sábado, julho 26, 2003

B.A.U.


Não é só o Pedro Mexia que tem destas coisas.
A mim, por vezes, apetece assumir-me demissionário e mandar este País às urtigas, embora num contexto diferente.

No Público de hoje, alguns exemplos:

1. "Primeira condenação por 'Inside Trading' em Portugal"
(p. 2 e 3)
Deve ler-se "Inside Trading lava mais branco (o colarinho)"

Miguel Sousa Cintra foi considerado culpado por ter ganho 3,9 milhões de euros (leram bem, qualquer coisita como 780 mil contos), numa manobra de "Inside Trading", abuso de informação privilegiada para obter lucros na bolsa, um crime "de colarinho branco".

Histórico? A "condenação" resumiu-se a 18 meses, suspensa por três anos, na condição de que MSC divida 499 mil euros por quatro instituições de solidariedade social, acrescida de uma multa de 35.400,00 euros.
Vai este senhor para casa com um lucro de 3.365.600,00 euros, uma bagatela de 670 mil contos, mais uns trocados, e, claro, uma palmadinha nas costas, que com a justiça não se brinca!
"Inside Traders" de Portugal! Ao ataque!!!!

2. "Chefe de Estado Maior do Exército demitiu-se"
(p. 10)
Deve ler-se "Escrever a direito por linhas Portas"

O general Silva Viegas bateu com a(s) porta(s) e foi descansar a cabecinha.
Mais um demissionário? Os motivos parecem-me correctos, mas, por experiência própria, sei que a demissão como forma de protesto não faz diferença nenhuma.
Portas agradece.
De notar a ironia da jornalista, Helena Pereira, que não deixou de mencionar uma das gotas que fez transbordar o copo de Silva Viegas: a escolha a dedo de um tenente-coronel do fundo da lista de promoções para novo director-geral de Armamento, contra a vontade de Silva Viegas que, aliás, recusara um pedido de promoção do mesmo por Paulo Portas.
De beicinho, o Paulinho foi para a festa do amigo, em lugar de ir às comemorações do Dia do Exército. Ora toma, Viegas, e vê lá se te demites para meter lá um que promova o Serafino! E não é que se demitiu mesmo?
Viva o novo Coronel! Viva a MacDonald's e a Lockheed! Morte ao Camembert e à Airbus! Sieg! (coro) Sieg! (coro) Sieg! (coro)

nota:
(coro) Heil! gritado a plenos pulmões, de preferência no Terreiro do Paço, à meia-noite, com um facho aceso na mão. "Black Tie" obrigatório.

3. "Mota Amaral opõe-se a visita de deputados a estaleiros de submarinos"
(p. 12)
Deve ler-se "Ide mamar ao pipi!"

Mais alguns "filhos da Nação" queriam ir dar um giro pela Europa, desta vez até à Alemanha. Nada de futebol, porém. Trata-se de responder a um "amável" convite de uma das empresas que concorre ao fornecimento de submarinos para a Armada, o consórcio alemão GSC, que tomaria a seu cargo todas as despesas com a deslocação dos deputados.
Ainda assim, estes meteram a faca a Mota Amaral para que tivessem direito a faltas justificadas (entenda-se "ajudas de custo"). O presidente da AR mandou-os passear sem ajudas. Tomem lá. Dá-lhes sem piedade, Amaral!
Os requerentes, membros da comissão parlamentar de Defesa, deputados da maioria e do PS, já disseram que iam recorrer da decisão de Mota Amaral.
"Era o que mais faltava que nos deixássemos pressionar!" - exclamou um deles, indignado, numa frase que funciona à vela e a vapor.
Impressionante, de facto.

Resultado da leitura do Público de hoje:
BAU...*


*Business as usual...

Cinema para Indígenas

Está disponível n'A Sombra, em Blog Links, um novo blog, ou melhor, um Movielog.
Como ávido consumidor de cinema (ávido significando mesmo ver - quase - tudo o que posso) estive tentado a dar seguimento à entrada de Fabien, abaixo, sobre o T3, mas entendi que devia criar um espaço mais adequado à cinefilia.

E assim nasceu o Cinema para Indígenas (CpI).
Let's "look at the treila":

Escrito em Cinema para Indígenas:

--- início de transcrição ---

O nome deste movielog foi inspirado numa fotografia fabulosa de tempos idos, vista no livro "Dia di bai", editado por ocasião da exposição homónima realizada em Coimbra, no Colégio das Artes, inaugurada a 27 de Junho de 2003.
Provém do Arquivo dos Serviços Culturais da Ex-Diamang e pertence ao acervo do Museu Antropológico da Universidade de Coimbra.

Representa uma carrinha Volkswaggen dos anos 60, com a inscrição
"CINEMA PARA INDÍGENAS" pintada do lado esquerdo da carroceria.
Provavelmente tirada em Angola, em 1960.

(in Dia di bai, p.50/51, Coimbra, 2003, CAV e Público)

-/-

Este blog é um movielog, isto é, um diário dos filmes que vou vendo.
É escrito a quente e, como tal, deve ser lido a frio.

For movie lovers, movie freaks and for James and Norma (in memoriam).

RS
25 de Julho de 2003

--- fim de transcrição ---


O resto são fitas.
Vão dar uma espreitadela. Estou a considerar a inclusão de comentários no CpI, para "sex up the log". (esta do "sex up" vai pegar...) Veremos...
And remember: Always Watch Good "Mubes"!

Por isto


(de memória...)

Se você disser que eu desafino amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu

Se você insiste em classificar
Meu comportamento de antimusical
Eu mesmo mentindo posso argumentar
Que isso é Bossa Nova, Que isso é muito natural

O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também têm coração
Fotografei você com a minha Rolleiflex
Revelou-se a sua enorme ingratidão

E só não poderá falar assim do meu amor
Que é o maior que você pode encontrar, viu
Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
No peito dos desafinados tembém bate um coração...

António Carlos Jobim
Newton Ferreira de Mendonça

in Tom Jobin by Stan Getz/João Gilberto/Astrud Gilberto

(odeio falar das coisas que adorava e que morreram...)

nota:
Uma entrada romântica, enfim, porque me saiu assim.
Insensata.

sexta-feira, julho 25, 2003

Assim se (des)faz a História


Parte Um:

"Contudo, a questão de a guerra ter sido ou não, em retrospectiva, justificada não se encontra nessa afirmação (da existência de armas de destruição em massa), ou na questão de G. W. Bush ou Tony Blair se poderem, por vezes, ter excedido, ao transformarem as probabilidades apontadas pelos seus serviços de informação em aparentes certezas. A justificação para a guerra é, antes, melhor compreendida se dividirmos a questão em três pontos: 1) Havia um fundamento válido para ameaçar Saddam Hussein com um iminente ataque militar caso não cumprisse o estipulado nas resoluções das Nações Unidas? 2) Quando (Saddam Hussein) não as cumpriu existia um motivo bem fundamentado para executar essa ameaça? 3) Depois da vitória militar, os aliados agiram por forma a melhorar a situação, tanto no Iraque como na generalidade da região?"

