sábado, fevereiro 11, 2006

One World - 3


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Testes em animais

Em todo o mundo, continuam a ser usados animais para as mais diversas experiências, dos cosméticos à industria de armamento.

Apesar da quase inutilidade deste processo, continua a ser na industria médica e no ensino que são cometidas as maiores atrocidades neste campo.



"Os modelos animais diferem dos humanos correspondentes. As conclusões tiradas de experiências com animais tendem a retardar o progresso, são enganosas e podem causar danos aos doentes."

"Animal models differ from their human counterparts. Conclusions drawn from animal research, are likely to delay progress, mislead and do harm to the patient "

Moneim A Fadali, MD FACS, Cardiovascular and Thoracic Surgeon, USA. Patron, DLRM.

"No que respeita a ECPP, as alternativas são inaceitáveis. Pensamos que os testes em animais devem continuar até serem desenvolvidas alternativas verdadeiramente eficientes. (...) A necessidade de uma vacina contra o HIV, a Hepatite C e muitas mais doenças infecciosas é, seguramente, indiscutível. Quem são os potenciais candidatos a testar primeiro? Experimentamos uma potencial vacina contra o HIV em seres-humanos imediatamente - quem seria voluntário?"

"As far as ECPP is concerned, the alternatives are not acceptable. We feel that it is essential that animal testing be continued until truly effective alternatives are developed. (...) The need for a vaccine against HIV, Hepatitis C and many other infectious diseases is surely beyond question. How are the potential candidates to be tested in the first place? Do we try a potential HIV vaccine in human beings straightaway – who will volunteer?"

ECPP - European Coalition of Positive People, London, UK - office@ecpp.co.uk


nota:
Os reparos da ECPP (e de alguns laboratórios médicos) devem ser encarados de modo algo sarcástico, pois as experiências com seres-humanos são há muito conduzidas, perante o olhar "distraído" dos Governos dos países produtores de medicamentos e dos que facilitam as cobaias. Mas, claro, isto não passa de mais uma teoria marada.

Todas as entradas de One World:

1. Pena de Morte.
2. Violência contra as mulheres.
3. Testes em animais.
4. Minas terrestres.
5. Pobreza.
6. Anima Mundi.

One World - 2


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Violência contra as mulheres

Em França 25.000 mulheres são violadas todos os anos (1); nos EUA uma mulher é violada a cada 90 segundos (2) e uma mulher é espancada a cada 15 segundos, normalmente pelo seu parceiro ou marido (3); em Espanha, em cada cinco dias, uma mulher foi morta pelo seu parceiro, em 2000 (4).



Os dados sobre a violência contra as mulheres nos países subdesenvolvidos são alarmantes e todos sabemos como os seus direitos são reduzidos em muitos locais do mundo onde imperam valores que nada têm a ver com as fontes de que se alimentam, em especial as religiosas.
Mas assustadoras, são as estatísticas do mesmo tipo de violência em países supostamente civilizados e desenvolvidos. Como o nosso, apesar de tudo melhor que muitos do dito Terceiro Mundo e, dizem, um Estado laico.

nota:
(1) European Women´s Lobby, 2001
(2) Departamento de Justiça, 2000
(3) Estudo da ONU sobre as Mulheres, 2000
(4) Joni Seager, O atlas das mulheres
(Dados da Amnistia Internacional)


Todas as entradas de One World:

1. Pena de Morte.
2. Violência contra as mulheres.
3. Testes em animais.
4. Minas terrestres.
5. Pobreza.
6. Anima Mundi.

One World - 1


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Pena de morte
(na foto, por injecção letal, EUA)

Segundo a Amnistia Internacional,
em 2004, 3.797 pessoas foram executadas enquanto 7.395 foram condenadas à morte.

Dos países ditos "desenvolvidos", apenas os EUA e o Japão mantêm esta pena. Portugal aboliu-a em 1867.



