4º Prémio Amadeo de Souza-Cardoso
Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso (MMASC)
Amarante - 13Set2003 a 02Nov2003
Vista a selecção exposta no MMASC, o que pensar?
Em primeiro lugar, dada a qualidade dos trabalhos expostos, que nem tudo vai mal na Arte em Portugal. Podia sempre ser muito pior, pelo que não faz sentido ir por aí. Mas faz sentido fazer algumas perguntas.
Porque motivo nomes como António Drumond, António Quadros Ferreira ou Jaime Isidoro, entre outros, concorrem a este prémio?
Recorda-me a dúvida sentida perante a
notícia inicial do DN, que entregava o prémio deste ano a Júlio Pomar. A procura de novos valores é incessante, mas inclui a procura de mais valor em valores já confirmados? Ou não serão eles valiosos que baste?
Que a escultura tenha lugar neste prémio é razoável, mas a fotografia? E a serigrafia? Os processos mecânicos como método de realização artística são considerados ao nível da pintura e da escultura? Em 2005, posso concorrer com uma impressão digital de um trabalho feito em Photoshop? É que não percebo nada de pintura, mas a minha impressora percebe.
(E, sendo assim, em caso de prémio, é ele para mim ou para a Adobe ou para a Hewlett Packard?)
E como é possível que uma obra vencedora, a de Ana Vidigal, seja apresentada com evidentes sinais de deterioração e estrago? A artista sabe? Foi ela que estragou? Foi o museu? Foi por isso que ganhou? Porque já lhe teriam de pagar a peça de qualquer modo?
E como se explica a impressão de apenas 500 exemplares do catálogo da exposição? E como se explica que não esteja um único disponível para consulta, não existindo outro modo de o visitante conhecer os artistas em presença? Tem de comprar o catálogo? Estarão à espera de 500 visitantes? Perdão! 500 não! 140 catálogos são para os artistas (2 a cada), pelo que só 360 felizardos (com possibilidade de dar os 25,00 € que ele custa) conhecerão o percurso dos autores dos trabalhos expostos - partindo do princípio que a organização não oferece nem mais um exemplar a ninguém! Assumo que sou elitista, mas não exageremos!
E quem era aquele pintor cujo nome aparecia junto de um tríptico mas não encontrava correspondência, nem no folheto com os artistas seleccionados, nem no catálogo?
Claro que nem só de aspectos negativos viveu esta inauguração do prémio Amadeo - esteve bem concorrida, Júlio Pomar foi um digno consagrado e a exposição de Amadeos é um gosto de se ver (principalmente os desenhos!) - mas se criticar apenas positivamente ainda acusam A Sombra de querer fazer sombra à memória do Acontece. Além do mais, um Prémio destes merecia melhor tratamento organizativo.
Postas as dúvidas, fica a sugestão:
A visita ao MMASC vale a pena. E um jantar na rua do Covelo, numa das varandas sobre o rio, também.
nota:
O tríptico que menciono acima é do meu amigo que foi seleccionado, e a organização insiste em chamar-lhe "A.R.S." (mesmo, como se fosse uma sigla daquelas usadas em Bruxelas).
Será que a palavra "Ars" não lhes diz nada?
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