco". Fantástica. Sublime. Imperial.
A sua presença em palco, sobretudo ao pisar as "colónias", é
fabulosa. Reune em si orgulho, desprezo, altivez, soberba,
piedade, dor e frieza... Hélas, é apenas humana. E rainha.
Lucília Raimundo
Virtude
Junto com Village, representa um drama dentro de um drama,
interligado com a linha que Arquibaldo desenhou, mas ainda
assim indiferente e superior a ela e a tudo o resto.
Como todas as histórias de amor, enfim...
Nelson Boggio
Governador
Apenas vi a ficha técnica no final da peça, pelo que o Governador
me pareceu o "preto-branco" mais "branco" de todos, até que
tirou a máscara e era... mesmo branco! É incrível como o que
trazemos por dentro nos trai, apesar das máscaras...
Odete Môsso
Neve
As suas explosões são imprevisíveis e a sua violência é pura.
Assume-se como ralé com uma altivez que revela, do cimo da sua
beleza, uma tristeza imensa, escondida em cada gargalhada.
É a que mais desafia Arquibaldo, pois o seu ódio é genuíno.
Orlando Sérgio
Juíz
Se há brancos mais iguais que outros, são os juízes.
As convicções racionalistas, calculistas, deste "branco" prepotente
e paternalista, vão sendo abaladas e destruídas à medida que o
tempo avança. Como é normal. De facto e de jure.
A peça foi muito bem produzida e interpretada, e a sua dificuldade e densidade exigem que seja revista, tal a profundidade dos personagens e o ritmo imposto pelos actores, fantásticos, que não impede que seja representada em duas horas e meia!
A encenação (Rogério de Carvalho/Dábora Pinho Mateus), a cenografia (João Mendes Ribeiro) e o desenho de luz (Jorge Ribeiro) estiveram à altura deste espectáculo. A sonoplastia (Francisco Leal) deixou algo a desejar, em alguns momentos, mas nada de grave. Apesar de não conhecer o texto original, a tradução (Armando Silva Carvalho) pareceu-me bem conseguida, enquadrando-se perfeitamente no espírito da peça, assim como a preparação dos actores nos seus diversos níveis (João Henriques, Ana Celeste Ferreira, Manuela Paulo) e os figurinos (Bernardo Monteiro). Uma tarde de Domingo muito bem passada.
A ver, definitivamente, caso possam.
A peça foi escrita em 1955, mas continua actual. Tão actual como a minha surpresa ao ver que o Governador, que eu pensava ser o "branco" melhor conseguido pelos actores negros, era branco.
Laurinda Chiungue
Rainha
Paradigma "branco". Fantástica. Sublime. Imperial.
A sua presença em palco, sobretudo ao pisar as "colónias", é
fabulosa. Reune em si orgulho, desprezo, altivez, soberba,
piedade, dor e frieza... Hélas, é apenas humana. E rainha.
Lucília Raimundo
Virtude
Junto com Village, representa um drama dentro de um drama,
interligado com a linha que Arquibaldo desenhou, mas ainda
assim indiferente e superior a ela e a tudo o resto.
Como todas as histórias de amor, enfim...
Nelson Boggio
Governador
Apenas vi a ficha técnica no final da peça, pelo que o Governador
me pareceu o "preto-branco" mais "branco" de todos, até que
tirou a máscara e era... mesmo branco! É incrível como o que
trazemos por dentro nos trai, apesar das máscaras...
Odete Môsso
Neve
As suas explosões são imprevisíveis e a sua violência é pura.
Assume-se como ralé com uma altivez que revela, do cimo da sua
beleza, uma tristeza imensa, escondida em cada gargalhada.
É a que mais desafia Arquibaldo, pois o seu ódio é genuíno.
Orlando Sérgio
Juíz
Se há brancos mais iguais que outros, são os juízes.
As convicções racionalistas, calculistas, deste "branco" prepotente
e paternalista, vão sendo abaladas e destruídas à medida que o
tempo avança. Como é normal. De facto e de jure.
A peça foi muito bem produzida e interpretada, e a sua dificuldade e densidade exigem que seja revista, tal a profundidade dos personagens e o ritmo imposto pelos actores, fantásticos, que não impede que seja representada em duas horas e meia!
A encenação (Rogério de Carvalho/Dábora Pinho Mateus), a cenografia (João Mendes Ribeiro) e o desenho de luz (Jorge Ribeiro) estiveram à altura deste espectáculo. A sonoplastia (Francisco Leal) deixou algo a desejar, em alguns momentos, mas nada de grave. Apesar de não conhecer o texto original, a tradução (Armando Silva Carvalho) pareceu-me bem conseguida, enquadrando-se perfeitamente no espírito da peça, assim como a preparação dos actores nos seus diversos níveis (João Henriques, Ana Celeste Ferreira, Manuela Paulo) e os figurinos (Bernardo Monteiro). Uma tarde de Domingo muito bem passada.
A ver, definitivamente, caso possam.
A peça foi escrita em 1955, mas continua actual. Tão actual como a minha surpresa ao ver que o Governador, que eu pensava ser o "branco" melhor conseguido pelos actores negros, era branco.
Mesmo.
...
Rui Semblano
24 de Setembro de 2006
Espero sinceramente que se tenham divertido.
ResponderEliminarPiresF:
ResponderEliminar"Daqui a nada" já actualizo esta entrada e então ficarás a saber como foi.
E foi bom, sim. Muito bom.
Abraço,
RS
Diverti-me imenso amigo Pires. A peça de facto é muito, muito boa e muito actual. A complexidade é muito elevada, sobretudo a nível dos jogos de linguagem mas os actores demostraram uma grande capacidade. Com uma pitada de humor e com muita inteligência, o enredo algo complexo prende-nos do início ao fim. Depois de duas horas e meia, a assistir a excelentes interpretações por parte dos actores, restou-nos aplaudir, de pé. Recomendo vivamente esta peça e de facto foi uma tarde de Domingo muito bem passada, não foi Rui? ;)
ResponderEliminarUm grande Abraço,
Nuno
P.S.- Rui, o DVD do Loose Change funciona em perfeitas condições num leitor de DVD normal, ainda por cima vem com som Dolby Digital.
Outsider:
ResponderEliminarSim, Nuno, e só tive pena de não reconhecer o Armando (A Fábrica), pois gostava de o ter cumprimentado, mas a peça era muito longa e o intervalo foi demasiado breve para outra coisa que não... um intervalo.
Aplaudimos de pé, sim.
Soube bem voltar ao teatro e dar de caras com esta pérola negra!
(Ufa!... Não imaginas as voltas que dei para extrair os ficheiros video com qualidade do original da RTP - Loose Change 2 - e de todos os programas foi o mais improvável que o conseguiu e pelo método mais simples! Amanhã segue a cópia para o Tim Sparke. Obrigado pela confirmação pronta!)
Grande abraço,
RS