(tradução de um excerto de "The case for war - revisited",
in "The Economist", n.29, p.11, 19Jul2003)*

Todos nós, ou a grande maioria, pró ou contra a invasão do Iraque, estaremos confundidos com os seus resultados. O que me preocupa, porém, é que a imprensa de todos os quadrantes políticos se está a agarrar a uma questão que, embora pertinente, é secundária: a existência, ou não, de armas de destruição em massa (ADM) no Iraque, antes da invasão pelas forças da coligação.
Os defensores da acção militar tremem com o escândalo David "sexed up" Kelly, enquanto os seus opositores regozijam com o facto de, até agora, não terem sido encontradas AMD's no Iraque. Uns e outros mais não fazem que fugir da verdadeira questão: a instauração da figura de "ataque preventivo" no plano das intervenções militares em solo estrangeiro, agravada pelo desrespeito pelo Direito Internacional de que a ONU é suposto ser a representante suprema, deliberativa e executiva.

A questão fundamental é esta: os EUA e os seus apoiantes (entre os quais Portugal, de forma activa e beligerante, recorde-se) decidiram lançar um ataque preventivo contra uma nação soberana (a China Continental também é uma nação soberana, note-se, a título ilustrativo), sem o aval da ONU e com base em suposições, pois nenhuma das razões apresentadas antes da invasão foi consubstanciada de forma inequívoca.

Ainda que o Iraque fosse o maior depósito de AMD's à face da Terra, ninguém teria o direito de o atacar antes que uma de duas condições se verificassem, de facto e não supostamente: ou a prova clara de que tais armas existiam e Saddam Hussein não as destruiria, como estipulado pela ONU, ou uma mostra inequívoca de agressividade do Iraque para o exterior, quer fosse esta de ordem passiva, como preparativos evidentes para um ataque, quer fosse activa, como a agressão efectiva a um outro Estado.
Adoptar outra postura é o mesmo que concordar que Adolf Hitler deveria ter sido eliminado em 1932 ou que a Alemanha deveria ter sido invadida em 1936.

nota: não deixa de ser sintomático que parte da questão fulcral, segundo o "The Economist", para a justificação da guerra passe pela "vitória militar". Essa mesma, que continua a ceifar os soldados vitoriosos. Ontem foram mortos mais três. Vitoriosamente, claro.

(*o texto integral, em língua inglesa, pode ser lido em
www.economist.com - arquivo disponível só para assinantes)

Parte Dois:

"Estados Unidos divulgam fotos dos corpos dos filhos de Saddam"
(in Público, 25Jul2003, p.13)

É o milagre da comunicação.
Há dois dias atrás, chamei a atenção para a notícia da morte de Uday e
Qusay Hussein (ver "Os facínoras também se abatem. Ou não?...", n'A Sombra, 23Jul2003), em que, "segundo várias testemunhas", os corpos de ambos, retirados dos escombros da casa onde teriam sido encurralados, estavam "verdadeiramente calcinados" (in Público, 23Jul2003, p.2).
Pois no mesmo jornal onde li isto, surgem hoje fotografias dos supostos cadáveres dos filhos de Saddam Hussein, quase em tão bom estado como o passaporte de Mohammed Atta, retirado de outros escombros, em Setembro de 2001. (1)
Os leitores que tirem as suas conclusões.

nota: O cerco à casa onde foram encontrados estes corpos, terminou da mesma forma que aquele que ditou o fim de Butch Cassidy e de Sundance Kid, o que nada diz aos iraquianos, mas ajuda muito ao veicular da notícia nos EUA. Com uma diferença: no tempo de Cassidy e do Kid os Apaches eram outros, isto é, não havia helicanhões; desses, que resolveram a questão em Mossul.

(1) O passaporte de Mohammed Atta, considerado o cabecilha do "pelotão suicida" que é acusado de ter levado a cabo os atentados de 11 de Setembro de 2001, e que, supostamente, pilotava um dos aviões que percutiu as torres do World Trade Center, foi apresentado pelo FBI como prova destas alegações, bem como do envolvimento da Al-Qaeda nos atentados.
Segundo fontes oficiais norte-americanas, citadas até à exaustão pelos Media do mundo inteiro, o passaporte de Atta foi encontrado entre os escombros das torres gémeas, pouco tempo após o desmoronamento.
Encontrava-se novo em folha, como que acabado de ter sido emitido. É obra.

Lie-down Comedy


Lido em Valete Fratres!:

--- início de transcrição ---

Há quase 3 dias atrás, o Aviz bebeu uma cerveja.
Desde esse momento, nem mais uma palavra para o Blog.

Se Blogar não beba !

--- fim de transcrição ---


E foi nesta entrada do Valete Fratres! que me decidi.
Este link tem de estar n'A Sombra! E este exemplo é o menos.
Não parei de rir desde que cheguei a este blog, aliás, ainda me estou a rir!
Fantástico! Já há poucos comediantes assim.
E eu que pensava que só o Pipi me fazia rir da primeira à última entrada.
Recomendado (apenas!) para os que têm sentido de humor.

E "proud member of" União dos Blogues Livres, ainda por cima! Impagável.
Tenho uns logos bem giros do NRA, se o Valete quiser o blog "sexed up a bit".
É só pedir.

Um abraço ao João.

Pel'A Sombra,
RS

O Valete Fratres! passa a estar direccionado em permanência,
n'A Sombra, em Blog Links.

(Alphabetical sequence is a bitch, ain't it Johnny...)


nota:
Os leitores d'A Sombra que me desculpem,
mas esta atípica entrada tinha de ser feita.
(bolas, ainda me dói a barriga!...)

Lie-down, s (ingl.) breve repouso, normalmente sobre um leito
NRA, (ingl.). National Rifle Association
sexed up a bit, expr. (ingl.). um pouco mais apimentado,
excitante, libidinoso, interessante, atraente, aliciante, convidativo, apelativo, expressivo

Erik

(não é uma entrada sobre Vikings)

Com prazer, constatei n'A Pedra e a Espada e no Abrupto algumas notas sobre Erik Satie, nomeadamente sobre uma peça para piano de 24 horas de duração, a que JPP chama Vexations, e bem.

Erik Satie é o meu compositor fetiche. Memória de uma infância nostálgica, passada entre livros de Cavalaria, contos de fadas e imagens em tons de pastel... As suas Gymnopédies acompanham-me desde criança, ainda hoje me comovendo por um motivo que nada tem a ver com a beleza do tríptico, mas com algo que está enterrado no meu subconsciente e que não sei identificar. Mas que permanece. Imutável e sereno, como as crianças que dançam em Esparta, ainda, diz a lenda...

Sobre os intérpretes, inúmeros, destaco os meus favoritos, primeiro o incontornável Pascal Rogé, de que guardo a melhor (para mim) interpretação das Gymnopédies, seguido de Andrea Tedesco, mais fresco, mas não tão doce como Rogé. Por último, o incrível Anders Miolin, que tem interpretações de Satie em Guitarra Alto, uma guitarra clássica de onze cordas, instrumento raro e de difícil execução, incluindo uma versão das Gymnopédies absolutamente surpreendente.