"Se executarmos assassinos e o efeito dissuasor não se verificar, teremos morto uns quantos assassinos. Se não executarmos os assassinos, quando executá-los teria de facto dissuadido outros assassinos, teremos permitido a morte de umas quantas vítimas inocentes. Prefiro de longe arriscar a primeira. Isto, para mim, não é uma decisão difícil."

"If we execute murderers and there is in fact no deterrent effect, we have killed a bunch of murderers. If we fail to execute murderers, and doing so would in fact have deterred other murders, we have allowed the killing of a bunch of innocent victims. I would much rather risk the former. This, to me, is not a tough call."

John McAdams - Marquette University / Department of Political Science

nota:
Em 2004, dos 59 condenados à morte executados nos EUA, apenas um, James Neil Tucker, foi electrocutado. Todos os outros foram mortos pelo método da injecção letal.
Na China foram executadas 3.400 pessoas. No Irão, 159. Na Arábia Saudita, 33. No Egipto, 6.
(Dados da Amnistia Internacional)

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1. Pena de Morte.
2. Violência contra as mulheres.
3. Testes em animais.
4. Minas terrestres.
5. Pobreza.
6. Anima Mundi.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Complete Idiot's Guide no. 7


Lista completa
de Complete Idiot's Guides d'A Sombra

algures na coluna da direita
8





"A oportunidade conferida pela estranha polémica dos cartoons sobre o profeta Maomé", que deu assim uma hipótese "de nos solidarizarmos com uma nação mais rica, mais culta, mais protestante, e mais alta que a nossa."

(Rui Zink in Público, 10/02/2006, sobre a manifestação junto à embaixada da Dinamarca, em Lisboa)

Entretanto chegou o Rato, sim, esse Vasco, e exclamou, ofegante:
- É pá! Só trinta gajos? - e acrescentou, perante o franzir de sobrolho de Maria Filomena Molder - E gajas, desculpem.
- Poucos mas bons. - revidou Zink, um pouco pálido de ter de respirar o mesmo ar do Rato.

Regra única: Vale tudo, mas mesmo tudo!

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Beauty and the Beast...


Uma pausa. Um som. Reler. Posted by Picasa



Nusrat Fateh Ali Khan & Peter Gabriel
Taboo - NBK
6

Twilight Zone

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Para quem tinha dúvidas sobre o porquê desta explosão de raiva no mundo islâmico só ter surgido meses após a publicação dos cartoons dinamarqueses - e se a revolta é instigada ou não - fica uma reprodução do jornal egípcio Al Fagr, de Outubro de 2005, com a exacta impressão dos ditos, para muçulmano ver.

Ouviram falar de distúrbios no Cairo, em Outubro do ano passado?
Nem eu.
Welcome to the Twilight Zone.


nota:
Ver a fonte desta informação aqui! e aqui!

nota 2:
Isto não significa que não se tenha de ter em conta como funciona o mundo árabe, muito pelo contrário! Pretender que isto é desculpa para grandes manifestações de apoio à irresponsabilidade e estupidez de alguns e à defesa do "mundo livre" é perigoso. Para já não dizer criminoso.
Atirar gasolina para o fogo é tudo menos inteligente.

Madagáscar






Now in a blog near you!
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O Islão é o problema.

No seu artigo de sexta-feira passada (eu sei, eu sei... passou-me), "O islão é a solução?", a sionista Esther Mucznik explica, rendida à evidência:

(quote)
Será correcto incentivar a organização de eleições livres, quando se sabe à partida que elas darão a vitória às forças islamistas (1), cujo código genético é violentamente antiocidental? Quando se sabe à partida que, do ponto de vista do integrismo islâmico, "o islão é a solução", significa no essencial a substituição da lei dos homens pela lei divina, a sharia, e não a promoção da democracia e da liberdade, nem dos fundamentos de um Estado de direito? A verdade é que, em minha opinião, não há outro caminho. O mundo muçulmano tem de percorrer a sua própria experiência.
(unquote)

