Lido em
Little Black Spot:
--- início de transcrição ---
(...)
na verdade, nem sequer me entusiasmam muito as exposições. ver o quê, e para quê? para ter visto? não basta. não gosto do eco oco com que saio das salas das super-em-voga instalações. gosto de sair abalada e com os joelhos a tremer, com o peito feito num balão de ar quente - por isso prefiro os museus. como quando vi a Guernica; como quando vi o meu primeiro Giacometti. assumo o meu romantismo exacerbado e o ímpeto expressionista que me leva a procurar sempre o reconhecimento de cada gesto.
--- fim de transcrição ---
A Arte dita "contemporânea" começa a ser um daqueles fenómenos assépticos que, paradoxalmente, enjoam. Isto porque já não há quem aguente tanta contemporaneidade, que dura desde os anos 70, sobretudo quando é sinónimo de contemporização, ao mesmo tempo que se pretende intransigente. Tanto paradoxo acaba com qualquer análise objectiva!
A dificuldade está, precisamente, em definir "contemporâneo" em Arte. O significado deste epíteto encontra-se gasto, podre, esgotado; todavia, não é estranho que se veja em Serralves, dito "Museu de Arte Contemporânea", uma mostra de Pedro Cabrita Reis como uma retrospectiva de Giacometti (era bem bom! - o Giacometti, claro!).
E o dilema é este: daqui por uns anos, quando levar um filho meu a Serralves, o que lhe vou responder quando me olhar, confuso, dizendo "Ó pai, mas afinal o que significa 'contemporâneo'?". Espero não ter de ironizar, respondendo "Olha, é o mesmo que contemporizador, filho."
Evoluir,
v. intr. (gal.). Desenvolver progressivamente.
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