Cotton Net & Cairo Sunset

Art of Noise - Moments in Love (Sexual Mix)





Quando A Sombra começou, não existiam ferramentas de verificação tão completas como hoje, nomeadamente no que toca aos comentários, e os blogs mais procurados eram mantidos por anónimos polémicos - O meu pipi e o Muito Mentiroso. O anonimato é um atributo precioso da Web, mas uma lâmina de dois gumes. Optei, então, por assumir a minha identidade real, com tudo o que isso implica; já publiquei textos em que acusei notórios membros da nossa sociedade de actos graves e ainda estou à espera dos processos. Optei, também, por não ter comentários activos, servindo o e-mail de ponte entre os leitores e A Sombra. Não me agradava a profusão de anónimos e de insultos gratuitos que então existiam nos comentários de outros blogs. Hoje, a situação pouco mudou, mas os meios técnicos são melhores.

A Sombra tem agora os seus comentários activos, mas nunca foi nem será "a casa da tia" e não são admitidos comentários anónimos - não apenas os que não são registados, mas também os que são feitos recorrendo a pseudónimos fantasmas, isto é, criados para comentar anonimamente, mas sem correspondência com um e-mail ou um site ou blog. Claro que um simples leitor, que não tem obrigação de ser um blogger ou ter um site, pode sempre comentar com recurso a um mero e-mail, mas é muito fácil determinar os que usam este subterfúgio para a canalhice e os que são meros visitantes ocasionais, sem laços fixos na Web.

Existem alguns blogs, porém, que não se dão ao trabalho de filtrar os comentários, permitindo que, a par de verdadeiros anónimos (o bom sentido), neles se insiram os anónimos fantasmas (o péssimo sentido), por vezes assumindo identidades que não são as suas. Certo que cada um faz o que quer e que é muito bonita essa história da liberdade de expressão ilimitada e tretas do género, mas termina esta permissividade por ser negativa, precisamente por passar de liberdade a libertinagem muito depressa.

Isto tudo a propósito de uma já célebre entrada de Vasco Pulido Valente (vpv) n'O Espectro, intitulada "Uma 'Santanete'", que já ultrapassou os 200 comentários (ao estilo do velho O meu pipi, portanto). Não há fumo sem fogo e logo vi que não podia ser coisa boa. E não era. A entrada de vpv, aliás publicada por Constança Cunha e Sá (CCS), é dedicada "com muito amor" a Clara Ferreira Alves, e é um sublime exemplo de pura peixeirada.
Se, de facto, o que acredito, foi vpv e não CCS a escrever semelhante coisa, o contraste com a entrada anterior de vpv, aliás publicada no Público, "Não fui feito para isto", não podia ser maior. Nem está em causa a própria Clara Ferreira Alves, que não é para aqui chamada; o que está em causa é a quantidade e a qualidade da maior parte dos duzentos e tal comentários, a maior parte dos quais escrito por fantasmas. Uma assombração, portanto.
Algo que, apesar de assombrado, jamais sucederá n'A Sombra, quer no que toca ao estilo "peixeiro" da entrada quer no que diz respeito aos comentários respectivos.

Chamem-lhe censura ou o que quiserem.
E quem não concordar com esta postura que se identifique, para lhe mandar a casa uns quantos anónimos para jantar com a família. À conta da liberdade de expressão, naturalmente.

Rui Semblano

nota:
Os puristas que me desculpem, mas "Cotton Swab & Cairo Sunset" não tinha sonoridade nenhuma.
Hence the mix (sexual, if you will).