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País Relativo, os blogs recomendados surgem divididos em tipos, método, aliás, utilizado pel'A Sombra. Só que, diferentemente, os grupos são identificados por tendências políticas ("a direita", "a esquerda" e "para além da direita e da esquerda"), o que me colocou uma questão: se tivesse optado por esta estrutura, n'A Sombra, onde nos situaria? Em "para além da esquerda e da direita"?
Inevitavelmente, a codificação usual das tendências aplicou-se à blogosfera e a partir de dentro, a julgar pelos arquivos dos blogs mais antigos, prova inequívoca de metabloguismo. A presença de bloggers como JPP (Abrupto) ou de blogs inequivocamente alinhados como o Blog de Esquerda, contribuiu para a estratificação verificada, mas ainda que não fosse assim, isso seria inevitável, infelizmente.
Muito se disse (e continua a dizer) sobre o "fim da esquerda", como se esta tivesse ficado soterrada nos escombros do muro de Berlim, e a reacção não se fez esperar, pela aparição de estruturas mais ou menos institucionais "à esquerda da esquerda". Em Portugal, o Bloco é o exemplo acabado desta reacção, mas a memória não perdoa a triste "dança das cadeiras" ocorrida na Assembleia da República quando da estreia dos deputados do BE no parlamento (nem a premonitória "quase eleição" de Louçã para o Parlamento Europeu), e isso disse tudo.
Em política, desde a Revolução Francesa, estar "à direita" ou "à esquerda" parece obrigatório. A aparição do "centro" não veio trazer nada de novo, traduzindo-se, a maior parte das vezes, em formações mais "à direita" que a própria "direita", além do irónico "centro-direita", como caracterizando as que, supostamente, se aproximam da "esquerda" estando "à direita". Resta o "centro-esquerda", que identifica as que, "à esquerda" de raiz, se aproximam da "direita", criando outra subclasse. Confuso? Nem por sombras...
Como resultado, tudo o que sai fora deste esquema é considerado perigoso, subversivo... Estranho. Os que ousam libertar-se das grilhetas dogmáticas são apelidados de tudo, desde nepotistas a loucos, e ora são reaccionários, ora libertários, conforme o que dizem não agrada a um ou a outro sector.
A Sombra, ao assumir-se independente, por exemplo ao criticar com igual vigor palestinianos e israelitas, não será excepção. Para facilitar, e por definição, haveria que classificar este Blog como puramente reaccionário. Proactivamente reaccionário.
Assim vamos esperando por Godot. À sombra, naturalmente.
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