Este último registo, da Bis, em CD (BIS-CD-586 DDD), datado de 1993, encontra-se totalmente esgotado, pelo que me disponho a arranjar uma cópia aos amantes de Satie que me contactarem para o efeito, apenas pelo prazer que me dá partilhar boa música. O meu e-mail encontra-se à direita, sob Faça Sombra, em à sombra do Semblano, naturalmente.

Quanto à peça que PJF e JPP abordaram, alguns esclarecimentos.
Trata-se de Vexations, como diz José Pacheco Pereira, mas esta pode não ser, no entanto, uma peça de 24 horas de duração, como diz PJF. No entanto, está perto da verdade.

Vexation é um trecho com um tema e duas variações de 1 a 2 minutos de duração, com uma particularidade interessante. Erik Satie compôs este motivo para ser tocado 840 vezes, consecutivamente, o que resulta, segundo a tradução do intérprete, num tempo de execução entre as 18 e 28 horas.
O próprio Satie escreveu na partitura de Vexation:
"Pour se jouer 840 fois de suite ce motif, il sera bon de se préparer au préalable, et dans le plus grand silence, par des immobilités sérieuses."
Esclarecedor.
Ao conjunto da repetição deste motivo é dado o nome Vexations, plural, identificando a totalidade da peça, ao passo que Vexation, singular, é o trecho, lui même.
Pessoalmente, acho o motivo insípido e a peça, na sua totalidade, um aborrecimento. Daí o fascínio de John Cage por ela (tocou-a em 1965, tinha eu 2 anos, felizmente!).
É uma peça mínimal do período Rosicruciano de Satie, o que mais me fascina, esteticamente, e aquele que menos me agrada, melodiosamente, com algumas excepções, como as composições para a peça Le fils des étoiles, de Sâr Peladan, belíssimas.

Fica a achega e a satisfação de ver como, por mais vezes que possa parecer, aristocracia e burguesia têm pontos comuns de interesse. E um bom gosto (in)comum.

nota:
Aos que seguiram o Link d'A Pedra e a Espada para a amostra de uma composição de Satie, fica a sua identificação: trata-se de Verset laïque et somptueux, de 1900. Boa escolha.

Os Estrangeiros


Lido em Little Black Spot:

--- início de transcrição ---

Quinta, Julho 24, 2003 (22:22)
mesmo eu sendo capaz de embrulhar o estômago e aceitar uma tradução que encurte em 20 páginas a obra original, ou uma que traduza o «mi niña se fue al mar» de Lorca por « o meu amor foi ao mar» (não sou picuinhas, confesso, nem muito metódica nas leituras), o que não posso de qualquer forma aceitar é que 2 em cada 3 livros que compro me cheguem às mãos com uma enxurrada de erros ortográficos e de pontuação!!! é vergonhoso. pensei que não fosse possível, pelo menos em editoras de maior gabarito. mas está provado - a Assírio & Alvim e a Livros do Brasil publicam livros com erros que envergonham e enervam e revoltam. esperei 2 anos até finalmente conseguir ler O Estrangeiro de Camus (adquiri a edição da Livros do Brasil); e tudo isto para quê?
(...)
como se não bastasse já o facto de eu hoje estar de mau humor ainda tinha que me deparar com uma porcaria de livro como este? deplorável. o pior, é que este exemplar (infelizmente) não está sozinho. que é que se pasa com os nossos tradutores? acaso julgarão que os portugueses todos são um bando de ignorantes iliteratos que nunca se aperceberão da falta de brio no seu trabalho? pois, fdx! vou procurar O Estrangeiro em francês, isso é que vou! [em quantos mais livros terei eu já sido defraudada?]

--- fim de transcrição ---


Ao ler isto, no blog de Insensatez, desatei a escrever nos comentários e só parei já ia para aí na sexta janela! Só então me ocorreu: "Mas que diabo me está a dar? Não tenho eu um blog para escrever?"
E aqui estou.
Onde anda a indignação dos leitores portugueses perante as atrocidades cometidas pelas editoras? Ainda hoje, na Antena 2, Pedro Tamen, responsável pelo que é considerado um excelente trabalho na tradução de À La Recherche du Temps Perdu, de Proust, dizia, a propósito do seu trabalho, que estava a trabalhar na tradução do 4º volume ao mesmo tempo que ia na segunda (ou terceira?) revisão do 3º. Quantas editoras apostam numa tradução de excelência?
Estou convencido que, a maioria, emprega software de tradução sobre os originais, entregando as provas para revisão a um curioso que lhes dá uma vista de olhos.
A juntar a isto, temos os compositores de texto, a maior parte dos quais nem ler sabe, quanto mais escrever, limitando-se a bater o que lhes aparece à frente.
Mas há mais! A maior parte dos livros que lemos, em português, são compostos e impressos no estrangeiro, principalmente em Espanha, eliminando grande parte dos filtros de "saída" das publicações, no que respeita a ortografia e paginação.

E, claro, temos os Livros do Brasil e afins, totalmente ilegíveis, de tão mal escritos. Compro dois ou três, que digo?, cinco a sete livros todos os meses e nem um tem a mais remota referência a "Brasil", seja na impressão, na composição, na edição ou, principalmente, na tradução. O brasileiro é uma língua estrangeira. A prova disso é que os brasileiros não entendem um português a falar correctamente; tenho família no Brasil e sei do que falo.
Cresci a ler livros infantis e bd brasileira (traduções fantásticas da Disney e outros) e adorava o idioma, mas isso foi há trinta e tal anos. Hoje, o brasileiro é uma mistura de calão grosseiro, brasingleiro e erros gramaticais, completamente ininteligível.

Há uns tempos, Pedro Couto (PC) sugeriu-me a inclusão de dois sites brasileiros na lista Links Geral. Não o fiz. Ao verificar os mesmos não percebi nem metade do que estava escrito. A minha mãe nasceu no Rio de Janeiro, mas de mais é de mais!

E o que me revolta mais é que poucos são os que vejo queixarem-se, como fez Insensatez, no Little Black Spot. Eu não consigo ler de imediato tudo o que compro, hei-de ler, quando puder, é um vício, comprar e ler, mas pelo menos leio na diagonal antes de comprar! Será que as pessoas não lêem o que compram? Ou será que comem e calam? Honestamente, não sei o que seja pior...

Perdoem-me o desabafo.

quinta-feira, julho 24, 2003

Os bloggers d'A Sombra na sombra...


Dizia-me um amigo, que passou pel'A Sombra, que ou eu não deixo espaço para os outros escreverem ou os restantes bloggers estão a dormir.
De facto, como principal responsável pel'A Sombra, tenho mantido um registo mais ou menos diário de entradas, intercaladas com algumas de FJ, mas o comentário é pertinente.

O grupo que faz A Sombra é heterogéneo na verdadeira acepção da palavra. O mais disponível para o blog serei eu, para já, sobretudo porque é época de férias, coisa que desconheço, mas de que já ouvi falar, e não só.
A saber, MCP anda às turras com a sua Tese, enterrado em bibliotecas e errando pelas livrarias, vai para dez meses; HR está em plena rentrée de ociosidade e desde que os hackers atacaram que tem o computador desligado; FG mantém uma atitude contemplativa, o que é algo como a bonança antes da tempestade - espero ter espaço para publicar qualquer coisinha quando lhe der a gana de escrever!; PC (o d'A Sombra, note-se) é um incondicional do Macintosh, doença grave de que eu próprio apresento, ainda, sinais preocupantes, o que, junto com as férias, parece evitar que se manifeste; quanto a FJ, esse é mais teimoso e começa a ser um caso sério de "blogaddiction", o que não deixa de ser curioso, para alguém tão "conservador".