Neste artigo, apesar de afirmar que o islamismo "tem de ser combatido sem tréguas", agora que "o nacionalismo laico não funcionou", não se vislumbra qual o papel da Europa e dos EUA nesse percurso, como se fosse possível ao mundo muçulmano fazê-lo da mesma forma que se faz uma viagem interior, um trajecto espiritual, isento de factores externos. Aliás, como de costume, Esther Mucznik fala de islamismo, mas quer dizer arabismo - um tique sionista perfeito.

Esta noção demagógica de que os árabes (é deles que Mucznik fala) devem encontrar por eles a saída do obscurantismo, enquanto o "Ocidente" o alimenta consciente (a invasão do Iraque) ou inconscientemente (os cartoons dinamarqueses), tem sido a posição oficial dos defensores da superioridade "Ocidental" sobre a civilização árabe desde 1948. Claro que a nossa superioridade é evidente, enquanto sociedades ocidentais amantes dos direitos humanos, da liberdade, da igualdade, da fraternidade e de todas essas coisas bonitas que se mantêm presas aos papéis em que foram escritas (não vão magoar alguém). E, muito importante, na fotografia da carta de condução das mulheres "ocidentais" consegue ver-se o rosto da condutora (sem ironias). Pormenores à parte, por muito importantes que sejam, o facto é que, em termos de desenvolvimento geral, a civilização árabe parou no tempo, fruto da islamização do Estado, por sua vez fruto da acção europeia, primeiro, norte-americana, depois, e israelita, por último.

Reconhecer uma mudança de atitude com a retirada israelita de Gaza e a vitimização de meia dúzia de colonos na Cisjordânia não está em causa; é evidente. Tomá-la por algo que não é, esse sim, é o problema. A soberba sionista sempre existiu, indisfarçável nos seus pequenos e reveladores tiques, como o apontado acima ou o subliminar "(...) na insensata esperança de vencer Israel através da violência (...)" - destaque d'A Sombra, também no texto de Esther Mucznik, e a duplicação de Telavive em Jerusalém continua a bom ritmo. Lá chegará o dia em que a proporção de judeus e árabes na Cidade Santa será de tal ordem (e aqui a demografia é manipulada, claro) que se tornará um verdadeiro disparate dividir a cidade, muito menos cedê-la aos palestinianos.

A solução de um só Estado, a única que permitiria a real convivência entre judeus e árabes (perdoem-me o uso destas denominações, mas são as mais directas e claras, embora imprecisas), é um mito. Esgotou-se quando nasceu o Estado de Israel, vítima da soberba sionista. Curiosamente, o filme que formou a opinião pública norte-americana (em especial, mas não só) contra os palestinianos em particular e os árabes em geral, "Exodus", de Otto Preminger (1960), pode ser hoje considerado anti-sionista!

Resta, como sabemos, a divisão em dois Estados. Mas não por muito tempo.
Tendo em conta aquilo em que Israel se transformou, o seu processo de autodestruição é inevitável. O desaparecimento do Estado de Israel é irreversível, não só como o conhecemos hoje, mas totalmente, incluindo a sua denominação; também não faz sentido, numa perspectiva muito diversa, mas análoga, chamar Gaia à junção do Porto com aquela cidade. Se hoje se "negoceiam" condições de convivência entre dois Estados rivais, amanhã um deles será engolido não pelo outro, mas pela inevitabilidade geografico-demográfica que é depender de uma população cuja componente judaica que mais cresce é social e militarmente inútil e em que a componente árabe é cada dia que passa mais significativa e ascendente, embrião de uma quinta coluna temível que, se chamada a lutar, dilacerará Israel por dentro, como um cancro fulminante.

