sexta-feira, dezembro 30, 2005

Factos de 2005 - II - Superpotência e Prepotência


Domingo, 28 de Agosto de 2005.
A única superpotência do planeta Terra preparava-se para dar a uma das suas maiores prepotências uma lição de humildade.
Terá sido suficiente?

Entrada actualizada abaixo. Posted by Picasa

Um furacão de intensidade 4 (ainda persistem dúvidas quanto à intensidade que o Katrina tinha quando atingiu a Costa Sudoeste dos EUA, se 4 ou 5) abate-se sobre áreas densamente povoadas de um dos países mais desenvolvidos do chamado "mundo Ocidental" e o que acontece?

Quando a Tsunami (feminino, como em ONDA!) atingiu a Ásia, há um ano, a comunidade internacional reuniu esforços para minimizar os efeitos da catástrofe. Pela primeira vez em muitos anos, os EUA, por exemplo, mobilizaram meios militares de grande envergadura para fazer chegar a ajuda a milhares de vítimas do desastre, fazendo-nos pensar que, finalmente, vale a pena ter meios desse tipo disponíveis para atender a estas emergências, seja sob a bandeira da ONU ou do próprio país; a bem dizer, aos que necessitavam de água em Aceh, pouco importava que os helicópteros que a traziam ostentassem insígnias das Nações Unidas, do USMC ou do que quer que fosse. O mundo juntou-se como nunca (mesmo contando com o 9/11/2001) e a resposta foi pronta e a melhor possível. Apesar disso, a dimensão da tragédia foi de tal ordem que, ainda hoje, os seus efeitos se fazem sentir.

Na altura, no Mississipi, os norte-americanos viam os desafortunados asiáticos na FOX e na CNN e agradeciam aos céus pelo poderio dos EUA que, felizmente, podia minimizar o seu sofrimento. Mal imaginavam que, oito meses depois, seria a vez deles.

E o que sucedeu? Todos sabemos. Não vou estar aqui a mencionar tudo o que devia funcionar que não funcionou, nem tudo o que devia ter sido previsto que não foi (e não por falta de aviso), nem o responsável máximo pelo serviço de emergência norte-americano, nomeado por G. W. Bush, que percebia mais de cavalos árabes que de seres humanos... O que sabemos é que falhou tudo.

A dita "maior superpotência", a "única superpotência", à face da Terra, foi incapaz de lidar com uma catástrofe natural no seu próprio solo. Só os tolos se surpreenderam com tal coisa. Fossem a dobrar os meios de que os EUA dispõem para lidar com fenómenos desta natureza e os resultados seriam os mesmos ou piores. Porquê?

Porque o ser humano, seja norte-americano, saudita, japonês ou português, acha que pode controlar tudo em seu torno; que é omnipotente. Nada mais falso.

Não vamos cair na asneira de dizer que o Katrina foi um acto divino; que foi "encomendado" a Alah pela Al-Qaeda, que puniu New Orleans pela sua conduta devassa e ímpia. O Katrina foi, simplesmente, um fenómeno natural de escala maior, para o qual os seres humanos não estavam preparados. Com os constantes atropelos e desrespeitos à conservação da natureza e do equilíbrio natural do meio ambiente, o clima vai ficando cada vez mais imprevisível. O simples facto de se terem acabado os nomes de código para os furacões e tempestades é sinónimo disto mesmo; o clima está a mudar radicalmente. Kyoto deve ser assumido como prioridade.

Depois do Katrina, o que fazem os EUA? Permanecem cépticos; afirmam que está por provar que as emissões de gases nocivos à atmosfera são a causa destas alterações climáticas (uma contradição de termos capaz de nos fazer ir às lágrimas, de desespero, não de galhofa!). Em suma: não aprenderam nada.

A isto se dá um nome: Prepotência.

Quanto a Superpotências, estamos esclarecidos; só existe uma, à face da Terra. E que POTUS (*) se cuide. Um dia, o céu pode bem cair-lhe em cima da cabeça...

Rui Semblano

(*) POTUS: President Of The United States

Outros factos de 2005, n'A Sombra:
Factos de 2005 - VI - Nuclear? Depende, obrigado.
Factos de 2005 - V - Paris já está a arder?
Factos de 2005 - IV - Have a smoke...
Factos de 2005 - III - Gitmo
Factos de 2005 - II - Superpotência e Prepotência
Factos de 2005 - I - Dresden 13.02.1945

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