As férias vão passar, hélas, e espera-se, então, uma participação activa de todos os bloggers d'A Sombra na actualização deste weblog, mas façam como eu. Não esperem em pé e, sobretudo, mantenham-se à Sombra!

O Projecto


O Projecto é assinado por LAC e passa, desde hoje, a integrar os blogs direccionados em permanência a partir d'A Sombra, à direita, em Blog Links.

Dedicado às vicissitudes da Arquitectura, mas não só, O Projecto combina sentido de oportunidade e de humor, o que torna qualquer visita um prazer. Para os amantes da arte de projectar e não só.
Quis o acaso que o encontrássemos quando este vai entrar de férias, anunciadas para breve, com regresso em Setembro. Cá estaremos à espera, sempre à Sombra, naturalmente.

Ao LAC, desejos de bom descanso e os parabéns pel'O Projecto.

nota:
Entre os Bloggers d'A Sombra, dois estão relacionados com a Arquitectura, Manuel Cerveira Pinto (MCP) e Helena Ricca (HR), pelo que só lamentamos não ter encontrado O Projecto mais cedo.

Camelot 2003 . 2

(continuação da publicação deste ensaio)
Ver entrada inicial "Camelot 2003", nos Arquivos d'A Sombra, de 16Jul2003)


2. O eixo Atlântico

Como alguém referiu de forma cristalina e lúcida, ser estruturalmente pró americano e conjunturalmente contra o seu governo é a posição da esmagadora maioria dos europeus e aquela em que me encontro. Claro que existirão muitos entre os que protestam contra o governo norte-americano que são, totalmente, contra os EUA e que sonham com a vitória de Saddam Hussein, mesmo que não o digam abertamente. Serão os mesmos que rejubilam perante os discursos inflamados e desafiadores de Fidel Castro e não fazem distinções entre o povo e o seu ditador, quando se manifestam contra o abjecto embargo decretado a Cuba; os que identificam todos os "gringos" com o "grande satã". Não é o meu caso. Ao protestar contra o criminoso embargo ao Iraque, faço-o pelo povo iraquiano e não por Saddam Hussein, que graças a ele enriqueceu muito mais e ganhou muito mais força, tal como Castro. Sempre admirei os Estados Unidos e os seus melhores feitos e conquistas, mas sempre procurei reconhecer os seus excessos e me preocupei com o futuro de uma nação que, de um momento para o outro, se viu só no topo do mundo. Não são os EUA, mas a política da sua actual Administração o que me revolta. E é o que revolta milhões de norte-americanos.

Correspondo-me, regularmente, com uma cidadã norte-americana, residente em Atlanta, na Georgia, e aquilo que sei do dia-a-dia actual dos norte-americanos ultrapassa um pouco o que nos chega via comunicação social. Dessa fonte e de inúmeras horas de pesquisas em sites de opinião e de organizações de direitos humanos norte-americanas, a ideia é clara: os norte-americanos temem pela sua democracia - e temem com toda a razão. Não é apenas o europeu, chamado "de Vénus", o intelectual civilizacionista do Velho Continente, que pensa que a extrema-direita se instalou no poder, em Washington. Esse sentimento é partilhado pelo simples cidadão norte-americano, que nunca passou os olhos pelos escritos de Tocqueville ou Maquiavél, mas a quem, contrariamente a muitos europeus, documentos dolorosamente actuais, como o "USA PATRIOT Act" não passaram ao lado.

Ver pessoas com formação superior e, supostamente, inteligentes e democratas sancionar os actos da actual administração norte-americana é tão mais fantástico quanto o seu argumento base de que os EUA são a maior (entenda-se "mais bem conseguida") democracia à face da Terra.
Nada podia ser mais falso, mesmo antes do 11 de Setembro.

O sistema democrático dos Estados Unidos da América, convém não esquecer, está baseado em dois documentos fundamentais, que datam do século XVIII: a Carta dos Direitos ("Bill of Rights") e a Constituição. O seu uso dos princípios estabelecidos nesses documentos tem sido similar ao que o Vaticano faz da Bíblia. Em tempos de tranquilidade, relembram-se da necessidade de os analisar usando bom senso e perspectiva histórica, mas em tempos conturbados, quando o povo carece de uma orientação firme, esses escritos passam a valer como se redigidos na actualidade e são interpretados literalmente, perdendo-se toda a noção de perspectiva histórica e senso comum.

Muita gente, dentro como fora dos EUA, acredita que a Guerra Civil norte-americana foi travada para acabar com a escravatura. Não existe noção mais absurda! O fim da escravatura foi uma consequência da vitória do Norte sobre o Sul, mas nunca passou pela cabeça de nenhum responsável governamental norte-americano da altura igualar os negros aos brancos. Para os que hoje conhecemos como "anti-esclavagistas" era impensável que os negros tivessem direito de voto ou que se pudessem casar com brancos - a miscegenação não era um factor ponderável, sequer. Diziam-no claramente, como fez Lincoln, ainda hoje tido como um campeão do anti-esclavagismo, mesmo por largos sectores de afro-americanos. A luta pelos direitos dos negros nos EUA dura até à actualidade e está longe de ter terminado, assim como a de outras minorias étnicas ou, melhor dizendo, de todos os que nascem sem linhagem branca anglo-saxónica e, preferencialmente, protestante.

Os que pensam ver nas presenças de Colin Powell e Condollezza Rice na actual administração um sinal de que não é tanto assim estão tão iludidos como os que usavam a imagem dos chamados "house niggers" (pretos domésticos) para minorizar o problema da escravatura. E se Colin Powell ainda consegue, apesar de tudo, dar uma imagem de certa verticalidade e resistência, o papel de Condollezza Rice chega a ser patético - tão patético que a chegamos a imaginar como uma imagem espelho de Michael Jackson - sem plásticas.

Mais do que em qualquer outro período da História, incluindo os anos sombrios do McCartismo, a democracia e a liberdade de expressão estão em perigo nos EUA. A facilidade com que são ultrapassadas todas as barreiras legais (mais destruídas que ultrapassadas) é estonteante. A concentração de poderes em determinados nichos é assombrosa e a negação dos mais básicos direitos individuais já é um escândalo. Basta referir que, neste momento, sem culpa formada e com base na mais leve suspeita, qualquer cidadão norte-americano pode chegar a casa e verificar que todos os seus livros, notas pessoais, computadores, discos, roupas - até mobiliário e electrodomésticos - foram "confiscados" pelo Estado na sua ausência. Basta que o FBI, por exemplo, considere pertinente um exame desses itens "suspeitos" em sede "mais adequada". Na eventualidade de tal cidadão se dirigir a uma esquadra de polícia para protestar pelo sucedido, talvez convencido que um qualquer "gang" lhe havia levado todos os haveres excepto a própria casa, basta uma autorização do procurador-geral dos EUA para que o desgraçado seja atirado para uma cela em lugar incerto e deixado a secar pelo tempo que for julgado "necessário". Isto sem advogados, sem telefonemas, sem comunicar com a família, sem lhe ser, sequer, explicado o porquê da detenção. E, note-se, não estamos a falar de cidadãos de uma qualquer etnia minoritária, de árabes ou de negros. Isto pode acontecer ao mais puro "WASP" à face dos EUA. À luz desta realidade, chamar aos Estados Unidos a "maior democracia do mundo" é um insulto a ambos; à democracia e ao mundo. É esta conjuntura que é preciso ter em conta na hora de se ajuizar sobre os "nossos amigos americanos".

