quinta-feira, setembro 04, 2003

Crónicas d'O Falcoeiro . II


Sobre o Islão em Portugal.

A propósito dos interessantes artigos publicados no Público (Cultura, p. 34 e 35, 31Ago2003). Um memorando assinado por Lucinda Canelas, com o concurso de Cláudio Torres, director do campo arqueológico de Mértola; memorando pois mais não faz que recordar o que hoje todos deveríamos saber, quando seria de esperar que o manto da "herança romana" (e românica!) deixasse de cobrir quase tudo o que ao Islão diz respeito neste país.

Ainda assim, apesar da bem ilustrativa afirmação "Geo-historicamente, o Islão corresponde ao Mediterrâneo. Só vai até onde chega a oliveira.", o mapa publicado junto com este artigo ("O Islão em Portugal") apenas abrange o território português do Algarve até às Beiras, quando o al-Andalus ia muito além de Alfaiates - para Norte (ver Panorama n. Zero, Boassas - Uma aldeia de fronteira no Garb al-Andalus. Cinco Séculos de esquecimento. por Manuel da Cerveira Pinto).

Apesar disso, fico satisfeito ao ver este tema merecer este destaque num jornal como o Público, contribuindo para o desfazer deste equivoco. Existem mitos que servem fins muito pouco recomendáveis. O da "invasão" da Península Ibérica pelos "mouros" é um deles. Acabe-se com ele.
E comecemos a olhar as oliveiras com outros olhos.


Falcoeiro, Alvaiázere (topónimo árabe original al-Baiaz)

(edição: Tomar; publicação: Porto)

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