Os mortos que vão chegando aos EUA, via Ramstein e outros locais idênticos, significam, geralmente, um número maior de mortos em locais de que poucos conhecem os nomes, principalmente nos Estados Unidos.
Claro que não tenho motivo algum para ficar satisfeito com isso, mas não o teria ainda que tal coisa fosse mentira e se falasse, apenas, de mortos norte-americanos. George W. Bush não será reeleito por causa dessas mortes? E depois? Isso é motivo para ficar satisfeito? Os norte-americanos, como os iraquianos, não são pessoas como nós? Será que é assim tão impossível ver o jovem de dezanove anos dentro do camuflado e de M16 na mão? Eu vejo-o claramente. E não é ele o meu inimigo, nem nunca foi contra ele a minha raiva e a minha indignação.
Lamento cada soldado norte-americano morto no Iraque e transportado discretamente para sítios como Ramstein, em trânsito para a sua última morada. E mais o lamento por terem morrido em vão e por razões que ignoravam.
Disseram-lhes, talvez, que iam defender a democracia... E talvez o tenham feito, de facto, pois cada uma dessas mortes mais afasta do poder a administração personificada em G. W. Bush.
Estranha forma de morrer pela democracia.
nota:
Ramstein Air Base
Alemanha
(APO New York 09012-5000)
Comando: United States Air Forces in Europe (USAFE)
Est.: não mencionada data de estabelecimento
dados de
The Illustrated Directory of the
United States Air Force, por Michael Roberts,
Guild Publishing, 1989
Triomacabre:
1.
Andrews
2.
Ramstein
3.
Dover
Triomacabre foi inspirado pelo editorial de Amílcar Correia,
"
A prova de Dover", no Público de 30Out2003, p. 4 (ver aqui).
Esta trilogia é uma extensão da entrada
"
Give me somebody to bomb and I'll win", n'A Sombra.
Sem comentários:
Enviar um comentário