sexta-feira, setembro 15, 2006

5 / 911 . pergunta 5


pergunta 5:

Quem lucrou com a transacção especulativa
de valores que se realizou dias antes dos ataques
de 11 de Setembro de 2001 e em que se basearam
para arriscar essas transacções?



"(...) Também existiram alegações de que a Al-Qaeda se autofinanciara através da manipulação da Bolsa de Valores com base no seu conhecimento prévio dos ataques de 9/11. Investigações exaustivas levadas a cabo pela SEC, o FBI, e outras agências não demonstraram que alguém com conhecimento prévio dos ataques tenha obtido lucros através de transacções de títulos ou acções. (...)" (1)

"Alegações amplamente difundidas de 'insider trading' na antecipação do 9/11 têm geralmente como base uma actividade bolsista não habitual antes do 9/11 envolvendo companhias cujas acções desceram vertiginosamente depois dos ataques. Alguns movimentos de valores não usuais aconteceram, de facto, mas ficou provado que cada um deles tinha uma explicação inócua. Por exemplo, o volume de Opções de Venda - investimentos que apenas compensam quando uma acção perde valor - disparou nas companhias que controlam a United Airlines em 6 de Setembro e a American Airlines em 10 de Setembro - transacções altamente suspeitas na aparência. Porém, investigações mais aprofundadas revelaram que estas nada tinham a ver com o 9/11. Um único investidor institucional sediado nos EUA sem a mais ínfima ligação à Al-Qaeda comprou 95% das Opções de Venda da United Airlines a 6 de Setembro como parte de uma estratégia de transacções que também incluía a compra de 115.000 acções da American Airlines a 10 de Setembro.(...)" (2)

Uma das questões fulcrais numa investigação criminal, que muitas vezes contribui decididamente para descobrir o autor do crime, é saber quem beneficiou com esse crime.
No caso dos ataques realizados a 11 de Setembro de 2001, essa pergunta poderá parecer descabida, em termos de análise criminal clássica, mas uma investigação séria nunca desprezaria as pistas descobertas neste campo. No entanto, segundo recomendações superiores, da SEC (a comissão reguladora da Bolsa de Valores) ou do próprio Governo - ou até por indicações internas - o FBI deixou cair esta linha de análise. Porquê?

Nas transcrições acima estão as duas únicas referências a transacções em Bolsa que constam das 567 páginas de "The 9/11 Commission Report".
A primeira, incorporada no relatório, diz respeito à impossibilidade comprovada de a Al-Qaeda se autofinanciar com este tipo de especulação, e é incluída no subcapítulo 5.4 "A Money Trail?" (A Pista do Dinheiro? - pág. 169), referente ao financiamento da Al-Qaeda, organização a que uma grande parte deste relatório é devotado (733 instâncias em 567 páginas - uma média de 1,29 referências por página).
A segunda, impressa a letra miudinha entre as 117 páginas de notas ao relatório, diz respeito exactamente ao parágrafo transcrito do subcapítulo 5.4 (nota 130).

Enquanto no corpo do relatório se afirma que ninguém obteve lucros "com conhecimento prévio", dando a sensação que não existiram transacções suspeitas, já na letra miudinha das notas, no final do relatório, apesar de se manter a afirmação de que não havia conhecimento prévio, se afirma que foram detectados e investigados movimentos suspeitos relativos a enormes quantidades de Opções de Venda que envolviam a United Airlines e a American Airlines, as companhias aéreas proprietárias dos aviões envolvidos nos ataques de 9/11.
Mas aqui se afirma algo mais curioso: o motivo pelo qual os investigadores chegaram à conclusão que esses movimentos eram "inócuos" (sic). Esse motivo era que não havia a mínima relação entre os que lucraram com as transacções relativas à United e à American Airlines e... a Al-Qaeda. Extraordinário.

