Eis que, muito pior que qualquer caricatura sobre o holocausto, o embaixador iraniano em Lisboa põe em causa a dimensão deste fenómeno; notem bem: não a sua existência, mas a sua dimensão. E o que acontece?
O mundo "civilizado" indigna-se! Exigem-se explicações; apela-se ao uso da força contra um regime que é, obviamente, anti-israelita. Só não se queimaram ainda bandeiras iranianas, por ser algo mais próprio aos bárbaros que a "nós".
Mas... Um momento!
Por mais obscena que fosse a ideia transmitida pelo alto dignatário iraniano, ela não é mais nem menos que... a sua opinião. O que o senhor disse foi que, quando visitou Auschwitz e Birkenau, fez as suas contas e achou que teria demorado cerca de 15 anos a incinerar 6 milhões de pessoas.
Um disparate?
O que fez um jornal dinamarquês foi publicar uma série de caricaturas insinuando que existem mais de mil milhões de pessoas no mundo que seguem uma fé que exalta a violência e o terror.
Um disparate?
Com toda a certeza, são dois enormes disparates.
O que é curioso é como o disparate do jornal dinamarquês merece apoio incondicional dos que prezam a "nossa" liberdade de expressão ao mesmo tempo que, os mesmíssimos apoiantes dessa liberdade, repudiam veementemente o disparate do embaixador iraniano.
Afinal, em que ficamos?
Se é verdade que a pena é mais forte que a espada, também é verdade que não existe licença de porte e uso de caneta. A liberdade de expressão não é subjectiva, mas não é de borracha; não é tendenciosa, mas muito menos libertina. E cada qual pode dizer ou escrever o que bem entende, mas é responsável pelo que diz - ou então que o internem urgentemente.
Rui Semblanover: Of swords and pens...
Sem comentários:
Enviar um comentário