No momento em que
Carlos Fino regressou a Bagdad, o que mais se leu pela blogosfera foi a condenação do seu trabalho anterior, quando esteve no Iraque durante os primeiros tempos do conflito. Disse-se, a esse propósito, que foi "subjectivo", querendo dizer "tendencioso". Daquilo que vi e li, na altura, não me pareceu nada tendencioso, quando comparado com as pérolas da Fox ou da CNN, por exemplo, ou da Al-Jazeera, para completar o quadro. Subjectivo? Com toda a certeza.
Ajudou-me a perceber o que, realmente se estava a passar, quando visto em conjunto com as outras fontes. Era um dos que estava "do lado de lá".
Como todos os jornalistas, principalmente os que estão sujeitos a condições extremas, as suas transmissões eram um reflexo de si próprio. Tendo isto em mente, pode afirmar-se que o seu trabalho foi exemplar.
O mesmo já não se pode dizer de outros profissionais portugueses que, na altura, estiveram em Bagdad. Um exemplo, tirado do meu diário de guerra pessoal, a que chamei "
Diário de uma guerra ilegal":
--- quote ---
09 de Abril - dia 22
(...)
A repórter da TVI em Bagdad, uma Carmen "qualquer-coisa", afirmava que os "colegas" da RTP (Carlos Fino e Nuno Patrício) haviam sido atacados por homens do partido Baath (!!!) enquanto que o jornalista da SIC, Pedro Sousa Pereira, que conseguiu escapar (do mesmo incidente) nada sabia e tudo se "deitava a adivinhar", como diz o povo...
Estávamos nisto quando o primeiro tanque norte-americano chegou ao hotel Palestina.
Carmen! Vira-te ao contrário!
nota:
No meio da confusão que descrevo no fim do volume I deste diário, relativa à chegada de uma coluna blindada norte-americana à zona dos hotéis Palestina e Sheraton, a tal Carmen "qualquer-coisa" falava ao telemóvel para a TVI enquanto eram postas no ar as imagens do local recolhidas em directo pela Al-Jazeera, a Al-Arabyia, a CNN, etc.
O que ela relatava já não era nada de especial, para dizer o menos, como o exemplar:
"Está um soldado americano a passar junto a mim!! Deve ser um reconhecimento!",
mas o pior foi o papel da pivot de serviço que, nos estúdios da TVI em Lisboa, guiava a emissão. Cada vez que a tal Carmen aparecia na imagem, ela interrompia-a aos gritos, como por exemplo:
"Carmen! Carmen! Estou a ver-te! Estás de costas! Vira-te ao contrário!!",
ao que a própria Carmen se mostrava incapaz de reagir antes que o cameraman
da Al-Jazeera (que se estava a borrifar para a Carmen!) mudasse de plano.
Então, inconsolável, a apresentadora da TVI em Lisboa dizia:
"Deixa lá... Já não estás na imagem. Podes continuar." (!!!!)
(...)
--- end quote ---
Prefiro o Carlos Fino, mesmo com o Rodrigues dos Santos a ouvir sirenes por todo o lado!
nota:
Claro que sei o apelido da Carmen, mas desde aquele dia não consigo chamar-lhe outra coisa que... "qualquer-coisa".
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