Uma Opção de Venda (Put Option) é o direito, mas não obrigação, conferido por um contrato, de venda de um determinado título a um preço e numa data especificada ou numa data anterior. Isto significa que só faz sentido investir neste tipo de transacções quando o valor das acções cai, ou melhor, quando se estima que vá cair!
Não é segredo que dois dias antes do 11 de Setembro de 2001, uma companhia ligada aos negócios de compra e venda de valores sediada nos EUA emitiu uma "newsletter" recomendando "este tipo de transacções" (sic - The 9/11 Commission Report, pág. 499, ainda na nota 130) relativas à American Airlines, no que deve ter sido a maior premonição da história de Wall Street. Segundo os investigadores oficiais (SEC e FBI), isto prova que, no que respeita aos movimentos relativos a papel da American, não havia conhecimento prévio que denunciasse "insider trading", pois a informação era pública; a dois dias apenas do 9/11, mas anterior ao 9/11. E, claro, que o facto de a United Airlines não ser mencionada na referida "newsletter" não os aqueceu nem arrefeceu. Como não os aqueceu ou arrefeceu que da "estratégia" do "investidor institucional" que comprou as acções da American Airlines referidas na dita "newsletter" fizessem parte as Opções de Venda da United Airlines movimentadas ANTES da "newsletter". Adiante.

O relatório não revela:
- Quem lucrou com as OV's da United Airlines.
- Quem lucrou com as transacções envolvendo a American Airlines.
- Quem publicou a "dica" deste tipo de transacções numa "newsletter" a 09/09/2001.
E não sabemos, sobretudo, porque carga de água é que esta gente decidiu, uns dias antes dos ataques de 9/11, tomar estas iniciativas que, por definição, são puramente especulativas e de risco considerável.

A questão é como pode ser coincidência que decisões envolvendo enormes investimentos de risco, que só dariam lucro caso o papel envolvido perdesse valor, fossem tomadas uns dias antes
do 9/11 e precisamente com companhias que foram seriamente afectadas em Bolsa pelo ocorrido nesse dia. Quem são essas pessoas?
É o que exijo saber.


Links: Ir para a pergunta 4 . Ir para o index da série



5 / 911
cinco perguntas, cinco anos depois

© A Sombra 2006

A base para esta série de entradas é constituída por
apenas duas fontes: "The 9/11 Commission Report" e
"Loose Change (2nd Edition)".
Ignoro as respostas para as cinco perguntas formuladas
ao longo desta série de entradas.
Quero respostas. Tenho o direito de as exigir.

Rui Semblano, 11 a 15 de Setembro de 2006




Fotomontagem:
"It's only money, stupid!" © A Sombra 2006



nota:
O índice completo destas entradas encontra-se usando o ícone respectivo na coluna da direita.

2 comentários:

  1. Olá Rui. Isto hoje esteve complicado, de manhã todos os blogs alojados no Blogspot estiveram indisponiveis. Estava a ver que não via a 5ª pergunta.
    Finalmente chegamos à raiz habitual de todos os males... O dinheiro!!! Já tinha ouvido falar de movimentações bolsistas nos dias anteriores ao 9/11, mas não sabia de que se tratava, agora já sei, realmente a negociação de 95% das opções nos dias anteriores ao acontecimento é de facto, e já me estou a repetir, muito estranho...
    "Cheira-me" que também devia haver muita coisa interessante no edifício 7, mas aqui já estou a especular.
    Em suma tenho que te agradecer mais uma vez Rui, por colocares o dedo na ferida e agitares as águas. Pelo que tenho visto já arranjaste uns inimigozitos de estimação... Bem hajas por estas questões que têm que ser respondidas. Eu exijo.

    Um grande Abraço,
    Nuno

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  2. Outsider:
    No WTC Sete estavam guardados inúmeros documentos relativos a investigações à Bolsa. Desapareceram. Isto é um facto. Essas investigações recuaram anos, foram comprometidas ou mesmo irremediavelmente perdidas.
    Só este facto já daria um motivo considerável para um crime.

    Quanto aos "inimigozitos", e parafraseando G. W. Bush:
    Bring'em on!

    Agora, da série 5/911, resta o epílogo, a publicar em breve.
    Obrigado por teres sido um dos que seguiram atentamente esta série de entradas, bem como pela tua participação activa (o teu comentário na pergunta 3 foi ouro sobre azul!).
    Um abraço,
    RS

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