Israel, assim, transformar-se-á em outro algo, como se transformaram, com as devidas diferenças, Hong Kong e Macau. O paralelo com a China torna-se mais claro se imaginarmos os chineses continentais como palestinianos e os da Formosa como israelitas. Só que não é um muro de cimento que transformará Israel numa ilha. Ironicamente, a solução francesa para o problema judaico, Madagáscar, garantiria a sobrevivência de um Estado judeu ad eternum, mas era uma utopia. A tal "insensata esperança" dos palestinianos em vencer Israel militarmente é igual à da China anexar Taiwan. A causa é a mesma: o fiador de ambos, os nucleares EUA.
Mas a geografia e a demografia são umas cabras. Taiwan é estanque e não depende da China para nada; Israel, por mais altos os muros que construa, não é; além de que tem a infiltrada a cada vez maior população árabe, como um tumor que nunca conseguirá extirpar. A sua permeabilidade ao mundo árabe é impossível de controlar, por mais leis xenófobas e racistas que o "democrático" Knesset aprove. Um dia, a cabra da geografia e a cabra da demografia irão submeter Israel (uma expressão fantástica!) e o Estado judaico deixará de existir.

Talvez então os judeus espalhados pelo mundo entendam que não fazem parte de outro Eretz Israel que o espiritual, esse sim indestrutível e sagrado, e que a diáspora é um mito, retomando o lugar que lhes compete: o de cidadãos do mundo, como todos nós deveríamos ser.

Rui Semblano


nota:
"O Islão é a solução" foi o slogan da campanha eleitoral do Hamas.

nota 2:
Qualquer judeu que não reconheça o real processo de estabelecimento do estado de Israel na Palestina e se recuse a admitir como válidas as inúmeras resoluções da ONU que o condenam (o processo, evidentemente) é um sionista.
Devemos chamar os bois pelos nomes, embora não se trate de um boi no caso de Esther Mucznik, obviamente.


(1)
Penso que Esther Mucznik queria dizer islamitas ou islâmicas.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Zionot



O repto que fiz n'A Fábrica foi aceite.
A resposta do Armando Ésse, em e-mail,
indica a Lusa como fonte das declarações
transcritas na sua entrada de um comunicado
da Reuters. (Come again?) Mas era esperado.

Se existem, porém, interpretações mais soft
das provocações de Mahmoud Ahmadinejad
eu não as conheço. O que esperar do Irão?


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Em última análise, Mahmoud Ahmadinejad mais não fez do que ir buscar as palavras do Ayatollah Seyyed Ruhollah Khomeini (lembram-se dele?), mas isso é o mesmo que ir buscar as palavras de Adolf Hitler em lugar de usar as próprias. Para grande parte da população islâmica de todo o mundo, "riscar Israel do mapa" não é um eufemismo; "riscar os palestinianos do mapa", aliás, também não o é para muitos judeus. Quanto a revisionismos, temos muitos e maus exemplos em todo o mundo, islâmico ou não.
Não são, portanto, ideias novas e não há, de facto, novidade nenhuma nas palavras de Mahmoud Ahmadinejad; o que há é a possibilidade de se tornar presidente de um país com capacidade nuclear - entenda-se "militar". Esse é o real problema.

Em 1973, parece ter ficado demonstrado, Israel esteve a um passo de usar a arma nuclear contra a Síria e o Egipto, durante a guerra do Yom Kippur. Confrontado com uma derrota que pusesse em causa a sua existência, não tenho dúvidas de que Israel usaria armamento nuclear. Não me agrada a demagogia de Fernando Rosas, mas sou obrigado a admitir que tem razão quando pergunta o que nos faz pensar que Israel nuclear é mais confiável que o Irão nuclear (Público, 08 de Fevereiro 2006, "O Irão e o Nuclear"). A resposta está na natureza da confiança. Desde a Guerra Fria que o Ocidente confia no juízo dos EUA em matéria nuclear; uma confiança cega, de acordo com o antigo secretário da Defesa de Kennedy e Johnson, Robert Mcnamara, para quem a resolução da crise dos mísseis de 1962 se ficou a dever a pura sorte. Essa confiança, cega ou não, é o que nos leva a entender um aliado nuclear dos EUA confiável e a desconfiar de um seu inimigo com a mesma capacidade, ainda que potenciais (inimigo e/ou capacidade).