Não existem dúvidas de que os norte-americanos são amigos dos europeus, pelo menos na sua esmagadora maioria, mas que não restem, também, dúvidas de que, na sua esmagadora maioria, a actual administração norte-americana está bem longe de ser amiga da Europa, a não ser que o conceito de "amigo" passe a englobar características como a prepotência e o desprezo. Uma coisa é certa, nunca a América esteve tão distante da Europa como hoje - e esta atribuição não é aleatória, pois foram os EUA que se afastaram da Europa e não o contrário.

Com o afastamento duvidoso dos Democratas da governação dos Estados Unidos, assistimos, primeiro, antes do 11 de Setembro, a um isolamento caracterizado pelo menosprezo pelas questões externas e pela exacerbação da política interna; depois, após o 11 de Setembro, verifica-se uma total inversão da política norte-americana, do interior para o exterior, mas sem perder o seu cunho isolacionista de início de mandato. Sempre com Tony Blair de corpo presente, amplificando a noção que vigora na actualidade de que o Reino Unido é um mero apêndice dos EUA, foi começando a ser divulgada ao Mundo uma série de medidas sem qualquer precedente na História - declaração de Estado de Guerra Orwelliano, abrindo caminho para a eliminação dos direitos e liberdades dos cidadãos norte-americanos e dos estrangeiros em solo norte-americano (que inclui as representações diplomáticas, os navios e as aeronaves, naturalmente); aprovação de decretos de lei anticonstitucionais ao abrigo da situação de excepção criada; concentração de poderes e ampliação dos mesmos em cargos oficiais que não são controlados ou monitorizados de forma alguma pelo Estado ou por entidades independentes; negação e desrespeito puro e simples do Direito Internacional e dos seus tratados e convenções, como as de Genebra, por exemplo; etc. etc. etc.

Felizmente, para os norte-americanos, e infelizmente, para o resto do Mundo, os EUA nunca experimentaram, desde a sua fundação, três situações que ajudaram a "formar o carácter" das potências europeias, de ontem e de hoje; a saber: os efeitos de uma guerra no seu território, os efeitos de um governo totalitário, a humilhação de uma ocupação estrangeira.

(in Camelot 2003 © Rui Semblano - Porto - Janeiro e Fevereiro de 2003)

Para a frente: ver entrada Camelot 2003 . 2 . Anexo a
(Os efeitos de uma guerra em território dos EUA) de 06Ago2003
Para trás: ver entrada Camelot 2003 . 1
(Das oportunidades perdidas) de 16Jul2003

quarta-feira, julho 23, 2003

Os facínoras também se abatem. Ou não?...


"Qusay e Uday Saddam Husayn foram mortos em Mossul."
Não deixam saudades.
Os métodos empregues para os abater sugerem que Washington não tem receio de criar mártires, que não sabe o que são mártires ou que, de facto, Qusay e Uday se encontram numa clínica de cirurgia plástica, algures... (*)

(*)
"Apesar de os quatro corpos retirados dos escombros estarem, segundo várias testemunhas, verdadeiramente calcinados, não restam dúvidas para os responsáveis americanos. "Utilizámos várias fontes para identificar os indivíduos", explicou Sanchez. "Os corpos estavam em condições que permitiram que os identificássemos." "
(in Público, 23Jul2003, p. 2)

Não são divulgadas as fontes nem os métodos que permitiram a identificação (no Iraque) dos corpos carbonizados em menos de 24 horas.

Fantasblog!


Aos incondicionais do Fantasporto interessará saber que foi criado o Fantasblog, da autoria de JP, o infame Jason Penguin que, ano após ano, infesta o painel de desenhos do Fantas com os seus rabiscos ignóbeis.
Ficamos a saber que este Blog está mais activo durante o Festival de Cinema Fantástico do Porto, mas não fica posta de parte a edição de material relativo aos anos anteriores, para ir abrindo o apetite.
O Cinema Novo e o Mário Dorminsky que se cuidem!

O Fantasblog encontra-se direccionado n'A Sombra,
em permanência, em Blog Links.

nota:
O Fantasporto, iniciativa do Cinema Novo, realiza-se entre Fevereiro e Março de cada ano, no Porto, no Rivoli, parecendo certa a mostra de alguns filmes também em Lisboa, já a partir da edição de 2004. Detalhes, se os houver, a seguir no Fantasblog.

O Islão Imortal


À boleia, imaginem, dos Marretas, descobrimos o Resistência Islâmica, um curioso Blog da autoria do Sheik Sameer Baz, um iraniano a residir em Portugal, que conta com a ajuda de Moha Adbul.
O nome deste Blog tem suscitado uma vaga de e-mails insultuosos, dirigidos ao seu autor, que vão sendo por ele lidos com um misto de estupefacção, divertimento e tristeza. Felizmente, muitos têm sido os que lhes escrevem, incentivando-os a continuar e a ignorar os espíritos pobres e ignorantes que os insultam.

A Sombra não pode deixar de manifestar a sua solidariedade aos autores do Resistência Islâmica e de condenar os insultos que lhes são dirigidos.
Como redactor do Panorama, que dedicou à Palestina o seu primeiro número (em que MCP escreve um artigo sobre alguma da nossa herança árabe, tão desprezada), é com orgulho que acrescento a Resistência Islâmica à nossa lista de Blog Links.

Que este weblog permaneça e resista aos que o tentam intimidar, são os votos de todos os bloggers desta página. Inch' Allah.

Pel'A Sombra,
Rui Semblano


MCP, Arquitecto Manuel da Cerveira Pinto
(Editor do Panorama e blogger d'A Sombra)

Cruzes!


Acabo de verificar, numa volta pelas Sombras passadas, que o Cruzes Canhoto! não surge em Blog Links em algumas das páginas do nosso Arquivo. Tal facto deve-se a uma anomalia a que A Sombra é estranha (o link permanece na página mais recente d'A Sombra). Fica o registo e as nossas desculpas ao Jorge, apesar de "alheios a este facto", como se dizia (ainda se diz?) na RTP.

Os Heréticos


PJF, em A Pedra e a Espada, mencionou um livro sobre os Cátaros numa entrada recente (não refere o autor). Enquanto se aguardam desenvolvimentos, e a esse propósito, para abrir o apetite, recomendo "L'hérésie Cathare", no fora-de-série n. 3 da revista "Les Grands Mysteres de l'Histoire" (1), em língua francesa, curiosamente de Julho de 2003.
Fica o aperitivo:

"Quem são os herdeiros fidedignos desta corrente que invadiu o Midi francês, vinda dos Balcans ocidentais, e foi impulsionadora de um dos mais subtis movimentos gnósticos e maniqueístas? Não sabemos, tal a obsessão dos inquisidores do Santo Ofício por esta religião, queimando grande número dos seus adeptos e a quase totalidade dos seus escritos sagrados."

