Dia seteEspectáculo, propaganda... Jornalismo?
Donald Rumsfeld admite que a TV e rádio iraquianas poderão tornar-se alvos a abater. O que pensarão disso os "juristas" que acompanham os militares que definem os alvos dos bombardeamentos? A verdadeira face de Washington vai surgir depressa. E se a fasquia dos mil mortos norte-americanos for atingida rapidamente, a hipótese de lançar uma nuclear sobre Baghdad vai surgir. Espero estar enganado, em causa e efeito.Quanto ao nosso "candidato a mordomo", Durão Barroso, questionado sobre o papel de Portugal no pós-guerra, tem hoje esta declaração assombrosa: "Portugal, no quadro das Nações Unidas, tem o direito de participar na reconstrução do Iraque."Fabuloso! Reorganizar e reconstruir um país através da ONU depois do fracasso desta em impedir tal atrocidade já é bastante mau, mas confundir um dever com um direito só pode ser traduzido por mero interesse económico. Mas, afinal, Durão Barroso tem mais perfil de necrófago que de predador.De novo o Pentágono, a CNN e os seus ventríloquos, dão como certo o controlo de Um Qasr e atestam que uma rebelião civil shiita, em Bassorá, foi esmagada pelo exército iraquiano, que teria mesmo recorrido à sua artilharia para o conseguir. A Al-Jazeera desmente esta informação. Veremos amanhã. O certo é que as eventuais imagens de iraquianos mortos por fogo de artilharia em Bassorá serão vistas pelos norte-americanos como resultado da repressão de Saddam Hussein, ao passo que do lado iraquiano serão consideradas como mais vítimas da barragem de artilharia da coligação sobre a cidade sitiada. (Um exército fechado dentro de uma cidade usar artilharia para abafar uma rebelião no seu interior é algo muito estranho.) O meu voto vai, desde já, para a Al-Jazeera. Quanto a Um Qasr, o Pentágono afirma que o primeiro cargueiro com ajuda humanitária vai chegar amanhã àquele porto iraquiano. A ver vamos...O 7º de Cavalaria parou a sua "cavalgada" a 70 ou 90 km (?) de Baghdad, retido por uma tempestade de areia. Pelas imagens, parecia tratar-se de um fenómeno normal, para a região, mas os jornalistas não se cansaram de repetir que era a maior tempestade de areia em anos, vá lá saber-se porquê.Entre 20 e 40 mil soldados norte-americanos - em especial o 7º de Cavalaria - estão "às portas de Baghdad", sozinhos, com uma rota de abastecimento de mais de 350 km de extensão e frente às divisões Medina e Hamourabi, da Guarda Republicana; cerca de 40 a 60 mil efectivos. Uns têm esperado o invasor a pé firme, com apoio de proximidade; os outros, há quase seis dias que marcham sem parar, quase sem descanso.Está confirmada a prisão do piloto e do navegador do Apache filmado quase intacto no solo, forçado a aterrar por avaria ou abatido por um tiro de sorte de um qualquer camponês com uma Kalachnikov... Os dois foram filmados pela TV iraquiana e parecem em bom estado. Outro Apache e um Blackhawk foram hoje dados como desaparecidos pelo Pentágono. "À conversa com Carlos Fino":Hoje, a RTP colocou o canal de vídeofone à disposição dos telespectadores, para que fizessem perguntas a Carlos Fino, em directo. Em estúdio, uma turma de um liceu lisboeta tem direito a muitas perguntas. Noventa por cento delas eram, resumidamente: "Como se está a sentir, Carlos Fino?"É demencial.RS, An Illegal War Journal, 25/03/2003
Aparentemente, a guerra não seria ganha
em "questão de dias, não semanas"...
O impacto da captura de uma tripulação de
um Apache foi muito maior que as relativas
aos soldados rasos das unidades de retaguarda.
Ronald D. Young, Jr., 26, da Georgia, esq., e David S. Williams, 30, da Florida, os tripulantesdo Apache capturado pelos iraquianos, abatidopor "um camponês com uma AK-47". Every peasant with a rifle... 25 de Março 2003.imagem: Al-Jazeera...
Amigo Rui!
ResponderEliminarLembro-me bem destes tempos e destas noticias que acompanhei com avidez na altura.
Eu fui dos que apanhei o directo do Carlos Fino, em directo, e lembro-me também desse “À conversa com Carlos fino” que refere, que foi como a maioria dos programas que se propõem responder às questões dos telespectadores.
Um abraço.
PiresF:
ResponderEliminarDas milhares de perguntas possíveis a alguém que estava a viver um dos acontecimentos mais dramáticos do século, tudo o que ocorreu àquelas alminhas foi perguntar a Carlos Fino o que sentia... Estava sempre a ver quando uma delas perguntava: "E como está o tempo aí? Tem feito muito calor?" - o que, dadas as restantes perguntas, até seria uma questão interessante...
Até breve,
RS