O que eu não vi, nem ninguém, foi aproveitada a oportunidade de início de abertura proporcionada pelo antigo homem forte iraniano, concorrente de Mahmoud Ahmadinejad nas últimas eleições, Ali Akbar H. Rafsanjani, que foi perfeitamente ignorado pelos EUA (e pela Europa). Mahmoud Ahmadinejad já não sofre o mesmo tratamento; não só não é ignorado como é trazido para a ribalta em cada comunicado da Casa Branca relativo ao Médio-Oriente. Mais uma vez, apetece perguntar se não será este radical um sonho tornado realidade para os neocons do "New American Century", que sempre advogaram o estabelecimento de um controlo efectivo sobre o ouro negro, os seus produtores e distribuidores estratégicos, especialmente no Médio-Oriente. (1)

No Irão, até aqui relativamente cooperante com os EUA (não esqueçamos que é o único travão a uma revolta shiita no sul do Iraque e à desordem completa no Afeganistão), a subida de tom nas provocações aos EUA, à Europa, enfim, às Nações Unidas, tem por objectivo demonstrar essa realidade.
De facto, a mera possibilidade de controlar efectivamente a situação no Iraque e no Afeganistão - o controlo real é um embuste; nunca interessou aos EUA - passa pelo Irão. É sobre isto que Mahmoud Ahmadinejad realmente fala ao dizer que o Ocidente precisa muito mais do Islão que o contrário. Na essência, é de controlo energético que fala, naturalmente - o único controlo que os EUA procuram deter no Médio-Oriente, aliás, esse sim efectivo. (2)

A perversidade da situação, porém, é de tal ordem que me vejo forçado a concordar com a opinião de que o Irão de Mahmoud Ahmadinejad armado nuclearmente é um perigo. É no motivo que conduz a esse perigo que discordo; isto é, Mahmoud Ahmadinejad não é um maluquinho que vai bombardear Israel com a primeira bomba nuclear que conseguir produzir, mas é um fanático que pode bem ser manobrado nesse sentido - inclusiva e principalmente pelas reacções dos que temem que tal coisa venha a suceder.

Não se compare o incomparável.
Mahmoud Ahmadinejad não é Adolf Hitler e Vladimir Putin não será Neville Chamberlain. A História não irá repetir-se tão cedo, precisamente por ser demasiado cedo. Ninguém encostou os alemães à parede; a Alemanha prosperava e todos queriam relacionar-se com ela entre 1936 e 1938. Mesmo após a invasão da Checoslováquia não sofreu sanções significativas (para não dizer nenhumas) e todos procuraram um entendimento real e a não agressão.
Hoje, todos procuram agir contra o Irão, um país pobre e subdesenvolvido, cuja riqueza em petróleo mais pára nos bolsos de alguns ocidentais do que contribui para o avanço do país.

Hitler era como um pastor-alemão admirado e afagado por todos, que um dia resolveu morder a mão que lhe estendiam, sem que quem a estendeu tivesse feito algo para isso. Mahmoud Ahmadinejad é como um tigre acossado por todos e encurralado, em que ninguém quer tocar e de que todos têm medo.
A pressão, se não cessar, tornar-se-á insuportável e conduzirá a um ataque desesperado do animal que, então, será abatido. E o pior é que é exactamente isto o que se pretende. Resta saber se vai ser conseguido. E a que custo.