Destaque para uma análise das relações entre Cátaros e Templários.
Para heréticos e não só.

(1)
Edição "Les Editions Sainte-Avoye", Paris
Redacção e Assinaturas "Akasha", Bélgica (grandsmysteres@hotmail.com)

terça-feira, julho 22, 2003

Parada e resposta


Lido em Dicionário do Diabo:
(por Pedro Mexia)

--- início de transcrição ---

(...)
Já o blog A Sombra me critica da seguinte maneira:


(ver entrada "Demissionário", n'A Sombra, de 20Jul2003)

O meu post terminava efectivamente dizendo se o PNR chegasse ao poder eu «emigrava», mas nem sequer o escrevi com intenção literal. Talvez emigrasse, talvez ficasse, não faço ideia. Mas o que me incomoda é esta noção esquerdista de que toda a gente tem que ser militante. Ora bem, eu não sou, nem quero ser. Não gosto de comícios, de bandeiras, de berreiros cívicos, de cartazes, de megafones, de sardinhadas, de panfletos, de passeatas, de massas nas ruas. Por isso é provável que se a democracia portuguesa estivesse em risco, e se tivesse oportunidade de ir para o estrangeiro, fosse, sem pensar duas vezes. O bloguista d' A Sombra certamente preferia a clandestinidade e as reuniões em caves e o fabrico de bombas artesanais. Está no seu direito, e seria devidamente medalhado na Restauração. Mas não obriguem toda a gente a ter, em política, um comportamento de activista. Há quem seja activista, e há quem, legitimamente, não tenha essa vocação. Que diabo, não é a esquerda que (agora) clama contra o «pensamento único»? Então, por uma vez, façam aquilo que pregam e deixem que outros tenham uma visão diferente da política. Serei «demissionário»? Como queiram. Não sou, com certeza, «missionário», até porque há posições bem mais interessantes.

--- fim de transcrição ---


nota: destaques em bold da responsabilidade d'A Sombra


Caro Pedro Mexia,

Grato pela resposta, antes de mais.
Alguns reparos, sem malícia:

A Sombra não é um blog "de esquerda" (seja lá o que isso for), como tal, 70% da sua resposta não é aplicável. Possivelmente, se continuar a seguir A Sombra, encontrará algum blogger "de esquerda" a acusar-nos de reaccionários (aí ainda estaria de acordo, mas não nesse sentido), ou de fascistas (alto lá! isso não!).

Arrumado este seu equívoco, passo à "militância".
Obviamente, o Pedro Mexia não deve ter entendido o que se pode e deve fazer para evitar que os PNR's deste mundo cheguem ao Poder. Por definição, tais acções levam-se a cabo antes que cheguem ao poder ou nele se instalem, e não são estas congeminadas em caves obscuras, pois medram bem melhor à luz do Sol. Nesse ponto dou-lhe razão, seriam necessários actos públicos, mobilizações de massas e cartazes. Quanto a bandeiras, "chacun à son goût", mas posso dizer-lhe que não gostei de as ver nas manifestações contra a invasão do Iraque, onde empunhei um cartaz com a mensagem "not in my name", simplesmente, e onde encontrei gente de todos os quadrantes e sensibilidades, muitos deles da dita "direita" (seja lá o que isso for).
Milita quem quer, naturalmente, quando entende tal ser necessário. De resto, nem gosto de sardinhas. Já "pain d'épices" com um bom "camembert" é outra história, mas adiante.

Lamento insistir, Pedro, mas quando repete que iria "para o estrangeiro sem pensar duas vezes" (sic) caso a democracia em Portugal estivesse ameaçada, está a dar razão ao meu comentário. A ser assim, não percebo como pode ter existido um mal-entendido da minha parte, pois a minha questão nunca foi se tinha uma predilecção pelo PNR, apesar de empregar no seu texto expressões algo simpáticas como "confesso que tenho uma certa simpatia por estes rapazes" (sic), mas sim o facto de se assumir demissionário perante a adversidade, probabilidade que aqui confirma, "sem pensar duas vezes". Quanto à clandestinidade e às bombas artesanais, não lhe posso responder. Todos temos limites. Uma coisa lhe posso, no entanto, garantir: em extremo, a ser necessária uma acção armada contra um poder totalitário, ela seria dirigida contra ele, não contra civis, muito menos crianças. Se algo me repugna na resistência dos palestinianos ao sionismo é a perversão da Intifada e a selecção discriminada de alvos civis. (a este propósito, recomendo a leitura dos textos que vou publicando n'A Sombra, sob o título "Camelot 2003", pertencentes a um ensaio meu do início deste ano).
E já tenho três medalhas; uma de esgrima, outra de canasta e outra de participação num moto-rali. Não tenho pretensões a mais.

Quanto ao que a "esquerda" clama, caro Pedro Mexia, nada lhe posso adiantar, pois não clamo com ela (nem com a "direita") e sempre pensei por mim, o que acredito partilhar consigo.
E fico satisfeito que conheça outras posições que a do missionário, pois é sinal que ama, como eu, a diversidade e, por consequência, o confronto de ideias. Ficaria mais satisfeito se, ao longo da sua resposta, tornasse claro que "emigrar" foi um modo de expressão, uma figura de estilo, um deslize, mas acabou por fazer exactamente o oposto, renovando o voto, apenas trocando o "óbvio" pelo "provável". No entanto, não me arrogo o direito de o julgar, apenas o de o criticar, que a todos assiste.

Na expectativa de tornar a cruzar lâminas consigo, sempre lealmente, resta-me desejar-lhe uma óptima semana.

Pel'A Sombra,
Rui Semblano

PS: Convirá que, para quem, como insinua, preferiria a clandestinidade e as caves à luz do dia, é um pouco estranho veicular as minhas opiniões, publicamente, usando o meu nome e não uma qualquer alcunha.

O artista acidental


Falar de Arte é uma pura perda de tempo. (São 00h34m)
Isto dito, passemos ao segundo round com a Arte apelidada de "contemporânea", que é o que se anda a ensinar aos aspirantes a artistas nas Academias de hoje.

Começamos por aí mesmo, pelas Academias.
Desde que se celebrou o roubo do "cadáver" (1) pelas ruas de Paris, para não dizer antes, que os artistas emergentes andam às turras com o ensino académico da Arte, mas, quais revolucionários latino-americanos, mal se instalaram no poder os anti-académicos trataram de construir uma nova Academia. O mais engraçado é que a maior parte deles nem se apercebe disso. Passam (ainda, c'os diabos!) a vida a protestar contra o academismo, quando estão imersos nele de corpo e alma inteiros.
Este academismo, agora instalado (não só em Portugal como em muitos outros países, como a França, para citar um exemplo extraordinário), proclama o fim do eterno e exalta o efémero admirável. Autointitula-se "conceptual", negando todo o processo criativo e produtivo, tal como era ensinado "antigamente". Mais, expande o horizonte da Arte até onde a vista não alcança e já nem o céu é o limite.

