segunda-feira, dezembro 12, 2005

Line of fire

"Morte violenta de quarto agente num ano abala PSP"
(in Público, 12/12/2005)

A razão para o nível a que chegou a criminalidade violenta (leia-se armada) não se resume ao deficiente equipamento das forças de segurança, muito embora tal facto seja incontornável na análise do problema. Também atirar a culpa para o bombo de festa "educativo" não é razoável, apesar de, como em todas as vertentes da vida social, a educação de qualidade estar na base de uma sociedade próspera, tranquila e justa. O que pode ser feito, então, para além do óbvio empenho na educação dos jovens e no reequipamento das forças de segurança? É que nem uma coisa nem a outra vão tirar as armas aos delinquentes que já as possuem ou tão pouco os farão encarar a sociedade de modo civilizado.

Soluções de reacção, como a política Sarkozyniana, criando distanciamento entre a polícia e os cidadãos (incluindo os cidadãos delinquentes), só agravam o problema. Soluções de prevenção, como as de policiamento de proximidade em regime de assistência social, só resultam se apoiadas por unidades policiais "sombra" de intervenção rápida e eficaz; de outro modo apenas vão enxovalhar a imagem já quase desautorizada por completo do uniforme azul escuro. A solução será, em todo o caso, uma junção sensata de ambas, e não a proacção musculada do tipo "esquadrão da morte" brasileiro.

A polícia não existe para incutir o medo nas pessoas todas, nos cidadãos comuns. Quando somos abordados por um agente da polícia não devemos sentir-nos ameaçados. Mas não podemos passar daqui para a generalização (leia-se bandalheira total), em que um agente da autoridade incute menos respeito que um lixeiro. A polícia deve incutir medo, sim, e muito, mas apenas nos que têm motivos para a temer.

Resumindo: o policiamento de proximidade, de alto risco em qualquer circunstância, feito por agentes levemente armados e "em mangas de camisa", que conhecem os seus locais de giro e as pessoas que neles se encontram, só resulta em respeito pela autoridade se apoiado por agentes anónimos fortemente armados, capazes de resolver qualquer situação com o máximo de impacto e o mínimo de força no mínimo de tempo possível sem deixar rasto. E a acção destes últimos só será eficaz se a Justiça funcionar com mão pesada e impiedosa para os prevaricadores.

Se continuarmos a soltar os delinquentes que os agentes prendem, umas horas após a detenção, nem a polícia ganha respeito nem os criminosos ganham medo. A impunidade é hoje generalizada e ganha terreno. Aos que, tendencialmente, vêem em cada delinquente um "cidadão com dificuldades de integração" e aos que consideram cada agente policial um "porco fascista", lembro que quando os agentes forem subjugados pelos delinquentes seremos nós, os cidadãos comuns, que estaremos na linha de fogo.

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