Rui Semblano

nota:
Gostava de conhecer o teor dos contactos mantidos entre Israel e os EUA relativamente ao Irão de Mahmoud Ahmadinejad. Aposto que são de natureza bastante diversa dos que surgem nos jornais. É que Israel, por sua culpa, está impossibilitado de dialogar directamente com o Irão (mesmo secretamente), o que torna uma situação desagradável num dilema trágico.


(1)
Saddam Hussein era aliado dos EUA e mantinha o Golfo em respeito (incluindo o Irão). Quando começou a inebriar-se com o seu poder, os EUA usaram-o para se estabelecerem na Arábia Saudita e no Koweit. Quando decidiu indexar o seu petróleo ao euro, arrastando consigo a OPEP, foi cilindrado.
Em 1991, os EUA não acabaram com Saddam Hussein para evitar o que hoje sucede e porque, ingenuamente, acreditaram que poderiam controlar a besta que haviam fabricado à distância. Ao completar a estrada para Baghdad, dez anos depois, mostram que não assistirão impávidos aos desafios de ninguém à sua supremacia, especialmente da Europa, pouco lhes importando o preço.
A questão do preço é, aliás, enganadora, pois os custos da actual guerra e a sua repercussão na economia dos EUA são diametralmente opostos aos lucros das companhias petrolíferas norte-americanas e ao impacto da guerra nas suas estruturas. Demagogicamente, o presidente G. W. Bush vem alertar para os perigos e malefícios da sobredependência dos EUA em relação ao petróleo (o árabe, em particular), mas se compararmos a preocupação das petrolíferas com a guerra no Iraque à que as mesmas demonstraram quando do Katrina, percebemos que algo está errado, ou melhor, que algo estava há muito preparado e muito bem planeado, na eventualidade de um conflito com o Iraque (e o Irão) acontecer.

(2)
Veja-se como tudo o que as tropas da "coligação" no Afeganistão se limitam a fazer é defender as rotas e pipelines de distribuição de combustíveis, não se empenhando em estabilizar e, consequentemente, deixar o país.



nota post(erior):

Armando Ésse, o proprietário d'A Fábrica que motivou esta entrada, comentou-a via e-mail. Aqui fica o seu comentário, na íntegra. Reprodução autorizada pelo autor.

(quote)
Muito bom post.
A atitude de desafio por parte de Mahmoud Ahmadinejad nos últimos tempos, é uma atitude de quem está consciente que os Estados Unidos não têm capacidade financeira e orçamental para fazer uma intervenção unilateral, juntando a isto, uma opinião pública americana que não dá, neste momento, grande espaço de manobra à Administração Bush. E só esta limitação financeira da parte dos EUA é que faz com que a troika europeia tenha sido envolvida nas negociações com o Irão, para que se num futuro próximo houver uma intervenção ela seja financiada pela comunidade internacional.
É pena que não se possa fazer comentários, no próprio post.

Um abraço.
Armando Sousa
(unquote)

Caro Armando (e leitores d'A Sombra),

Sendo um blog editorial, A Sombra apenas se contacta via e-mail, mas todos os comunicados são bem vindos e recebem tratamento imparcial, reservado que está, naturalmente, o direito de admissão para casos mais complicados (não se trata de seleccionar opiniões, mas modos de expressão, naturalmente).

Rui Semblano

Not for sale. (Yet!)


My blog is worth $11,290.80.

Not tempting enough. Add like nine zeroes and we'll talk. :)

Einschuldigung!


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Um tipo simpático, moreno e de olhos castanhos, entra num jornal e quer publicar a página inteira um manifesto devidamente ilustrado sobre a razão de ser do nazismo nos dias de hoje.
O editor, chamado para resolver o problema, ao ver tanta estupidez, incitamento ao ódio e suástica juntos num panfleto, recusa a publicação.

