sexta-feira, outubro 31, 2003

Algum correio d'A Sombra . 4 de 4


E-mail enviado por Helder Ferreira:
(bigyouth@netcabo.pt)

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----- Original Message -----
From: helder ferreira
To: asombrablog@clix.pt
Sent: Thursday, October 30, 2003 10:46 PM
Subject: Os americanos

caro RS,

não poderia estar mais de acordo consigo, acerca dos mortos no Iraque e das
desastrosas opções (divinas?) de G W Bush. Pouco fugindo do assunto, parece-me contudo que pelo menos numa frase deixa escapar a tradicional arrogância Europeia em relação aos americanos. Quantos Europeus sabem apontar num mapa onde fica Tikrit? O Iraque é Ásia? Que língua falam os Iraquianos? (...)

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Caro Helder,

Grato pela mensagem, antes de mais.
Creio que se refere à segunda parte de "Triomacabre" ("Ramstein"), n'A Sombra.
Tem razão, apesar das minhas reservas sobre o assunto. É que tenho contacto com docentes e pessoal do equivalente aos Serviços Sociais portugueses nos EUA e o panorama é, asseguro-lhe, muito mais preocupante que na Europa.
Isto não significa, porém, que na Europa qualquer miúdo (ou graúdo!) consiga apontar Al-Fallujah no mapa mundo ou até Marselha (se não gostar de futebol, como já foi dito na Blogosfera).

Admito o meu preconceito, relativamente à cultura do cidadão médio norte-americano versus o seu homólogo europeu, mas ainda é assim, infelizmente, e isto dito por professores norte-americanos e orientadores que lidam com os miúdos das grandes cidades (Atlanta, Chicago...) que frequentam o ensino secundário nos EUA.

Claro que Harvard pouco ou nada fica a dever a Oxford, história aparte, bem como a Sorbonne nada tem que se achar superior a Yale, mas não estava a falar de universitários, embora nesse campo, lá como aqui, comece a ser preocupante, também, o nível cultural dos estudantes do Superior...

Em termos gerais, no entanto, o que torna o comum europeu mais conhecedor do mundo são os séculos de viagens e descobertas que tem no seu colectivo cultural (que nunca foi tão longe como saber onde fica Da-Nang, mas que inclui Goa e Nova Iorque, Maputo e Taipé, Dili e Belém do Pará, Sidney e Dublin) ao contrário dos norte-americanos, imensamente "etnocentrados" na América do Norte. Apenas por esse motivo ainda podemos afirmar que os tais "locais cujo nome poucos conhecem" são ainda mais desconhecidos nos EUA que noutras partes do mundo. No mundo islâmico, por exemplo, a sua cultura geográfica é mais extensa no que lhes toca, isto é, um saudita sabe onde fica Tikrit. Mas isso tem a ver com a proximidade e a afinidade religiosa e cultural.

O meu ponto é mais esse que outro qualquer.
Se sairmos da geografia, então, as diferenças de saber entre norte-americanos e outros povos ainda se esbatem mais... Infelizmente para eles, como para nós.

Um abraço,
RS

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