O artista académico contemporâneo, esclarecido, dispensa a técnica, pois o espontâneo joga um papel fundamental na sua obra. É uma geração espontânea, a dos novos artistas académicos contemporâneos.
Ao tomarem contacto com os seus mestres, na quase totalidade vindos da mesma Academia, são esclarecidos, de imediato, quanto à sua condição de artistas. Podem e devem confiar no acaso; podem e devem desconfiar da originalidade; podem e devem elevar a fasquia a alturas nunca antes atingidas. Em suma: são declarados livres, mal pousam o pé na Academia.
Imaginem o que não seria um Dali, um Moore, um Klimt ou um Brancusi se não tivessem sido forçados a libertar-se das grilhetas do antigo e fascizóide academismo! Os anos que eles não ganhavam (e nós!) ao não ter de aprender a fazer telas e tintas, de estudar anatomia, de malhar na pedra e no ferro, de copiar aquelas gordas chatas que chamavam de românticas até à exaustão... Imaginem.

A Academia Contemporânea veio resolver tudo isto.
Um video digital pode ser apresentado como trabalho numa das suas aulas de pintura e pesa uns gramas e cabe no bolso e faz-se em cinco a dez minutos. Longe vai o tempo em que se carregavam telas de dois metros por um que demoravam dias e dias a fazer e se sujavam as roupas de tinta. Uma artista pode, hoje, ter unhas de dois centímetros, perfeitamente polidas e modeladas, e usar a roupa que entende mais lhe cai bem e ao gosto do mestre, também. O ontem impensável é possível, hoje; agora.

Desde logo lhe deram rumos e "ismos" novos, os mais consagrados sendo a Arte Efémera e o Conceptualismo. Coisas nunca vistas e duras de entender. Tão nunca vistas e duras de entender que ainda hoje se repetem, como se teimassem em persistir até que alguém as compreenda.
Num assomo de raiva, o contemporâneo, já com os seus cinquenta anitos, exclamou, melodioso: Basta desta bosta! e declarou o conceito como o mais importante na obra de arte, superando tudo o que é suposto fazer dela Arte. E superando-o de tal modo que se superou a si mesmo. O Académico contemporâneo, acólito de Apollinaire, é aquele que cria espontaneamente, reflectindo sobre o resultado após a execução, isto é, o conceito é extrínseco da Arte Contemporânea, ultrapassando o Conceptualismo pela direita e deixando-o parado no semáforo vermelho. "Voilá". Qual Dadaísmo, qual Marinetti! Isto é que é velocidade.

E agora?... Agora que os museus dignos desse nome estão às moscas e aos turistas japoneses, onde vemos nós a Arte Contemporânea verdadeira, essa, tão avessa ao ambiente museológico como Nosferatu ao diurno?
No século XXII, se ainda existirem Academias de Arte, os mestres erguerão os braços perante anfiteatros plenos de aspirantes e dirão: "Hoje, falaremos da Arte Contemporânea dos primórdios do século passado. Gostaria que todos fechassem os olhos... e imaginassem..."

(Que horas são? 01h25m? Basta de perder tempo.)

(1) o roubo da Gioconda do Louvre, em 1911, por um artista italiano tresloucado, Vincenzo Peruggia, cuja única pretensão era devolver a pintura a Itália, foi acolhido entusiasticamente pelos adeptos da "arte moderna", que exultaram perante o desaparecimento do "cadáver", como chamavam à Monna Lisa. Peruggia só seria preso em 1913 e Guillaume Apollinaire, que disse um dia ser preciso incendiar o Louvre, chegou a ser preso como suspeito, por ter dito isso e por ter um secretário que se entretinha a "coleccionar" estatuetas do museu parisiense.

segunda-feira, julho 21, 2003

Surfin' Blog

(sem relação com os Ramones)

Cada vez se torna mais difícil percorrer todos os blogs com interesse e, sobretudo, descobrir novos (para mim) pontos de paragem, sobretudo quando há tanto para ler e tão pouco tempo para o fazer. Um dos primeiros métodos que segui, como rookie na blogosfera, foi estar atento aos "actualizadores", apontadores como o Bloco de Notas, por exemplo, em busca dos mais "mexidos". Em breve, porém, percebi que "mexer" muito não é sinónimo de qualidade (que me perdoe o Mexia, isto nada tem a ver com o Dicionário do Diabo, que continuo a seguir atentamente). A solução foi reparar nos links dos blogs que mais frequento e seguir as pistas.
Inevitavelmente, a lista de referências d'A Sombra foi crescendo.
A partir de hoje, mais dois blogs se encontram disponíveis na lista de Blog Links d'A Sombra.

Um deles, o Cruzes Canhoto!, pela relação quantidade/qualidade de informação, a que se junta um humor próprio que ajuda à leitura. Um dos que não dispensam uma visita, a meu ver.

O segundo, A Pedra e a Espada, merece os mesmos elogios, mais um reparo.
Há umas entradas abaixo, Fabien "metablogava", dividindo os blogs em "interactivos" e "editoriais" (ver "Metablogando", 19Jul2003), mas A Pedra e a Espada escapa a esta bipolarização da blogosfera. Ao que tudo indica, Fabien terá de "metablogar" um pouco mais.
Quando me preparava para deixar um cumprimento ao autor do blog, PJF, não encontrei nenhuma forma de o fazer; isto é, nem e-mail, quanto mais comentários! No PTbLOGGERS nada mais que a data de inserção no apontador, e nem os arquivos do blog me ajudaram, pois por algum capricho do servidor estavam fora de alcance.
Encontrei um blog "fechado"! Um puro e duro, que, aparentemente, não vá o blog ter estado em manutenção, dispensa a interactividade, mesmo retardada via e-mail.

É uma opção interessante e digna de registo.
Cada um reage de acordo com as suas convicções, preferências e educação e é isso que faz da blogosfera um local tão interessante, onde nunca existiu, e cada vez mais tal facto se torna evidente, uma rotunda ou um sinaleiro*, mas centenas delas e deles, com milhares de direcções possíveis.

Espero que o PJF, um dia destes, passe por este ponto do Universo, em rota para onde só ele sabe, e leia aqui o que não pude escrever-lhe de outro modo: auguri! e bom vento!

notas:
Rookie, s. (ingl. am.). alguém que se estreia numa actividade e não tem qualquer experiência nesse campo.
Auguri! s. f. pl. (ita.). parabéns!

*lido algures na blogosfera

Haiku


Se ao menos JPP soubesse escrever em japonês, os seus posts de três linhas seriam tão mais suportáveis...

Haiku, s. (jap.). Estrutura de poema japonês que consta de apenas três linhas, tendo como inspiração, por norma, a Natureza.
JPP, José Pacheco Pereira aka Abrupto

Mr. Prime Minister, have you got blood on your hands?