Então, o tipo, sempre simpático, chama-lhe a atenção para o seguinte:
- Compreendo a sua posição, mas repare, o que está em jogo não é o teor do manifesto, mas o facto de se eu não puder publicar a minha opinião hoje, amanhã será a si que esse direito é negado. É uma questão de direito à liberdade de expressão.
O editor, coçando a cabeça, olhou mais uma vez o panfleto e disse:
- Bom, se põe as coisas nesses termos...
- Claro. Nunca esperei que partilhe dos meus ideais; apenas que esteja disposto a morrer para que eu os divulgue.

E, enquanto o panfleto ia para publicar, o editor foi tomar uma cerveja com o tipo simpático. Não haveria muito a que pudessem brindar juntos, excepto... à liberdade de expressão.


A propósito de uma opinião de FJV, aqui.

Nota:
Algum dia teríamos de discordar.

Backtracking n. 4/06

A propósito de uma entrada de Armando Ésse (A Fábrica) que, citando a agência Reuters, fala de um concurso de caricaturas lançado por um jornal iraniano com o tema "O holocausto e os crimes dos EUA", mencionando as afirmações atribuídas a Mahmoud Ahmadinejad de que o holocausto é um mito e que Israel deveria ser riscado do mapa. A entrada termina assim:

(quote)
Tenho a certeza que ninguém na Europa vai queimar bandeiras iranianas, nem fazer manifestações contra a caricatura vencedora. Ainda bem que nos vão dar mais esta oportunidade para mostrar a nossa superioridade.
(unquote) - Destaque d'A Fábrica.

O repto que lhe deixei foi este:

(quote)
Caríssimo,

Um desafio à sua superioridade:
A identificação da fonte da transcrição que faz das afirmações de Mahmoud Ahmadinejad (o mito do holocausto e riscar Israel do mapa).
Cá o espero.
À Sombra, naturalmente.

Um abraço,
RS
(unquote)

Aguardemos.
E esperemos que a resposta não seja "Reuters"! Please!...

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Complete Idiot's Guide no. 6


Lista completa
de Complete Idiot's Guides d'A Sombra

algures na coluna da direita
8





"Any advocacy of national, racial or religious hatred that constitutes incitement to discrimination, hostility or violence shall be prohibited by law."

(in UN Covenant on Civil and Political Rights, Artigo 20, n. 2)

Os limites à liberdade de expressão sempre existiram, desde que tal conceito existe.
Advogar a liberdade de expressão sem limites é sinónimo de libertinagem.
Ver tantos neoliberais armados em anarquistas convictos daria para rir, se não fosse tão trágico e...
Perigoso.

Regra # 1: Niilistas! Saí dos armários!
Regra # 2: É proibido proibir.

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Help me brain



















Depois de inúmeras declarações de "Não sabemos se Osama Ben Laden está vivo", o próprio Osama decidiu enviar uma mensagem a G. W. Bush, escrita pelo seu punho, para confirmar que ainda estava na jogada. Bush abriu a carta e esta parecia conter uma simples linha de texto codificado:

370HSSV-0773H

Bush ficou estupefacto e enviou a mensagem para Condi Rice.
Condi e os seus ajudantes não perceberam meia e decidiram ir ao FBI.
Ninguém no FBI conseguiu resolver o enigma e foram à CIA e depois à NSA.

Sem fazer a mínima ideia do que aquilo queria dizer, resolveram pedir ajuda aos britânicos do MI-6.
Um minuto após o envio da mensagem para Londres, receberam a resposta dos serviços secretos de Sua Majestade:

"Digam ao presidente que está a pegar na carta ao contrário."

(piada cortesia de Ivan Roberto)

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segunda-feira, fevereiro 06, 2006

The spit




















As horas passadas em voo desde a Alemanha esbateram-se à abertura da porta do 737 que partilhara com cento e sessenta companheiros, parte da força que integrava e que regressava após um ano de comissão no Ultramar.

A hospedeira, loira, os olhos de um azul irreal que faziam escurecer o do seu uniforme, aguardava que saísse, mas ele ficou a olhar a luz projectada nos cabelos dela, levemente ondulados da brisa quente que entrava pela porta aberta que o esperava. Atrás dele, os seus companheiros esperavam um gesto, como tantas vezes haviam feito, em outras circunstâncias.
Estava na frente. Bastar-lhe-ia uma indicação e todos se protegeriam e assumiriam as posições correspondentes; de cobertura, de ataque; de espera... O halo de calor que se concentrava na saída da aeronave começava a infectar o ar condicionado. Que temperatura faria lá fora? O alcatrão da pista devia estar a ferver... Como a areia que deixaram para trás. Aquele momento durava uma eternidade, pois ele não conseguia ver naqueles cabelos loiros acariciados pelo vento suave e quente aqueles outros, morenos, embalados pelo mesmo vento, quem sabe, mas tão diferentes... Talvez estivesse na vitalidade, a diferença.

Alheou-se desse pensamento e, colocando os Ray-Ban, deu o primeiro passo. Não se deteve junto da jovem loira, que lhe desejou as boas-vindas... O sol bateu-lhe no rosto e, no mesmo instante, uma banda começou a tocar uma marcha de John Philip Sousa, "The Invencible Eagle". Iniciou a descida das escadas, seguido dos seus camaradas. Via a banda dos Fuzileiros, os políticos de ocasião, as famílias que acenavam, o povo em fundo. Recordava-se das imagens da chegada dos militares do Extremo-Oriente, nos anos sessenta. Sabia que podia repetir-se. Estava preparado para isso. Era um fuzileiro.

Não havia ninguém à sua espera; a sua família era o Corpo de Fuzileiros. Atravessou a pista na direcção da massa ululante, mantendo a calma. E então percebeu. Não eram insultos. Aquela multidão ovacionava-o. Ao passar por entre ela, verificou que o queriam tocar, que lhe davam palmadas nas costas e lhe esticavam as mãos para o cumprimentar, como se fosse uma estrela pop... Estavam em delírio.

Um tipo gordo, com ar de quem teria sido defesa central na sua juventude, quebrou a barreira que o separava da populaça e dirigiu-se a ele, sorridente, com uma revista numa mão e uma esferográfica na outra. Esfuziante, pediu-lhe para assinar a página em que a revista estava aberta. Tinha impressa uma caricatura de Maomé com um turbante em forma de bomba. Fora por aquele desenho que ele fora para o Ultramar. Fora por ele que perderam a vida tantos dos seus amigos e que matara tantos outros que nunca teriam a hipótese de o ser. Fora por ele que aqueles cabelos negros ondularam sem vida, ao vento do deserto.

Retirou os óculos de sol, olhando nos olhos o homem que não parara ainda de sorrir.
E cuspiu-lhe em cima.

Rui Semblano

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Shit for brains


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Soldados cristãos na vanguarda da
defesa do direito à liberdade de expressão.
God bless them.




Realmente, talvez valha a pena continuar a martelar neste assunto até que alguém se chateie valentemente e decida assumir que o choque de civilizações é uma realidade e aja em conformidade.
Já se começaram guerras por coisas piores e, além disso, estou certo que todos os que defendem a liberdade de expressão não se importariam de ir, ou de mandar os seus filhos, defender esse direito para os confins da Arábia ou da Indonésia.
Afinal de contas, os bonecos merecem.

RS

Stolen.


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Sorry, Paul.
Seahawks 10 . Steelers 21 (NFL)

(It's 3:20 and I'm up by 7... Must be out of my mind!)


nota:
Outro choque tecnológico.

domingo, fevereiro 05, 2006

Chocante...

O choque tecnológico atingiu-me na passada sexta-feira.
Resultado: Uma motherboard novinha... A antiga "assou".

Vai daí, ontem não editei nadinha.
Ainda pensei que o Fabien... Mas não.
Depois do último sarcasmo ficou introspectivo. Encore!...