Blair won't quit over scientist death
(tradução abaixo)

--- quote ---

Number One:
Blair, at a Tokyo news conference with Japanese Prime Minister Junichiro Koizumi, refused to answer specific questions about the case but promised an independent judicial review.
Facing the harshest questioning of his six years in power, a haggard Blair stood stone-faced and silent when a reporter shouted out, "Do you have blood on your hands Mr. Prime Minister? Will you resign over this?"
(in seattletimes.nwsource.com)

Number two:
As the press conference ended a journalist shouted: "Have you got blood on your hands prime minister? Are you going to resign?" That question was not answered because Japanese authorities were wrapping up the briefing.
(in www.cnn.com)

Number three:
"Events over recent weeks have made David's life intolerable and all of those involved should reflect long and hard over that fact," the relatives said.
Many British media were asking the same question on Sunday as a reporter at a news conference in Japan on Saturday: "Have you got blood on your hands Mr Prime Minister?"
(in www.reuters.com)

--- end of quote ---


Para benefício dos não-anglófonos:

Senhor Primeiro-ministro, tem as mãos sujas de sangue?
Blair não se demite na sequência da morte de cientista (David Kelly)

1. (em seattletimes.nwsource.com - link completo na versão original acima):
"Blair, numa conferência de imprensa com o primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi, recusou responder a questões específicas sobre o caso, mas prometeu um inquérito judicial independente.
Confrontado com a pergunta mais dura em seis anos de exercício, um Blair cansado permaneceu impassível e silencioso quando um jornalista lhe gritou, "Tem sangue nas suas mãos, senhor primeiro-ministro? Vai demitir-se depois do sucedido?"

2. (em www.cnn.com - link completo na versão original acima):
"Quando terminava a conferência de imprensa, um jornalista gritou: "Tem sangue nas suas mãos, senhor primeiro-ministro? Vai demitir-se?" A pergunta não foi respondida porque as autoridades japonesas já estavam a desmontar o dispositivo da conferência, dando-a por concluída."

3. (em www.reuters.com - link completo na versão original acima):
"De acordo com familiares de David Kelly, os acontecimentos das últimas semanas tornaram a sua vida insuportável e todos os envolvidos neste caso deviam ponderar seriamente sobre esse facto.
Muitos Media britânicos faziam a mesma pergunta no Domingo, assim como um jornalista numa conferência de imprensa no Japão no Sábado: "Tem as mãos sujas de sangue, senhor primeiro-ministro?" "

Nota:
É curiosa a forma como esta notícia surge em tonalidades diferentes, de acordo com o suporte que a veicula.
Other than this... No comments.

L'art contemporain est mort


Lido em Little Black Spot:

--- início de transcrição ---

(...)
na verdade, nem sequer me entusiasmam muito as exposições. ver o quê, e para quê? para ter visto? não basta. não gosto do eco oco com que saio das salas das super-em-voga instalações. gosto de sair abalada e com os joelhos a tremer, com o peito feito num balão de ar quente - por isso prefiro os museus. como quando vi a Guernica; como quando vi o meu primeiro Giacometti. assumo o meu romantismo exacerbado e o ímpeto expressionista que me leva a procurar sempre o reconhecimento de cada gesto.

--- fim de transcrição ---


A Arte dita "contemporânea" começa a ser um daqueles fenómenos assépticos que, paradoxalmente, enjoam. Isto porque já não há quem aguente tanta contemporaneidade, que dura desde os anos 70, sobretudo quando é sinónimo de contemporização, ao mesmo tempo que se pretende intransigente. Tanto paradoxo acaba com qualquer análise objectiva!
A dificuldade está, precisamente, em definir "contemporâneo" em Arte. O significado deste epíteto encontra-se gasto, podre, esgotado; todavia, não é estranho que se veja em Serralves, dito "Museu de Arte Contemporânea", uma mostra de Pedro Cabrita Reis como uma retrospectiva de Giacometti (era bem bom! - o Giacometti, claro!).

E o dilema é este: daqui por uns anos, quando levar um filho meu a Serralves, o que lhe vou responder quando me olhar, confuso, dizendo "Ó pai, mas afinal o que significa 'contemporâneo'?". Espero não ter de ironizar, respondendo "Olha, é o mesmo que contemporizador, filho."

Evoluir, v. intr. (gal.). Desenvolver progressivamente.

domingo, julho 20, 2003

Demissionário


Lido em Dicionário do diabo:

--- início de transcrição ---

17.7.03
(...)
Eu não concordo com nada do que o Partido Nacional Renovador defende, particularmente em matérias de política externa, matéria na qual estamos nos antípodas. Mas confesso que tenho uma certa simpatia por estes rapazes, e por uma simples razão: aprecio a coragem em política, e eles têm coragem. Quando lançam um cartaz em que anunciam o fim iminente de Portugal por causa de Europa, dos imigrantes e dos gays, há em mim um misto de repúdio, de divertimento e de admiração. Aí está um grupo de gente que diz o que realmente pensa, que defende posições minoritárias e mesmo malditas, que não se esconde atrás de eufemismos e de cortinas de fumo. É evidente que lhes acho graça porque são meia-dúzia, e não têm perspectivas sequer de estarem no parlamento; se tivessem o poder, como é óbvio, emigrava.
(...)

--- fim de transcrição ---


nota: destaque em bold d'A Sombra

Pedro Mexia tem sido apontado como uma das referências da blogosfera portuguesa (sim, há mais), desde logo pela ligação à extinta Coluna Infame, símbolo de que o "monopólio cultural da esquerda" (esta designação é espantosa apenas pela inclusão da palavra "esquerda"), como PM gosta de se referir a este mito, não existe.
Desde o primeiro dia que o Dicionário do diabo tem estado entre os Blog Links d'A Sombra, fruto da constatação da qualidade do seu conteúdo. Do mesmo modo que JPP, por exemplo, permanece referênciado, apesar do que escreve, também PM é um exemplo de um "blogautor" merecedor de referência, pois como afirmou alguém, sabiamente, os "inimigos" (as aspas são aplicáveis na blogosfera) devem manter-se mais perto que os amigos.

Ao "folhear" o dicionário de Pedro Mexia, dei com o post mencionado acima e não pude deixar de o repudiar, não pelo facto de reconhecer o direito "à vida" do Partido Nacional Renovador (PNR), inalienável, em democracia, mesmo sabendo que uma das primeiras medidas do PNR, se no poder, seria negar esse direito a muitos partidos e organizações, mas pela sua afirmação extraordinária de, caso o PNR fosse Governo, se por a "mexer".
Não acredito que se trate de uma afirmação jocosa, brincando com o seu próprio apelido. Acredito que Pedro Mexia, caso o PNR fosse Governo, se punha mesmo a "mexer" daqui para fora. Talvez para regressar quando alguém fizesse alguma coisa para apear o PNR do poder, quem sabe, ou talvez para sempre.

Esta afirmação extraordinária talvez nos faça compreender a estupefacção de certos sectores da sociedade perante a atitude dos palestinianos perante o Sionismo. Mas porque diabo não se põem eles a "mexer" da Palestina para fora? Olha, como fizeram os judeus, que puderam, perante o Nazismo, pondo-se a "mexer" da Alemanha!
É sempre bom saber o espírito demissionário (1) desta gente, perante a hipótese da adversidade. Que o despacho não tarde, que faz falta.

(1) Não é uma chalaça, nem uma gralha. O espírito "de_missionário" é outra coisa.

Nota:
Demissionário, adj. Que pediu a demissão ou foi demitido e, quer num caso quer noutro, aguarda o despacho.